Por Almir M. Quites
Esta semana começou degradante!
Hoje, na Câmara Federal, temos a absurda cena de deputados claramente envolvidos com corrupção ofendem o ex Juiz Sérgio Moro com base em fofocas divulgadas pela imprensa, como se uma conversa privada do Juiz com um Procurador da República fosse necessariamente criminosa. O Procurador é guardião da lei, fiscal da correta aplicação da mesma, defensor da sociedade, portanto funcionalmente interessado em casos de corrupção. Logo não é um acusador qualquer, nem se confunde com as partes de um processo penal, porque não tem interesse próprio no litígio.
É decepcionante ver como essas maledicências prosperam, inclusive dentro do governo. O próprio filho do Presidente da República, Carlos Bolsonaro, ataca o titular do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República pelo Twitter, levantando suspeitas, e abre nova crise com militares.
Enquanto isso, a propaganda do Presidente Bolsonaro confunde o povo pelas redes sociais fazendo crer que foi o Presidente quem conseguiu, na reunião do G20, o acordo do Mercosul com a União Européia. Constatei isto no Facebook e no Whatsapp, onde há frases do tipo: "Bolsonaro retorna do Japão, de onde trouxe na bagagem o excelente acordo do Mercosul com a União Europeia".
Isto é falso! Vou tratar desta questão mais detalhadamente, por que está passando despercebida.
Bolsonaro e o G20 não tem nada a ver com acordo do Mercosul com a União Européia! Este acordo, nem chegou ao nível político. Trata-se de um protocolo de intenções discutido apenas no nível técnico e negociado no âmbito diplomático.
Quem fez o acordo foram o Mercosul e a União Européia. O Mercosul é um bloco de 4 países e a União Européia é um bloco de 28 países.
O Mercado Comum do Sul (Mercosul) é uma organização intergovernamental fundada a partir do Tratado de Assunção de 1991 e formada por 4 países independentes da América do Sul.
A União Européia (EU) é uma sociedade econômica e política de 28 países europeus independentes. A UE nasceu da Comunidade Européia do Carvão e do Aço e da Comunidade Econômica Européia, em 1957.
A reunião do G20 foi em Osaka, no Japão e a reunião dos negociadores técnicos que chegaram ao acordo, representando os países sul-americanos e europeus, foi em Bruxelas, na Bélgica. 9.365 km separam as duas cidades! Foi em Bruxelas que o acordo foi alcançado, depois de 20 anos de estudos e tratativas.
O presidente Bolsonaro não teve qualquer participação nisso. Ele é presidente só do Brasil, 1 dos 32 países participantes da reunião de Bruxelas.
É preciso registrar que o acordo já estava bem avançado e pronto para alcançar o nível político em dezembro de 2017. Dependia apenas de que alguns países europeus ou sul-americanos cedessem um tantinho mais.
Afirmações do tipo “fizemos em quatro meses o que não fizeram em 20 anos” são apenas retórica desonesta e não correspondem à verdade. Um acordo desta magnitude e complexidade não poderia ser realizado em tão pouco tempo. Na verdade foram quase 30 anos!
Foi em 1991 que os presidentes da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai assinaram, em abril, o Tratado de Assunção, com objetivo de criar um mercado comum sul-americano. Um mês depois, ocorreu o primeiro contato entre ministros das Relações Exteriores dos países membros do Mercosul e a Comunidade Europeia, em Bruxelas. Participaram os ministros José Francisco Rezek (Brasil), Guido di Tella (Argentina), Alexis Frutos (Paraguai) e Hector Gros (Uruguai). Neste encontro, o bloco europeu se prontificou a cooperar com o novo grupo sul-americano.
