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domingo, 25 de fevereiro de 2024

ANEL DE FOGO DA POLÍTICA

Por Almir M. Quites          Para compartilhar, toque aqui


Notas: 

  1. Este artigo foi publicado em meu blog em 28/janeiro/2019. mas inexplicavelmente desapareceu de lá. Então estou republicando hoje. 
  2. A imagem abaixo é de minha autoria. Respeite os direitos autorais. 

Do centro para baixo, pela direita:
Liberal > Conservador > Direita Radical
Do centro para baixo, pela esquerda:
Socialista > Progressista > Esquerda radical
Em baixo:
Ultra Radical

➡️ É PULANDO A FOGUEIRA, PARA LÁ E PARA CÁ, QUE SE CAI NO FOGO

Desde 1990, em meus debates com colegas, professores da UFSC (na "lista de e-mails"), tenho argumentado que a análise política que temos diariamente é muito simplória, porque se baseia no "nós contra eles" ou "direita x esquerda".

Tenho afirmado que um debate assim é próprio da idade da pedra lascada (paleolítico). É uma concepção bipolar: nós aqui, embolados, na pedra da cá, contra eles lá, embolados, na pedra de lá. É a direita e a esquerda como halteres de pedra. É o meu bando contra o bando deles! As pessoas do bando oposto perdem a sua humanidade e passam a ser consideradas como maldosos predadores não-humanos.

Trata-se de uma visão preconceituosa, maniqueísta, a qual divide, os cidadãos em poderes opostos e incompatíveis. O objetivo de cada bando é aniquilar o outro!

Um avanço consiste simplesmente em sermos capazes de conceber uma gradação entre os extremos. Então, a ideia de bando monolítico se desfaria e já se poderia ter uma visão mais evoluída do mundo político. Não seria mais uma concepção da idade da pedra lascada, mas talvez da idade da pedra polida (neolítico). 

Com esta gradação, chega-se a uma concepção linear, unidimensional. É uma direção e dois sentidos: daqui para lá e de lá para cá. Todos os pontos intermediários, entre os extremos, são reconhecidos como válidos. Uma mesma pessoa pode evoluir com o tempo mais para a direita ou mais para a esquerda. Tem-se assim, um modelo menos preconceituoso e mais próximo da real natureza humana.

Ainda assim, a concepção política continuaria precária, porque a realidade não é unidimensional, mas multidimensional. 

A matemática lida com fenômenos tão complexos quanto a política, fenômenos multidimensionais (de numerosas dimensões), mas a matemática não é aplicável à política, porque, nesta, as variáveis não são definidas de modo que possam ser quantificadas, medidas, correlacionadas em funções estabelecidas e testadas. A política que temos não aceita o rigor da lógica, só aceita modelos vagos e ingênuos, porque nela imperañ o interesse pessoal. A fé e a versão se desenvolvem melhor nas indefinições e nas imprecisões. Elas valem mais que os fatos reais. É por isto que, em muitos países, o campo político continua sendo imaginado como halteres de pedra lascada, ou seja, "nós contra eles".

Infelizmente, em pleno século XXI, o modelo do espectro político mais evoluído e em uso ainda é o do segmento de reta que vai da esquerda à direta. Que fazer? 

Fiquemos, então, neste nível, mas vamos, pelo menos, considerar todas as gradações da extrema esquerda até o centro do segmento e deste até a extrema direita. 

Vamos nos ater a este modelo e tratar não apenas de situar pessoas neste espectro, mas partidos e especialmente governos. 

Direita e esquerda são formadas por um mesmo fenômeno  divisionista chamado de radicalização, caracterizado pela intolerância. Quando se forma uma pitadinha de direita é por segregação, isto é, forma-se uma igual pitadinha de esquerda, e vice-versa. Direita e esquerda se retroalimentam. São duas faces da mesma moeda. Quando uma cresce a outra também cresce. Enquanto uma existir existirá a outra. Se uma vencer a outra, será pela imposição da força. Então, instala-se uma ditadura. Seja de esquerda ou de direita, os militares que a sustentam serão os mesmos. Não há  outra Força num país capaz de dar um golpe e sustentá-lo que não seja a Força Militar regular. Esta não tem ideologia, tem armas e tem efetivos. 

O que muda do centro aos extremos do segmento político? Respondo: o que muda é a intensidade do radicalismo. 

O que acontece com uma sociedade quando o radicalismo aumenta? 

