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terça-feira, 5 de maio de 2020

Como evolui a CoViD-19 no Brasil?

Por Almir M. Quites



Ontem (04/05/2020) a noite, atualizei as minhas tabelas e refiz o gráfico da evolução da CoViD-19. Hoje, publico aqui e faço previsões com base na matemática.  

Antes, chamo a atenção do leitor para um fato importante. 

As previsões que podem ser feitas estão sujeitas a uma dificuldade que a matemática não pode contornar: é a subnotificação da doença. O Brasil testou cerca de 0,16% da população, muito abaixo dos 2,0% realizados nos EUA até agora. Logo, os números precisam ser entendidos apenas como uma tendência embaciada pelas circunstâncias. Todavia, melhor que não tê-las! 

Com os novos dados de ontem, a equação da curva epidemiológica mudou um pouquinho. Aqui está a nova: 
Y=221000/{1+exp[-0,095(x-70)]}

Veja o gráfico!


Atente para não confundir o pico da curva com o pico da sobrecarga sobre o sistema de saúde. Este último é o ponto de inflexão da curva. 

O ponto de inflexão vai ser atingido no próximo dia 8/5, ou um pouco mais adiante, mas nesta quinzena. Isto significa que, neste dia, será teoricamente o dia de maior sobrecarga para os hospitais e para os profissionais da saúde. Esta sobrecarga vai persistir por algum tempo, mas a tendência é de se reduzir com o tempo. Esta redução deve ser sentida lá pelo últimos dias de maio. 

Não é nada para se comemorar, ao contrário! Seria bom se tivéssemos passado pelo ponto de inflexão bem mais tarde, porque o ápice da curva seria menor. Teríamos achatado a curva. Agora, o mal já está feito, só podemos amenizá-lo e reduzir a probabilidade de termos, no final do ano ou no ano que vem, uma segunda onda da CoViD-19. Também para isso, o povo precisaria estar muito mais consciente do que está acontecendo.

Precisávamos abaixar o pico da curva derivada, ou seja da curva do número de casos confirmados por dia versus ο tempo em dias. O que queríamos era fazer a montanha diária de coronavirus passar por baixo da nossa capacidade limite de atendimento no Sistema Nacional de Saúde. Queríamos fazer isso:


Grande parte da população não compreende o problema enquanto não o vê bem perto de si. 

Os brasileiros não souberam trabalhar unidos para achatar suficientemente a curva da pandemia. Agora, o Sistema de Saúde nacional já está sobrecarregado. 

O entorno do ponto de inflexão é aquele que mais congestiona os hospitais com a chegada de pacientes graves. 

O gráfico indica que, no ápice da curva, o número total de infectadas no Brasil deve ser, pelo menos, de 220.000. Tudo indica que vamos ultrapassar a Itália. 

É importante saber que estas previsões são provisórias. Com a chegada de novos dados nos próximos dias, os valores hoje previstos vão se alterar. O fato é que  a CoViD-19 evolui muito rápido. Como ainda não dá para ter uma noção sobre a sua duração no Brasil, é muito provável que estejamos ainda num estágio muito inicial. Isto significaria termos ainda muito pouco dados. Então, a previsão atual provavelmente subestima o pico da curva. Se for assim, nos próximos dias, quando fizermos novas projeções para o futuro, o pico da curva e o ponto de inflexão estarão em valores mais altos e mais distantes no tempo. É por isso que a previsão precisa ser refeita a todos os dias. 

Depois do ápice, com o aumento do número de recuperados, a curva deve descer, mas não dá para prever quanto. 

Tomara que não tenhamos uma nova onda da CoViD-19. Possível é! 

Para entender melhor como a CoViD-19 se alastra e os outros significados desta curva, clique aqui: 

Depois, não deixe de ver estes dois vídeos: 


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