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quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Atentado de Bolsonaro e o lado fantasioso da política

Por Almir M. Quites

Bolsonaro no Acre (01/09/2018)

Compare o atentado de Bolsonaro ao lado fantasioso da política e repare que há forte correlação entre eles. A ideia de herói, fixada no imaginário brasileiro pelo cinema e televisão, invade a realidade política por indução da propaganda.  

Os super heróis do cinema e da TV são aqueles “caras machos”, mas "macho" mesmo, aquele "macho que é macho", excessivamente imbuído do desejo de vingança. Eles têm nomes fortes, nomes de "macho", gestos de "macho" e, muitas vezes, um título militar que compõe a figura. Carregam armas e capricham nos símbolos, ao mesmo tempo, bélicos e fálicos! 

Os super heróis do cinema são caras como Conan (estrelado por Arnold Schwarzenegger, 2 filmes), James Bond (vários atores, 20 filmes), Coronel James Braddock (Chuck Norris, 3 filmes), Paul Kersey (Charles Bronson, 5 filmes), Cap. Virgil Hilts (Steve McQueen), John Rambo (Sylvester Stallone, 3 filmes).

Os super heróis da política são caras que são candidatos ou militantes que confundem política com guerra. Eles desempenham o mesmo papel dos seus inspiradores do cinema. Como numa guerra, herói e bandido são as duas facetas de uma mesma cara, de um mesmo "cara macho".


Neste Brasil confuso realidade se confunde com fantasia, com falsidade, com fingimento. Uma grande parte do pobre povo vive num mundo ilusório e baldio.

As primeiras notícias que recebi, pouco depois das 17h do dia seis de setembro deste ano, sobre o atentado de Juiz de Fora, pareciam não fazer sentido. Talvez, pensei, nem fossem verdadeiras.

O noticiário afirmava que o esfaqueador de Bolsonaro era formado em Curso Superior (imaginem, esfaqueador formado em Pedagogia, um educador!) e que, no entanto, era responsável pela campanha da ex presidente Dilma Rousseff, em Minas Gerais. 

Por que um pedagogo cometeria um crime deste tipo? Estaria drogado? Estaria agora cometendo um crime e tentando se passar por louco? Era a face bandida de outro super herói!

Diziam também que tinha dado apenas uma estocadinha, sem maior gravidade. Logo imaginei uma leve, marqueteira e descuidada estocada, isto é, algo para que a suposta vítima ganhasse mais popularidade enquanto o autor da façanha ganharia cadeia e algo mais, talvez dinheiro em mala ou cueca, como tem sido comum nas negociatas de nossos políticos! Era o enredo de um filme de mocinho?

Outras perguntas me ocorriam. Os seguranças do Bolsonaro não estavam à volta dele? Quantos eram? A segurança foi deficiente?

Diziam que, justamente naquele dia, Bolsonaro tinha ido para os braços do povo sem colete de segurança! Teria o super herói sido descuidado?

Diziam ainda que a polícia, que estava no meio do público, tinha contido o povo que queria linchar o autor do gesto tresloucado! Muito estranho! Não controlaram o facínora, logo, não seria fácil conter toda aquela multidão!

O criminoso sabia que seria preso. Afinal ele deu a facada no meio dos seguranças do candidato Bolsonaro. No entanto, segundo as primeiras notícias, algumas horas ou dias antes (não ficou claro para mim), ele se expôs nas redes sociais com ataques à Maçonaria (não sei, mas não duvido que a Maçonaria apoie Bolsonaro) e ataques àquelas conspirações que o futuro ministro da educação de Bolsonaro também ataca como sendo da esquerda internacional! Refiro-me ao Olavo de Carvalho, que divulga que os Illuminati ainda existem, que seriam o governo secreto do mundo e que operariam por meio de uma organização esquerdista chamada de Nova Ordem Mundial (NOM). Fantasias! Esquerda e direita atacam o mesmo "moinho de vento"?!

A Ordem dos Illuminati foi fundada em 1776 na cidade de Ingolstadt, Baviera, sul da Alemanha. Foi destruida por rupturas internas. A ordem deixou de existir em 1788, no entanto, sua história atraiu literatos, como Goethe e Herder, entre tantos outros. Isto manteve a extinta Ordem no imaginário popular. 

Para o esfaqueador de Bolsonaro, a NOM seria “de direita” e, para Olavo de Carvalho, seria “de esquerda”! Fantasias de um lado, fantasias do outro. Tudo muito estranho!

