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domingo, 21 de outubro de 2018

Urna eletrônica: os fatos, sem os boatos

Por Almir M. Quites



O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo realizou neste sábado (20/10/2018) o que eles chamam de "auditoria pública" de verificação da integridade dos sistemas eleitorais de quatro urnas eletrônicas utilizadas no dia 7 de outubro (1º turno da eleição presidencial). Eles mesmos se auditam para verificar se as denúncias de fraude, no 1° turno, eram "fake news" ou não. É o próprio acusado que faz a auditoria! Qual será o resultado?! Hein?

Confuso? Aqui está o relato completo de quem viu tudo.

Na verdade, esta auto-auditoria foi mais uma farsa! Nem foi uma auditoria pública, já que ao público só cabia assistir. 

Uma auditoria é uma revisão do sistema, com a finalidade de assegurar a fidelidade dos registros e proporcionar credibilidade à eles. No caso de uma auditoria eleitoral, é evidente que a mesma só pode ter validade se for feita por auditores independentes, para que se cumpra o princípio da transparência do ato público. Autoauditoria não vale! Também não vale qualquer "auditoria pública" em que o próprio auditado pode inviabilizá-la e/ou controlá-la.

Como era de se esperar na autoauditoria do TSE, o resultado anunciado foi o seguinte: "Os testes confirmaram a integridade e a autenticidade dos sistemas instalados em todas as urnas auditadas: duas da 351ª Zona Eleitoral (Cidade Ademar) e outras duas da 404ª Zona Eleitoral (Cidade Tiradentes), sendo a urna substituída e a substituta. As urnas da seção 5 da 351ª Zona Eleitoral – Cidade Ademar tiveram comportamento escorreito, sem nenhuma intercorrência, processando as mídias necessárias às eleições, e realizando a votação paralela, cujos resultados ditados e digitados coincidiram com os resultados do boletim de urna expedidos no domingo de eleição." 

Recebi um áudio do amigo Amílcar Brunazo, de São Paulo, que foi assistir a tal autoauditagem pública. Este amigo, é um profissional muito sério e competente. 

Ele diz que os auditores do próprio TSE escolheram duas secções e levaram as urnas para auditagem. 

A primeira coisa que fizeram foi colocar o pendrive do VPP (Verificação Pré e Pós Eleição) e rodar o VPP para extrair o BU (Boletim de Urna), o RDV (Registro Digital do Voto) e as assinaturas digitais. Neste momento o software da urna já detecta que está sob teste e não se sabe o que o pendrive do auditado poderá fazer. Pode "entrar coelho na cartola" sem que o público observador perceba. Teria sido mais prudente, antes disso, terem tirado cópia da memória interna da urna. Com o procedimento que adotaram, podem ter afetado a prova original que estava na memória da urna. 

Depois, tiraram cópia do "log", mas tiveram o cuidado de guardar a cópia gravada num pendrive e não o apresentaram para o público. Por isso, não foi possível verificar se havia, por exemplo, casos de voto computado sem o toque do eleitor no fatídico botão confirma

Então decidiram tirar a memória interna da urna e colocaram num saquinho. Em vez de tirar copias para testes e análises, eles guardaram a memória, que já estava alterada pelo VPP. 

Puseram outra memória na urna e resolveram carregá-las para fazer um teste de votação paralela com os votos que estavam gravados na RDV original. 

Durante o voto-teste, uma delas apresentou falha no teclado. Quando se digitava um número, a urna digitava vários números ao mesmo tempo e não conseguia passar no auto-teste. 

Então falei: "Pronto, vocês conseguiram provar que de fato a tecla estava completando o voto do eleitor. Esta falha que vocês acabaram de detectar é compatível com todas as denúncias, de eleitores  que não conseguiram completar o voto, que votavam num e aparecia a foto do outro, ou anulava o voto... Está provado que o eleitor tinha razão. Mas eles me calaram e o desembargador presidente falou que naquela sessão não era para fazer perguntas, mas era para fazer o procedimento. Decidiram, então, trocar a urna. Pegaram uma urna de reserva e carregaram ela com outro software e foram simular a votação. Nesta altura fui embora, porque o que eles estavam testando não era a urna que tinha dado defeito, o software não era o que estava gravado na urna, porque este estava guardado num saquinho lá dentro, e porque, quando eles carregaram a urna, eles registraram a data do dia da votação e a hora como 14 horas e também a hora da carga. Assim deram sinalização para o software de que ele estava sob teste e não numa votação normal."

