Almir M. Quites – 05/05/2014
O PROTESTO DO JOÃOZINHO
Ainda tem quem não acredite que o homem foi à Lua. Há quem só acredite no que lhe convém. Por isso, não solicito nem espero que se dê crédito à história que vou narrar. É apenas um conto!
Ainda tem quem não acredite que o homem foi à Lua. Há quem só acredite no que lhe convém. Por isso, não solicito nem espero que se dê crédito à história que vou narrar. É apenas um conto!
Sabe,
o Joãozinho? Pois é, ele mesmo, aquele menino desbocado, sacana, inteligente e
virtualmente muito conhecido nos ambientes férteis de problemas. Ficou famoso,
o menino! Até fizeram estátua de bronze iridiado.
Não se
preocupem, ao contar a história, vou omitir os palavrões.
Quem
diria, mas Joãozinho cresceu e chegou à idade de se tornar eleitor. Chique, não
é? Joãozinho, cidadão eleitor!
Joãozinho
chegou à seção eleitoral esbaforido e atrasado para cumprir, pela primeira vez,
seu dever cívico de votar na eleição para Presidente da República. Chegou e viu
aquela enorme fila para votar. Ficou mal-humorado. Apressara-se tanto e agora
tinha que ficar parado numa fila.
A fila
foi andando e ele foi se aproximando da porta de entrada da sala de votação. O primeiro
da fila entrava, identificava-se para o presidente da mesa, o qual digitava o
número do eleitor em seu computador e, depois de assinar o boletim, o eleitor
se dirigia para a cabine eleitoral, onde digitava números na urna eletrônica,
apertava o botão CONFIRMA, voltava à mesa eleitoral, recebia de volta sua
identificação e saia. Outro eleitor entrava, identificava-se, assinava o
boletim, dirigia-se para a cabine e lá digitava números na urna, apertava o
botão CONFIRMA, voltava à mesa eleitoral, recebia sua identificação e saia.
Outro eleitor entrava, identificava-se, assinava, ia à cabine, digitava...
Finalmente
chegou a vez de Joãozinho.
Ele
entrou na sala, identificou-se, assinou, foi à cabine, digitou... Quando saía o
Presidente da Mesa alertou:
— "Você não apertou o botão CONFIRMA!"
Joãozinho
movimentou a cabeça para os lados, como costumava fazer quando queria
contrariar. Agora ele queria, em parte porque estava irritado. Começou com um
palavrão:
— "%^!@#$", disse ele, "então este seu computador aí mostra o
que eu faço lá dentro da cabine?"
— "Não", disse o presidente,
"só mostra que você não apertou o botão CONFIRMA".
— “p&#
q @<:#^!”, quer dizer que você sabe em que teclas eu apertei ?!"
— "Se
você não voltar lá e apertar o botão eu terei que anular o seu voto".
— "Ah, é!", ressoou Joãozinho, "então você aí, no seu computador, pode
anular o meu voto?"
Na
sala e na fila já havia um princípio de alvoroço. Um repórter da TV foi logo
anotando em seu caderninho: "o
presidente de mesa pode saber o que o eleitor digita na urna eletrônica" e "o presidente pode anular o voto
do eleitor".
Então gritou:
— "Presidente, pode me dar uma entrevista?"
O
presidente, ignorando o repórter e já impaciente, dirigiu-se ao Joãozinho
dizendo:
— "Só posso anular seu voto antes de você
apertar o botão CONFIRMA!"
— "Ah! Então você confessa! Olha aqui, olha,
gravei isto no meu celular. Você confessou que pode anular o meu voto antes de
eu apertar o botão CONFIRMA. Quantos votos você já anulou hoje? Assim você anda violando o sigilo do voto".
— "Presidente", gritou o repórter,
"uma entrevista, por favor!".
O vozerio na antessala
mostrava indignação. Ninguém havia pensado nestas coisas.
— "Vou
ter que chamar a polícia",
gritou o Presidente de Mesa, "isto aqui já está virando bagunça! Eu não
sei o que acontece depois que você aperta o botão CONFIRMA, mas eu tenho que
mandar você apertar aquele sinistro
botão, senão eu anulo seu voto!"
— "Presidente,
uma entrevista para a TV!"
Joãozinho
assumiu uma postura dramática e, ao mesmo tempo, solene. Fez-se um pouco de
silêncio na sala.
— “Eu não
quero votar em branco e não quero anular meu voto, mas se eu apertar o sinistro
botão CONFIRMA serei o executor, o assassino do meu próprio voto, justamente no
momento do seu nascimento. Não vou eletrocutar meu voto! Esta urna funerária
vai incinerar meu voto para sempre, nunca mais ninguém vai vê-lo, nunca se
saberá se foi contado honestamente, como ele merecia.”
