Por Almir M. Quites
Avalio o que transita pelas redes sociais e constato uma quantidade enorme de "fake news" e de interpretações típicas do fanatismo! Fico triste... e o povo brasileiro cada vez mais anemiado, abatido, daí mais anímico, obstruso, mais sugestionável, manobrável... Não percebe o quanto é grave o seu estado de saúde!
O fanatismo existe. É uma doença grave, que pode se tornar uma epidemia e evoluir para uma pandemia! Leiam também o texto abaixo, após este que você está lendo, intitulado Um Caso Histórico.
O fanatismo é considerado uma doença psico-social, ou seja, um problema psíquico que afeta a sociedade. Os sintomas aparecem como defesa intolerante, intransigente e até agressiva de uma causa, o que pode ser potencializado com a liderança de um guru e se desenvolver em concomitância a movimentos de crença. Pessoas fanáticas desligam a autocrítica e as objeções de outras pessoas e também são intolerantes a outras visões de mundo e dos fatos. Como em muitas doenças psíquicas, é muito difícil que o doente se convença de sua doença e aceite auxílio.
O fanatismo é considerado uma doença psico-social, ou seja, um problema psíquico que afeta a sociedade. Os sintomas aparecem como defesa intolerante, intransigente e até agressiva de uma causa, o que pode ser potencializado com a liderança de um guru e se desenvolver em concomitância a movimentos de crença. Pessoas fanáticas desligam a autocrítica e as objeções de outras pessoas e também são intolerantes a outras visões de mundo e dos fatos. Como em muitas doenças psíquicas, é muito difícil que o doente se convença de sua doença e aceite auxílio.
Até mesmo os nossos últimos Presidentes da República, Lula e Dilma, tinham seus gurus. Eles não tinham competência alguma para governar um país, mas tinham a inabalável crença de que esta era a missão de suas vidas. O presidente Jair Bolsonaro também. Lula portava a alcunha de "Mito", Bolsonaro também. Este sempre se alinhou, no espectro político brasileiro, ao que chamam de "esquerda", mas depois que Lula deixou a Presidência (em 2010), tratou de substitui-lo e, para isso, passou a se auto classificar como "de direita". Hoje representa a "extrema direita".
Imagine, em pleno século XXI, a família presidencial do Brasil tem um guru! Olavo de Carvalho é o Rasputin e o Bolsonaro é o Nicolau II. Há dois séculos, Rasputin foi um místico russo, que se tornou guru da família do czar Nicolau II e foi politicamente muito influente no final do czarismo.
O presidente Bolsonaro, como seus dois antecessores, só se ocupa de atiçar crenças populares chamando a atenção para a sua pessoa. Isto é característico dos líderes populistas. Ontem ele anunciou um "tsunami para a próxima semana na política do Brasil"! Provavelmente vai esquecer do que disse ou vai voltar a trás, como é corriqueiro. Se houver um tsunami político será para atrair a atenção de todos para si mesmo.
O Brasil patina e não sai do mesmo atoleiro. Repete e repete os mesmos erros. Lula e Bolsonaro são iguais no populismo e na incompetência.
A verdade é que Bolsonaro não é "santo milagreiro". Também não é "salvador da Pátria". Ele é apenas mais um populista, como Lula e Dilma eram.
Governar um país não é isso que os populistas pensam! O atual presidente e a grande maioria de seus ministros não têm a mínima noção do que seja administrar um país, um estado ou um município.
Enquanto isso, o ilusionismo continua, nutrindo a proliferação do fanatismo. Povo iludido é povo vencido, empobrecido, enfraquecido, deseducado, frágil, sugestionável... e, por tudo isso, fanatizável!
Vejo que a maior parte do povo brasileiro acredita que o universo se resume a uma guerra entre petistas e bolsonaristas. Esta é a visão de mundo dos fanáticos dos dois lados.
Há mais de 4 anos publiquei um artigo sobre fanatismo. Para que você, leitor, o conheça, indico a seguir, como acessá-lo. Veja como este assunto é importante! Leia aqui:
Depois, para aprender a identificar o fanatismo nas situações do dia-a-dia, leia este, publicado também há 4 anos, aqui:
𝓐𝓵𝓶𝓲𝓻 𝓠𝓾𝓲𝓽𝓮𝓼
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Um caso histórico.
Há muitos casos de epidemia de fanatismo. Vou relembrar um caso famoso. Só um!
Leitor, você se lembra da história do líder espiritual indiano Bhagwan Rajneesh (1931-1990), conhecido como Osho, e de seus fanáticos seguidores? Vou lembrá-los.
Formado em filosofia, Osho passou a dar aulas e a reunir seus primeiros discipulos na própria universidade. A quantidade de pessoas que o buscavam crescia e tornou-se tão grande que, em 1962, ele abriu um centro de meditação e começou a fazer inúmeras viagens para palestras ao redor da Índia.
