segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Previsões de fim de ano

 Por Almir M. Quites

Bola de cristal inquebrável


Não sei por que lembrei que, há 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 48 segundos, mais 1 dia (
de um bissexto), estávamos neste mesmo lugar, em relação ao Sol. Mas, na Terra, tudo está muito diferente daquele dia.

No Brasil, há um ano, fazíamos previsões para 2020. A previsão para o PIB brasileiro era de um crescimento de 2,3% no ano de 2020 e a do dólar era de R$ 4,10. Mas, o PIB caiu 5,0%, em relação ao igual período de 2019, e o dólar já está em R$ 5,20

Fazer previsões é muito difícil, mas há diferentes nuances e graus de responsabilidade: predição, profecia, vaticínio.

Em ciências, como na Física, na Metalurgia, na Biologia, etc. fazem-se teorias baseadas em séculos de observações acuradamente documentadas, para assim se conseguir formular teorias e conseguir calcular e reduzir a probabilidade de erros. 

Em outras áreas, mais populares, como a economia, por exemplo, as previsões se baseiam em premissas cuidadosamente especificadas, mas, como estas premissas quase nunca se confirmam, as previsões falham. 

Há também as previsões das falsas ciências (as pseudociências), conjunto de crenças apresentadas ao público disfarçadas de ciência, as quais são numerosíssimas, muito mais do que normalmente se supõe. Estas não exigem qualquer esforço de compreensão dos fenômenos reais. São feitas para crédulos! 

Astrólogos, numerólogos, tarólogos, videntes, entre tantos outros, cravaram que 2020 seria "mais tranquilo" que 2019. Assim, uma "tranquilidade" que cada um define como quiser. Em que aspecto seria mais tranquilo? Em tudo? O tal de João Bidu, um dos mais conhecidos astrólogos do Brasil, virou até "meme" (o gene da imitação, do 
grego “mimema”, que significa “propagação por imitação"), porque disse que o ano de 2020 seria “mais leve”. Como assim "mais leve"? Seria um ano imperceptível, ou mais agradável, mais ameno ou o quê? 


Claro, todos erraram, apesar de, em dezembro, já se saber da existência da CoViD-19! Então, o que houve, que fez o ano real desobedecer as previsões?

A astróloga Virgínia Gaia "inocentemente" explica: "a astrologia é um estudo matemático, mas a interpretação é simbólica”! Então, pergunto: para que serve a matemática, se a interpretação independe dela? Claro que só serve para fantasiar a prática de ciência. Ainda acrescenta que "entender o que o ângulo dos outros astros em relação à Terra significa é algo que depende de cada um"! Ela não define que ângulo é este! A Terra e um outro astro qualquer definem uma reta e reta não tem ângulo, a não ser com outra reta! Mas, então, para que serve a matemática?

Por sua vez, o astrólogo Michel Ramos apresenta outra razão para as falhas. Para ele, quem enganou os astrólogos foi o Sol! Ele trata o Sol como se tivesse os mesmos sentimentos e comportamentos de um ser humano. Disse ele: "Quem causou a confusão foi o Sol, o astro regente deste ano. As pessoas tiveram a impressão de que o Sol traria força, vitalidade e paixão, mas, na verdade, ele está nos fazendo questionar nossa essência e nossos sonhos, valores e desejos”. Ah! Agora entendi menos ainda!!! No entanto, esta explicação foi "confirmada" pelo tarólogo Bruno Vieira, do Núcleo Ganapati (grupo 
Yoga e Terapias Holísticas), que afirma ter visto o Sol nas cartas que tirou para ver o que ocorreria em 2020. Ele diz que a carta do Sol indica "justamente que a necessidade de isolamento é a oportunidade para algumas pessoas se conhecerem melhor"! 

Uma pseudociência é qualquer tipo de informação que se diz baseada em fatos científicos, ou mesmo possuir um alto nível de conhecimento, mas que não resulta da aplicação de métodos científicos. Na verdade, não pratica o método científico, carece de provas ou plausibilidade. Assim, precisa ser aceita independentemente de provas rigorosas. Pseudociências se caracterizam pelo uso de afirmações vagas, exageradas ou improváveis, uma confiança excessiva na confirmação, repulsa por tentativas rigorosas de refutação, recusa de avaliação por outros especialistas.

O erro mais grave da educação, talvez no mundo, é não esclarecer bem o povo sobre a distinção entre ciências e pseudociências. A indistinção é proposital e não encontra resistência.

Não tenho dúvidas que, no Brasil, as pseudociências são mais importantes do que as ciências, inclusive no Governo Federal.

Em 2014, publiquei um artigo que esclarece bem esta questão. Leia: ⬇️
PSEUDOCIÊNCIAS, SUPERSTIÇÕES E IDEOLOGIAS SÃO PERNICIOSAS
https://almirquites.blogspot.com/2014/07/pseudociencias-supersticoes-e.html 



*********************************

Para ler artigos sobre as urnas eletrônicas brasileiras, 

Para mais alguns artigos deste blog ("weblog")
 Clique sobre o título ⇩ 
  1. Adeus, amigo Henrique Prisco Paraíso
  2. A segunda onda da CoViD já abraçou o Brasil
  3. Dia de eleição ou de ilusão
  4. Exemplar eleição presidencial nos EUA
  5. Guerra cibernética global e eleições
  6. Apuração eleitoral. Quem faz melhor? Brasil ou EUA?
  7. O escândalo da semana
  8. A farra do Boi Bombeiro
  9. Ministro x População
  10. Formiguinhas formidáveis
 Este blog não contém anúncios
________________________________________________

Aviso sobre comentários 
Comentários contra e a favor são bem vindos, mesmo que ácidos, desde que não contenham agressões gratuitas, meros xingamentos, racismos e outras variantes que desqualificam qualquer debatedor. Fundamentem suas opiniões e sejam bem-vindos. Por favor, evite o anonimato! Escreva o seu nome no final do seu comentário.
Não use CAIXA ALTA, isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente.
Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
________________________________________________
✓ COMPARTILHE ESTA POSTAGEM ✓

⬇ Clique nos botões abaixo ⬇

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Busca pelo mês

Almir Quites

Wikipedia

Resultados da pesquisa