Ouviu-se um
princípio de aplauso.
— "Calma,
senhor João! Eu nunca tinha pensado nisso! Acho que o senhor está certo, mas eu
tenho que mandar o senhor apertar aquele botão,
senão eu terei que anular seu voto! Infelizmente!"
— "Presidente,
conceda uma entrevista para a TV!
A urna é um computador ligado a outros computadores. Seu computador, aí da sua mesa, pode alterar o funcionamento da urna eletrónica. Então, pergunto: o
senhor tem fé na honestidade dos programas de todos estes computadores? Não
será esta a urna funerária da democracia? Cada eleição assim não seria um Golpe
de Estado? Este sistema eleitoral é transparente? Em sua opinião, ele é
constitucional?"
O
tumulto recomeçou. Não foi mais possível controlar o alvoroço, porque havia
muitos Joõezinhos em todas as filas eleitorais do país. O protesto dos Joõezinhos diante da urna eletrônica teve um poderoso efeito, como jamais fora
imaginado.
O que
aconteceu depois?
O
misterioso tempo passou e, como sempre acontece, foi desmontando tudo, exceto algumas
poucas instituições, alguns registros históricos, memórias e memoriais em
bronze iridiado!
Cem
anos se passaram!
Estamos
agora numa Escola. Óbvio que, apesar da importante data, não é feriado, como seria
no século anterior. O menininho estudava na sala de aula de História.
Ele e seus coleguinhas liam, no e-livro didático, o capítulo referente àquele
dia do ano na História. O título era "A
REVOLUÇÃO DOS JOÕEZINHOS". Então o menino observou:
— "Professora, agora eu entendi! É por isso
que até hoje usamos urnas transparentes sem
circuitos eletrônicos!"
— “Muito
bem, Joãozinho, conclusão correta! Elas são muito mais baratas e seguras. Todos
podem apurar os votos, somar e conferir os resultados. É assim que deve ser.
Urna eleitoral não deve esconder do povo o que acontece lá dentro. Todo o eleitor,
mesmo aquele que não detenha conhecimentos tecnológicos, tem o direito de votar
em sistema que lhe permita conferir, pessoalmente, por seus próprios meios e conhecimentos, se o seu voto foi contado corretamente”.
Demorou,
mas eles aprenderam! Como dizem em Hauntingland, “Little Johnny was our master”.
Em vez de votar em branco ou de anular seu próprio voto, Joãozinho levou os mesários, representantes oficiais de nosso falho sistema eleitoral, a um impasse.
Joãozinho votou para Deputado Estadual, Deputado Federal, Senador e Governador, mas quando chegou o momento de votar para Presidente da República o "dedo brochou"! E agora? Se o presidente de mesa anular o seu voto, terá votado em seu lugar (fraude do mesário) e também terá violado o princípio do sigilo do voto (a autoria do voto deve ser secreta), o que é ilegal, inconstitucional; se, no entanto, o presidente não anular o voto do Joãozinho, que se absteve de votar para presidente, então o boletim de urna terá que expressar que há mais eleitores que voto, o que impugnaria a urna.
Como fica?
Moral da história: É como na relação sexual, o ato de votar tem que ser seguro!
Mas, na urna eletrônica brasileira a insegurança é tanta que o dedo brocha!
O mais importante de tudo é não mentir nem omitir. Precisamos conscientizar o povo, o qual somos todos nós. De omissão em omissão, o tempo passa e nos tornamos cúmplices da falsidade.
Joãozinho votou para Deputado Estadual, Deputado Federal, Senador e Governador, mas quando chegou o momento de votar para Presidente da República o "dedo brochou"! E agora? Se o presidente de mesa anular o seu voto, terá votado em seu lugar (fraude do mesário) e também terá violado o princípio do sigilo do voto (a autoria do voto deve ser secreta), o que é ilegal, inconstitucional; se, no entanto, o presidente não anular o voto do Joãozinho, que se absteve de votar para presidente, então o boletim de urna terá que expressar que há mais eleitores que voto, o que impugnaria a urna.
Como fica?
Moral da história: É como na relação sexual, o ato de votar tem que ser seguro!
Mas, na urna eletrônica brasileira a insegurança é tanta que o dedo brocha!
O mais importante de tudo é não mentir nem omitir. Precisamos conscientizar o povo, o qual somos todos nós. De omissão em omissão, o tempo passa e nos tornamos cúmplices da falsidade.