Numa sociedade evoluída o radicalismo não existe. Quando surge, como uma mínima forca motriz de separação entre direita e esquerda o radicalismo traz consigo a intolerância. Qualquer pequeno bando de esquerda que se forme, faz-se por segregação, portanto gerando um igual pequeno bando de direita e vice-versa. Esquerda e direita são duas faces da mesma moeda. Quando uma cresce a outra cresce junto. A radicalização de uma é a radicalização da outra. Quando a radicalização aumenta, cresce junto a intolerância, o autoritarismo, a violência e a corrupção. Ambas, esquerda e direita, só veem defeitos no outro lado. Quem não pertence a nenhum dos dois bandos é considerado inimigo por ambos os lados e, por isso, acaba sendo forçado a se calar, ainda que todos jurem que estão numa democracia. 

Quanto maior a radicalização, mais iguais esquerda e direita se tornam

Numa democracia, nenhum dos bandos vence definitivamente o outro, só se alternam no poder. Se um dominar o outro pela força, então chegamos à Ditadura, o inferno do ultra radicalismo.

Quando se chega ao ultra radicalismo, esquerda e direita são iguais. É a ditadura militar. Os militares são os mesmos, tanto no Golpe de direita quanto no de esquerda. A ditadura de esquerda da Venezuela é igual, em comportamento, que a ditadura fascista ou nazista (de direita). A ditadura de esquerda da Coréia do Norte ou a de Mao na China também é igual a ditadura nazista ou fascista. 

Quanto mais radicalismo mais perto estamos de uma ditadura.

A única forma de evitar este desfecho é cuidar, com dedicação e inteligência, para que o radicalismo se reduza. 

Bem no centro, o radicalismo é nulo. Quando se passa do centro para os extremos o radicalismo se intensifica e, com isso, vem o aumento da incompreensão, da intolerância, da violência e da inclemência. Do centro para os extremos, cada vez mais a sociedade se compreende como dois bandos que competem, nós x eles! Em outras palavras, a sociedade regride, a intolerância aumenta, cresce o militarismo, a marginalização e a alienação. A sociedade se torna aristocrática e os governos se tornam autocráticos. 

A partir do centro, indo para a direita ou para a esquerda, chega-se ao ultra radicalismo, o império da militarização e da propaganda de guerra, criadora de mitos e outras fantasias. 

Indo-se sempre para a direita ou sempre para a esquerda, chega-se no mesmo inferno.

Nos dois extremos encontra-se no inferno incandescente das ditaduras militares. O ultra radicalismo da esquerda tem a mesma forma e o mesmo comportamento que o ultra radicalismo da direita!

Logo, o que temos não é um segmento de reta que vá da esquerda à direta!  O que, de fato, temos é um ciclo que se fecha. O que chamamos de centro, em política, na verdade é o polo superior e o que chamamos de ultra radicalismo é o polo inferior. É um anel de blocos de comportamentos políticos.

Este anel de blocos políticos tem uma dinâmica muito peculiar.

Quando os cidadãos de um país democrático elegem um governo que não seja de centro, mas de direita ou de esquerda, automaticamente dividem os cidadãos. Ao formar um pequeno bando mais radical à esquerda, dá poder a um radicalismo cuja energia de reação nucleia um bando simétrico à direita, e vice-versa. Assim, abre-se uma fenda, uma fronteira, fronteira entre esquerda, centro e direita. Em sucessivas eleições, esta fenda pode aumentar, reduzindo o bloco do centro; ou pode se reduzir, aumentando o bloco do centro, às custas dos bandos da esquerda e da direita. À medida que a radicalização aumenta, a fenda se alarga, os bandos da direita e da esquerda crescem e o centro diminui. 

Com o aumento da radicalização, a democracia perde estabilidade. É quando o centro já não tem massa suficiente para estabilizar a democracia e o fosso do ultra radicalismo está muito grande. Daí, em diante, cada eleição nacional só aumenta a radicalização. A passagem de um governo de esquerda para outro de direita, ou vice-versa, só pode ser feita pelo polo inferior, pulando por cima do inferno incandescente da ultra radicalização, sem cair nas garras de uma ditadura militar. Mas é só uma questão de tempo, mais cedo ou mais tarde a nação radicalizada cai no fosso incandescente da ditadura militar. 

