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segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Evolução da nossa CoViD-19 bem explicadinha

Por Almir M. Quites


Em publicações anteriores, a de  30/06/2020, 11/06/2020 e de 25/07, tínhamos apresentado dois futuros possíveis para a evolução do CoViD-19 no Brasil: o mais pessimista e o mais otimista. Hoje, 32 dias depois da primeira, mostro que as previsões continuam sendo exatamente as mesmas  desde 30/06. Além disso, faço novos comentários, especialmente sobre interpretações erradas que vejo na TV.

Com os casos oficialmente confirmados da CoVid, desde o primeiro (em 26/02/2020), traço os seguintes gráficos:
a) 1° tipo  Gráfico do número total de casos já confirmados;
b) 2° tipo  Gráfico do número diário de casos já confirmados

Atenção! Trabalho com funções matemáticas, não com média móvel, mas não é preciso entender de matemática para compreender este texto. Basta ler com real interesse 


1.  EVOLUÇÃO DO NÚMERO TOTAL DE CASOS

Gráfico do 1° tipo
Evolução do número total de casos já confirmados da doença


A figura acima contém duas réguas graduadas, uma horizontal e outra vertical. Na régua horizontal;(graduada de 0 a 200) temos o tempo, contado em dias a partir do primeiro caso confirmado, dia 26 de fevereiro de 2020. Na régua vertical (graduada de 0 a 3 milhões) temos o número de casos da doença oficialmente confirmados. Assim, a cada dia da régua horizontal corresponde uma bolinha vermelha, cuja altura, medida na régua vertical, representa o número total de casos confirmados da doença até aquele dia

Conforme os dias foram passando, as bolinhas vermelhas que chagavam foram se alinhando, formando uma curva que vai subindo, dobrando para cima. A última bolinha vermelha colocada no gráfico foi a de ontem, indicada com uma seta dourada com a data de 02/08/2020. A curva ascendente parece a trajetória de uma avião que decola e empina o até um ângulo de 70° com a horizontal. desde o primeiro caso, levamos 50 dias para chegar a 28.320 casos confirmados da doença, mas bastaram mais 100 dias para chegarmos a 2.348.200 casos! Foi uma arremetida impressionante!

O número total de casos confirmados ainda está aumentando. Até quando? É possível prever o futuro? Sim, é possível prever o futuro, não de modo preciso, mas bem aproximado.

O alinhamento das bolinhas vermelhas pode ser representado por uma função matemática. Existem métodos para se determinar a equação que melhor representa a posição das bolinhas vermelhas de modo que, sabendo-se o tempo transcorrido "t", no caso em dias, pode-se calcular o número "Y" de casos totais confirmados até este dia. 

Conhecendo-se esta equação, também se pode calcular o valor de "Ypara qualquer data do futuro

Representar as bolinhas vermelhas em uma curva matematicamente definida tem a vantagem de se eliminar as variações fortuitas (aleatórias) que as bolinhas incorporam. Assim ficamos com a curva que representa o fenômeno em sua essência, sem os "solavancos" que os dados oficiais possuem. A tendência da curva fica bem definida e bem visível.

Vamos, agora, conhecer o futuro!

Desde o fim de junho, no dia 30/06, as bolinhas vermelhas vinham se ajustando perfeitamente às duas curvas contínuas que representam o passado e o futuro: a curva roxa (a pessimista) e a curva vermelha (a otimista). Estas duas curvas se ajustam às posições das bolinhas vermelhas no passado, mas agora estas curvas estão se separando. Logo, as novas bolinhas vermelhas que chegam diariamente terão que se decidir por um dos dois monotrilhos. Estes dois caminhos são previstos pela função logística (também conhecida como função sigmoide). As duas curvas são como monotrilhos pelos quais a CoViD pode trafegar. Por qual trilho nossa Covid trafega? Quem conhece o trilho sabe por onde ele vai passar e onde ele vai chegar. Tudo indica que a nossa CoViD já se decidiu! 
 
Observe este gráfico atualizado ontem!  



Observe que este gráfico só difere do anterior por dois motivos: 
1) Já temos 159 dias de CoViD (159 bolinhas), de 26/02 até 02/08/2020 (hoje);  
2) Os dois monotrilhos (o roxo e o vermelho) estão traçados.

Neste gráfico, notem que: 
1) Ambos os trilhos, formam um "S" maiúsculo, porque a curva sofre uma inflexão para a direita, ou seja, para a horizontal formando em patamar.  Quando o contágio termina completamente, o número total de casos confirmados da doença fica estacionado em seu valor máximo. 
2) A curva das bolinhas parece já ter tomado a sua decisão: segiu pelo monotrilho vermelho! O otimistaAssim, teremos menos doentes, menos mortes, menos sequelados, menos tempo de restrições sociais e econômicas e menos risco de termos uma segunda onda da CoViD em dezembro ou no ano que vem! 

Se isto se confirmar, então, daqui para frente, a taxa de contágio vai lentamente diminuir no Brasil (no país como um todo, não necessariamente em todas as regiões, estados ou municípios). Só na segunda quinzena de setembro haverá um alívio sensível da CoViD-19 e só depois de novembro alcançaremos o chamado patamar (ou platô) da curva. 


