domingo, 26 de abril de 2020

Esplanada de babel

Por Almir M. Quites
Paulo Guedes de máscara, sem terno e sem sapato

Em meio a tanta confusão, onde foi parar a política?

Quando, em janeiro do ano passado, analisei os discursos de posse dos ministros de Jair Bolsonaro, publiquei minhas impressões num artigo chamado 

Neste artigo, conclui, muito preocupado, que o ministério do novo Presidente era de muito baixo nível, exceto por Sérgio Moro e Paulo Guedes (ambos escolhidos antecipadamente para serem avalistas da campanha eleitoral e não para serem ministros), mas destaquei Luiz Henrique Mandetta e Tereza Cristina, dizendo que eu não os conhecia e que não conseguira avaliá-los pelo discurso de posse. Além disso, Incluí Joaquim Levy (do BNDES; indicado por Paulo Guedes) como um dos colaboradores de alto nível, embora não fosse ministro. Os demais, inclusive o astronauta Marcos Pontes e o jovem engenheiro Tarcísio Gomes de Freitas (que foi Diretor do DENIT no tempo da Presidente Dilma Rousseff, aliás, "Presidenta"), coloquei todos no mesmo saco (como inadequados para o cargo de ministro de Estado). 

Depois, no decorrer do errático governo de Bolsonaro, percebi que os melhores ministros preferiam ficar longe do Presidente, refugiados em seus ministérios, recriando assim o antigo modelo de "ministérios de porteira fechada" do tempo do presidente Lula. Quando o presidente não tem capacidade para governar, o melhor mesmo é impedir que atrapalhe! 

Os melhores ministros fizeram isso, exceto Paulo Guedes, que disfarçadamente assumiu o papel do inepto Presidente. O próprio Bolsonaro, sempre que indagado sobre algo, mandava seus interlocutores perguntar ao seu "Posto Ipiranga". O apelido pegou!

Depois começaram as demissões. Na metade do primeiro ano de governo (30 de junho), cinco já tinham sido demitidos, entre eles o Joaquim Levy, que eu considerava um dos nomes competentes do governo. Bolsonaro o demitiu por que ele não abrira a 'caixa-preta' do BNDES. Há muito tempo, desde o governo Dilma, a tal 'caixa-preta' já tinha sido aberta. Como é possível abrir uma caixa aberta?

Bolsonaro substituiu Levy por um jovem amigo de seus filhos, o qual até hoje também não abriu a tal caixa já aberta, mas agora está tudo bem!

Em fevereiro deste ano, mais três ministros foram demitidos, mas as trocas foram do tipo '6 por meia dúzia'! Entre elas, a do então ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, causada por um racha no PSL e pela completa bagunça no programa 'Minha Casa, Minha Vida'.

Então veio a CoVid-19! Uma crise sanitária sem precedentes! O Presidente queria que o governo fingisse que não havia pandemia, que era "só uma gripezinha", mas o Ministro da Saúde, o médico Mandetta, não podia ignorá-la. Passou a assumir a resistência à pandemia junto com os governadores dos Estados e os Prefeitos. A doença era gravíssima e já paralisava a economia do mundo. O projeto do "Posto Ipiranga" ruiu diante da prioridade da saúde do povo. Paulo Guedes entendeu isso e passou a apoiar a Mandetta, mas desagradou o Presidente!

Mandetta mostrou que era competente! O Presidente ficou zanzando por aí, enquanto Mandetta organizava a resistência contra o avanço da Pandemia. Então, o Presidente Bolsonaro, que nunca  se preocupou com a pandemia, demitiu o seu Ministro da Saúde. 

Paralelamente, no seio do caos governamental, surgiu o Plano Pró-Brasil, apresentado pelo ministro-chefe da Casa Civil.  É um empreendimento duvidoso tanto em relação às estratégias como quanto ao valor envolvido (era de R$ 30 bilhões e depois passou para 250 bilhões) para criar um milhão de empregos em dez anos. Guedes fora jogado para escanteio e não compareceu ao evento de lançamento do mega Plano. 

O Pró-Brasil é um arremedo do II PND (Plano Nacional de Desenvolvimento, de 1975), da Ditadura Militar.  Parece uma jogada de 'marketing', para passar a ideia de que o governo já está trabalhando na recuperação econômica do Brasil. Os recursos previstos deveriam vir do setor privado, mas este setor está asfixiado no Brasil e não dá para contar com qualquer investimento internacional. Quem estaria disposto a investir num país cujo governo não tem credibilidade e que participa de movimentos que pedem a implantação de uma ditadura no país? 

Já  não se sabe se compete ao Ministério da Economia administrar a economia! 

Paulo Guedes está agora no limbo, assistindo os acontecimentos de máscara, sem terno e sem sapato. Assim paramentado participou de ato oficial do Presidente. 


Paulo Guedes de máscara, sem terno e sem sapato

Acho que chegou a vez da demissão do 'Posto Ipiranga'! Prepare-se, Paulo Guedes! 

O que será deste governo mambembe?


𝓐𝓵𝓶𝓲𝓻 𝓠𝓾𝓲𝓽𝓮𝓼

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