Em 1964, suas palavras foram publicadas pela primeira vez em livro, sob o título O Caminho Perfeito. Foi a primeira das muitas obras que fizeram o movimento ter sucesso. Dois anos depois, Osho abandonou sua atividade acadêmica para se dedicar exclusivamente à vocação de guru. Então, passou a organizar acampamentos de meditação na zona rural do país.
Em 1971, ele mudou seu nome para Bhagwan Shree Rajneesh – ou “Rajneesh, o senhor abençoado”, em sânscrito – deixando clara sua pretensa ligação divina. Os seguidores adotaram rituais como vestir roupas vermelho-alaranjadas, um colar de 108 contas e um medalhão com a imagem do líder. Além disso, cada novo discípulo era rebatizado pelo mestre para caracterizar a adesão.
Osho aplicava "métodos terapêuticos" em "workshops" e dava palestras diariamente. De manhã, comentava os ensinamentos de tradições religiosas, como o budismo, o sufismo e o cristianismo. À tarde, respondia perguntas sobre temas como amor, ciúme e meditação. Num mês, falava em hindi, no outro, em inglês. Cada série de 10 dias foi publicada em forma de livro, compondo mais de 240 obras em 7 anos. Na época, Osho já tinha cerca de 400 livros publicados, somando um volume de texto maior que o da Bíblia ou do Alcorão.
O interesse estrangeiro fez o movimento buscar uma base fora da Índia. Em 1981, Osho e seus seguidores (os sannyasins) mais próximos mudaram-se para um terreno 150 vezes maior que o Parque do Ibirapuera, no deserto de Oregon, nos EUA, dando um passo importante para internacionalizar o movimento. A comunidade de Rajneeshpuram (com mais de 10.000 seguidores), próxima da pequena cidade de Antelope (com 40 mil habitantes), fica no condado de Wasco, estado de Oregon, nos Estados Unidos. Milhares de pessoas, a maior parte com ótimo nível social, de renda, educação e formação profissional, mudaram-se para a comunidade a fim de seguir o seu mestre e buscar um novo estilo de vida.
Entre os fundamentos da doutrina estavam a aceitação das relações afetivas de múltiplas formas, incluindo a procura da iluminação por meio de meditação, hedonismo e da libertação sexual, emocional e institucional.
Embora a seita pregasse a renúncia aos bens materiais, o fanatismo, produto da doutrinação, impedia os seguidores de questionar o fato de seu líder ostentar dezenas de luxuosos Rolls-Royce e de possuir centenas de relógios com pulseiras de ouro e brilhantes, em uma aparente necessidade compulsiva de controlar o tempo com extravagância. Todos os seus seguidores usavam as roupas com diferentes tons de vermelho, menos Rajneesh, obviamente. Era o próprio cérebro dos seus seguidores que os impedia de ver os fatos, ainda que fossem óbvios.
O desfecho disto foi inacreditável! O grupo realizou ataques bioterroristas, planejou matar o procurador dos Estados Unidos, planejou e realizou envenenamentos (incluindo um ataque de intoxicação alimentar em massa com bactérias Salmonella), influenciou as eleições do condado, entre outras ações individuais e coletivas para lá de absurdas! Após diversos processos judiciais, Rajneesh alegou que o sua secretárioa pessoal, Ma Anand Sheela e seguidores próximos eram os responsáveis por tudo. Após um acordo judicial, ele foi deportado dos Estados Unidos. 22 países se negaram a recebê-lo e ele voltou para a Índia. Depois de tudo isso e mesmo após a sua morte, aos 59 anos, sua popularidade e o número de seguidores continuaram aumentando.
Como tantos seguidores fanáticos foram levados a isso? Observa-se a importância da doutrinação, do patrulhamento ideológico, da sensação de segurança dada pela coesão e sensação de pertencimento ao grupo (marcado por meio de símbolos e cores), a existência do imaginário inimigo externo comum e a visão simplista e dualística de mundo; acresce a isso a crença na infalibilidade das convicções e/ou doutrinas, o amplo desejo de validar e impor a “absoluta verdade” na sociedade e a identificação irracional com o líder de sua devoção, ou seja, o culto a personalidade. Essas características são facilmente observadas nos principais regimes totalitários que definiram o século XX, nos atuais líderes populistas autoritários e nas formas mais violentas de fundamentalismo religioso contemporâneo.
O fanático recusa, sem pensar, todos os argumentos críticos ou provas e mesmo fatos que ele mesmo observa. Recusa-se até a obter conclusões de suas próprias experiências ou observações do real, simplesmente negando suas existências e seguindo a opinião do grupo. O fanático acredita na supremacia das ideias do seu grupo, crenças ou cultura, geralmente tratando de sumariamente impô-las. Na Teoria Psicanalítica, o fanático tem um Ego excessivo em relação ao Id e ao Superego, o que o torna incapaz de realizar o julgamento crítico da realidade e, assim, torna-o facilmente manipulável.
O fanatismo existe. É uma doença que pode se alastrar como epidemia e até se tornar uma pandemia!
Cuide-se!
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