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domingo, 6 de dezembro de 2020

Segunda Onda da CoViD brasileira

 Por Almir M. Quites

Atualização em 05/12/2020 )   



segunda onda da CoViD-19 chegou ao Brasil. 
Até o dia 31/10/2020os dados oficiais seguiram a equação da curva sigmoidal típica da evolução da CoViD-19 em propagação livre, sem resistências. No entanto, tudo mudou, como mostrei no artigo de 20/11/2020. Na época, indiquei que tinha havido "mudança de mecanismo" na evolução da CoViD-19Mudança de mecanismo é a expressão técnica usada para dizer que ocorreu uma mudança no modo como o fenômeno em estudo está se comportando. Esta mudança foi o surgimento de uma segunda onda da CoViD se somando à primeira. 

Mostrarei a mudança que ocorreu, com dados atualizados, nos dois tipos principais de gráficos usados para caracterizar a evolução de uma epidemia ao longo do tempo:
1° tipo  Gráfico do número total de casos oficialmente confirmados;
2° tipo  Gráfico do número diário de casos oficialmente confirmados.

Atenção! Trabalho com funções matemáticas, não com média móvel, mas não é preciso entender de matemática para compreender este texto. Basta ler com real interesse!


1.  EVOLUÇÃO DO NÚMERO TOTAL DE CASOS

Gráfico do 1° tipo
Evolução do número total de casos já confirmados da doença

 Observe o gráfico atualizado hoje. 

Atualização de 05/12/2020


As conclusões que, hoje, este gráfico sugere são estas:  
"1) Não temos mais a curva sigmoide. As equações da das curvas azul e roxa não se ajustam mais aos dados reais conhecidos. A primeira onda ainda não havia se dissipado quando surgiu uma segunda onda somando-se à primeira!! As bolinhas vermelhos descarrilharam para cima, ou seja, para além da curva roxa (a mais pessimista).   
 2) Agora, os casos devidos a primeira onda continuarão se reduzindo , mas os casos da segunda onda são crescentes. Teremos uma nova  fase de aceleração do contágio, até um novo ponto de inflexão, seguido de outra fase de desaceleração. Por enquanto, não dá para se estabelecer com segurança a forma da equação matemática da nova sigmoide. 
 3) O número total de casos confirmados que teremos no Brasil, como o número  de mortes e de sequelados graves já não podem ser calculados! O certo é que serão maiores do que tivemos na Primeira Onda. É muito provável que o virus desta Segunda Onda seja de uma linhagem diferente. 


2. EVOLUÇÃO DO NÚMERO DIÁRIO DE NOVOS CASOS 

Gráfico do 2° tipo
Evolução do número diário de casos confirmados da doença


A partir do gráfico anterior, o do 1° tipo, pode-se obter o gráfico do 2° tipo. Neste a segunda onda fica mais evidente.  

Gráfico de 05/12/2020

As triângulos vermelhos representam os números diários de novos casos, desde o primeiro caso até ontem, dia de hoje, 05/12/2020.

A linha preta, cheia de solavancos  que nada têm a ver com a CoViD representa a média móvel de 7 dias. Esta é a curva que diariamente você vê na TV.  

As linhas contínuas azul e roxa (que quase se confundem) seguem a função típica de curvas epidemias, com uma fase de crescimento, que passa por um pico e depois decai. A nossa CoViD estava evoluindo assim, desde o início, mas agora surgiu uma Segunda onda, conforme se vê claramente no gráfico acima em azul forte. A Segunda Onda só se torna perceptível a partir da segunda quinzena de setembro. 

Examinando o gráfico, observa-se que, agora, cada triangulozinho vermelho representa a soma das duas ondas que temos: a Primeira, a qual continua descendente, e a Segunda, a qual é ascendente

Observe que a Segunda Onda é bem mais íngreme. Ainda não chegou ao ponto de inflexão da fase ascendente e já está tão drástica quanto foi o pico da Primeira Onda.  

3. O BRASIL PERANTE O MUNDO
 
Em relação a outros países do mundo, quanto ao total de mortes por milhão de habitantes e por dia, o Brasil está hoje (20/11/2020) em oitavo lugar neste 'ranking' malévolo. Veja os 5 primeiros colocados: 
1° - Peru 
2° - Espanha
3° - Itália
4° - Reino Unido
5° - Argentina

Não esqueça que, ao comparar países apenas considerando o número de mortes diárias por milhão, não se está considerando questões importantes como o estágio da pandemia, a densidade demográfica, o perfil etário e o nível de testagem. O Brasil, por exemplo, agora com a segunda onda, está em fase de grande crescimento e ainda acelerando.  

