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terça-feira, 8 de setembro de 2020

Da incultura brasileira à rudeza presidencial

 Por Almir M. Quites


Como presas fáceis da manipulação política, o que os eleitores brasileiros têm feito é trocar um político ruim por um péssimo. Se continuar assim, depois virá um mau, depois um fajuto, então um reles, daí outro ruim etc. O Brasil regride!

Neste século, só elegemos presidentes quase analfabetos. 

Penso que nós, brasileiros, temos que aprender a distinguir os políticos que são cultos, competentes e honestos, independentemente dos partidos, das propagandas que inventem, dos aplausos e dos votos que possam ganhar. 

Podemos começar reconhecendo aqueles políticos que fazem da política o seu modo de vida, o seu meio de subsistência ou de enriquecimento, assim impedindo a renovação. Estes são maus políticos! Especialmente os que acumulam cargos públicos e os que, eleitos para o Legislativo, são levados para o Poder Executivo, com total desconsideração com o mandato popular.

Temos que lutar para acabar com todas as mordomias, privilégios e vantagens pecuniárias que eles acumulam à custa do povo desassistido. 

Assumir um cargo público deve ser apenas um dever, não uma conquista pessoal. Um país evolui ou regride conforme a qualidade de seus políticos. 

Se o povo não sabe distinguir o bom político dos demais, então a própria Constituição precisa estabelecer salvaguardas, critérios para evitar a candidatura de pessoas incapazes para as exigências do cargo. Por exemplo, só permitir a candidatura à Presidência da República de quem já foi Governador de Estado.

Temos que abolir a mentira da política. Houve tempo em que mentir era motivo para impeachment

Lembro o caso de Richard Nixon, nos EUA, em 1972, que mentiu, fingindo desconhecer o que ocorria na sede do Comitê Nacional Democrático. Durante a investigação oficial que se seguiu, foram apreendidas fitas gravadas que demonstravam que o Presidente tinha conhecimento das operações ilegais contra a oposição. As fitas tinham sido ilegalmente editadas e importantes trechos removidos. 

Nixon foi afastado do cargo definitivamente. Naquele tempo, se um presidente mentisse era um escândalo imperdoável!

Aqui, em 2018, tivemos um candidato a Presidência do Brasil que prometia acabar com o Instituto da reeleição presidencial, mas, logo depois de eleito, assumiu publicamente que era candidato à reeleição no pleito de 2022! Assim, confessou que mentira ao eleitorado, na maior cara-de-pau! Este fato foi nacionalmente ignorado. O povo brasileiro permaneceu apático! 

Ontem, 7 de setembro de 2020, dia em que comemorávamos os 198 anos da Independência do Brasil, o Presidente Jair Bolsonaro acintosamente elogiou o golpe militar de 1964, o qual derrubou um presidente constitucional, prendeu, torturou, matou brasileiros e sumiu com outros, fechou o Congresso, depois abriu um Congresso falso (por que manietado), cassou governantes e parlamentares eleitos, empossou governantes e parlamentares biônicos, censurou a jornais , rádios e TV, perseguiu adversários, repórteres e professores. 

Além do acinte, o Presidente Bolsonaro mentiu de novo. Disse que o Golpe de 1964 evitou um golpe comunista! Mentira repetida pelos militares desde 1964! Na verdade não havia nenhuma outra força armada que pudesse dar e sustentar um golpe militar no Brasil. Logo, se houvesse um golpe comunista no Brasil daquela época, teria que ser aplicado com as mesmas Forças Armadas e com os mesmos generais que aplicaram o golpe que hoje Jair Bolsonaro descaradamente elogia!

Pobre país, anestesiado, com um povo zumbi, que nem zumbir consegue!

Neste artigo, que publiquei em abril do ano passado, você poderá saber detalhes dos antecedentes e de como aconteceu o Golpe Militar de 1964. Aqui está 👇.  
PASSADO RECOLOCADO NA ORDEM DO DIA

Boa leitura!


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