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sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Perigoso STF

Por Almir M. Quites
STF entra na roda!
Neste ano, pudemos confirmar, mais uma vez, o quanto o STF é confuso e incapaz de cumprir a sua função de guardião da coerência legislativa e do fiel cumprimento da Constituição Federal. Pode-se considerá-lo perigoso como Corte Constitucional do país. 

No julgamento do STF sobre a prisão em segunda instância (7/11), durante o confuso voto de Dias Toffoli (que contou com apoio de Gilmar Mendes, Marcos Aurélio Mello e Ricardo Lewandowski), o que mais se viu foi auto-elogios e "cuidados" com interesses pessoais. O assunto principal foi a suposta estatística de desempenho do Supremo, com elogios à atuação do próprio tribunal, para tentar mostrar o quanto se preocupa com o combate à impunidade. O presidente do STF contou "causos" que nada tinham a ver com o objeto da sessão. 

Foi um vexame! No entanto, serviu para mostrar o agastamento de Toffoli e Gilmar em relação à Receita Federal. Toffoli e Gilmar discursavam em causa própria! Os dois, com suas esposas advogadas, vinham sendo investigados pela Receita até o dia 16 de julho, quando o próprio presidente do Supremo baixou aquela medida monocrática, autocrática, em pleno recesso judiciário, para impedir a apuração.

Naquela data, atendendo ao pedido da defesa do senador Flávio Bolsonaro (PLS-RJ), Toffoli baixou a medida que suspendeu todos os inquéritos e processos com base em relatórios do antigo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), da Receita Federal e do Banco Central, assim blindando os investigados da ação dos investigadores. 

O objetivo era, não apenas blindar as famílias Toffoli e Mendes, mas também a impunidade das "rachadinhas" de Flávio Bolsonaro, filho do atual Presidente da República, e do seu ex-assessor Fabrício Queiroz, além dos atos de corrupção das mais diversas origens. Outro beneficiado foi o vereador Carlos Bolsonaro, o outro filho do Presidente, que já foi flagrado com funcionários-fantasmas em seu gabinete na Câmara do Rio. Esses falsos empregados pertencem a família da segunda mulher de Jair Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle. 

O mais burlesco, no entanto, foi o final, quando os ministros do Supremo ficaram em dúvida sobre o que mesmo eles haviam julgado! 

O relator da Lava Jato, Edson Fachin, apontou que não houve maioria sobre o cumprimento da prisão após trânsito em julgado, porque o voto de Rosa Weber ficara em aberto. Uma confusão foi rapidamente estabelecida porque não se sabia o que fora aprovado no tribunal. Então, o ministro Luiz Fux lembrou ao plenário a existência de lei que regula a independência do juiz, o que demonstrava que o julgamento, até então, tinha sido inútil. Bruscamente, o presidente Dias Toffoli interrompeu a sessão!

Como presidente, Toffoli ainda anunciou que tinham sido aprovadas as três ações dizendo que o artigo 383 do Código de Processo Penal era constitucional, por seis votos a favor. Mas registrou que, em relação ao cumprimento da pena após trânsito em julgado, houve um voto contra, de Fachin, e cinco outros (de Rosa, Fux, Moraes, Barroso e Cármen Lúcia) também com opinião diversa. Ninguém entendeu nada, até mesmo porque são 11 ministros.

E tudo continua confuso. Espera-se, agora, que o Congresso arrume esta confusão emendando a Constituição (PEC) ou por meio de uma nova Lei (PL).

A decepção não é de hoje. Leia aqui:
O DECEPCIONANTE STF
https://almirquites.blogspot.com/2019/04/decepcionante-stf.html


O Brasil está catatônico, afogado na insegurança jurídica. 

Já faz muitos anos que o STF dança na roda da política. 

Veja também este artigo que publiquei em 2013:
O STF E SUA VERGONHOSA DECISÃO
https://almirquites.blogspot.com/2013/12/o-stf-e-sua-vergonhosa-decisao.html


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