Nesta época, o presidente do Brasil era Fernando Collor de Mello. Os presidentes seguintes, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso também se empenharam e participaram de eventos importantes para o desenvolvimento deste embrião de acordo que agora foi alcançado. O presidente Lula chegou a ter participação bem no início de seu primeiro mandato, mas em julho de 2004, as negociações foram suspensas devido a desentendimentos entre sul-americanos e Europeus. Só foram retomadas para valer, aliás com grande grande impulso, 13 anos depois, quando já estávamos no governo de Maurício Macri,na Argentina, e Michel Temer, no Brasil.
Obviamente o Brasil não nasceu em 1º de janeiro de 2019. Muita gente trabalhou muito para que se chegasse a este ponto. Tudo o que foi feito merece reconhecimento, respeito e, não apenas continuidade, mas também progressão, refinamentos.
É preciso sobriedade, equilíbrio e respeito no trato da administração pública. Assuntos de Estado devem ser entendidos e tratados como superiores aos interesses partidários e ideológicos. Governar não é guerrear contra inimigos. Campanha eleitoral também não é!
Na verdade, o caso criado com a chanceler alemã Ângela Merkel mostra que o Presidente Bolsonaro e o Ministro-Chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência do Brasil, o General Augusto Heleno, nem sabiam que o acordo preliminar estava a ponto de ser fechado na Bélgica, caso contrário não teriam feriam feito o que fizeram.
Leia agora sobre o significado, a história e as consequências do acordo intercontinental. Você entenderá melhor o meu último parágrafo.
Leia aqui:
𝐀 𝐌𝐀𝐍𝐂𝐀𝐃𝐀 𝐁𝐑𝐀𝐒𝐈𝐋𝐄𝐈𝐑𝐀 𝐄 𝐎 𝐀𝐂𝐎𝐑𝐃𝐎 𝐌𝐄𝐑𝐂𝐎𝐒𝐔𝐋 & 𝐔𝐄
https://almirquites.blogspot.com/2019/06/a-mancada-brasileira-e-o-acordo.html
𝓐𝓵𝓶𝓲𝓻 𝓠𝓾𝓲𝓽𝓮𝓼
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Hoje, na Câmara Federal, temos a absurda cena de deputados claramente envolvidos com corrupção ofendem o ex Juiz Sérgio Moro com base em fofocas divulgadas pela imprensa, como se uma conversa privada do Juiz com um Procurador da República fosse necessariamente criminosa. O Procurador é guardião da lei, fiscal da correta aplicação da mesma, defensor da sociedade, portanto funcionalmente interessado em casos de corrupção. Logo não é um acusador qualquer, nem se confunde com as partes de um processo penal, porque não tem interesse próprio no litígio.
É decepcionante ver como essas maledicências prosperam, inclusive dentro do governo. O próprio filho do Presidente da República, Carlos Bolsonaro, ataca o titular do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República pelo Twitter, levantando suspeitas, e abre nova crise com militares.
Enquanto isso, a propaganda do Presidente Bolsonaro confunde o povo pelas redes sociais fazendo crer que foi o Presidente quem conseguiu, na reunião do G20, o acordo do Mercosul com a União Européia. Constatei isto no Facebook e no Whatsapp, onde há frases do tipo: "Bolsonaro retorna do Japão, de onde trouxe na bagagem o excelente acordo do Mercosul com a União Europeia".
Isto é falso! Vou tratar desta questão mais detalhadamente, por que está passando despercebida.
Bolsonaro e o G20 não tem nada a ver com acordo do Mercosul com a União Européia! Este acordo, nem chegou ao nível político. Trata-se de um protocolo de intenções discutido apenas no nível técnico e negociado no âmbito diplomático.
Quem fez o acordo foram o Mercosul e a União Européia. O Mercosul é um bloco de 4 países e a União Européia é um bloco de 28 países.
O Mercado Comum do Sul (Mercosul) é uma organização intergovernamental fundada a partir do Tratado de Assunção de 1991 e formada por 4 países independentes da América do Sul.
