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segunda-feira, 11 de maio de 2020

Os três piores países no combate a CoViD-19

Por Almir M. Quites


Desde março deste ano, anoto diariamente os dados referentes aos novos casos oficialmente confirmados da CoViD-19. Assim, diariamente posso usar a matemática para calcular os parâmetros da equação que melhor representa a curva. 

Depois de obter esta equação, posso determinar o ponto de inflexão da curva e também o início do patamar (pelo número de casos e o respectivo dia do mês). Posso calcular o número de casos da doença em qualquer dia do futuro. A cada 3, 4 ou 5 dias faço uma publicação no blogue onde comento os resultados obtidos. 

Na medida em que os dias transcorrem, o número de dados disponíveis aumenta e os parâmetros da equação mudam. Eu esperava que estes parâmetros fossem se estabilizando na medida que o tempo passasse. No entanto, o que está ocorrendo é que cada vez mudam mais. Isto significa que ainda não chegamos ao ponto de inflexão ou seja, a epidemia ainda acelera. Notem, não me refiro ao número de novos casos, mas sim aos parâmetros da equação. 

Uma coisa que me impressiona é que a previsão do número máximo de casos tem aumentado muito. Por exemplo, no dia 4 de maio, a matemática mostrava que o patamar da curva seria alcançado no dia 04/05 e seria de 221.000 casos confirmados. Dois dias depois, no dia 06/05 os números indicaram que o Brasil ultrapassaria a Itália e o patamar seria de 300.000 casos confirmados. No dia de ontem, dia 10/04, me surpreendi! Verifiquei que o Brasil já tinha ultrapassado a Itália (em número de casos confirmados), que já empatou com o Reino Unido e que em uma semana alcançaremos a Espanha. 

A projeção indica um patamar maior que 800.000 casos. O patamar previsto os EUA é de, pelo menos, 1.200.000 casos. O da Rússia deve ser de 1.000.000, pelos dados atuais. As previsões que se pode fazer para a o Brasil e a Rússia podem estar muito subestimados, porque a taxa de crescimento do número de casos nestes dois países são os maiores do mundo. Com a chegada de novos dados nos próximos dias, os valores hoje previstos vão se alterar

O fato é que  a CoViD-19 evolui muito rápido. Como ainda não dá para ter uma noção sobre a sua duração no Brasil, é muito provável que estejamos ainda num estágio muito inicial. Isto significaria termos ainda muito pouco dados. Então, a previsão atual provavelmente subestima o pico da curva. Se for assim, nos próximos dias, quando fizermos novas projeções para o futuro, o pico da curva e o ponto de inflexão estarão em valores mais altos e mais distantes no tempo. É por isso que a previsão precisa ser refeita a todos os dias.   

Hoje, só a Rússia e os EUA nos superam neste campeonato de "gols contra". Os EUA já tem mais de 1.000.000 casos oficialmente confirmados. A Rússia tem cerca de 200.000 casos. O Brasil, 156.000 casos oficiais. A taxa de crescimento do número de casos no Brasil é de 61% por semana; 60% na Rússia; e 16% nos EUA. Logo, nos EUA o contágio da doença está muito mais controlado. Brasil e Rússia são os países do mundo em que a taxa de crescimento é maior. 

Veja o gráfico que compara a evolução da CoViD-19 no Brasil com a da Rússia e dos EUA. Abaixo 👇 


A escalada da CoViD-19 no Brasil é uma vergonha! Nossos marcos ficam velhos imediatamente depois de atingidos. No sábado passado atingimos a marca de 10.000 mortes. O Congresso e o Judiciário declararam luto nacional pelas mortes. No dia seguinte já tínhamos ultrapassado as 11.100 morteso que equivale à aniquilização total dos habitantes dos 2500 menores municípios do Brasil. 

O pior é que os números reais são bem piores que os dados oficiais. As previsões que se pode fazer estão sujeitas a uma dificuldade que a matemática não pode contornar: é a subnotificação da doença. O Brasil testou cerca de 0,16% da população, muito abaixo dos 2,0% realizados nos EUA até agora é também abaixo dos 1,5% da Rússia. Logo, os números precisam ser entendidos apenas como uma tendência embaciada pelas circunstâncias. Valem as tendências, mas o número real deve ser bem maior! 

Precisávamos abaixar o pico da curva derivada, ou seja da curva do número de casos confirmados por dia ao longo do tempo. O que queríamos era fazer a montanha diária de coronavírus passar por baixo da nossa capacidade limite de atendimento no Sistema Nacional de Saúde. Não dá mais! Agora, o mal já está feito, só podemos amenizá-lo e reduzir a probabilidade de termos, no final do ano ou no ano que vem, uma segunda onda da CoViD-19. Também para isso, o povo precisaria estar muito mais consciente do que está acontecendo. 

Grande parte da população não compreende o problema enquanto não o vê bem perto de si. Os brasileiros não souberam trabalhar unidos para achatar suficientemente a curva da pandemia. Agora, o Sistema de Saúde nacional já está sobrecarregado. 😪 

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