Quando isto acontece, instala-se a ditadura, um governo regido por um ou mais militares ou por pessoa por eles indicada; extinguem-se os partidos e criam-se partidos falsos, apenas para simular eleições livres; extinguem-se os parlamentos ou nomeiam-se parlamentares falsos, apenas para simular uma democracia; extinguem-se as eleições ou fazem eleições falsas para simular uma democracia. Na verdade, não há participação popular no processo decisório da nação, ou essa participação é farsa ou é mantida muito restrita. Então, começa uma luta sofrida de um povo para se livrar da ditadura. Pode levar décadas ou séculos para que ditadura se desgaste internamente, apodreça, a ponto de não poder se reorganizar, mesmo dispondo de todos os poderes de uma sociedade escravizada. 

Uma nação que cai nesta desgraça pode não se recuperar sem um processo de reinstitucionalização do país, possibilitada por ajuda externa de outros países ou por um processo interno de desmoralização do governo (como a desobediência civil). De qualquer forma, serão muitos anos de sofrimento do povo.

O que mostra a História do Brasil sobre nossa trajetória política? 

A seguir veja um resumo das idas e vindas do Brasil sobre o anel de fogo do espectro político ao longo de sua história. 

Logo após a independência, foi necessário reorganizar o Brasil.  Uma Assembleia Constituinte foi instalada em maio de 1823. Porém, antes que a nova Constituição fosse aprovada, as tropas do exército cercaram o prédio da Assembleia, e, por ordens do Imperador, a mesma foi dissolvida. Logo, onde estávamos, no nosso gráfico? Estávamos ardendo no fundo do poço incandescente! A nossa primeira Constituição não foi fruto de uma Assembleia Constituinte livremente eleita, foi outorgada pelo poderoso Imperador Dom Pedro I, em 1824. Ela previa um falso Poder Moderador, exercido pelo Imperador, pelo qual, o imperador poderia fiscalizar os outros três poderes.

Dom Pedro I renunciou ao trono em benefício de seu filho e foi para Portugal.

 Dom Pedro II, ainda uma criança, foi educado para ser Imperador. 

Foi no período do Imperador D. Pedro II que o Brasil teve estabilidade e pode se desenvolver como uma democracia monárquica.

Havia um profundo temor nos políticos brasileiros, compartilhado por parte dos diversos grupos sociais quanto à possibilidade de o Brasil sofrer o mesmo destino das colônias hispano-americanas, ou seja: caos político, social e econômico, desmembramento territorial, golpes de Estado, ditaduras e caudilhos. A monarquia parlamentarista brasileira cumpriu seu papel de evitar a radicalização nacional, permitir a liberdade e a livre reorganização do país, garantir a estabilidade, conforme o liberalismo em voga.

Somente com uma entidade neutra, completamente independente de partidos, grupos ou ideologias opostas, seria possível alcançar tal fim. E nisso, houve "sempre um poderoso elemento ideológico remanescente da independência como fruto de uma grande união nacional acima dos diversos interesses particulares". A monarquia brasileira assegurou ao Brasil a integridade territorial do antigo domínio lusitano num clima de ordem e de paz. 

O Brasil caiu no fosso incandescente da ditadura militar quando o Imperador Pedro II foi deposto por um golpe militar em 15 de novembro de 1988. Os militares assumiram o governo e declararam que o Brasil passara a ser um República. Assumiu o governo o generalíssimo Deodoro da Fonseca. Somente em 1891, foi promulgada a primeira constituição brasileira dita republicana e o próprio Deodoro foi "eleito" presidente em sufrágio indireto. Seu governo foi marcado por frequentes crises que acabaram por dividir os próprios militares. Isto abalou a sociedade civil e parte dos militares, o que levou à dissolução do Congresso Nacional e à renúncia do Presidente em novembro de 1891. Então, o vice-presidente que também era militar, assumiu o governo. Foi o Marechal Floriano Vieira Peixoto , cujo governo abrange a maior parte do período da história brasileira conhecido como República da Espada. Seu governo foi marcado por um intenso clima de rebeliões militares e diversos conflitos entre o Exército e a Marinha, além de crises da Revolução Federalista. Queria depor o governador gaúcho Júlio de Castilhos. Floriano Peixoto debelou estes conflitos violentamente, consolidando-se no poder, o que lhe fez ganhar a alcunha de "Marechal de Ferro". O culto à sua personalidade, denominado florianismo, que deu origem ao atual nome da cidade de Florianópolis, foi o primeiro fenômeno político a caracterizar a chegada do "populismo" ao Brasil. Seu governo terminou em profunda crise que levou a formação de uma assembleia constituinte e a um grande acordo politico.