Este mapa vai ser automaticamente atualizado todos os dias. Ele sempre estará atualizado.

 

Com a chegada da segunda onda da CoViD-19 teremos que redobrar os cuidados. Ela será bem mais danosa. 

4. DICAS AOS BRASILEIROS

A seguir, apresento algumas informações que ajudam no julgamento dos riscos que se corre com e sem o uso da máscara. 

Use a máscara!
Uma técnica conhecida como Schlieren (listras) permite que se visualize o fluxo de ar pela concentração de gotículas invisíveis que ficam em suspensão no ar enquanto a pessoa fala, respira e tosse, com máscara e sem máscara. Na imagem da esquerda, sem a máscara, a nuvem de concentração de gotículas vai mais longe, enquanto que, na imagem da direita, com a máscara, a nuvem de gotículas fica mais próxima do indivíduo que as emite.

Quando a pessoa está infectada pelo vírus da CoViD (Sars-Cov-2), as micro gotículas podem conter milhares ou milhões de vírus. O número depende do tamanho da gotícula.

Num ambiente fechado e sem ventilação adequada, a eficácia da máscara cai muito, porque a concentração das gotículas minúsculas, em suspensão no ambiente confinado, será bem maior. 



Não é surpresa para ninguém que restaurantes são ambientes propícios ao contágio da CoViD-19, uma vez que se precisa estar sem máscara para se alimentar. E para provar isso, cientistas da Universidade de Kobe, no Japão, usaram um modelo estabelecido a partir de dados experimentais para demonstrar como a simples distribuição das mesas e cadeiras nesses estabelecimentos pode fazer diferença na propagação do novo coronavírus (SARS-CoV-2).

A simulação mostra a emissão das partículas de aerossol em uma mesa com quatro pessoas, todas conversando e sem usar máscaras.

Na imagem abaixo, vemos o que acontece quando uma pessoa sentada fala em sua frente. As imagens mostram que cerca de 5% das gotículas vão para essa pessoa que está na frente.
<em>Reprodução: Kobe University</em>
Reprodução: Kobe University

A pessoa que está sentada na diagonal de quem está falando, tossindo ou espirrando, será atingida com um quarto da quantidade das gotículas.


<em>Reprodução: Kobe University</em>

Reprodução: Kobe University
No entanto, quando a pessoa que está falando olha para o lado, a pessoa que está ali será atingida com mais de 25% das gotículas.

<em>Reprodução: Kobe University</em>
Reprodução: Kobe University
O resultado do experimento mostrou que a distribuição das mesas e cadeiras faz toda a diferença na propagação das partículas. 

Quando uma pessoa contaminada está sentada à mesa, as chances de o indivíduo que está em sua frente ser atingido por gotículas contaminadas é quatro vezes maior do que se o infectado estivesse em sua diagonal. Já a pessoa que está ao lado do contaminado é a que mais está em risco. 

Quando a pessoa com COVID-19 vira a cabeça para conversar com quem está ao lado, este está cinco vezes mais vulnerável à exposição, já que as partículas vão diretamente a ele.


Outras dicas, para pessoas que usam máscara antiviral!

Risco baixo
1) Abrir correspondência
2) Comprar comida para levar, abastecer carro, jogar tênis, acampar.

Risco baixo moderado
3) Ir ao supermercado; caminhar, correr ou andar de bicicleta com outras pessoas.

Risco moderado
4) Ficar hospedado em hotel por duas noites; esperar na recepção do consultório médico; ir à biblioteca ou ao museu; comer em restaurante (área externa); caminhar pelo centro da cidade; passar uma hora em parque infantil.
5) Jantar na casa de outra pessoa; ir a churrasco; ir à praia ou ao shopping; 
6) Jantar na casa de outra pessoa; ir a churrasco; ir à praia ou ao shopping; 
7) mandar as crianças à escola, ao acampamento ou à creche; trabalhar por uma semana em escritório; nadar em piscina pública; visitar idosos em casa

Risco moderado alto
8) Ir ao salão de beleza ou barbearia; comer em restaurante (área interna); ir a casamento ou funeral; viajar de avião; jogar basquete; abraçar ou apertar a mão de alguém.

Risco alto
9) Comer em bufê; ir à academia de ginástica, ir a parque de diversões ou a cinema;
10) Ir a show grande ou evento esportivo em estádio; ir a culto religioso; Ir ao bar

O risco pode variar conforme o comportamento geral de segurança da população.


Fonte: BBC News Brasil



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