2. EVOLUÇÃO DO NÚMERO DIÁRIO DE NOVOS CASOS 

Gráfico do 2° tipo
Evolução do número diário de casos confirmados da doença

Este gráfico é o que se vê comumente na TV. Aqui está atualizado até o dado de ontem às 20 horas.

Os triangulozinhos vermelhos representam os números diários de novos casos, desde o primeiro caso até ontem, dia 02/08/2020. 

Como se observa, agora estamos lidando com números de duas ordens de grandeza menores. Por isso, as imprecisões fortuitas são bem mais visíveis. Os dados se espalham e parecem não se alinhar formando uma curva. É por isto que, como se vê na TV, costuma-se traçar uma curva chamada de média móvel de 7 dias. Esta é a curva formada, não pelos pontos referentes aos dados oficiais, mas por pontos que representam o valor médio dos sete dias anteriores. Assim, as variações fortuitas são amenizadas, mas não eliminadas. Elas permanecem confundindo as pessoas. Por exemplo, vejo na TV repórteres interpretarem as mudanças de direção da curva da média móvel como sendo uma mudança da curva na CoViD, o que não é verdade. Estas mudanças (estes solavancos) ainda são as flutuações fortuitas. Assim, eles interpretam pequenos trechos mais horizontais da curva como sendo um platô (patamar). Isto também não é correto. Os gráficos do 2° tipo não têm platô algumO que tem platô é o gráfico do 1° tipo

A confusão que os comentaristas fazem, talvez se deva também ao fato da fase ascendente desta curva (de 2° tipo) ter a mesma aparência que a do 1° tipo de gráfico, mas os dados (os números) são diferentes e a forma da curva também. O gráfico do 2° tipo tem duas fases, uma ascendente e outra descendenteLogo, tem um pico entre estas duas fases e não tem patamar. gráfico do 1° tipo tem apenas a fase ascendente.  

O que se deve fazer é o mesmo procedimento que apresentei no caso do gráfico do 1° tipo. Refiro-me ao cálculo necessário para descobrir a equação da curva. A equação da curva é função do caráter da doença. Esta equação elimina completamente as flutuações fortuitas. 

É isso que mostro a seguir. Vamos substituir, no gráfico acima, a curva da média móvel pela curva que representa a equação matemática. Esta nova equação é obtida pela derivação da equação do gráfico do 1° tipo. 

O novo gráfico fica assim:



Veja que se trata do mesmo gráfico, com os mesmos dados (mesmos triangulozinhos), mas a curva de solavancos (a da média móvel) foi substituída por uma curva suave, dada pela equação exponencial que representa a evolução da epidemia (neste caso, a chamada função logística), que é calculada para representar os dados oficialmente confirmados. Aqui não há patamar algum! Teremos um pico, como se mostra a seguir.

Outra vantagem é que agora podemos prever o futuro, basta ampliar as escalas da figura e ver como a linha azul continua. 

Foi o que fiz! veja aqui: 


A escala horizontal foi ampliada até 300 dias. A escala vertical ficou inalterada. Agora dá para ver que a curva azul é composta por duas sigmoides (dois "S"): um ascendente e outro descendente. Entre eles há um pico. Esta é a curva que queríamos ter achatado. O pico, pelo qual estamos passando agora, corresponde a um máximo de 45.000 casos novos por dia. Quando se trabalha com a curva da média móvel, as variações aleatórias da curva impede que se observe a essência dos dados. 

A verdade é que, no Brasil, a pandemia evoluiu sem encontrar resistência. As regras de isolamento e imobilização social não foram feitas com o rigor necessário. Ademais, não se fez testes em número suficiente para que se pudesse localizar as regiões de maior surto e cercar o vírus! 

Tomara que o Brasil não venha a ter uma segunda onda da CoVid, como aconteceu nos EUA. Os EUA já tinham ultrapassado o pico do gráfico do 2° tipo. Eles já estavam na descendente, quando a segunda onda da CoViD surgiu pior que a primeira. 

Para terminar, por hoje, convém ver como está o Brasil em relação a outros países do mundo. Veja o gráfico referente ao total de mortes por milhão de habitantes e por dia

Hoje, Reino Unido, Espanha e Suécia, nesta ordem, são os países com maior número de mortes por dia e por milhão. Isto varia com o tempo, porque os países estão em estágios diferentes da pandemia. Estes países, que citei, já passaram pelo ponto de inflexão da curva. O Brasil está ultrapassando o ponto de inflexão agora. 

Não esqueça que, ao comparar países apenas considerando o número de mortes por milhão, não se está considerando questões importantes como o estágio da pandemia, a densidade demográfica, o perfil etário e o nível de testagem.

Este gráfico vai ser automaticamente atualizado todos os dias. Ele sempre estará atualizado.

 
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Use a máscara!
Uma técnica conhecida como Schlieren (listras) permite que se visualize o fluxo de ar causado por uma pessoa falando, respirando e tossindo, com máscara e sem máscara. Quando a pessoa está infectada pelo vírus da CoViD (Sars-Cov-2), as nano e micro gotículas contém milhares ou milhões de vírus. O número depende do tamanho da gotícula. 


Agora  veja este vídeo. 
Clique aqui

Enquanto isso, muitos desinformados, que provavelmente só leem as propagandas políticas das redes sociais, causam enorme indignação nesta profissional da saúde que está indo buscar o resultado de seu exame de PCR na UPA para saber se foi infectada. 
Veja: 
Santa indignação!

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