quarta-feira, 8 de abril de 2020

CoVid-19 no Brasil: Previsão da Evolução - 3

Por Almir M. Quites


Enquanto eu escrevia e este texto e observava o gráfico que o acompanha, observei algo interessante e que pode ter sido significativo.
Atentem para isto:
  • 1) Como sabemos, depois de tantos casos no mundo todo, após a contaminação pelo vírus Sars-Cov-2, transcorrem 15 dias, em média, para que os sintomas possam caracterizar a infecção pelo CoVid-19. Só então, depois de identificados, os casos entram nas estatísticas.
  • 2) Tivemos o carnaval que deveria ter sido suspenso e não foi. Naquela época, 24 e 25 de fevereiro, não discutíamos tanto este assunto. O tempo passou voando. Gráficos foram feitos. Vejam agora este gráfico. Os casos de infecção realmente se intensificaram depois deste prazo. Em outras palavras, a curva começou a subir cerca de 15 dias após o Carnaval. Veja o gráfico: 
  • 3) Depois, no dia 15 de março, 229 das maiores cidades do Brasil, inclusive as capitais, fizeram um manifestação convocada pelo próprio Presidente Bolsonaro, contra o STF, contra o Congresso Nacional e a favor do Presidente, a favor de Golpe Militar e denunciando que a CoVid-19 era uma farsa. O tempo passou voando e, hoje, pode-se no gráfico abaixo que, depois de 15 dias, a curva de infeção também mudou, acelerou. Vejam o gráfico: 
Podem dizer que foi pura coincidência, mas ninguém poderá ter certeza disto! O fato é que cometemos erros graves e continuamos cometendo. Povo iludido é mesmo um povo vencido.

No dia da passeata convocada pelo Presidente Bolsonaro, 15 de março, tínhamos  200 infectados pela CoVid-19, no Brasil; duas semanas depois, em 1° de abril, já ultrapassavam 7.000; e, hoje, apenas uma semana depois, já temos 15.927! Em 15 de março, tínhamos menos de 10 mortes pela CoVid-19, no Brasil; no dia 1° de abril,cerca de 300; e, hoje, apenas uma semana depois, já temos 800! 


Hoje, a curva exponencial de crescimento da infecção é um fato incontestável. A curva atualizada para o dia de hoje, 8 de abril, é a seguinte: 




Fazer previsões nesta etapa, sujeita-se a imprecisões. Mesmo assim, prefiro isso do que não ter ideia alguma. Então arrisco uma análise com base na minha experiência com funções exponenciais.

Estamos chegando perto do ponto de inflexão da curva, portanto, a velocidade da infecção ainda é crescente. Nos próximos dias, ela vai assustar os brasileiros. 

Examinando o gráfico acima, o qual suponho estar correto, e comparando com a curva logística padrão, verifico que ainda não chegamos no ponto de inflexão da curva em forma de sigmoide. Este ponto é aquele em que a taxa de crescimento da contaminação é máxima. Isto deverá ser alcançado daqui a 3 dias, portanto no sábado, dia 11 de abril (isto não mudou em relação a minha previsão anterior), quando alcançaremos no Brasil cerca de 23.000 casos de infecção confirmadas (minha previsão anterior era de 25.000). Quando tivermos mais dados, farei nova previsão.


Depois disto, a taxa de crescimento do número de infectados deve diminuir, mas o número de infectados continuará a aumentar, até chegarmos no pico da curva, com  cerca de 47.000 infectados (minha previsão anterior era de 50.000). Só vai parar de aumentar entre 10 e 20 de maio. Então o número total de infectados parará de crescer. 

Até agora, tudo indica que o sistema de saúde entrará mesmo em colapso!😫 O número de leitos hospitalares que o Brasil possui, o qual atende com dificuldade a população em tempos normais, terá que atender a uma demanda adicional enorme. 

O colapso do sistema de saúde vai começar a ser percebido em maio e provavelmente começará por São Paulo ou Ceará. 

Depois do pico ser atingido, não se sabe nada, nem dá para fazer previsões, ainda que precárias. É que não se sabe se todos os contaminados, depois recuperados, vão adquirir imunidade. Os que não tiveram sintomas ou tiveram apenas sintomas leves também terão imunidade? Também não se sabe ainda se, destes, alguns grupos continuarão infectando outras pessoas. Os idosos e outros grupos de alto risco poderão sair da quarentena?  

