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sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Triste debate eleitoral

Por Almir M. Quites



Assisti ontem, 09/08/3018, na TV Bandeirantes, o debate entre oito dos 13 candidatos ao cargo de Presidente do Brasil. O que vi foi um espetáculo deprimente.

Todos os candidatos se apresentaram como se fossem simples eleitores que comentam a crise brasileira sem maiores responsabilidades, mas todos garantem que, como presidente, vão gerar muito emprego e renda, vão tirar o Brasil da crise e tornar todo o povo muito mais feliz.

Nenhum deles foi capaz de abordar questões sistêmicas,  funcionais e estruturais. Todos só prometeram dirigir, de modo supostamente mais habilidoso, a mesma máquina já obsoleta do Estado braseiro. Apenas dois deles citaram uma reforma política, mas foi "en passant", sem explicar por que e como! Apenas os candidatos Álvaro Dias e Geraldo Alckmin teriam competência para tão relevante cargo, mas isto não é suficiente.

A diferença cultural entre os candidatos é muito grande. Os dois ou três de mais erudição ficaram sem ter como debater com os demais, sem poder fugir daquela mesmice. Os de conhecimentos intermediários ficaram tentando parecer eruditos ou parecer mais espertos. Os de menor erudição apelavam para arroubos emocionais e jogavam números referentes à economia para impressionar o eleitorado, mas amiúde os números ficavam fora de contexto e algumas vezes eram errados. 

O cabo e pastor evangélico Benevenuto Daciolo Fonseca dos Santos (do corpo de bombeiros e do PEN-RJ), além de se considerar com missão divina (mais um enviado de Deus, como se diz Bolsonaro), foi o autor da gafe mais impressionante ao citar que “o Brasil tem 400 bilhões de sonegadores”. Além disso, chegou a afirmar que a URSAL (União das Repúblicas Socialistas da América Latina, um sonho bolivariano do Foro de São Paulo, popularizado como uma grande conspiração mundial, há mais de uma década, por Olavo de Carvalho) era obra da "Nova Ordem Mundial" (outro mito, este muito mais antigo, que sempre volta à tona com atualização da estória). Sobre isto, Ciro Gomes (a quem Daciolo se dirigia), contendo o riso, simplesmente comentou : "a democracia é deliciosa, mas tem seus custos"!

Em diferentes graus, todos os candidatos exibiram egolatria e presunção, com seus "eus" e "seus governos", como se um presidente e sua equipe fossem determinantes de todo o sucesso de uma nação!

O Brasil agoniza e os brasileiros cultos e competentes não encontram espaço na política. Estão longe, repelidos por ela. Então, restam esses candidatos! 

Precisamos de uma profunda reforma política para que brasileiros de nível elevado possam ter espaço, sem que tenham que se submeter a caciques, gurus, demagogos, acordos intra e inter partidários, muitas vezes espúrios, etc., submetendo-se apenas às leis e ao povo. 

Precisamos de uma reforma eleitoral para que os poderes políticos e os recursos financeiros não possam determinar o resultado eleitoral.

Claro que precisamos acabar com a apuração eleitoral secreta e não auditável, feita por softwares escritos e modificados por técnicos do Tribunal Superior Eleitoral (a junta apuradora está dentro do TSE). 

Precisamos mudar a estrutura e as funções do TSE, que não pode ter poderes executivos nas eleições e, ao mesmo tempo, legislativos e judiciários. Além disso, precisamos separar o TSE de seu irmão siamês, o Superior Tribunal Federal (STF). Este acúmulo de poderes leva a impunidades e a fraudes.

Precisamos alterar o STF, que não deve acumular as funções de Corte Constitucional e de Corte de Apelação, além de mudar a composição, a forma de nomeação e o mandato dos ministros do STF, do TSE e do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Questões como estas, não foram debatidas ontem. Há muitas outras questões tão cruciais quanto estas, mas o debate permaneceu superficial. Pelo menos metade dos dos candidatos deste debate não poderiam discutir este tipo de questões por total desconhecimento. Diriam bobagens e levariam o debate para baixo.

Todos, até os jornalistas, partem da premissa de que tudo está perfeito, que basta escolher um novo dirigente para substituir o atual presidente, como se um presidente fosse um simples comandante com poderes absolutos sobre a tropa.

São tantos e tão grandes os problemas brasileiros que será necessária uma nova Carta Magna, mas que seja elaborada por uma Assembléia Constituinte exclusiva, absolutamente independente dos partidos políticos. A Constituição de 1988 foi feita por políticos e sob medida para os políticos. Deu nisso, uma Constituição anti cidadã.

Debates, como este, não pretendo assistir mais! 

Têm razão aqueles que preferem se abster, votar em branco, votar nulo ou outro tipo de protesto. 

Eu vou lá, na cabine eleitoral, só para fazer 


𝓐𝓵𝓶𝓲𝓻 𝓠𝓾𝓲𝓽𝓮𝓼
A. Quites

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