A União Européia (EU) é uma sociedade econômica e política de 28 países europeus independentes. A UE nasceu da Comunidade Européia do Carvão e do Aço e da Comunidade Econômica Européia, em 1957.
A reunião do G20 foi em Osaka, no Japão e a reunião dos negociadores técnicos que chegaram ao acordo, representando os países sul-americanos e europeus, foi em Bruxelas, na Bélgica. 9.365 km separam as duas cidades! Foi em Bruxelas que o acordo foi alcançado, depois de 20 anos de estudos e tratativas.
O presidente Bolsonaro não teve qualquer participação nisso. Ele é presidente só do Brasil, 1 dos 32 países participantes da reunião de Bruxelas.
É preciso registrar que o acordo já estava bem avançado e pronto para alcançar o nível político em dezembro de 2017. Dependia apenas de que alguns países europeus ou sul-americanos cedessem um tantinho mais.
Afirmações do tipo “fizemos em quatro meses o que não fizeram em 20 anos” são apenas retórica desonesta e não correspondem à verdade. Um acordo desta magnitude e complexidade não poderia ser realizado em tão pouco tempo. Na verdade foram quase 30 anos!
Foi em 1991 que os presidentes da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai assinaram, em abril, o Tratado de Assunção, com objetivo de criar um mercado comum sul-americano. Um mês depois, ocorreu o primeiro contato entre ministros das Relações Exteriores dos países membros do Mercosul e a Comunidade Europeia, em Bruxelas. Participaram os ministros José Francisco Rezek (Brasil), Guido di Tella (Argentina), Alexis Frutos (Paraguai) e Hector Gros (Uruguai). Neste encontro, o bloco europeu se prontificou a cooperar com o novo grupo sul-americano.
Nesta época, o presidente do Brasil era Fernando Collor de Mello. Os presidentes seguintes, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso também se empenharam e participaram de eventos importantes para o desenvolvimento deste embrião de acordo que agora foi alcançado. O presidente Lula chegou a ter participação bem no início de seu primeiro mandato, mas em julho de 2004, as negociações foram suspensas devido a desentendimentos entre sul-americanos e Europeus. Só foram retomadas para valer, aliás com grande grande impulso, 13 anos depois, quando já estávamos no governo de Maurício Macri,na Argentina, e Michel Temer, no Brasil.
Obviamente o Brasil não nasceu em 1º de janeiro de 2019. Muita gente trabalhou muito para que se chegasse a este ponto. Tudo o que foi feito merece reconhecimento, respeito e, não apenas continuidade, mas também progressão, refinamentos.
É preciso sobriedade, equilíbrio e respeito no trato da administração pública. Assuntos de Estado devem ser entendidos e tratados como superiores aos interesses partidários e ideológicos. Governar não é guerrear contra inimigos. Campanha eleitoral também não é!
Na verdade, o caso criado com a chanceler alemã Ângela Merkel mostra que o Presidente Bolsonaro e o Ministro-Chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência do Brasil, o General Augusto Heleno, nem sabiam que o acordo preliminar estava a ponto de ser fechado na Bélgica, caso contrário não teriam feriam feito o que fizeram.
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Nao entendi a bronca Almir M. Quites, todos sabemos que esse acordo esta sendo estudado desde mais de 20 anos.
ResponderExcluirAcontece que o Brasil e o pais mais importante do MERCOSUL e esse acordo sempre foi adiado por uma equipe absolutamente incompetente dos governos esquerdistas. Nao adianta dizer que Bolsonaro nao foi o responsavel pelo sucesso do acordo porque para ele, isso nao faz a minima importancia. Por que os outros nao fecharam o acordo antes entao? E por que isso faz com que o senhor ache que a semana foi degradante? Degradante e ter um ex-presidente, preso e que ainda nao contou onde estao os UM TRILHAO de reais, que roubou do povo e que a Forca-Tarefa e o Dr. Moro estao tentando recuperar. Isso e degradante