Prudente José de Moraes Barros foi senador e foi também presidente da Assembleia Nacional Constituinte de 1891. A Constituinte serviu para elegê-lo primeiro presidente civil do Brasil com cerca de 85% dos votos em eleição direta. Prudente de Moraes representava a ascensão da oligarquia da cafeicultora.

Então, seguiu-se uma sequência de governos civis: 

  • 1894-1898: Prudente de Morais - que conseguiu a paz no RGS; e enfrentou a Campanha de Canudos, entre 1896 e 1897;
  • 1898-1902: Campos Sales; 
  • 1902-1906: Rodrigues Alves; 
  • 1906-1909: Afonso Pena;
  • 1909-1910: Nilo Peçanha; 

Então, mais um militar. Desta vez eleito regularmente numa eleição na qual derrotou a Rui Barbosa. O militar eleito foi...

1910-1914: Marechal Hermes da Fonseca (Sobrinho do marechal Deodoro da Fonseca, 1º presidente do Brasil).

Depois tivemos mais um período longo de governos civis, mas a radicalização, mais uma vez, crescia.

1914-1918: Wenceslau Brás - o Brasil teve um crescimento industrial imediato para suprir a demanda de produtos que não podiam mais ser importados da Europa. Brás promulgou o primeiro Código Civil brasileiro, que entrou em vigor em 1º de janeiro de 1916. 

Devido às dificuldades para importar produtos manufaturados da Europa durante o seu mandato, causadas pela Primeira Guerra Mundial, Brás incentivou a industrialização. 

1918-1919: Delfim Moreira 

1919-1922: Epitácio Pessoa 

1922-1926: Arthur Bernardes - aqui a radicalização recomeçou a subir.  Arthur sofreu com uma estratégia desonesta de seus adversários. Durante a campanha para presidente, em 1922, foram divulgadas cartas falsas atribuídas a Arthur Bernardes que insultavam os militares. Depois de sua posse, em 15 de novembro de 1922, rebelaram-se a Escola Militar, o Forte de Copacabana e a Guarnição de Mato Grosso, na chamada Revolta dos Tenentes. Bernardes ordenou, então, o fechamento dos sindicatos e dos jornais de esquerda. Reformou a Constituição, em 1926, com o objetivo de restringir a exploração de recursos do subsolo. 

Assim, o Brasil voltava a cair no fosso incandescente da ditadura militar. 

1926-1930: Washington Luís - Fluminense, advogado, suspendeu o estado de sítio, estimulou a expansão rodoviária, aumentou a reserva de ouro, remodelou a área urbana do Rio de Janeiro (então a capital federal) e desenvolveu uma política de valorização do café. Na época da sucessão, a Aliança Liberal reuniu as oposições em torno da candidatura de Getúlio Vargas contra Júlio Prestes, candidato oficial de Washington Luís.

Ao perder as eleições, os rio-grandenses se rebelaram, em 3 de outubro, sob o comando do tenente-coronel Pedro Aurélio de Góes Monteiro, que marchou para São Paulo. As Forças Armadas depuseram o presidente da República na chamada Revolução Liberal, em 24 de outubro de 1930. Formaram, então, uma Junta Militar com os generais Augusto Tasso Fragoso, João de Deus Menna Barreto e o contra-almirante José Isaías de Noronha. Terminava aí a República Velha. 

A Revolução de 1930 marcou o fim da chamada República Velha, iniciando-se a Era Vargas (1930-1945). 

Os primeiros anos da Era Vargas foram marcados pelo clima de tensão entre as oligarquias e os militares – principalmente no estado de São Paulo – o que provocou a Revolução Constitucionalista de 1932. Getúlio Vargas foi um populista de direita, mas também cultuado pela esquerda. Em 1935, a Aliança Nacional Libertadora (ANL) promoveu uma tentativa de golpe contra o governo Getúlio Vargas – a "Intentona Comunista". Getúlio aproveitou o episódio para declarar estado de sítio e ampliar seus poderes políticos. Nessa época, Getúlio adotou um discurso nacionalista e começou a articular um movimento pela sua permanência no cargo. Logo, intensificou o seu populismo e tratou de copiar os métodos da direita fascista de Benito Moussolini (Itália) e Adolf Hitler (Alemanha). O Brasil se radicalizava pela direita.

