Por Almir Quites
Qual é mais verossímil? |
Qual assertiva é mais inverossímil?
O Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, o ministro Luís Roberto Barroso, levantou esta questão ao voltar a defender as "urnas eletrônicas" brasileiras. Parece que ele está muito mal informado! Ou mente?a) "não há fraude eleitoral" ou
b) "a Terra é plana".
Para o ministro Barroso, não há como haver fraudes. Em suas próprias palavras: “Não há possibilidade de fraudar o sistema. Agora, não tenho controle sobre o imaginário das pessoas. Tem gente que acha que a terra é plana, tem gente que acha que o homem não chegou na lua, tem gente que acha que o Trump venceu as eleições nos Estados Unidos. Esse é o imaginário sobre o qual eu não tenho poder”.
O ministro Barroso desrespeita a inteligência dos cidadãos brasileiros!
Duvido que o ministro, Presidente do TSE não saiba que:
1) as "urnas eletrônicas" brasileiras não permitem que o eleitor confira seu voto e também não permitem recontagem de conferência, nem qualquer tipo de auditoria independente; e2) em decorrência do item anterior, as nossas "urnas eletrônicas" dependem de enorme e permanente propaganda para manter a fé pública, mesmo contra as evidências.
Assim é muito fácil fazer uma apuração eleitoral rápida e sem problemas. Para o ministro Barroso o que atrapalha é o Princípio da Transparência Eleitoral!
Atenção, ministro Barroso, são as ditaduras que exigem fé; as democracias exigem a transparência dos atos públicos! Por quê? Porque, segundo Joseph Pulitzer (instituidor do Prêmio Pulitzer): “Não há crime, não há esquiva, não há malandragem, não há vigarice, não há vício que não viva em segredo”.
Barroso não para de brandir o argumento de que a "urna eletrônica" não está ligada à internet! Ele finge não saber que o sinal de rede pode vir de muitas maneiras diferentes, não apenas pela rede de muito baixa potência (menor que 50 volts e menor 350 mA), mas também pelas de alta potência (igual ou maior que10 mil watts e 220 volts) e também por sutis campos magnéticos.
Como que um celular se conecta com a internet sem ter cabo de conexão? O ministro não sabe?
Hoje, no atual estágio da evolução da Internet, até as coisas detectam e se conectam à internet à distância. A “Internet das Coisas – IoT", ou melhor, a “Internet de Tudo –IoE” é uma tecnologia disponível. Uma simples chave de porta pode conter um "firmware" capaz de se comunicar com a internet e colher dados de uma rede local ou mesmo alterá-los. Estes dados podem ser enviados para qualquer lugar do mundo! A "urna eletrônica" também pode e ninguém perceberia.
É indiscutível que a fraude externa seja mais difícil, como o ataque de "hackers" diretamente ao software da "urna eletrônica", mas também é indiscutível que a nossa "urna" é completamente aberta à fraude interna, aquela feita pelas próprias pessoas que tem acesso formal ao software ou ao hardware da "urna". Além disso, a fraude interna tem caminho aberto aos softwares dos computadores que transmitem os dados ao TSE ou ainda aos softwares do TSE que recebem estes dados e fazem a totalização nacional dos mesmos.
Concordo com o ministro Barroso quando ele diz: “Eu não tenho controle sobre o imaginário das pessoas. Tem gente que acha que a terra é plana, que o homem não foi à Lua...". Vou além: ninguém tem controle sobre o imaginário das pessoas. Tem até ministro, Presidente do TSE, que acha que não há possibilidade de fraude no sistema de apuração eleitoral do Brasil e afirma publicamente que nunca houve fraude! Há ministros que até acreditam que a nossa tecnologia de apuração de votos seja a mais avançada do mundo!!!
Não sei o que é mais inverossímil, se a inexistência de fraude na apuração eleitoral ou a versão da Terra plana. Mas não tenho dúvida alguma do que é mais nocivo. É muito mais nocivo, muito mais mesmo, acreditar que não há fraudes na apuração eleitoral brasileira.
Eleição, no Brasil, é ilusão. A palavra Ilusão já nasceu no grau aumentativo.
A verdade existe, mesmo em nevoeiro denso de mentiras!
Só há uma forma de se evitar a fraude, a qual expresso nos quatro itens seguintes:
1) O voto deve ter materialidade para ser conferido pelo eleitor e para permitir a fiscalização da contagem;
2) Qualquer sistema eletrônico precisa ter trilha de auditoria (o voto impresso).
3) O processo de apuração eleitoral precisa ser fiscalizado por todos os interessados, com direito a pedido de recontagem e a recurso judicial.4) A apuração manual de conferência não pode ser descartada!
Para entender melhor tudo isso, no contexto da política brasileira, siga lendo aqui:
Depois leia este artigo publicado há cerca de 6 anos:
A "urna eletrônica" é verossímil?
Veja este depoimento.
Para ler artigos sobre as urnas eletrônicas brasileiras,
Para mais alguns artigos deste blog ("weblog")
⇩ Clique sobre o título ⇩
- O retrocesso de 1996: o voto sumiu!
- Notícias falsas de verificadores de fatos e "fakes"
- Dia de eleição ou de ilusão
- Exemplar eleição presidencial nos EUA
- Guerra cibernética global e eleições
- Apuração eleitoral. Quem faz melhor? Brasil ou EUA?
- O escândalo da semana
- A farra do Boi Bombeiro
- Ministro x População
- Acabei com a Lava-Jato
- Os pinóquios do Brasil estão em alta
- A negação da CoViD-19
- O Direito entortado pelo sectarismo
- Louco representa o Brasil na ONU
- O direito alheio do ponto de vista do meu direito
- Formiguinhas formidáveis
Este blog não contém anúncios
________________________________________________
Aviso sobre comentários
Comentários contra e a favor são bem vindos, mesmo que ácidos, desde que não contenham agressões gratuitas, meros xingamentos, racismos e outras variantes que desqualificam qualquer debatedor. Fundamentem suas opiniões e sejam bem-vindos. Por favor, evite o anonimato! Escreva o seu nome no final do seu comentário.
Não use CAIXA ALTA, isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente.
Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
________________________________________________
✓ COMPARTILHE ESTA POSTAGEM ✓
Nenhum comentário:
Postar um comentário