sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Tal pai, tal filho!

Por Almir M. Quites



Nesta semana, dia 9, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL), voltou a alarmar o país pelas redes sociais com suas declarações pelo Twitter.
O que Carlos Bolsonaro escreveu foi exatamente isto: "Por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos... e se isso acontecer. Só vejo todo dia a roda girando em torno do próprio eixo e os que sempre nos dominaram continuam nos dominando de jeitos diferentes!" (copiado do Twitter)

É óbvio que ele escreve muito mal! Então, é preciso interpretar para tentar saber o que ele quis dizer. 


Carlos Bolsonaro começa afirmando que, pelas vias democráticas, a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que eles desejam ("que almejamos", disse ele, na primeira pessoa do plural). Então, cabe perguntar: se não for pela via democrática, por qual outra via será? As demais possibilidades são: absolutismo, autocracia, autoritarismo, despotismo, ditadura. Além destas, não há outra via

Em todos estes casos, tem-se a supressão da liberdade individual e a necessidade de obediência inquestionável da população; o poder é concentrado, supremo, absoluto, ilimitado e irresponsável com relação a qualquer instituição.

Considerando que 

  • o Presidente Jair Bolsonaro foi militar; 
  • que como parlamentar sempre defendeu os interesses dos militares; e 
  • que o atual poder executivo está eivado de militares; 

pode-se concluir que é  altamente provável que a via imaginada por Carlos Bolsonaro seja a Ditadura Militar.😒

Carlos Bolsonaro não especifica "as transformações" que segundo ele, não estão acontecendo. Também não esclarece quem são eles, os que, com ele, fazem parte do "nós" implícito em "almejamos". Pelo contexto, "nós", deve ser o seu grupo familiar, incluindo o pai-presidente e todos os seus filhos, mais o grupo de seus aliados de primeira linha.

Depois desta primeira frase vêm enigmáticas reticências e continua assim: "... e se isso acontecer." Então, vem um ponto que, pelo sentido da frase, deveria ser reticências. Então ele continua: "... Só vejo todo dia a roda girando em torno do próprio eixo". Ora, o que ele quer, uma roda girando fora de seu próprio eixo? Não sei o que isso possa significar, mas a continuação dá uma pista: "e os que sempre nos dominaram continuam nos dominando de jeitos diferentes!" Então, o eixo só pode ser o conjunto dos que sempre nos dominaram.

Ora, "eles" estão no poder executivo, mas se consideram dominados, fora do eixo de poder! Então, o que "eles" querem que aconteça mais rapidamente? Para mim é óbvio! Eles querem mais poder! Se "eles" já estão no Poder Executivo do Brasil, como "eles" podem rapidamente conseguir mais poder?

Bem, considerando que o pai do Carlos, o atual Presidente Bolsonaro, 


  • sempre defendeu a Ditadura Militar
  • sempre fez apologia de golpe militar
  • afirmou várias vezes ser a favor da tortura
  • declarou, em plenário, que o torturador condenado, Cel. Ustras, era seu "herói"; e, 

com tudo isso junto, a conclusão óbvia é esta: não há outra forma de interpretar sua postagem no twitter que não seja como uma ameaça e uma apologia de golpe militar!

Carlos Bolsonaro é quem comanda a propaganda do pai pelas redes sociais e é quem se ocupa das "estratégias políticas", sempre com a evidente obsessão de que há inimigos infiltrados no governo. Carlos, já desautorizou o então secretário-geral da Presidência, Gustavo Bebianno, o qual foi demitido dias depois pelo seu pai Presidente.

Nas vezes em que foi indagado sobre a ascendência do pai sobre seus atos, Carlos disse que sempre segue suas instruções. "Jamais falarei sem a permissão dele, isso está cada vez mais afinado, cada vez mais enfiado na minha cuca aqui". De fato, como o presidente não se pronunciou sobre o caso, deve estar de acordo com o que foi escrito por seu filho.

Por tudo isso, é licito pensar que a mensagem de Carlos foi só mais uma evidência de que o objetivo presidencial é conseguir aplicar um novo Golpe Militar no Brasil. Seria um auto-golpe, exatamente como fez o ídolo de Bolsonaro, Hugo Chavez, na Venezuela. No início deste século, Jair Bolsonaro se dizia "bolivariano" e "admirador de Hugo Chavez"!


Como se contata, a admiração  de Jair Bolsonaro por ditaduras vem de longe e ainda perdura. O erro da ditadura foi torturar e não matar”, disse ele em entrevista à rádio Jovem Pan, em junho de 2016. 

Neste ano, já como Presidente do Brasil, Jair Bolsoraro determinou que houvesse uma celebração pelos 55 anos do golpe militar de 1964 nos quartéis do país.

O desejo de celebração do regime ditatorial militar se soma a um amplo histórico de frases emblemáticas ditas pelo Presidente elogiando a Ditadura e até, defendendo seus torturadores.

Estes são "os patriotas" que temos no governo!

Preparem-se: tudo indica que a preparação de um golpe militar esteja em curso. Não duvido que digam, mais uma vez, que é para evitar um golpe comunista!

Finalmente destaco a interpretação  a deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP) sobre esta postagem do vereador Carlos Bolsonaro no Twitter.  Para ela teria sido um ataque ao próprio irmão, Flávio Bolsonaro, que tenta barrar a CPI dos tribunais superiores no Senado. Assim ela disse: "Carlos mostra revolta com o sistema, no mesmo dia em que seu irmão se movimenta para barrar a CPI da Lava Toga. Entendi a publicação mais como um protesto diante desse absurdo do que como uma ode a práticas ditatoriais". 

Não acredito nesta versão. Neste caso Carlos Bolsonaro deveria se revoltar contra o próprio pai, o Presidente da República, e contra o próprio irmão! Os fatos não confirmam isto!

Além disto, esta interpretação não muda o fato de ele não ver saída adequada pela via democrática e acreditar que a solução seria o Golpe Militar. Isto mostra o quanto é ilógica a interpretação de Janaina Paschoal. Como admitir que Carlos possa entender a prática do seu irmão como uma "absurda ode a práticas ditatoriais" se o próprio Carlos não vê saída democrática para a crise do Brasil?

Esta interpretação mais parece uma tentativa de salvar o "pobre" Carlos Bolsonaro da enrascada em que se meteu. Algo como tentar atirar um precário salva-vidas a ele!

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