Por Almir M. Quites
Não há como não lembrar agora do seguinte texto poético:
Desde a Proclamação Proclamação da República foram muito poucos os a períodos em que tivemos um pouco de democracia. A culpa disso também é nossa!
Parece-me que, desde 1889, nunca deixou de existir dentro dos quarteis a crença nas chamadas "lendas de caserna", pelas quais os militares seriam superiores aos civis, que caberia a eles tutelar o governo e que a democracia seria nada mais que uma concessão dos militares. Lendas tolas e perigosas!
Na campanha eleitoral de 2018, já me espantava o fato de um candidato à Presidência da República, no caso Jair Bolsonaro, declarar-se abertamente favorável a um Golpe Militar. Por isto, sua candidatura nem poderia ter sido aceita! No entanto, o Estado brasileiro não reagiu prontamente contra isso. A apologia ao crime foi tolerada!
O próprio candidato a vice-Presidente, General Mourão, era um golpista conhecido. Quando foi passado para a reserva, por indisciplina, ele já defendia o golpe militar publicamente. Na época, a sua destituição da Secretaria de Economia e Finanças do Exército foi associada ao teor de suas declarações durante palestras que ministrava em Clubes do Exército em todo o país, embora a assessoria do Exército Brasileiro não tenha informado oficialmente o real motivo para a destituição do general. Depois, já como candidato a vice-Presidente, no programa da TV Globo (Central das Eleições) ele voltou a mencionar a possibilidade de um auto golpe, tal como fizera Hugo Chávez na Venezuela. Ninguém reagiu a isto!
Via-se, no Facebook, que havia grupos organizados, chamados MIM (Movimento Intervenção Militar), em todos os Estados brasileiros. Faziam campanhas em prol de uma intervenção militar "constitucional" no Governo Federal. Sim, ainda diziam, como no período pré-64, que seria uma "intervenção constitucional", como se isto pudesse existir legalmente. Estes grupos faziam apologia ao crime, mas ficaram impunes. O Estado não reagiu! Os cidadãos não reagiram.
Os militares de hoje parecem ansiosos para, mais uma vez, incendiar o país, assim criando condições para rasgarem a Constituição vigente. O próprio presidente, criançola e inconsequente, presta-se ao papel de "agitador". O pior é que claramente este grupo golpista do governo federal tem apoio dos fundamentslistas agrupados na Direita Alternativa norte-americana.
O que o Presidente Jair Bolsonaro sequer suspeita é que, havendo um golpe militar, ele próprio será o primeiro a ser defenestrado.
Como podem, refiro-me aos políticos e ao povo, acreditar ou fingir acreditar quando os golpistas negam estas intenções quando fatos evidentes estão pululando e expondo claramente as reais intenções? Acreditaram, por exemplo, que a presença de generais no Planalto serviria para conter os rompantes infantilizados do ex capitão presidente! Como acreditar que eles agora seriam o novo Poder Moderador (como disse o ministro General Augusto Heleno), depois de terem sustentado uma cruel ditadura por 22 anos?!
Recentemente, este mesmo General Heleno, sem perceber que estava sendo filmado, defendeu o enfrentamento com o Legislativo, com estas palavras: “Nós não podemos aceitar esses caras chantagearem a gente o tempo todo. Foda-se!” Palavras nada republicanas, palavras vis!
Este é outro general vulgar. Cheio de pompa por fora, mas intelectualmente muito fraco. Mostra-se um simples radical, num país já enlouquecido pelas propagandas "viralizadas" por robôs das redes sociais!
No passado recente, o General pôs em dúvida a existência da Emergência Climática (aquecimento global). Disse que "os cientistas podem voltar a trás, como já fizeram muitas vezes, inclusive sobre a Terra ser redonda"! Como interpretar isto?
Não precisa ser cientista para saber que a Terra é redonda, basta saber que, enquanto em algumas partes do mundo é dia, em outras, é noite. Se a Terra fosse plana isto não poderia acontecer! Rodear o polo sul seria a maior circunavegação do planeta! Se, não é, a Terra não é plana, nem é um disco de face convexa (forma lenticular).
Além disso, o general acredita que o Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, tem o direito de duvidar da Ciência e pautar a política externa brasileira conforme as suas convicções pessoais! Nem mesmo o Congresso interessa?
Veja você mesmo:
O general revela que nem sabe o que é Ciência. A verdade científica não depende da autoridade, do renome do cientista ou de maioria. Renomado cientista, para ele, deve ser gente como o astrólogo Olavo de Carvalho.
Nesta entrevista, o general contestava os dados do IMPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) sobre o desmatamento. Algo ridículo! Afinal o mundo todo pode observar o solo da Amazônia bem de perto, até mesmo por um simples aparelho celular!
Avaliar a validade da ciência era comportamento típico dos déspotas não esclarecidos do período pré-iluminismo. Não compete a um governo decidir se acredita ou não em teorias científicas. Nenhum governo pode revogar a "Lei da Gravidade Universal". Não se trata de questão de crença, mas de fatos comprovados por uma comunidade de especialistas. Quando é para cuidar de si mesmos, os políticos sabem disso, tanto é que imediatamente recorrem ao Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, o mais bem aparelhado do Brasil.