Mas em 1945, o Exército derrubou o presidente. Após a queda de Getúlio, o general Eurico Gaspar Dutra foi eleito presidente. Uma Assembléia Constituinte criou a quinta Constituição brasileira, que estabeleceu os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Este novo período Getulista ficou conhecido como República Populista (1945-1964).

Enquanto isso, a oposição também radicalizava. Em 23 de agosto de 1954, Getúlio já está envolvido em escândalos de grande repercussão, que vão de corrupção á tentativa de assassinato de seu opositor Carlos Lacerda e a morte de um militar da aeronáutica que estava com ele. Os comandos militares passaram a exigir publicamente a renúncia de Vargas. Na manhã de 24 de agosto, Vargas cometeu suicídio.

Juscelino Kubitschek assumiu a presidência em janeiro de 1955 com a promessa de realizar “cinquenta anos em cinco” e o Brasil teve um mandato de calma e progresso. Foi o período hoje conhecido como "Anos Dourados", quando o Brasil teve grande desenvolvimento e todos os setores, da arte, passando pelos esportes, até aos setores econômicos e industrial. 

Depois de Juscelino, Jânio Quadros foi eleito representando a esquerda, mas renunciou ao mandato no ano seguinte. O confronto entre esquerda e direita já estava muito quente e ambos os lados se alternavam.

Em 1962, a direita tentou um golpe militar, com grande movimentação de tropas, mas o Exército se dividiu. O Terceiro Exército apoiou a resistência de Leonel Brizola. O sul do país resistiu ao golpe e houve um acordo entre as partes. João Goulart (da esquerda ) assumiu o Governo, mas aceitou a implantação de um regime parlamentarista, na verdade um tosco parlamentarismo, feito para não durar. Então, o Brasil voltou ao inferno de uma ditadura. Foi a Ditadura Militar (1964-1985).

Com a radicalização crescente entre Direita e Esquerda a crise política se agravou. Em março de 1964, o Golpe Militar, que falhara em 1962, foi aplicado. No dia 9 de abril, foi decretado o Ato Institucional N° 1 (AI-1), que cassou mandatos políticos e tirou a estabilidade de funcionários públicos. Na verdade, não era um ato institucional, mas um ato revolucionário.

O marechal Humberto de Alencar Castello Branco foi empossado como presidente. Em seu governo, foram promulgados outros "Atos Institucionais", que suspenderam os direitos políticos dos cidadãos.

A Ditadura Militar (1964-1985) foi um governo ultrarradical. Depois de um longo período de extrema repressão política e muita propaganda oficial, os brasileiros começaram a reagir. Quando a ditadura terminou, o Brasil estava endividado e institucionalmente desarrumado. Foi preciso que uma Assembleia Constituinte reorganizasse o país. A Direita ficou associada aos movimentos que visam apenas defender interesses de grupos específicos e que se utiliza de métodos truculentos.

Entrou-se assim na chamada Nova República (1985), período que se caracteriza por sucessivos governos social socialistas progressistas, pela democratização da política, pela promulgação de uma nova Constituição e pela difícil luta contra a inflação galopante, finalmente vencida, nos governos de Itamar Franco e de Fernando Henrique Cardoso (FHC), com a implantação do Plano Real, que finalmente estabilizou a economia. Neste período, a Esquerda brasileira começou a se alinhar cada vez mais com os movimentos socialistas e mesmo comunistas e anarquistas, criando uma identidade que permanece até os dias atuais.

Depois da estabilização econômica, consolidada no governo de FHC, Luis Inácio Lula da Silva, foi eleito Presidente da República. Passamos então a um governo de esquerda e uma radicalização pela extrema esquerda.

Os brasileiros, ao longo de muitas décadas, têm pulado de um lado para o outro, passando da esquerda radical para a direita radical. Entre eles está o fosso incandescente do centro ultrarradical.

No momento temos um governo de ultra direita. Então, a próxima alternância será para a ultra esquerda. O grande risco é cairmos no fosso do ultra radicalismo, onde esquerda e direita se confundem no amálgama incandescente de uma ditadura.

Para entender melhor, leia aqui:

👉 CARACTERIZAÇÃO DO GOVERNO DE JAIR BOLSONARO  https://almirquites.blogspot.com/2019/09/caracterizacao-do-governo-de-jair.html

Você pode discordar do texto indicado, mas se não apresentar os seus argumentos, então sua discordância será inútil!

Enquanto o povo continuar pulando da esquerda para a direita, mas sempre na parte inferior deste gráfico, estaremos maltratando o nosso país e todo o seu povo!

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