terça-feira, 10 de março de 2020

O abraço do médico Dráuzio Varella

Por Almir M. Quites

Dráuzio Varella  pergunta.

Li um artigo intitulado "QUEM VOCÊ ABRAÇA?", no blogue "Conservadores e Liberais", escrito por Marcelo Rocha Monteiro (Artigo de 08.03.2020, Puggina.org).

Agora entendi a polêmica em que o médico Dráuzio Varella foi envolvido ao entrevistar o transexual Suzy de Oliveira no presídio onde se encontra. A matéria do médico passou no Fantástico do primeiro domingo deste mês (01/03).

A postagem a que me refiro é dura demais e muito injusta com o médico, o qual não conheço. Abraçar um presidiário não o torna criminoso. Piedade é uma virtude! Ele sempre fez programas mostrando a desumanidade dos presídios e atendendo gratuitamente os presidiários. 

Não cabe a Dráuzio Varella julgar o preso Suzy de Oliveira, o qual já foi julgado e condenado. Nada justifica o linchamento moral que ele vem sofrendo!

O médico Dráuzio se emociona e fica indignado com as condições em que os presos vivem nos presídios brasileiros! Não cabe a ninguém, muito menos ao Dráuzio, impor penas adicionais ao preso além da reclusão já imposta pelo Juiz do processo! Não confundam os fatos! As condições dos presídios brasileiros são mesmo criminosas!

Um crime não justifica outro! Um erro não justifica outro! A missão do presídio não é vingar o menino estuprado e assassinado. Vingança só agrava crimes, nunca os justifica.

Evidentemente que, em princípio, todos os cidadão que cumprem pena foram condenados por crimes. É verdade que muitos destes crimes podem ter sido hediondos. Isto, no entanto, não justifica que nós também cometamos outros crimes, sendo desumanos com os condenados ou com o médico. Garantir o bom estado dos presídios e garantir aos presos um tratamento humano saudável são obrigações do Estado! Do mesmo modo, compete a nós todos, demais cidadãos da sociedade, fiscalizar os governos para que cumpram bem com as suas obrigações. Era isto que o médico Dráuzio Varella estava fazendo, como sempre fez!

O Ministro da Educação, Abraham Weintraub, mais uma vez mostrando a maior falta de Educação e também evidenciando seus excessivos preconceitos maldosos, decidiu insultar o médico Drauzio Varella e Suzy, referindo-se a ambos, em seu Twitter, com isso: “Não é juiz? Não é gente?! Você e marinho NÃO conseguem pedir desculpas! NÃO têm empatia ou compaixão com as crianças e famílias vítimas desse pedófilo! Continuem defendendo esse estuprador assassino, vocês se merecem. Antes que eu esqueça: desejo que vocês terminem no inferno!” (Griffo meu). O ministro nem sabe se expressar! Não tem maturidade, nem cultura. Costuma fazer generalizações descabidas. É bronco, vulgar! Certamente ele acredita que merece ir para o "céu", aquela maravilhosa "morada de Deus, seus anjos e santos". 

Cabe fazer aos que postaram ofensas contra o médico Dráuzio, por conta daquele abraço, algumas perguntas: a piedadade está censurada no Brasil? É falta de educação ter piedade? E ser sádico está permitido1? Ser maldoso é educado?

Até me lembrei da possibilidade, neste país tão mentalmente abalado, radicalizado e enlouquecido, de que tenha havido um propósito inconsciente de atacar a Rede Globo de Televisão (principalmente nos que repassam um artigo como este). Neste caso, o propósito inconsciente arrasta junto o médico Dráuzio. Não estou sugerindo que exista algum erro na reportagem da rede Globo. É óbvio que se deve fazer mais reportagens sobre a desumanidade dos nossos presídios.

As denúncias, que Janaína Paschoal fez, em seu vídeo de ontem, são pertinentes e precisam der investigadas, mas não justificam o linchamento moral que o médico Dráuzio Varella vem sofrendo. Isto me parece ser o mais importante deste episódio. 
Esclareço ainda que, ao contrário do que Janaína Paschoal supôs, o crime de Suzy estava contado sim no gráfico tipo pizza, mostrado no programa "Fantástico", como homicídio. 


Quem quer que preste serviços num presídio, seja como médico, repórter, dentista, enfermeiro, professor, estatístico, seja o que for, deve tratar os detentos ou detentas com humanidade e não lhe cabe fazer julgamentos, nem perguntas sobre o motivo da condenação. O julgamento já foi feito por um Juiz! Só cabe tratar dos presos e das condições do presídio.

O autor desta postagem (citada no inicio), Marcelo Rocha Monteiro, e também o conhecido escritor Percival Puggina, que a divulgou em seu blogue, estão completamente equivocados.

Atualmente, as prisões femininas do Brasil estão superlotadas. O número de presas cresceu muito mais que a população carcerária masculina, segundo relatório feito pelo Depen. O Brasil já possui a quinta maior população penitenciária feminina do mundo. As detentas, pelas condições em que vivem, sofrem muito e este sofrimento é uma pena adicional indevida
𝓐𝓵𝓶𝓲𝓻 𝓠𝓾𝓲𝓽𝓮𝓼

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