Olavo de Carvalho parece ser guru do Bolsonaro, além de outros militares, de coronéis a generais, do time dele!

Tudo isso me veio à mente naquele fatídico fim de tarde. Lembrei-me também que ainda não sabia nada sobre os resultados das investigações a cerca dos tiros no ônibus da caravana do Lula. Ficou tudo por isso mesmo?

Escrevi no meu Facebook sobre tudo isso naquele dia, 06/09/2018, e adverti que era preciso aguardar pela confirmação destas notícias por outras fontes mais confiáveis.

Hoje, já se sabe com certeza que não foi uma simples e inofensiva estocadinha! Bolsonaro teve que passar por uma cirurgia quase igual a minha, há uns 10 anos! Tomara que se recupere logo, como eu me recuperei, apesar de eu ter sofrido uma segunda cirurgia de correção, uma semana após a primeira.

Um dia antes do atentado contra Bolsonaro, eu já havia postado no meu Facebook um texto sobre algo que me preocupava muito: a irresponsável incitação à violência na campanha política deste ano. Super heróis  sempre incitam a violência! Expliquei que a escalada belicosa provinha tanto “da direita” quanto “da esquerda” e que havia começado já há alguns anos.

Lembrei que, em 2015, Mauro Iasi (professor da UERJ, membro do PCB e presidente da Associação dos Docentes da UFRJ (ADUFRJ)), fez discurso de ódio, incitando a violência, dentro da própria Universidade do Rio de Janeiro. Este discurso, que usa um texto de Bertolt Brecht e indevidamente o transporta para o nosso contexto político, era evidentemente criminoso. Ele disse: "É assim que enfrentaremos os conservadores, radicalizando a luta de classes... Com a direita e os conservadores, nenhum diálogo, luta!"

Um professor de verdade não faz algo assim! Mauro Iasi não pode ser considerado profissional da educação, mas sim do PCB. É outro que faz política imaginando estar numa guerra!

O pior é que foi aplaudido por centenas de pessoas e a Universidade o defendeu, quando foi criticado. O Reitor da UFRJ, Roberto Leher, aquele que assumiu seu cargo vestindo um boné do MST, defendeu Mauro Iasi! Uma vergonha para a Universidade brasileira!
Eis um pequeno trecho do texto de Brecht, (em "PERGUNTAS A UMA PESSOA BOA"), que Mauro Iasi recitou: "Agora escuta: sabemos que és nosso inimigo. Por isso vamos encostar-te ao paredão. Mas tendo em conta os teus méritos e boas qualidades, vamos encostar-te a um bom paredão e matar-te com uma boa bala de uma boa espingarda e enterrar-te com uma boa pá na boa terra". – Bertolt Brecht (1898-1956) – Dramaturgo e poeta alemão.

Agora vejam o vídeo e tirem suas conclusões...
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https://youtu.be/e1ShzY0Ygr8

Claro que tudo isso que o Mauro Iasi disse, inclusive ao recitar o "poema" (na verdade uma prosa) de Brecht, teria incidência e reflexos na atualidade política brasileira, especialmente neste ano eleitoral.

O que o texto recitado diz sobre a “pessoa boa de direita” seria aplicável também a qualquer “pessoa boa de esquerda” e o país se transformaria em uma guerra entre pelotões bonzinhos de fuzilamento e não haveria ninguém para construir as boas covas. Mauro Iasi simplesmente fez apologia de genocídio!

Nossos políticos estão pondo lenha na fogueira da discórdia e da intolerância. Isto está cada vez mais nítido, anunciando tragédias.

Cinco dias antes de seu esfaqueamento (dia 01/09/2018), Bolsonaro fez um comício no Acre. Como se tivesse empunhando uma poderosa arma, ele gritava: "Vamos fuzilar petralhada do Acre"! e "Vamos mandar toda a petralhada do Acre para a Venezuela"! 

O candidato não tem consciência da importância nem da responsabilidade que deve ter um candidato à Presidência da República! Veja aqui: 


https://youtu.be/p0eMLhCcbyQ

Olavo de Carvalho entendeu que Mauro Iasi defendeu o genocídio "da direita" (neste ponto concordamos!), mas não reconheceu que Bolsonaro fez o mesmo em relação "à esquerda". Veja:



https://www.youtube.com/watch?v=fQKObPufTGI

A pior coisa que poderia acontecer para o Brasil é esta polarização entre "extrema direita" e "extrema esquerda". Estas extremidades são iguais em comportamento. Bolsonaro é a imagem invertida de Lula num espelho. Parece-me que, os Bolsonaristas, com raras exceções, já votaram em Lula, como fez o próprio Bolsonaro. 

