quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

A SEGUNDA ONDA JÁ DIMINUI, MAS É PRECISO EVITAR A TERCEIRA

Por Almir M. Quites


Depois de amanhã, a CoViD-19 do Brasil completa 1 ano!  

Ontem, 23/02/2021, tivemos 63.090 novos registros de CoViD-19 no Brasil. Assim, chegamos ao total de 10.260.621 casos confirmados e 248.646 óbitos, desde que a CoViD-19 começou.

No entanto, o Congresso brasileiro, está preocupado e urgentemente ocupado em aumentar a imunidade parlamentar , não contra a o vírus Sars-Cov-2, mas contra investigações e ações judiciais.  

O jato de gotículas e micro gotículas
emitidas pela boca e nariz
pode alcançar até 6 metros.
A máscara é uma barreira
que diminui muito esta distância.
 
 Primeira Onda da CoViD terminou exatamente no último dia de 2020.  No entanto, uma Segunda Onda, mais contagiosa, tinha começado em 10/10/2020.
Até o final do ano, as duas ondas se somavam. Agora temos apenas a Segunda.

Calculei a equação matemática da nova onda de evolução do contágio para poder identificar precocemente quaisquer desvios e assim perceber imediatamente os sinais de surgimento de uma eventual Terceira Onda. 

O Leitor verá logo adiante, que a Segunda Onda da CoViD já passou pelo seu pico e agora está perdendo força. Este pico foi anteontem (22/02/2021), logo o pico das mortes diárias será duas semanas mais tarde, isto é, no dia 04/03/2021. O importante agora é evitar a Terceira Onda. Quanto mais livremente o o vírus se propaga, mais mutações ele sofre. Como nunca houve no Brasil um "lockdown" (confinamento social) de verdade, nosso país se tornou um criadouro de novas variantes (linhagens, cepas) do vírus, as quais são formas mais agressivas e produzem novas ondas.  

Os motivos do surgimento de uma nova onda são vários. Os mais importantes são os seguintes: 

1) O próprio exército de vírus encontra novas vias de propagação e avança para áreas que ainda não tinham sido alcançadas, devido ao congestionamento das vias preferenciais de contágio ou devido ao afrouxamento das medidas de contenção da mobilidade social e uso de proteção individual; 

3)  Viajantes trazem o vírus de volta do exterior.  

4) O vírus sofre uma ou mais mutações que o tornam mais contagioso. O vírus SARS-CoV-2 sofrendo mutações, muda suas sequências genéticas, o que dificulta o trabalho dos cientistas.

Para evitar uma Terceira Onda da epidemia, é necessário tomar medidas severas (severas mesmo, não como costumamos fazer!) sobre o uso de máscaras e de distanciamento social em todos os espaços, principalmente nos espaços fechados, até que a Segunda Onda se extinga completamente (até que não haja registros de novos casos da doença por mais de duas semanas). Além disso, para reduzir os riscos de uma nova onda, as chegadas de pessoas ao território nacional devem ser controladas, pois os viajantes podem trazer Covid-19 com eles (e novas linhagens do vírus). Enquanto o contágio não se extingue, deve-se também proceder a testagem em massa (caça ao vírus) e a cada novo caso descoberto testar todas  as pessoas que participaram da cadeia de contágio!

Como, no Brasil nossas medidas nunca são realmente severas, só nos resta torcer para que não tenhamos uma Terceira Onda e que as mutações genéticas ainda não tenham tornado o vírus mais contagioso ou mais agressivo ou mesmo irreconhecível pelo nosso sistema imunológico vacinado!

É fundamental reconhecer que o Brasil é um terreno propício para o surgimento de uma Terceira Onda, tanto pela desobstrução das vias preferenciais de contágio (devido a nossa incapacidade de mantermos medidas rigorosas de distanciamento social) como devido à nucleação de novas linhagens brasileiras do Sars-Cov-2.

Sinais de abrandamento da CoViD causados pela vacinação só virão a partir de maio ou junhoQuanto mais interrupções na vacinação, mais condições criaremos para a formação da Terceira Onda!  


1.  EVOLUÇÃO DO NÚMERO TOTAL DE CASOS 
SEGUNDA ONDA

Gráfico do 1° tipo
Evolução do número total de casos já confirmados da doença

Evolução do número total de casos já confirmados de uma onda epidêmica em função do tempo tem a forma de um "S" inclinado para a direita. Por isto, é conhecida como curva sigmoide (significa: em forma de "S").