O General também alardeou seu baixo nível ao insultar o presidente da França e dua esposa. Fez o mesmo quando insultou ex-presidentes do Brasil, inclusive o Fernando Henrique Cardoso, que, com sua equipe, salvou o Brasil da tenebrosa hiperinflação.
E os fatos continuam pululando, fervendo, e os cidadãos, com a consciência doente ou já sem consciência, com a inteligência moribunda ou acorrentada pelo fanatismo, continuam tolerando, tolerando até ficarem inertes, entregues, como se nada tivesse acontecido, a não ser o fato de terem perdido a cidadania e a sua Pátria!
A ausência de um pingo de cultura nos governantes de um país é escandalosa! Vivemos num país em que muitos analfabetos funcionais têm diploma universitário! 😥
Não há possibilidade de uma retomada econômica, quando o próprio Presidente cria e atiça o clima de instabilidade política, visando criar pretextos para um golpe militar. Os fracassos do governo nas áreas fundamentais, como a educação, meio ambiente, relações externas etc. é resultado de ações do próprio governo e decorrem diretamente da incompetência dos titulares escolhidos por ele, estes só dispostos a radicalizar ideologicamente por não serem capazes de administrar.
E viva o Carnaval!
Para terminar, volto à prosa poética com a qual iniciei esta publicação.
➡️ Nota: prosa poética de Eduardo Alves da Costa, em 'Os Cem Melhores Poetas Brasileiros do Século', organizado por José Nêumanne Pinto, pag. 218.
𝓐𝓵𝓶𝓲𝓻 𝓠𝓾𝓲𝓽𝓮𝓼
Onde impera a mediocridade, um presidente sincero já seria um luxo. |
Não há como não lembrar agora do seguinte texto poético:
"Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão e não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho e nossa casa, rouba-nos a luz e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada".
Desde a Proclamação Proclamação da República foram muito poucos os a períodos em que tivemos um pouco de democracia. A culpa disso também é nossa!
Parece-me que, desde 1889, nunca deixou de existir dentro dos quarteis a crença nas chamadas "lendas de caserna", pelas quais os militares seriam superiores aos civis, que caberia a eles tutelar o governo e que a democracia seria nada mais que uma concessão dos militares. Lendas tolas e perigosas!
Na campanha eleitoral de 2018, já me espantava o fato de um candidato à Presidência da República, no caso Jair Bolsonaro, declarar-se abertamente favorável a um Golpe Militar. Por isto, sua candidatura nem poderia ter sido aceita! No entanto, o Estado brasileiro não reagiu prontamente contra isso. A apologia ao crime foi tolerada!
O próprio candidato a vice-Presidente, General Mourão, era um golpista conhecido. Quando foi passado para a reserva, por indisciplina, ele já defendia o golpe militar publicamente. Na época, a sua destituição da Secretaria de Economia e Finanças do Exército foi associada ao teor de suas declarações durante palestras que ministrava em Clubes do Exército em todo o país, embora a assessoria do Exército Brasileiro não tenha informado oficialmente o real motivo para a destituição do general. Depois, já como candidato a vice-Presidente, no programa da TV Globo (Central das Eleições) ele voltou a mencionar a possibilidade de um auto golpe, tal como fizera Hugo Chávez na Venezuela. Ninguém reagiu a isto!
Via-se, no Facebook, que havia grupos organizados, chamados MIM (Movimento Intervenção Militar), em todos os Estados brasileiros. Faziam campanhas em prol de uma intervenção militar "constitucional" no Governo Federal. Sim, ainda diziam, como no período pré-64, que seria uma "intervenção constitucional", como se isto pudesse existir legalmente. Estes grupos faziam apologia ao crime, mas ficaram impunes. O Estado não reagiu! Os cidadãos não reagiram.
Os militares de hoje parecem ansiosos para, mais uma vez, incendiar o país, assim criando condições para rasgarem a Constituição vigente. O próprio presidente, criançola e inconsequente, presta-se ao papel de "agitador". O pior é que claramente este grupo golpista do governo federal tem apoio dos fundamentslistas agrupados na Direita Alternativa norte-americana.
O que o Presidente Jair Bolsonaro sequer suspeita é que, havendo um golpe militar, ele próprio será o primeiro a ser defenestrado.
Como podem, refiro-me aos políticos e ao povo, acreditar ou fingir acreditar quando os golpistas negam estas intenções quando fatos evidentes estão pululando e expondo claramente as reais intenções? Acreditaram, por exemplo, que a presença de generais no Planalto serviria para conter os rompantes infantilizados do ex capitão presidente! Como acreditar que eles agora seriam o novo Poder Moderador (como disse o ministro General Augusto Heleno), depois de terem sustentado uma cruel ditadura por 22 anos?!
Recentemente, este mesmo General Heleno, sem perceber que estava sendo filmado, defendeu o enfrentamento com o Legislativo, com estas palavras: “Nós não podemos aceitar esses caras chantagearem a gente o tempo todo. Foda-se!” Palavras nada republicanas, palavras vis!
