sábado, 25 de julho de 2020

CoViD-19 no Brasil: visualizando o futuro.

Por Almir M. Quites


Nas nossas duas últimas publicações, a de  30/06/2020 e a de 11/06/2020, tínhamos apresentado dois futuros possíveis para a evolução do CoViD-19 no Brasil. Um deles era mais pessimista e o outro mais otimista. Hoje, 24 dias depois, mostro que as previsões continuam sendo exatamente as mesmas e atualizo os gráficos. Ainda explico equívocos que os noticiários de TV cometem ao comentar as curvas epidemiológicas. 

Tendo em mãos os dados referentes ao número de casos oficialmente confirmados, desde o dia do primeiro caso no Brasil (em 26/02/2020) até hoje, pode-se traçar gráficos. Há dois tipos de gráficos muito usados:
a) 1° tipo  Gráfico da  do número total de casos já confirmados
b)  Gráfico da  do número diário de casos já confirmados

Atenção! A seguir, refiro-me à matemática, mas não é preciso entender de matemática para compreender as informações contidas neste texto. Basta ler com real interesse 


1.  EVOLUÇÃO DO NÚMERO TOTAL DE CASOS

Gráfico do 1° tipo
Evolução do número total de casos já confirmados da doença


A figura acima contém duas réguas graduadas, uma horizontal e outra vertical. Na régua horizontal (graduada de 0 a 200) temos o tempo, contado em dias a partir do primeiro caso confirmado, dia 26 de fevereiro de 2020. Na régua vertical (graduada de 0 a 2,5 milhões) temos o número de casos da doença oficialmente confirmados. Assim, a cada dia da régua horizontal corresponde uma bolinha vermelha, cuja altura, medida na régua vertical, representa o número total de casos confirmados da doença até aquele dia

Note que, a partir do primeiro caso, conforme os dias foram passando, as bolinhas vermelhas foram se alinhando, formando uma curva que vai dobrando para cima. A última bolinha vermelha colocada no gráfico foi a de anteontem, indicada com uma seta dourada com a data de 23/07/2020

O número total de casos confirmados da doença foi aumentando com o tempo, acelerando cada vez mais. Até quando? É possível prever o futuro? Sim, é possível prever o futuro, não de modo preciso, mas bem aproximado.

O alinhamento das bolinhas vermelhas pode ser representado por uma equação matemática. Existem métodos para se determinar a equação que representa a posição das bolinhas vermelhas de modo que, sabendo-se o tempo transcorrido "t", no caso em dias, pode-se calcular o número "Y" de casos totais confirmados até este dia. 

Conhecendo-se esta equação, também se pode calcular o valor de "Y" para qualquer tempo futuro

Transformar as bolinhas vermelhas em uma curva matematicamente definida tem a vantagem de se eliminar as variações fortuitas (aleatórias) que as bolinhas incorporam. Assim ficamos com a curva que representa o fenômeno em sua essência, sem os "solavancos" que os dados oficiais possuem. A tendência da curva fica bem definida e bem visível.

Vamos, agora, conhecer o futuro!


As duas equações matemáticas representam monotrilhos pelos quais a CoViD pode trafegar. Temos o trilho roxo, o mais pessimista, e o trilho vermelho, o mais otimista. Por qual trilho nossa Covid trafega? Quem conhece o trilho sabe por onde ele vai passar e onde ele vai chegar. 
 
Observe este gráfico!  Ele foi publicado no meu blogue no dia 30/06/2020, logo há 24 dias. 
Observe que este gráfico só difere do anterior por dois motivos: 
1)indicado nesta imagem por uma seta dourada), logo até 30/06. 
2)

Notem que ambos os trilhos, o da Quando o contágio termina, o número total de casos confirmados da doença fica estacionado em seu valor máximo. 

Esta curva tem uma forma que lembra um "S" maiúsculo bem esticado que termina em seu estágio mais alto (num patamar ou platô). No meio do "S" tem um ponto de inflexão, que é quando a curva, que dobrava para cima, passa a dobrar para a horizontal. Cada curva tem um ponto de inflexão diferente. O ponto de inflexão é o dia de maior número casos novos por dia. Portando é o dia de maior sobrecarga nos hospitais do país. 

Conforme os dias passam, novos dados vão chegando e sendo incorporados aos gráficos. 

Hoje, já fazem 24 dias que os novos dados tem chegado bem ajustados às duas curvas matematicamente traçadas. Mas agora, as curvas roxa e vermelha estão se separando aos pouquinhos. A linha das bolinhas vermelhas vai ter que se definir por um ou outro trilho. Também poderá seguir um caminho intermediário, o que é mais provável. Quando isto estiver mais definido, então, pelo mesmo método, ajustarei os coeficientes da equação e traçarei curvas mais precisas para representar o futuro. 

Quanto mais passa o tempo, mais dados vão se acumulando e, assim, o futuro vai se delineando mais nitidamente. 

Veja agora o gráfico que fiz anteontem, dia, 23/07/2020. É este: 


As linhas vermelha e roxa são as mesmas de 24 dias atrás. Tomara que a CoViD siga pela linha vermelha, que é melhor do que a roxa. Assim, teremos menos doentes, menos mortes, menos sequelados, menos tempo de restrições sociais e econômicas e menos risco de termos uma segunda onda da CoViD em dezembro ou no ano que vem!  