No dia 10 de outubro de 2020, começou a Segunda Onda da CoViD-19. Matematicamente é possível separar a Segunda Onda da Primeira Onda, a qual terminou em 31 de dezembro passado. Todos os casos deste ano já pertencem exclusivamente à Segunda, a qual suponho ser obra da variante P-1 do vírus Sars-CoV-2.  Claro que, de 10 de outubro até o final do ano passado, as duas ondas se sobrepunham. 

O gráfico seguinte se refere somente aos casos da Segunda Onda, a partir de 10/10/2020. Observe que se trata de um trecho de uma curva Sigmoide!




A figura acima contém duas réguas graduadas, uma horizontal e outra vertical. Na régua horizontal (graduada de 0 a 300), temos o tempo, contado em dias a partir do primeiro caso da segunda onda (10 de outubro de 2020). Na régua vertical (graduada de 0 a 8 milhões), temos o número de casos da doença oficialmente confirmados. Assim, a cada dia da régua horizontal corresponde uma bolinha vermelha, cuja altura, medida na régua vertical, representa o número total de casos confirmados da doença até aquele dia. No centésimo dia após o primeiro caso da Segunda Onda (em 17 de janeiro deste ano), já tínhamos 2.733.097 casos oficialmente confirmados. Ontem, apenas 37 dias depois, chegamos 3.792.725 casos confirmados! 

Como será a partir de hoje? Primeiro, permitam -me esclarecer melhor este gráfico (gosto de tudo bem explicadinho).

O gráfico mostra que, conforme os dias foram passando, as bolinhas vermelhas se alinharam, formando uma curva que sobe em forma de "S". Até quando subirá? Qual será o dia em que a aclividade da curva começará a decrescer. Quando o contágio da doença terminará? Qual será o número total de contaminados por esta onda? É possível prever o futuro? 

Simé possível prever o futuro, não de modo preciso, mas bem aproximado. Basta usar a matemática, utilizando a teoria do crescimento de sistemas sob restrição, muito usada na Física, na Metalurgia, na Epidemiologia, na Sociologia, na Economia, etc. Contudo, repito, para entender este artigo o leitor não precisa conhecer matemática! Continue lendo. Você vai entender.

O alinhamento das bolinhas vermelhas pode ser representado por uma função matemática. Existem métodos para se determinar a equação que melhor representa a posição das bolinhas vermelhas de modo que, sabendo-se o tempo transcorrido, em dias, desde o primeiro (10/10/2020), pode-se calcular o número total de casos confirmados em cada dia, até o dia de hoje. Se a equação estiver bem ajustada até o dia de hoje, então, pode-se também calcular a posição das bolinhas vermelhas em dias do futuro. 

Representar as bolinhas vermelhas em uma curva matematicamente definida tem a vantagem de eliminar as variações fortuitas (aleatórias) que os dados oficiais possuem. Estas flutuações aleatórias (solavancos) são devidas aos modos de detecção e de registro dos dados e não à evolução da CoViD. A matemática permite ficarmos com a curva que representa o fenômeno em sua essência, sem os "solavancos" (ou marolas) que os dados oficiais possuem. A tendência da curva fica bem definida e bem visível. 

A equação matemática (e sua representações gráfica) é o monotrilho sobre o qual a CoViD evolui. Escrevi em outro artigo: "quem vê o trilho sabe por onde o 'tremvai passar e onde vai chegar". Quando a CoViD sai do trilho, alguma coisa extra ocorreu. Foi assim que detectei o início da Segunda Onda, em outubro do ano passado.

Vamos, agora, conhecer o futuro!  

Observe o gráfico anterior!

Foram traçadas três curvas que se ajustam muito bem a posição das bolinhas vermelhas (os dados oficiais) até ontem, dia 23/02/2021. No entanto, daqui para a frente, elas seguirão um caminho entre as curvas roxa (a pessimista) e à vermelha (a otimista). Caso nada de especial ocorra (como seria o surgimento de uma terceira onda), estima-se que a probabilidade da curva seguir entre o monotrilhos roxo vermelho é de 95%. Com o passar dos dias o espaço ente estas curvas se estreitará. Claro que o caminho futuro mais provável é o da curva azul, com um erro estimado de 5% para mais (curva roxa) ou para menos (curva vermelha). 

