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domingo, 24 de maio de 2020

CoViD-19 será pior no Brasil do que nos EUA

Por Almir M. Quites


Os países mais atingidos pelos rigores da pandemia conhecida como CoViD-19 são os EUA, Brasil, Rússia e Reino Unido.

A seguir vamos comparar os dois primeiros para saber qual deles está melhor. 

  CoViD-19    Brasil    EUA  
Casos       349.178      1.659.915
Mortes          22.168           97.477
Recuperados      142.587        335.650


O dado mais importante é o número de casos confirmados, porque este é o número que impacta os Sistema de Saúde dos países, podendo colapsá-los. O número de mortes é muito impreciso por dois motivos: a sub notificação e a dificuldade de discernir sobre a real causa da morte quando o Sistema de Saúde está colapsado ou a beira de colapso. O número de recuperados também não importa muito porque todos os infectados, que não morrem, recuperam-se e não impactam a sociedade, embora possam ficar com variadas sequelas que provavelmente reduzirão sua expectativa de vida.

Olhando apenas os números desta tabela. logo se concluiria que os EUA estão muito pior que o Brasil. Eles possuem muito mais casos da CoViD-19 confirmados e muto mais mortes. Mesmo levando em conta o tamanho da população, os EUA possui 5058 casos por milhão de habitantes, enquanto o Brasil possui 1655 casos/milhão

No entanto, o Brasil está no páreo (mórbido, trágico), conforme explicarei a seguir. Isto pode ser constatado no gráfico que segue. 



Neste gráfico, até o dia 22/5, temos os números dos casos confirmados. Daí para cima, a curva foi calculada pela função logística padrão. Portanto é a previsão do futuro.  

Observe que o dado mais atual do Brasil (de 22/05) está abaixo da altura do ponto de inflexão da curva de casos confirmados em função do tempo. Note que os EUA já passaram do ponto de inflexão e estão chegando no patamar superior da curva. Logo, Brasil e EUA estão em estágios diferentes da doença. 

As observações feitas acima podem ser confirmadas em outro gráfico feito apenas com os dados conhecidos.

No gráfico abaixo, temos, no eixo vertical, a régua dos novos casos diários e na régua horizontal temos o número total de casos confirmados. Ambas as escalas são logarítmicas. 

Em verde, estão dos dados do Brasil e, em azul, os dados dos EUA. 

Para ampliar o gráfico, clique sobre ele.

Observe que os dados confirmam que os EUA já passaram pelo ponto máximo da curva. O número de casos novos diários já é decrescente com o tempo. No entanto, o Brasil ainda não chegou lá. A curva do Brasil ainda segue quase reta para cima. Isto significa que não conseguimos achatar a curva! Não conseguimos impor resistência ao avanço do vírus!

A curva do Brasil aponta que alcançaremos os EUA quando estivermos entre 700.000 e 800.000 casos confirmados. Isto acontecerá na primeira semana de junho, portanto daqui a uns 10 dias. Então teremos cerca de 30.000 novos casos de infectadas confirmados por dia. O Sistema de Saúde estará colaborado!


Quem diria?! Vamos ultrapassar os EUA, apesar de termos feito muito menos testes e de termos uma população 1/3 menor. Vamos conquistar o avesso do pódio de campeão mundial. Que tristeza! Que vergonha!

Um ser pequeníssimo atacou o nosso país. Não é alienígena. O inimigo tem uma tática muito eficaz. Chega sorrateiro, parecendo inofensivo. 

Seria muito fácil conter a CoViD-19! Bastaria que o povo tivesse responsabilidade e capacidade de entendimento. Explico a seguir. 

Se todos os brasileiros fizessem uma quarentena de 15 dias, o contágio seria interrompido e o vírus seria exterminado, porque ele só se reproduz dentro das pessoas. O vírus não dura mais que 5 horas no ar e não mais que 100 horas nas coisas. Os contaminados, que permanecem assintomáticas por duas semanas (ou com sintomas leves) se recuperam, ficam imunes e não retransmitem o vírus (embora ainda não se tenha certeza científica de que isto ocorra mesmo em todos os casos). 

Apenas 15 dias! 
A quarentena eliminaria o contágio geral, mas a vigilância sanitária continuaria muito atenta para isolar possíveis novos casos. Não iríamos permitir o surgimento de uma nova onda de contaminação.

No entanto, o nosso povo não é capaz de se unir para enfrentar o inimigo, nem o governo é capaz de conscientizá-lo! Enquanto as pessoas sustentam ridículas discussões sobre a CoViD-19, cheias de tolices e grosserias, a virose progride aceleradamente.

A quarentena rigorosa sacrifica a economia a curto prazo para salvá-la da devastação pelo vírus a longo prazo. Foi o que a Itália fez na Lombardia. 

Ainda que tarde, o Brasil deveria fazer o mesmo! O ideal seria fazer bem no início, na época em que fizemos o carnaval. Num processo exponencial, tudo o que se faz bem no inicio repercute muito acentuadamente no final.


O preço da saúde pública é a eterna vigilância! Lembrei da frase "o preço da democracia é a eterna vigilância", frase frequentemente (e erroneamente) atribuída à Thomas Jefferson.

Um lembrete: a idolatria tolhe a vigia!


Nota: para ver como o carnaval e a manifestação política do dia 15 de março afetaram curva, leia aqui 
➠ ENTENDENDO COMO PERDEMOS A GUERRA
https://almirquites.blogspot.com/2020/04/covid-19-entendendo-porque-perdemos.html

A pandemia da CoViD-19 se alastra por números impressionantes porque o vírus é invisível, os sintomas são leves ou imperceptíveis e a letalidade é baixa. Ele é como um político espertalhão: parece inofensivo! É justamente por isso que a transmissão se acelera e o número de mortes cresce terrivelmente. 

Pobre povo brasileiro. Com um péssimo sistema educacional, desperdiça a vida.  Não conseguimos nos unir nem nos objetivos comuns fundamentais. 

A quantidade de pessoas infectadas cresce. A equação matemática que se aplica ao caso é exponencial. A palavra 'exponencial' significa descomunal, excepcional, no caso, terrível! É isso mesmo!

Nesta guerra, morrem 
atualmente cerca de 800 brasileiros por dia e quase 20.000 "feridos" chegam aos hospitais, também por dia! Estes números estão aumentando exponencialmente!

Muitos se recuperam da doença, mas ficam com sequelas variadas que, em muitos casos, diminuem a expectativa de vida. 

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