Só na segunda quinzena de setembro haverá um alívio sensível da CoViD-19 e só depois de novembro alcançaremos o chamado patamar (ou platô) da curva. 


2. EVOLUÇÃO DO NÚMERO DIÁRIO DE NOVOS CASOS 

Gráfico do 2° tipo
Evolução do número diário de casos confirmados da doença

Este gráfico é o que se vê comumente na TV. 




Os triangulozinhos vermelhos representam os números diários de novos casos, desde o primeiro caso até anteontem, dia 23/07/2020. 

Como se observa, agora estamos lidando com números de duas ordens de grandeza menores. Por isso, as imprecisões fortuitas são bem mais visíveis. Os dados se espalham e parecem não se alinhar formando uma curva. É por isto que, como se vê na TV, costuma-se traçar uma curva chamada de média móvel de 7 dias. Esta é a curva formada, não pelos pontos referentes aos dados oficiais, mas por pontos que representam o valor médio dos sete dias anteriores. Assim, as variações fortuitas são amenizadas, mas não eliminadas. Elas permanecem confundindo as pessoas. Por exemplo, vejo na TV pessoas interpretarem as mudanças de direção da curva da média móvel como sendo uma mudança da curva na CoViD, o que não é verdade. Estas mudanças (estes solavancos) ainda são as flutuações fortuitas. Assim, estas pessoas interpretam pequenos trechos horizontais da curva como sendo um platô (patamar). Isto também não é correto. Os gráficos do 2° tipo não têm platô algum. O que tem platô é o gráfico do 1° tipo

A confusão que os comentaristas fazem, talvez se deva também ao fato da fase ascendente desta curva ter a mesma aparência que a do 1° tipo de gráfico, mas os dados (os números) são diferentes e a forma da curva também. O gráfico do 2° tipo tem duas fases, uma ascendente e outra descendente. Logo, tem um pico entre estas duas fases e não tem patamarJá o gráfico do 1° tipo tem apenas a fase ascendente.  

O que se deve fazer é o mesmo procedimento que apresentei no caso do gráfico do 1° tipo. Refiro-me ao cálculo necessário para descobrir a equação da curva. A equação da curva é função do caráter da doença. Esta equação elimina completamente as flutuações fortuitas. 

É isso que mostro a seguir. Vamos substituir, no gráfico acima, a curva da média móvel pela curva que representa a equação matemática. Esta nova equação é obtida pela derivação da equação do gráfico do 1° tipo. 

O novo gráfico fica assim... 
  
 
Veja que se trata do mesmo gráfico. com os mesmos dados, mas a curva de solavancos (a da média móvel) foi substituída por uma curva suave, dada pela equação exponencial que representa a evolução da epidemia (neste caso, a chamada função logística) e que é calculada para representar os dados oficialmente confirmados. Aqui não há patamar algum! 

Outra vantagem é que agora podemos prever o futuro, basta ampliar as escalas da figura e ver como a linha azul continua. 

Foi o que fiz! veja aqui: 


A verdade é que, no Brasil, a pandemia evoluiu sem encontrar resistência. As regras de isolamento e imobilização social não foram feitas com o rigor necessário. Ademais, não se fez testes em número suficiente para que se pudesse localizar as regiões de maior surto e cercar o vírus! 

Tomara que o Brasil não venha a ter uma segunda onda da CoVid, como aconteceu nos EUA. Os EUA já tinham ultrapassado o pico do gráfico do 2° tipo. Eles já estavam na descendente, quando a segunda onda da CoViD surgiu pior que a primeira. 

Daqui a mais alguns dias, atualizarei todos estes dados e os gráficos.

Para terminar, por hoje, convém ver como está o Brasil em relação a outros países do mundo. Veja o gráfico referente ao total de mortes por milhão de habitantes e por dia
Hoje, Reino Unido, Espanha e Suécia, nesta ordem, são os países com maior número de mortes por dia e por milhão. Isto varia com o tempo, porque os países estão em estágios diferentes da pandemia. Estes países, que citei, já passaram pelo ponto de inflexão da curva. O Brasil ainda não passou por ele, mas está chegando lá. 

Este gráfico vai ser automaticamente atualizado todos os dias. Ele sempre estará atualizado.

 
 ==+==

Use a máscara!
Uma técnica conhecida como Schlieren permite que se visualize o fluxo de ar causado por uma pessoa falando, respirando e tossindo, com máscara e sem máscara. Quando a pessoa está infectada pelo virus da CoViD (Sars-Cov-2), as nano e micro gotículas contém milhares ou milhões de vírus. O número depende do tamanho da gotícula. 


Agora  veja este vídeo. 
Clique aqui

Enquanto isso, muitos desinformados, que provavelmente só leem as propagandas políticas das redes sociais, causam enorme indignação nesta profissional da saúde que está indo buscar o resultado de seu exame de PCR na UPA para saber se foi infectada. 
Veja: 
Santa indignação!

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