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quarta-feira, 20 de maio de 2020

Sobre como vai evoluir a CoVid-19 no Brasil

Por Almir M. Quites



Um ser pequeníssimo atacou o nosso mundo. Não é alienígena. Todos os países se unem para combatê-lo, mas o inimigo tem uma tática muito eficaz. Chega sorrateiro, parecendo inofensivo. 

Seria muito fácil conter a CoViD-19! Bastaria que o povo tivesse responsabilidade e capacidade de entendimento. Explico a seguir. 

Se todos os brasileiros fizessem uma quarentena de 15 dias, o contágio seria interrompido e o vírus seria exterminado, porque ele só se reproduz dentro das pessoas. O vírus não dura mais que 5 horas no ar e não mais que 100 horas nas coisas. Nas pessoas, quem permanece assintomático por duas semanas ou tem sintomas e se recupera fica imune e não retransmite o vírus (embora ainda não se tenha certeza científica de que isto ocorra mesmo em todos os casos). 

Apenas 15 dias! No entanto, o povo não é capaz de se unir para enfrentar o inimigo! Enquanto as pessoas sustentam ridículas discussões sobre a CoViD-19, cheias de tolices e grosserias, a virose progride aceleradamente.

A quarentena eliminaria o contágio geral, mas a vigilância sanitária continuaria muito atenta para isolar possíveis novos casos. Não iríamos permitir o surgimento de uma nova onda de contaminação. 


A quarentena rigorosa sacrifica a economia a curto prazo para salvá-la da devastação pelo vírus a longo prazo. Foi o que a Itália fez na Lombardia. 

Ainda que tarde, o Brasil deveria fazer o mesmo!  O ideal seria fazer bem no início, na época em que fizemos o carnaval. Num processo exponencial, tudo o que se faz bem no inicio repercute muito acentuadamente no final.
O preço da saúde pública é a eterna vigilância! Lembrei da frase "o preço da democracia é a eterna vigilância", frase frequentemente (e erroneamente) atribuída à Thomas Jefferson.

Um lembrete: a idolatria tolhe a vigia!


Nota: para ver como o carnaval e a manifestação política do dia 15 de março afetaram curva, leia aqui 
ENTENDENDO COMO PERDEMOS A GUERRA
https://almirquites.blogspot.com/2020/04/covid-19-entendendo-porque-perdemos.html

A pandemia da CoViD-19 se alastra por números impressionantes porque o vírus é invisível, os sintomas são leves ou imperceptíveis e a letalidade é baixa. Ele é como um político espertalhão: parece inofensivo! É justamente por isso que a transmissão se acelera e o número de mortes cresce terrivelmente.

Pobre povo brasileiro. Com um péssimo sistema educacional, desperdiça a vida. Aqui, nos dividimos demais. Não conseguimos nos unir nem nos objetivos comuns fundamentais. 

A quantidade de pessoas infectadas cresce. A equação matemática que se aplica ao caso é exponencial. A palavra 'exponencial' significa descomunal, excepcional, no caso, terrível! É isso mesmo!

Nesta guerra, morrem 
atualmente mais de 1000 brasileiros por dia e mais de 17.000 "feridos" chegam aos hospitais a cada dia! Estes números aumentam dia após dia. 

Muitos se recuperam da doença, mas ficam com sequelas variadas que diminuem a expectativa de vida deles. 

Agora, vou mostrar aqui, o tamanho da tragédia. Para isto preparei alguns gráficos. 

O primeiro mostra a evolução da CoViD-19. No dia 26 de fevereiro surgiu o primeiro caso da doença. Hoje já temos 271.255 casos oficialmente confirmados. Vejam que, o crescimento do número de infectados é tão grande que, para que os valores possam ser identificados num gráfico, foi preciso usar um escala logarítmica.



Número total de casos confirmados



A curva acima é logarítmica. Se a escala fosse a natural  (não logarítmica), a curva inteira teria a forma de um "S". Por isso, ela é chamada de curva sigmoide (em forma de sigma, que é o nome da letra "S" em grego). No entanto, os dados do gráfico acima estão apenas o comecinho do "S". 

No gráfico abaixo, ⬇️, os dados (pontinhos vermelhos), são os mesmos da figura anterior, mas estão todos apenas bem no comecinho da curva, ou seja, estão na parte inferior do "S". Isto significa que ainda teremos muito sofrimento, muitas infecções e mortes pela frente!

O pequeno retângulo azul, entre os dias 6 de março e 25 de maio, contém os mesmos dados da figura anterior, só que agora a escala do eixo vertical não é logarítmica. Os dados contidos neste pequeno retângulo representam o crescimento do número de casos oficialmente confirmados da doença. São, portanto, os dados já conhecidos. Os demais pontos da curva representam o futuro. Foram calculados por meio da equação exponencial impressa no gráfico (em letras pretas na parte de cima).