Ambos os "extremos" do espectro convencional político são compostos por pessoas desonestas, populistas, agressivas, que querem nos levar a uma ditadura. Qualquer que seja a ditadura, "de direita" ou "de esquerda", será necessariamente militar. Só mesmo as Forças Armadas têm poder para sustentar um Golpe. Voltaremos a 1964, ainda que já estejamos a 18% do século 21! 

Esta polarização impede o afloramento de lideranças de melhor nível em competência e em ética. Enquanto isto persistir, teremos "postes" no governo e os poderosos continuarão na moita, com as rédeas do governo nas mãos. 

Direita e esquerda querem vencer as eleições democráticas para implantar uma ditadura! Ambas se entendem como patriotas que defendem o povo e a pátria. Haja petulância!

A grande maioria do povo não quer ditadura alguma, mas aderem a um dos lados para evitar a ditadura do outro lado.

O país está completamente demente. Super heróis inconscientes uns, zumbis outros. Somos todos! 

Hospício geral!

Almir Quites
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Nota sobre a NOM

Boatos de conspiração são os cúmulos-limbo formados pela aglutinação dos vapores das fofocas urbanas. Chamá-los de teorias é tolice. Teoria é um conjunto de princípios cuidadosamente sistematizados e verificáveis. 

O termo “Nova Ordem Mundial”, NOM (em inglês: New World Order, NWO) refere-se a um fictício governo mundial totalitário. 

O boato da Nova Ordem Mundial conta que uma poderosa elite secreta, com uma agenda globalista, conspira com o objetivo de governar o mundo, por meio de um governo mundial autoritário — que substituiria os Estados-nação soberanos — com uma propaganda global, cuja ideologia seria similar ou ao conto do livro de Aldous Huxley, chamado "ADMIRÁVEL MUNDO NOVO", ou ao livro de George Orwell, chamado "1984". 

Estes conspiradores estariam orquestrando ocorrências significativas na política e nas finanças do mundo através de muitas organizações reais e outras de fachada. Inúmeros eventos históricos e atuais são vistos como passos de um plano para conseguir dominar o mundo através de reuniões políticas secretas e processos de tomada de decisão.

Até 1990, o boato da conspiração da Nova Ordem Mundial limitava-se a duas contraculturas do EUA, principalmente da direita militante e, secundariamente, de fundamentalistas cristãos preocupados com o aparecimento do Anticristo do fim dos tempos. Políticos e cientistas sociais dos EUA estavam preocupados com a histeria em massa que poderia causar efeitos devastadores na vida política americana, que iriam da alienação política generalizada à escalada do terrorismo de lobo solitário.

Donald Trump, quando candidato a presidente, alastrava o boato e se dizia vítima da Nova Ordem Mundial. Ele  assegurava que o ex-presidente Barack Obama era "marionete da elite tirana babilônica", colocado na Casa Branca para destruir o estado americano e afundar o mundo no lodo da crise, preparando o palco para a Nova Ordem Mundial

Olavo de Carvalho divulga a mesma sandice no Brasil, dizendo tratar-se de uma conspiração de esquerda que também opera fortemente no nosso país!

𝓐𝓵𝓶𝓲𝓻 𝓠𝓾𝓲𝓽𝓮𝓼
A. Quites

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2 comentários:

  1. Caro Almir, não concordo com a tua caracterizacao de campanha violenta do candidato Bolsonaro. Não creio que vejas e entendas o que ele diz mas, escutas e vês o que a mídia antagonica porque irá perder previlegios posta e expõe. Assim como esses esquerdistas podres que mencionastes. Bolsonaro prega um país com segurança sem corrupção com educação trabalho e com patriotismo que nunca foi sinônimo de militarismo ou ditadura. Entenda. O Brasil precisa voltar a ser Brasil expurgando essa sujeira nogeira imposta pelo socialistas por mais de vinte anos. Precisamos de pessoas e políticos imbuídos de dedicação ao próximo de ordem civismo e patriotismo. Brasil acima de tudo. DEUS ACIMA DE TODOS.

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