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COMPROVAÇÃO
O protesto do Joãozinho, descrito acima, foi testado por mim nas eleições gerais de 05/10/2014 e de 02/10/2016. Em ambas, de fato, o presidente de mesa me pareceu confuso, consultou seu manual e anulou todos os meus votos ou votou por mim. Ele me informou que estava anulando apenas o último, logo, votou por mim. O boletim de urna comprovou que o número de votantes foi o mesmo. Isto comprova que o mesário, a partir de um comando em seu terminal, pode interferir no voto do eleitor. O terminal do mesário conecta-se com a urna eletrônica. É mais uma porta aberta à fraude.
Redigi um depoimento no dia seguinte (06/10/2014). Para lê-lo na íntegra, clique aqui.
Veja também o vídeo: ELEIÇÕES NA KREDULÂNDIA _____________________________________________
- Sobre o sinistro botão CONFIRMA, clique aqui: http://almirquites.blogspot.com.br/2013/12/exige-se-fe-na-urna-eletronica.html
- Sobre a constitucionalidade da urna eletrônica, leia aqui: http://almirquites.blogspot.com.br/2013/06/a-inconstitucionalidade-da-urna.html
- Urna eletrônica ou urna de lona? O que é melhor? Confira aqui: http://almirquites.blogspot.com.br/2013/10/urna-eletronica-ou-urna-de-lona.html
- Hauntingland: referência a outro conto. Veja aqui: http://almirquites.blogspot.com.br/2014/04/uma-noite-em-hauntingland.html
- Entrevista com Diego Aranha : https://www.youtube.com/watch?v=xATaNCsre9Q#t=64
- Conheça o código eleitoral brasileiro. Publicação organizada pela Coordenadoria de Jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral com as normas afetas às legislações eleitoral e partidária, dentre as quais se destacam as leis 4.737/1965, 9.096/1995 e 9.504/1997, bem como as normas editadas pelo TSE, todas acrescidas de notas jurisprudenciais e remissivas. Como novidade, a publicação contém notas indicando os dispositivos alterados pela Lei nº 12.891/2013.
- Código eleitoral brasileiro e legislação complementar (pdf para "download"). Versão eletrônica, prevista para ser a mais completa do Código Eleitoral, pois passa por atualizações regularmente. Atualizado até 12.12.2013 - Faça o download:
- A urna eletrônica é falha (alerta o próprio Ministério Público Federal)
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Comentários contra e a favor são bem vindos, mesmo que ácidos, desde que não contenham agressões gratuitas, meros xingamentos, racismos e outras variantes que desqualificam qualquer debatedor. Fundamentem suas opiniões e sejam bem-vindos.
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Caminhamos para o Aniversário de dois anos do Golpe das Eleições Fraudadas de 26/10/2014: http://aniversariodogolpedaseleicoes.blogspot.com
ResponderExcluirRico Brasil, pobre Brasil.
FMV, professor
http://livrodigitalobrasilnoimpedimento.blogspot.com
O nosso mundo está de pernas pro ar. Infelizmente quem está lá no Poder, não tá nem aí pra o povo. Esta realidade foi a que sempre convivemos em toda a nossa vida. Ma agora o problema se tornou muito mais agudo. Sabe por quê? Porque quem se encontra na política, não faz nenhuma questão de esconder o seu mal intento. E pior... Os que votam nestes políticos oportunistas, são também imorais, esperando uma oportunidade, para também se dar bem. A nível de município se observa de maneira mais explícita, o voto é do toma lá e me dá cá. Mas o pior de tudo, mesmo com políticos desonestos, eleitores desonestos, é a urna eletrônica viciada, facilitando a atividade criminosa de maneira exponencial. O CÉU OU INFERNO AGORA É ILIMITADO. Isto significa que não vivemos em um país democrático, porque nós o POVO não possuímos mas o poder de escolha em nossas mãos.
ResponderExcluirDesculpa-me por te responder só agora, mas sempre é tempo para dizer que o que escreveste em 2016 está correto!
ExcluirO site http://inconstitucionalforodesaopaulo.blogspot.com está com tarja de perigoso e fraudulento.
ExcluirAtualmente o povo é manipulado pela forte propagandacom recursos do povo, público.
ResponderExcluirO que você comentou acima, em janeiro de 2020, está correto. os recursos do povo são usados em benefício pessoal.
ResponderExcluirO Estado brasileiro foi capturado por uma poderosa organização criminosa, que se renova por sues próprios ilícitos meios, à custa do povo que empobrece.
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