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segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Ministro x População

 Por Almir M. Quites


Está nos noticiários, que o Ministro anti-Meio Ambiente, Ricardo Salles, mandou que fossem usados 'retardantes de fogo' no combate aos incêndios florestais. Eles estão sendo lançados de avião sobre as florestas que queimam e estão provocando a ira da população local.

Quem tem razão? 

Os 'retardantes' são muito usados em Engenharia. São usados não só no combate a incêndios, mas também na preservação de estruturas de concreto e de aço contra o calor excessivo. A ideia do ministro pode ser boa, mas também pode ser péssima. 

A meu ver, tudo depende do tipo de 'retardante' que está sendo usado. Até o momento não encontrei qualquer notícia que especificasse adequadamente o tal 'retardante' ou apresentasse sua composição. Ele pode ser nocivo em caso de incêndios florestais. 

Os retardantes são misturas de água com produtos químicos capazes de dificultar a combustão (reação com o oxigênio). É preciso saber, no caso em questão, que tipo de produtos químicos estão sendo usados, se são tóxicos (tanto para humanos como para a fauna e flora), se são biodegradáveis (em quanto tempo se degradam e qual a eficácia da degradação, isto é, qual a percentagem dos seus resíduos). Os 'retardantes' halogenados (que contém Flúor, Cloro, Bromo, Iodo) podem liberar dioxinas e furanos (substâncias cancerígenas) e contaminar córregos e mananciais. 

Ainda que os retardadores de incêndio florestais usados ​​sejam geralmente considerados como não tóxicos, podem ser perigosos quando pessoas ou animais forem atingidos diretamente e/ou atingidos por grandes quantidades. Além disso, a toxidade é diferente para diferentes tipos de animais e plantas de seu habitat. Os insetos, por exemplo, especialmente os polinizadores, podem ser muito afetados, o que também afeta o futuro da floresta. 

Ainda não vi uma manifestação pública das universidades brasileiras, nem do Serviço Florestal Brasileiro - SFB. Em outros países há agências governamentais robustas que monitoram a contaminação das florestas por produtos químicos. Enquanto isso, aqui, ainda estamos engatinhando. Pior, o atual Ministro do Meio Ambiente tem se mostrado inimigo do Meio Ambiente e permanece no cargo apesar dos inúmeros conflitos que tem provocado. Soube, ontem, que o chefe do Centro de Combate a Incêndios Florestais do Ibama, José Carlos Mendes, deixou cargo um mês depois de ter sido nomeado, alegando motivos pessoais. 

Por outro lado, o Ministro Salles chegou ao Pantanal de modo arrogante, fantasiado de soldado do IBAMA (aquela jaqueta extravagante), quando o fogo já estava sendo dominado (com a chegada das chuvas), trazendo uma solução perigosa, monocraticamente imposta, sem qualquer consideração com a população, com todos aqueles que estavam lutando contra as chamas e também com os órgãos estaduais envolvidos.

O Meio Ambiente deveria ser tratado com o mesmo cuidado, o mesmo profissionalismo e mesmo respaldo tecnológico e científico com que a medicina trata dos seres humanos. Nada de decisões amadoras! Nada de decisões políticas sem o devido respaldo científico! 

Convido o leitor a ler este ⬇️ artigo que publiquei em agosto do ano passado.

𝓐𝓵𝓶𝓲𝓻 𝓠𝓾𝓲𝓽𝓮𝓼


Ambientalistas fazem estátua do Presidente Bolsonaro. 
A estátua está em área atingida pelas queimadas, no Pantanal,
tem 4 metros de altura e a inscrição "Pátria queimada, Brasil".

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