Logo, o gráfico nos mostra que:
a) pela curva pessimista, o contágio cessará no dia 31/5/2021, com um total de 6.140.000 casos confirmados (só pela segunda Onda) e cerca de 130.000 mortes. 
b) pela curva otimista, o contágio cessará no dia 16/5/2021, com um total de 5.540.000 casos confirmados (só pela segunda Onda) e cerca de 116.000 mortes. 
c) pela curva intermediária, o contágio cessará no dia 5/5/2021, com um total de 5.840.000 casos confirmados (só pela segunda Onda) e cerca de 123.000 mortes. 

Matematicamente constatamos que a Segunda Onda da CoViD brasileira já começa a ceder. Quer dizer, já passamos pelo ponto de inflexão da curva sigmoide. 

Para se ter o efeito total da CoVid-19 no Brasil. é preciso acrescentar a estes dados os efeitos dos 10 meses da Primeira Onda. Foram 3.650.550 casos confirmados 110.000 óbitos (letalidade de 3,0%). Para comparação da letalidade das duas ondas, repare que a Segunda tem, até hoje, apenas 4 meses e 13 dias (cerca de 45% da duração da Primeira Onda). Até agora a Segunda Onda já infectou (casos oficialmente confirmados) 4.510.621 pessoas e causou 138.646 óbitos (letalidade de 3,1%). Logo já superou tanto o total de infectados da Primeira Onda como também o total de óbitos. Isto mostra que o contágio é agora bem maior! 

Não se tem estatísticas sobre o número de sequelados (sequelas que reduzem a expectativa de vida).

Observe também, no gráfico, que passamos pelo ponto de inflexão das três curvas no dia de ontem (22/02/2021). Este ponto corresponde ao pico do gráfico seguinte. Logo, daqui para frente, aos poucos, o número de novos casos diários da doença, vai se reduzir. O pico do número diário de óbitos será duas semanas mais tarde, isto é, no dia 04/03/2021.

Em outras palavras, daqui para frente, o número diário de novos doentes vai diminuir no Brasil (no país como um todo, não necessariamente em todas as regiões, estados ou municípios). 

Se não tivermos uma Terceira Onda, a CoViD vai agora abrandar, até terminar. A vacinação do povo brasileiro, se for rápida poderá ajudar a impedir o surgimento da Terceira Onda

Para quem se interessar, informo quais são as equações matemáticas das curvas calculadas:
Curva roxa (pessimista):
n = 6800000/{1+0,69.[(245-t)/t]2}

Curva azul (intermediária):
n = 6470000
/{1+0,69.[(240,5-t)/t]2}

Curva vermelha (otimista):
n = 6140000/{1+0,69.[(236-t)/t]2}

Notas: 
a) t é o tempo em dias desde o primeiro caso confirmado da CoViD-19 no Brasil (26/02/2020).
b) n é o numero de casos confirmados da CoViD-19 no dia t


2. EVOLUÇÃO DO NÚMERO DIÁRIO DE NOVOS CASOS 
SEGUNDA ONDA

Gráfico do 2° tipo
Evolução do número diário de casos confirmados da doença


Mostrarei, a seguir, a situação atual das duas ondas com dados atualizados do número diário de casos oficialmente confirmados. 

Atenção! Trabalho com funções matemáticas, não com média móvel, mas não é preciso entender de matemática para compreender este texto. Basta ler com real interesse!

Aqui está o gráfico da Segunda Onda, o qual contêm os dados exclusivos da Segunda Onda. Foi obtido por derivação da curva azul do gráfico anterior. 

Note que aqui, como o número de casos diários é uma ordem de grandeza abaixo do número total de casos (da curva em forma de "S", que é cumulativa) os pontos se agrupam, uns a parte abaixo da curva azul e outros na parte acima da curva azul. Isto não tem nada a ver com a CoViD, porque os pontos agrupados abaixo são os que correspondem aos domingos e às segundas-feiras (nestes dias são feitos menos registros). O que importa é a curva contínua, calculada para representar os pontos sem os solavancos de causas fortuitas.

