terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Brasil fossilizado

Por Almir M. Quites

Prêmio Fóssil do Ano

No dia 17 de janeiro de 2019, publiquei um artigo no qual fiz uma análise da equipe de ministros do presidente Jair Bolsonaro, recém empossado. Aoú tratar do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, escrevi esta frase: "Parece-me que ele [Bolsonaro] vai se jogar de corpo e alma num combate aberto com ambientalistas do Brasil e do mundo. Bolsonaro vai plantar ventos e vai colher tempestades!

Foi uma previsão acertada.

Nota: Para ler este artigo na íntegra, basta acessar este endereço:
➡️ REVELADORES DISCURSOS DE POSSE
https://almirquites.blogspot.com/2019/01/reveladores-discursos-de-posse.html

Estão aí as repercussões nacionais e internacionais das queimadas da Floresta Amazônica, onde autoridades e ecologistas ao redor do mundo apontam o dedo em direção a Bolsonaro, que é descrito como uma espécie de Nero Tropical, imperador romano em 54 a.C., que se deliciava tocando harpa enquanto Roma queimava. 


O governo brasileiro nos faz  passar vergonha. É retrógrado e, queiramos ou não, representa o país inteiro no extetior.

A questão da Floresta Amazônica é muito sensível no mundo todo, porque ela é a maior captadora de carbono do mundo. A concentração dos principais gases do efeito estufa na atmosfera alcançou o recorde, em 2018. Caso as emissões não sejam reduzidas em mais de 7% ao ano, o mundo terá um aumento de temperatura de 3,2ºC. Os impactos serão catastróficos. 


Há muitas fortes evidências paleoclimáticas de que o clima é sensível às variações de CO2. Isto preocupa os climatologistas, pois a concentração atual de gases de efeito estufa é a maior dos últimos 800 mil anos, de acordo com análises de testemunhos de gelo [Delmotte, V. M.; Schulz, M. “Information from paleoclimate archives”. In: Climate change 2013: the physical science basis. Contribution of working group I to the fifth assessment report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Cambridge University Press.]

A Conferência do Clima desta semana da Organização das Nações Unidas (COP-25) congrega quase 30 mil pessoas em Madri, Espanha. A preocupação é muito grande, porque os cientistas aperfeiçoaram seus dados e concluíram que a crise climática é mais grave do que se supunha. O secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou que "o ponto de não retorno não está mais além do horizonte". Ou seja, está aquém dele! Furacões, ciclones, deslizamentos de terra, inundações e secas elevaram a insegurança alimentar a níveis alarmantes.

O Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, chefe da delegação brasileira na na COP-25, anunciou que o Brasil vai cobrar uma suposta dívida de R$ 120 bilhões da comunidade internacional relativa à serviços ambientais já prestados. Esta dívida não é reconhecida pela comunidade internacional. Segundo especialistas, trata-se de uma presunção infundada, já que o Ministério do Meio Ambiente do Brasil parte de premissas que não foram formalmente acordadas com os financiadores apontados. Além de ser uma postura demagógica, porque visa convencer os brasileiros a acreditar que a comunidade internacional estaria intetessada em boicotar o governo de Bolsonaro. Também é uma atitude oportunista da parte de quem se recusou a hospedar a própria Conferência da ONU sobre mudanças climáticas.

O fato é que o aumento explosivo do desmatamento na Amazônia, de 29%, de agosto de 2018 a julho de 2019, na comparação com o período anterior (dados do INPE) mostra que o Brasil já estourou a meta que deveria cumprir, até 2020, por força da Política Nacional sobre Mudança do Clima, distanciando-se também das metas subsequentes, no contexto do Acordo de Paris, para 2025.

Ao anunciar o dado oficial sobre o desmatamento deste ano, o maior aumento de um ano para outro deste século, o ministro Salles tentou transferir a responsabilidade para governos brasileiros anteriores. No entanto o Presidente Bolsonaro não apresentou qualquer medida para frear a escalada criminosa, inclusive a incentivou reiteradamente em discursos públicos, além de efetuar cortes orçamentários e desmontar a estrutura da política ambiental. O presidente Bolsonaro declarou publicamente que “o desmatamento nunca vai acabar, porque é cultural”. Isto significa dizer que o governo aceita a catástrofe mesmo sabendo que cerca de 90% do desmatamento é ilegal.

Por sua vez, a Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, declarou que “
a agricultura brasileira não tem nada a ver com a Amazônia”. Este desprezo pela catástrofe ambiental escandaliza os países participantes da COP-25, porque significa total descompromisso na contenção do crime organizado, além de ignorar o aumento das emissões brasileiras de gases de efeito estufa e do seu impacto sobre o clima global, inclusive sobre o ciclo das chuvas que abastecem as regiões agrícolas do próprio Brasil.

A posição oficial do governo brasileiro é vergonhosa e agrava sua política externa. O governo desprezou a própria comunidade científica brasileira, abandonou o Fundo Amazônia e agora alega que precisa de recursos financeiros para combater o desmatamento! Os governos da Alemanha e da Noruega eram os principais financiadores do Fundo Amazônia e ambos desistiram de continuar apoiando. A Noruega tinha sido doadora de 93,3% do total de recursos deste fundo, seguida pela Alemanha que doara 6,2%.

Na COP-25, Bolsonaro será forte candidato ao prêmio “Fóssil do Dia”. O prêmio é conferido aos principais vilões do clima pela Climate Action Network (CAN), grupo que reúne mais de mil ONGs em todo o mundo.

Assim, Bolsonaro pode se tornar bi-campeão, já que, em dezembro de 2018, durante a COP-24, a "homenagem" coube ao Brasil, primeiro país a ser ganhar o troféu. O motivo foi a postura de Jair Bolsonaro, que cancelou a realização da COP-25 no Brasil. Também contou pontos, para o país ganhar aquele prêmio, as reiteadas declarações do futuro chanceler Ernesto Araújo, que dizia que o aquecimento global era "uma invenção do marxismo cultural globalista”. Ele é outro discípulo do guru Olavo de Carvalho e repete suas frases tolas.



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