Por Almir M. Quites
Constrangedor!
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"VACINADA, porque minha mãe deixa a pesquisa para os profissionais" |
Quem quer ser contra uma vacina torce os neurônios até sair uma bobagem qualquer que o satisfaça!
Nas redes sociais, "negacionistas" divulgam bobagens e a grande maioria das pessoas acredita sem perceber que quem as repete não entende do assunto. Rede social é como conversa de botequim de antigamente. Não se deve levar a sério!
É errado tentar desqualificar a vacina do Instituto Butantan (a Coronavac) com base apenas na sua eficácia global.
Vou tentar explicar este caso que virou a polêmica da vez! Procure entender o assunto antes de acusar ou defender. Um país não evolui quando seu povo se alimenta de mentiras. Povo iludido é povo vencido!
Todas as vacinas que superam a fase 3 dos testes protocolares são boas! Estes testes são acompanhados e revisados por cientistas de agências internacionais. Um dos requisitos para aprovação, não o único, é que a eficácia global seja igual ou superior a 50%, conforme estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e adotado pela Anvisa.
É claro que todas as vacinas têm efeitos diferentes, o que é desejável!
Antes de prosseguir, preciso explicar que, na linguagen comum, as palavras 'eficácia' e 'eficiência' são entendidas como sinônimos, mas estes termos têm significados diferentes no meio científico.
Eficácia é a capacidade de alcançar um determinado objetivo, é a percentagem de sucesso na produção de um efeito desejado. É óbvio que este efeito precisa ser bem definido e detectável por meios objetivos.
Eficiência é a relação entre os insumos utilizados e os resultados finais. É um rendimento, é a relação entre o quanto foi necessário utilizar e o quanto se obteve como resultado satisfatório. Em outas palavras, é a relação entre a saída e as entradas de qualquer sistema.
No caso das vacinas, medem-se diferentes eficácias e eficiências.
Existem vários tipos de eficácias de interesse. O que tem sido chamado de eficácia global é a medida do sucesso em evitar a doença, não importando a sua severidade, o seu grau. A eficácia global da vacina é medida, no mundo da pesquisa científica (mundo da experimentação), pela percentagem de redução da incidência da doença em um grupo vacinado em comparação com um grupo similar (de igual natureza e tamanho) não vacinado (grupo do placebo), em condições de controle e de ótimas condições de testagem (por exemplo, PCR, reação em cadeia da polimerase).
É esta eficácia que, para a vacina do Butantan testada no Brasil, resultou ser de 50,38%. Este é um valor perfeitamente aceitável, desde que as demais eficácias e eficiências sejam todas superiores a esta. É o que acontece com a vacina Coronavac (a do Butantan). Por exemplo, a vacina do H1N1, usada com sucesso no mundo todo (inclusive no Brasil), em 10 anos de aplicação nas populações, nunca superou os 50% de eficácia global.
Ressalto que a eficácia global da Coronavac, apontada acima (50,38%), foi obtida em condições de teste. As vacinas são testadas nas condições mais rigorosas possíveis. No caso da Coronavac, o grupo de teste do Brasil foi o pessoal da área da saúde que trabalha no "front" da guerra contra a CoViD-19, portanto sujeito à alta carga viral. Logo, é de se esperar que, na vacinação real, na população, esta eficácia seja maior! Na Indonésia, no sudoeste asiático, os testes clínicos protocolates desta mesma vacina (na fase 3), indicaram uma taxa de eficácia global de 65,3%.
Também se faz medidas de eficiência ("effectiveness"), geralmente concernentes a diferentes estágios da doença e/ou outros efeitos de interesse no “mundo real", tal como, evolução para estágios que exigem apenas os chamados "cuidados primários". Neste caso, a eficiência é a relação entre o número total 'dos vacinados que adoeceram e não passaram para além do estágio dos cuidados primários' e o número total 'dos vacinados que adoeceram'.
Também se mede a eficiência para a evolução para estágios clinicamente severos, que exijam acompanhamento médico permanente; evolução para eventos adversos específicos e relevantes; evolução para óbito, etc.
Estas outras eficiências, no caso da vacina do Instituto Butantan (Coronavac), são muito altas. A eficiência para evitar óbitos e casos muito graves, por exemplo, é de 100%. A eficiência para evitar casos que exijam acompanhamento médico constante foi de 78%.
Espero ter explicado, mas sei que os fanáticos bolsonaristas se negarão a entender. Vão continuar torcendo os neurônios! Fanatismo é doença mental grave!
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