Observe também que esta curva (de casos diários) tem uma fase crescente e outra decrescente. Entre elas fica o pico, que corresponde ao dia de maior número de casos oficialmente confirmados da doença. É quando os hospitais ficam sobrecarregados. No Brasil, analisado como um todo, este pico foi ultrapassado ontem. Como já apontei, o pico da curva do número diário de mortes será no dia no dia 04/03/2021, depois este número também vai começar a diminuir (conforme o trilho matemático indica). Nas notícias da TV isto não será imediatamente percebido, porque a TV apresenta gráficos da média móvel, que além de refletirem a semana que já passou, oscilam de modo fortuito, como já expliquei.

Esta é a curva dos novos casos diários:

Gráfico de 23/02/2021


Observe agora esta outra figura. Ela é obtida, por derivação, a partir das curvas em "S" da primeira e da segunda ondas representadas pelas equações matemáticas. No caso da Segunda Onda usamos a equação da curva azul (a intermediária). 

Gráfico de 23/02/2021 


Os triângulos vermelhos representam os números oficiais diários de novos casos, desde o primeiro dia da CoViD no Brasil, em 26/02/2020, até o dia de ontem, 23/02/2021. Os triângulos apresentam grande dispersão. Repito: esta dispersão se deve principalmente aos procedimentos desde a notificação de um novo caso até sua confirmação e registro. Por exemplo, otriângulos vermelhos inferiores correspondem aos domingos e segundas-feiras, porque nestes dias os trabalhos são prejudicados pelo fim de semana.  As curvas traçadas matematicamente compensam este desequilíbrio provocado pelo burocracia. Desculpem a repetição. Não quero que isto passe despercebido! (Fui professor durante toda aminha vida profissional)

Primeira Onda, está pintada de tênue verde-limão; a Segunda Onda está pintada de tênue azul-claro. As linhas contínuas verde e azul seguem a função típica de curvas de epidemias, com uma fase de crescimento, que passa por um pico, seguida de uma fase de decaimento. A nossa CoViD evoluía tipicamente, desde o início, sem qualquer perturbação. No entanto, em 10/10/2020, uma Segunda Onda surgiu, a qual se somou à primeira, conforme se vê claramente no gráfico acima, em azul forte. A curva geral (resultante da soma das duas ondas) tem dois picos.

Segunda Onda só se tornou bem evidente a partir de 01/11/2020.  

Como esta segunda onda era muito mais contagiosa, logo imaginei tratar-se de uma outra linhagem do vírus, similar a B-117, detectada na Inglaterra, e que foi considerada ser originária da África. Eu acredito que a variante africana seja uma evolução da variante brasileira, que chegou à África e daí foi para o Reino Unido. Não há qualquer confirmação científica disto! 

Em novembro, estimei que, pelo menos, 50% dos vírus circulantes do Brasil deveriam ser desta nova linhagem, a designada por P-1 (a variante de Manaus) ou similares. Esta suposições ainda não foi confirmada em laboratórios! 

Hoje, como a primeira onda já acabou, posso afirmar que 100% dos vírus são da nova linhagem (P-1).

No gráfico, a partir do surgimento da Segunda Onda, cada triangulozinho vermelho representa a soma das duas ondas: a Primeira, que acabou no último dia de 2020, e a Segunda, que é ontem passou pelo seu ponto máximo (o pico)

Segunda Onda é mais íngreme que a primeira e seu pico é mais alto.

O resultado da soma das duas ondas está representado pela curva sinuosa roxa

O pico da segunda onda foi ontem ultrapassado. Agora o número de novos casos por dia serão cada vez mais reduzidos, o que fica difícil de perceber nos gráficos mostrados na TV, porque eles apresentam dados da média móvel. Este abrandamento é o matematicamente esperado, ou seja, sem considerar qualquer efeito da vacinação. Até maio não se espera qualquer efeito das vacinas. Depois disso, aí sim! Então, se a vacinação for bem feita, elas evitarão o surgimento de novas Ondas, mas, se continuar na lentidão que temos agora, poderá surgir uma Terceira Onda. O surgimento desta onda ficará caracterizado quando a curva da CoViD descarrilhar para cima do monotrilho matematicamente traçado.

Como, daqui em diante, os números de novos casos diários da doença diminuirão, isto poderá ser confundido (pela populaçãocom o efeito das vacinas. No entanto, enfatizo, não será! O efeito da vacina vai se manifestar quando a curva da CoViD descarrilhar para baixo do monotrilho matematicamente traçado (a curva azul do gráfico do 1° tipo, a mais otimista).

Daqui a duas semanas, mais ou menos, atualizarei estes gráficos.


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