Pergunto: caberia entrar com uma denúncia no TRE de São Paulo em vez de simplesmente sair e dizer "basta de palhaçada?!".  Respondo: não adiantaria nada, porque isto seria absurdo; seria denunciar o réu ao réu para que ele mesmo decida!

Inúmeras denúncias deste tipo já foram feitas, inclusive na famosa auditoria do PSDB sobre a eleição de 2014. A auditagem foi impedida de todas as formas e o relatório completo dos auditores do PSDB pode ser lido na internet. Infelizmente o noticiário e a propaganda do TSE fizeram prevalecer a ideia de que, a pedido do PSDB, o TSE teria feito uma auditagem (na verdade auto auditagem) e constatado que não houve fraude alguma. 


Na verdade não há a quem recorrer. Entrar com denúncia no TRE é pedir que o próprio réu a julgue. O mesmo vale para o TSE. O TSE é o dono das urnas, ao mesmo tempo é o órgão que executa e legisla sobre o processo eleitoral e é também o órgão máximo do poder judiciário em assunto eleitoral. Ele julga todas as demandas contra si mesmo e já condenou quem fez denúncias sérias por "litigância de má fé". Esta concentração absurda de poderes do TSE vem desde sua criação, no Estado Novo, a ditadura de Getúlio Vargas.

Para ver o próprio Amílcar Brunazo expondo o que aconteceu, acompanhe este vídeo. 👇

PRIMEIRA PARTE
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https://youtu.be/WXsV7VRQ1s4

Continue vendo a parte final do vídeo:

SEGUNDA PARTE
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Uma abordagem diferente foi usada por Hugo Hoeschel. Especialista em governo eletrônico e fraudes em sistemas diversos, Hugo anunciou com antecedência que iria acompanhar o comportamento estatístico desde um laboratório instalado nos EUA. A técnica a ser aplicada seria a Lei de Benford, que identifica comportamentos estatísticos anormais. Ele já aplicou este método nas eleições de 2014,e 2016. Os resultados foram que a probabilidade de haver fraude na apuração eleitoral era elevadíssima, acima de 70%. 

Veja o vídeo em que ele apresenta seus resultados para o primeiro turno da eleição presidencial de 2018. Vejam este vídeo até o fim. veja também o segundo vídeo, no qual Hugo Hoeschel dá uma aula sobre esta questão tão importante da qual depende a nossa democracia. Veja!

 
Veja este também. Vale a pena!
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Denuncio o absurdo destas urnas eletrônicas há 15 (ou mais) anos. Só agora parece que os parlamentares estão começando a entender a questão das urnas eletrônicas.

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O Juiz Rodrigo Machadorepresentante da OAB Mato Grosso do Sul, participou da cerimônia de carga e lacração das urnas. O Juiz olhou tudo atentamente e bem de perto. No final, ele foi entrevistado e simplesmente falou a verdade. Só faltou dizer que tudo aquilo era um farsa, porque é impossível fiscalizar as urnas eletrônicas. Afinal, o fiscal só vê cabos sendo conectados, mas não tem como saber que códigos passam por eles em linguagem de máquina, nem mesmo dá para saber se algo está passando, porque a urna eletrônica poderia já estar carregada. Vejam o vídeo gravado diretamente da TV (SBT).

Ele começou assim: "Fica difícil dizer que o software homologado lá é um software isento de qualquer problema" etc.

Veja:
https://www.youtube.com/embed/7MS0il-taPc


Povo iludido, povo vencido! 
𝓐𝓵𝓶𝓲𝓻 𝓠𝓾𝓲𝓽𝓮𝓼
A. Quites


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3 comentários:

  1. É um absurdo que ainda estejamos sendo usados pelo Judiciário Brasileiro para que fraudes eleitorais sejam finalizadas e não respeitem o direito livre e pleno ao voto voluntário, sujeito a auditoria externa.

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  2. Almir, meu caro, resta perguntar se alguém é beneficiado?
    Paulo Lavor

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    Respostas
    1. Devo te responder, Paulo, que esta pergunta é desnecessaria! O que tu achas?
      Claro que há beneficiados em todos os niveis, de municipal a federal, sempre que a fraude não desperte suspeitas muito grandes. Tudo sob medida, como a informatica permite.

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