Penso que é bom considerar estas previsões como sendo otimistas, porque os dados do Ministério da Saúde estão subestimados. Neles, não foram considerados como infectados aqueles que não têm sintomas, ou os que tiveram sintomas leves, mas ambos transmitem o vírus SARS-CoV-2. Estes, que estão fora das estatísticas correspondem aproximadamente a 80% da população infectada. Daí decorre a dificuldade dos dados nos quais temos que nos basear.  

No dia 15 de março, portanto há apenas 24 dias, tínhamos 200 pessoas infectadas no país. Hoje temos mais de 15.000. 

Acho que o governo brasileiro deveria ser mais rigoroso para combater este grande risco do sistema de saúde. Se o pico da curva for este ou maior, ninguém será atendido no sistema de saúde, nem mesmo as vítimas de outras doenças (diferentes da Covid-19), como as vítimas de traumatismos. 


No entanto, o Presidente Bolsonaro "força a barra" para que o isolamento social seja suspenso. Ele causa tanto tumulto, azucrina o seu Ministro da Saúde e o mantém sob ameaça de demissão, a ponto de, ontem, o Ministro Mandetta ter "acusado o golpe" (como dizem os boxeadores). 

Nesta hora crucial da evolução da CoVid-19, inexplicavelmente, o Ministro, que parecia estar se refortalecendo, voltou a ceder e indicou um afrouxamento nas medidas de isolamento social. As consequências vão abalar todo o sistema de saúde. Isto acelera a curva de contágio. 

Não há economia sem saúde e não há saúde sem uma economia saudável. São dois lados de uma mesma moeda.

Veja aqui, numa simulação, na qual os contágios ocorrem aleatoriamente, a prova de que a paralização e o distanciamento social são mesmo mais eficazes do que a quarentena de grupos sociais. 
  
Como você leu no artigo acima, para que esta curva não evolua muito rápido e se achate, de modo a não colapsar o sistema de saúde, é absolutamente necessário que todas as pessoas, respeitem as medidas de isolamento social e reforcem as ações preventivas, tais como:
  • ➦ evitar sair de casa; 
  • ➦ adotar sempre a “etiqueta respiratória” (ao tossir ou espirrar, cobrir o nariz e a boca com lenço ou o braço e não com as mãos);
  • ➦ lavar frequentemente as mãos com água e sabão e/ou fazer uso de álcool gel;
  • ➦ Se precisar mesmo sair, vá com luvas e máscara e volte rapidamente para casa;
  • ➦ evitar tocar olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas. 
  • ➦ Sempre que tocar as mãos em locais em que o público toca, imediatamente lave as mãos como indicado acima;
  • ➦ não compartilhar objetos pessoais;
  • ➦ manter distância de pelos menos dois metros entre você e outra pessoa;
  • ➦ caso apresente sintomas respiratórios e febre, buscar orientação junto aos órgãos de saúde.

Nota final:

Estou trabalhando para propor aos leitores uma máscara especial para idosos e para pessoas com  doenças crônicas. Publicarei aqui e solicitarei mais idéias a vocês, para que ela possa ser aperfeiçoada por todos nós, em conjunto, principalmente no sentido de facilitar a confecção caseira. 

Veja o vídeo abaixo:

Covid-19 sob controle e sem estresse


𝓐𝓵𝓶𝓲𝓻 𝓠𝓾𝓲𝓽𝓮𝓼

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Para ler artigos sobre as urnas eletrônicas brasileiras, 

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  1. CoVid-19 no Brasil: Previsão da evolução - 2
  2. Mais vale prevenir do que remediar
  3. Pronunciamento oficial neste 1 de abril
  4. Como refrear os danos da COVID-19
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  6. Loki e o PIB
  7. A pandemia e a paranoia política
  8. Covid-19 ataca e presidente permanece no mundo ds lua
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  11. As ditaduras brasileiras e o monopólio da informação
  12. O Princípio da Incerteza e o Professor Herbert Boor
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