Por Almir M. Quites
Altas taxas de desmatamento junto com a miopia do governo colocam o país na contramão do mundo na luta contra as mudanças climáticas, o que traz prejuízos à economia e sacrifica os cidadãos brasileiros.
Entre agosto de 2018 e julho de 2019, o Brasil bateu o recorde da década em desmatamento da Amazônia. Segundo o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), foram destruídos 9762 km², um aumento de 29,5% em comparação com o ano anterior, especialmente no Pará, Rondônia, Mato Grosso e Amazonas.
O aumento percentual desse ano é o terceiro maior da história. Aumentos tão acentuados só foram vistos nos anos de 1995 e 1998.
A divulgação teve a presença dos ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Marcos Pontes (Ciência), além de Darcton Damião, atual diretor interino do Inpe.
O ministro Salles, tal como o Presidente Bolsonaro, estavam errados quando atacaram o Instituto e demitiram seu presidente anterior, mas não admitem culpa alguma. O órgão, que tem reconhecimento mundial, foi descreditado e estigmatizado por Salles e Bolsonaro, que fizeram questão de atacar a trajetória e reputação de um instituto científico brasileiro que tem uma grande história. Isto foi feito irresponsavelmente, em razão, apenas, de uma preocupação exagerada com o prestígio pessoal e também para fugir da realidade.
O Presidente e seu ministro são os maiores culpados pelos números e precisam assumir a culpa (como qualquer administrador que erra deve fazer), já que, desde o começo do ano, ignoraram as evidências baseadas em dados de satélite e do próprio governo (o Inpe é subordinado ao governo federal) de que o desmatamento estava acontecendo. O erro foi do Presidente e seu ministro, mas o que foi perdido foi o patrimônio do povo brasileiro.
Alheio a isso, o Presidente Bolsonaro revogou, em 06/11, um decreto de 2009 que impedia a expansão da cana-de-açúcar para áreas sensíveis.
A decisão gerou preocupação pelos possíveis efeitos em biomas como a Amazônia e o Pantanal e também sobre a economia, porque foi justamente a proteção ambiental que impulsionou a aceitação do etanol brasileiro no mercado internacional. Especialistas apontam que a Amazônia e o Pantanal, biomas protegidos pelo zoneamento, não apresentam condições favoráveis para o desenvolvimento da cana-de-açúcar.
Artigo publicado na revista Science, principal periódico científico internacional, afirma que, ainda que o cultivo seja feito em áreas degradadas, seus danos podem se estender por até um quilômetro dentro de áreas florestais adjacentes aos locais de produção, com impactos negativos sobre a flora e a fauna.
Foi no final de agosto, justamente quando a Amazônia registrou uma grave onda de queimadas, que o presidente Jair Bolsonaro prometeu que atenderia a um pedido da ministra Tereza Cristina para ampliar as áreas de plantio e que estava ciente da possibilidade de haver uma repercussão negativa.
Aumentar a área de plantio da cana-de-açúcar polui a floresta e a expõe a pressões que não existiam. Pouquíssimos se beneficiam e muitos são prejudicados. Além disto, o Brasil fica economicamente em desvantagem na competição com o etanol de milho dos Estados Unidos. O mesmo ocorre com o açúcar, que concorre com o açúcar de beterraba europeu e de milho dos Estados Unidos. Isto também implica na revogação dos pressupostos pelos quais a União Europeia (UE) calculou a cota de exportação sul-americana de etanol para o bloco europeu nas tratativas do Acordo de Paris.
O Brasil tem sido muito descuidado e, mais uma vez, põe em risco maior o possível acordo do Mercosul com a Comunidade da União Europeia.
Miopia política |
Altas taxas de desmatamento junto com a miopia do governo colocam o país na contramão do mundo na luta contra as mudanças climáticas, o que traz prejuízos à economia e sacrifica os cidadãos brasileiros.
Entre agosto de 2018 e julho de 2019, o Brasil bateu o recorde da década em desmatamento da Amazônia. Segundo o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), foram destruídos 9762 km², um aumento de 29,5% em comparação com o ano anterior, especialmente no Pará, Rondônia, Mato Grosso e Amazonas.
O aumento percentual desse ano é o terceiro maior da história. Aumentos tão acentuados só foram vistos nos anos de 1995 e 1998.
A divulgação teve a presença dos ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Marcos Pontes (Ciência), além de Darcton Damião, atual diretor interino do Inpe.
O ministro Salles, tal como o Presidente Bolsonaro, estavam errados quando atacaram o Instituto e demitiram seu presidente anterior, mas não admitem culpa alguma. O órgão, que tem reconhecimento mundial, foi descreditado e estigmatizado por Salles e Bolsonaro, que fizeram questão de atacar a trajetória e reputação de um instituto científico brasileiro que tem uma grande história. Isto foi feito irresponsavelmente, em razão, apenas, de uma preocupação exagerada com o prestígio pessoal e também para fugir da realidade.
O Presidente e seu ministro são os maiores culpados pelos números e precisam assumir a culpa (como qualquer administrador que erra deve fazer), já que, desde o começo do ano, ignoraram as evidências baseadas em dados de satélite e do próprio governo (o Inpe é subordinado ao governo federal) de que o desmatamento estava acontecendo. O erro foi do Presidente e seu ministro, mas o que foi perdido foi o patrimônio do povo brasileiro.
Alheio a isso, o Presidente Bolsonaro revogou, em 06/11, um decreto de 2009 que impedia a expansão da cana-de-açúcar para áreas sensíveis.
A decisão gerou preocupação pelos possíveis efeitos em biomas como a Amazônia e o Pantanal e também sobre a economia, porque foi justamente a proteção ambiental que impulsionou a aceitação do etanol brasileiro no mercado internacional. Especialistas apontam que a Amazônia e o Pantanal, biomas protegidos pelo zoneamento, não apresentam condições favoráveis para o desenvolvimento da cana-de-açúcar.
Artigo publicado na revista Science, principal periódico científico internacional, afirma que, ainda que o cultivo seja feito em áreas degradadas, seus danos podem se estender por até um quilômetro dentro de áreas florestais adjacentes aos locais de produção, com impactos negativos sobre a flora e a fauna.
Foi no final de agosto, justamente quando a Amazônia registrou uma grave onda de queimadas, que o presidente Jair Bolsonaro prometeu que atenderia a um pedido da ministra Tereza Cristina para ampliar as áreas de plantio e que estava ciente da possibilidade de haver uma repercussão negativa.
Aumentar a área de plantio da cana-de-açúcar polui a floresta e a expõe a pressões que não existiam. Pouquíssimos se beneficiam e muitos são prejudicados. Além disto, o Brasil fica economicamente em desvantagem na competição com o etanol de milho dos Estados Unidos. O mesmo ocorre com o açúcar, que concorre com o açúcar de beterraba europeu e de milho dos Estados Unidos. Isto também implica na revogação dos pressupostos pelos quais a União Europeia (UE) calculou a cota de exportação sul-americana de etanol para o bloco europeu nas tratativas do Acordo de Paris.
O Brasil tem sido muito descuidado e, mais uma vez, põe em risco maior o possível acordo do Mercosul com a Comunidade da União Europeia.
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