Os dados mostram que nem chegamos a 1/4 da altura da curva. Na metade da altura da curva, fica o ponto de inflexão. É quando a curva que subia dobrando para a esquerda, passa a subir dobrando para a direita (o que forma o "S"). Neste ponto, teremos a maior quantidade de doentes da CoViD-19 chegando ao Sistema de Saúde, a cada dia, precisando de internação. Este Sistema estará colapsado, sobrecarregado, em quase todo o país, sem capacidade de atender ninguém, nem mesmo pacientes de outras doenças ou qualquer outra emergência. E grande parte do nosso povo... pobre povo!... continuará alienado! O próprio Presidente da República continuará ignorando solenemente a pandemia! 

Quando chegarmos neste ponto, lá pelo dia, 16/06 (em torno disso) teremos em total de 
1.250.000 casos oficialmente confirmados e 45.000 (por aí) doentes novos por dia precisando de atendimento no Sistema de Saúde. Cada doente fica hospitalizado por 10 a 20 dias. Este sistema vai colapsar bem antes. 

Daqui a uma semana já estaremos chegando a quase 30.000 novos doentes por dia no Brasil. 

Depois de passarmos pelo ponto de inflexão, a sobrecarga (maior que 30.000 novos casos) persistirá até o fim da primeira semana de julho. Só então o Sistema de Saúde começará a sentir um alívio.

Isto tudo se não agravarmos a curva da doença e se não houver novas ondas de contaminação.

Esclareço que os números e as datas que estou apresentando decorrem da equação exponencial (da logística padrão) citada. Esta equação pode variar com o tempo, para pior ou para melhor, conforme aumenta o número de dados oficiais e conforme muda o comportamento do povo com relação a "imobilização e o distanciamento social". É por isto que todo o cálculo será refeito todas as semanas. 

A próxima figura, novamente em escala logarítmica, mostra a curva de desenvolvimento da CoViD-19 nos quatro piores países do mundo, quanto à capacidade de enfrentar esta guerra sanitária. Em número de casos oficialmente confirmados, estes países são: EUA, Rússia, Brasil e Espanha (nesta ordem).

Vejam a figura. Brasil e Rússia já ultrapassaram a Espanha (há 5 dias).




A próxima figura, ainda em escala logarítmica, mostra as curvas destes mesmos países, só que agora o eixo vertical representa os novos casos confirmados a cada dia. Este gráfico (abaixo) mostra que todos os países já passaram pelo ponto de inflexão da curva, exceto o Brasil. No nosso país, o número de casos diários continua aumentando e tudo indica que vamos chegar perto da tragédia dos EUA, ou mesmo ultrapassá-la! Temos grande chance de subir ao pódio da morbidade.



Para conter a CoViD-19, os brasileiros teriam que mudar de comportamento urgentemente. Teriam que se decidir pela quarentena! Mas isto é impossível. A maioria dos brasileiros nem entendeu ainda a gravidade do problema. Não perceberam que estamos em guerra! Não perceberam que muitos cidadãos brasileiros estão morrendo. Não entenderam que poderíamos reduzir o número de mortes. Bastaria que todos ajudassem!

Estamos enfrentando duas crises terríveis: uma pandemia e um pandemônio.

A primeira é a guerra contra um exército poderoso de seres não humanos, que são muito eficazes e dissimulam suas táticas. Os soldados invasores são criaturas 140 bilhões vezes menores que nós. Portanto, não podemos vê-los. Este exército ataca os seres humanos de todo o planeta!

O pandemônio é ainda mais grave. Decorre de um governo militarista, arrogante, surreal, comandado por um capitão, que foi expulso do Exército. Ele colocou generais e coronéis no Ministério da Saúde. Sabe-se lá por quê! Para combater o exército viral? Não! Este inimigo não pode ser combatido com o armamento e as táticas que os militares conhecem! Não é uma guerra para generais! Soma-se a isso o comportamento político e público deplorável do ex Capitão.

Quase todos os países do mundo estão enfrentando o exército invasor com as melhores estratégias que dispomos. Já o Brasil, está completamente atônito. O Capitão não comanda. Ele pensa em tudo como sendo uma guerra, mas na guerra de verdade, que ocorre agora, ele não assume seu posto e age como se fosse aliado do inimigo.

O fato é que o Brasil não opôs resistência ao avanço da CoVid-19. O ministro Mandetta bem que tentou, mas o ex Capitão não aceitou que ele liderasse a guerra e o demitiu. Considerou que isto era ato de insubordinação!

Seria tão fácil vencer está guerra! Apenas 15 dias de quarentena bem feita!

Brasileiros, unidos, não seriam vencidos!


Nota: para ter mais detalhes sobre a pandemia e sobre os gráficos, continue lendo aqui: 
Em que ponto estamos da pandemia?


O Flutista de Hamelin brasileiro
Lotti - GaúchaZH

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