domingo, 22 de agosto de 2021

Crimes abomináveis de um Presidente

 Por Almir M. Quites

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O Presidente Jair Bolsonaro terá que responder por muitos crimes gravíssimos que cometeu. Um dos principais, que o tempo está apagando da memória do povo brasileiro, foi um conjunto de medidas contra o próprio povo brasileiro e o Estado. 
Refiro-me ao conjunto de medidas que o Senador ROGÉRIO CARVALHO, membro da CPI da CoViD, relembrou na reunião de 17/08/2021. O parlamentar disse que "o Presidente, amparado pelo seu gabinete paralelo, agiu adotando basicamente duas medidas: 
  • A primeira, para promover a ampliação ao máximo do contágio
  • A segunda medida, "foi promover um tal de tratamento precoce com cloroquina e ivermectina".
Ao discorrer sobre a primeira medida, o senador lembrou que, em solenidade pública, o Presidente declarou ao Governador de Goiás o seguinte: "Precisamos apressar a contaminação do maior número de pessoas ou de todo mundo"! Assim o Presidente verbalizou a sua aposta na "imunidade de rebanho". 

Isto é uma enorme bobagem do ponto de vista científico. Basta fazer contas simples de matemática para saber que para atingir a "imunidade de rebanho", o número de mortes por CoViD chegaria a cerca de 5.000.000, logo cerca de 10 vezes maior do que os óbitos que temos hoje! É impossível que não houvesse ninguém no Ministério da Saúde capaz de fazer estes cálculos de aritmética elementar! E esta tese foi propagada pelo Presidente pessoalmente! E foi defendida pelo Carlos Wizard, pelo Osmar Terra, pela Mayra Pinheiro e até pelo "staff " oficial do Governo. Foi defendida até pelo Ministro da Economia, Paulo Guedes, o qual, suponho, sabe fazer contas!

A segunda medida, foi a promoção publicitária de um tal de tratamento precoce com cloroquina e ivermectina, ambas as substâncias sem nenhuma ação contra o vírus e sem nenhuma ação comprovada no tratamento da doença; mas o Presidente propagou este tratamento, divulgou para o Brasil inteiro, até prescreveu para Ministra da Agricultura.
 
Esta segunda medida deveria ter prioridade na investigação da CPI, para descobrir quem ganhou dinheiro com o comércio e a morte dos brasileiros que acreditaram na propaganda de Bolsonaro e seu staff, tanto oficial como paralelo, com a finalidade de vender cloroquina e ivermectina, além de outros medicamentos incluídos no falso "tratamento precoce", como foi especiosamente denominado.

O Presidente Bolsonaro perdeu dois de seus ministros da saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, que perceberam não ter autonomia porque o Presidente era assessorado por um órgão secreto de fora da estrutura do Estado.

Então, o Presidente empossou um general como Ministro da Saúde, mas continuou a ser guiado pelo "gabinete paralelo", um grupo clandestino que administrava o setor da saúde pública sem ter qualquer vínculo com o governo brasileiro. O general Eduardo Pazuello era apenas um ministro fantoche. 

Por ser secreto e não ter vínculo com o governo, este grupo não seria responsabilizado por seus atos e não se sujeitaria ao regime jurídico dos servidores públicos da União, das autarquias e das fundações públicas federais. 

Eis que a CPI encontrou vídeos que mostram o “ministério paralelo” aconselhando diretamente o presidente Jair Bolsonaro com explícitas manifestações de descrédito às vacinas e loas ao uso de cloroquina. O vídeo, de 8 de setembro de 2020, também confirma que Arthur Weintraub intermediava os contatos entre o grupo e o Palácio do Planalto. Entre os participantes destes encontros, estão a imunologista Nise Yamaguchi, o deputado Osmar Terra, o virologista Paolo Zanoto e outros médicos de diversas especialidades. 

Mesmo confinados em uma sala de reuniões do Planalto, nenhum dos profissionais usava máscara antiviral! 

As imagens também apontam Osmar Terra como o cacique intelectual do grupo. No vídeo mais conhecido, Nise Yamaguchi declara ao deputado: Uma honra trabalhar com o senhor neste período”. Como se se o gabinete fosse oficial. No entanto, na CPI da Covid, ela negou a existência de um gabinete paralelo, e disse que prestava apenas “eventuais aconselhamentos”. Mentir na CPI virou "pequeno e inocente deslize"!

No vídeo, nota-se a deferência especial do Presidente com virologista Paolo Zanoto, que parece ser seu amigo. O presidente fez questão de que ele saísse das cadeiras do auditório e sentasse ao seu lado, na mesa diretora. Para cumprimentá-lo, o presidente da República bateu continência.

Na ocasião, Zanoto aconselhou Bolsonaro a tomar “extremo cuidado” com as vacinas contra a Covid-19. Ele disse: “Não tem condição de qualquer vacina estar realisticamente na fase 3”. Na data do encontro, e-mails da Pfizer (respeitável empresa internacional, presente também no Brasil há mais 65 anos) estavam sem resposta nos computadores do Ministério da Saúde.

Zanoto deu uma série de entrevistas durante a pandemia avaliando que não seria “uma boa ideia” fazer vacinação em massa no Brasil. Em 8 de dezembro de 2020, por exemplo, em programa da RedeTV, o profissional, formado em biologia na USP e com doutorado em virologia em Oxford, sustentava: “Aqui no caso do Covid-19, do Sars-CoV-2, isso é um vírus que causa muito mais mortalidade em grupos "etariamente" bem definidos e com comorbidades. Então é óbvio que, se você tem uma função, uma distribuição de risco, deveria ser também uma distribuição de risco associada com, digamos assim, um incentivo a essas pessoas se vacinarem. Por outro lado, vacinar em massa todo mundo não é uma boa ideia, porque a gente não tem uma ideia muito boa de tudo o que acontece com essas vacinas, pois elas não foram desenvolvidas em prazo razoável para se estimar efeitos adversos de baixíssima frequência.” ==> Nota: as aspas na palavra "etariamente" foram postas por mim.

No referido vídeo, as imagens também confirmam que o ex-assessor especial da presidência Arthur Weintraub fazia a ponte entre o “ministério paralelo” e Bolsonaro. Zanoto aparece dizendo que ele encaminhara a Weintraub a sugestão do que ele chama de “shadow board” (Shadow Cabinet), um gabinete das sombras de supostos especialistas em vacinas para aconselhar o governo sobre o tema. 

A atuação de Osmar Terra como uma espécie de “ministro” do gabinete paralelo é explicitada quando ele apresenta a Bolsonaro um cardiologista que seria o primeiro a dizer que não existe risco ao coração no uso da hidroxicloroquina. Bolsonaro endossa a tese com um suposto exemplo de “um amigo” e lança a teoria de que os riscos do medicamento são potencializados para amedrontar as pessoas. “Provavelmente por ser um remédio muito barato”, completa.

Naquele 8 de setembro do ano passado, o Brasil tinha 127.517 mortes por Covid-19 confirmadas, e 4.165.124 casos registrados. Hoje, domingo (22/08/2021), o país soma mais de 574.000 vidas perdidas para a doença e mais de 20.500.000 já contaminados e com diferentes sequelas. 



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