Este é outro general vulgar. Cheio de pompa por fora, mas intelectualmente muito fraco. Mostra-se um simples radical, num país já enlouquecido pelas propagandas "viralizadas" por robôs das redes sociais!
No passado recente, o General pôs em dúvida a existência da Emergência Climática (aquecimento global). Disse que "os cientistas podem voltar a trás, como já fizeram muitas vezes, inclusive sobre a Terra ser redonda"! Como interpretar isto?
Não precisa ser cientista para saber que a Terra é redonda, basta saber que, enquanto em algumas partes do mundo é dia, em outras, é noite. Se a Terra fosse plana isto não poderia acontecer! Rodear o polo sul seria a maior circunavegação do planeta! Se, não é, a Terra não é plana, nem é um disco de face convexa (forma lenticular).
Além disso, o general acredita que o Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, tem o direito de duvidar da Ciência e pautar a política externa brasileira conforme as suas convicções pessoais! Nem mesmo o Congresso interessa?
Veja você mesmo:
Entrevista com general Augusto Heleno
Parte 2 (18/11/18) | Poder em Foco
https://youtu.be/w4txPZCzUlE
O general revela que nem sabe o que é Ciência. A verdade científica não depende da autoridade, do renome do cientista ou de maioria. Renomado cientista, para ele, deve ser gente como o astrólogo Olavo de Carvalho.
Nesta entrevista, o general contestava os dados do IMPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) sobre o desmatamento. Algo ridículo! Afinal o mundo todo pode observar o solo da Amazônia bem de perto, até mesmo por um simples aparelho celular!
Avaliar a validade da ciência era comportamento típico dos déspotas não esclarecidos do período pré-iluminismo. Não compete a um governo decidir se acredita ou não em teorias científicas. Nenhum governo pode revogar a "Lei da Gravidade Universal". Não se trata de questão de crença, mas de fatos comprovados por uma comunidade de especialistas. Quando é para cuidar de si mesmos, os políticos sabem disso, tanto é que imediatamente recorrem ao Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, o mais bem aparelhado do Brasil.
O General também alardeou seu baixo nível ao insultar o presidente da França e dua esposa. Fez o mesmo quando insultou ex-presidentes do Brasil, inclusive o Fernando Henrique Cardoso, que, com sua equipe, salvou o Brasil da tenebrosa hiperinflação.
E os fatos continuam pululando, fervendo, e os cidadãos, com a consciência doente ou já sem consciência, com a inteligência moribunda ou acorrentada pelo fanatismo, continuam tolerando, tolerando até ficarem inertes, entregues, como se nada tivesse acontecido, a não ser o fato de terem perdido a cidadania e a sua Pátria!
A ausência de um pingo de cultura nos governantes de um país é escandalosa! Vivemos num país em que muitos analfabetos funcionais têm diploma universitário! 😥
Não há possibilidade de uma retomada econômica, quando o próprio Presidente cria e atiça o clima de instabilidade política, visando criar pretextos para um golpe militar. Os fracassos do governo nas áreas fundamentais, como a educação, meio ambiente, relações externas etc. é resultado de ações do próprio governo e decorrem diretamente da incompetência dos titulares escolhidos por ele, estes só dispostos a radicalizar ideologicamente por não serem capazes de administrar.
E viva o Carnaval!
Para terminar, volto à prosa poética com a qual iniciei esta publicação.
"Nos dias que correm, a ninguém é dado repousar a cabeça alheia ao terror. Os humildes baixam a cerviz e nós, que não temos pacto algum com os senhores do mundo, por temor, nos calamos.
No silêncio de meu quarto, a ousadia me afogueia as faces e eu fantasio um levante; mas amanhã, diante do juiz, talvez meus lábios calem a verdade como um foco de germes capaz de me destruir.
Olho ao redor e o que vejo e acabo por repetir são mentiras. Mal sabe a criança dizer mãe e a propaganda lhe destrói a consciência. A mim, quase me arrastam pela gola do paletó à porta do templo e me pedem que aguarde até que a Democracia se digne aparecer no balcão. Mas eu sei, porque não estou amedrontado a ponto de cegar, que ela tem uma espada a lhe espetar as costelas e o riso que nos mostra é uma tênue cortina lançada sobre os arsenais.
Vamos ao campo e não os vemos ao nosso lado, no plantio. Mas, no tempo da colheita, lá estão e acabam por nos roubar até o último grão de trigo. Dizem-nos que de nós emana o poder, mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso defender nossos lares, mas se nos rebelamos contra a opressão é sobre nós que marcham os soldados.
E por temor eu me calo. Por temor, aceito a condição de falso democrata e rotulo meus gestos com a palavra liberdade, procurando, num sorriso, esconder minha dor diante de meus superiores. Mas dentro de mim, com a potência de um milhão de vozes, o coração grita: - MENTIRA!
➡️ Nota: prosa poética de Eduardo Alves da Costa, em 'Os Cem Melhores Poetas Brasileiros do Século', organizado por José Nêumanne Pinto, pag. 218.
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