Almir Quites - 01/10/2016
Como amanhã teremos eleições no Brasil, novamente nesta abominável caixa-preta eletrônica, convém entender melhor o porquê do repúdio mundial. Atualmente um único país do mundo a aceita: o Brasil! Que vergonha!
Depois da eleição, foram apontados indícios de irregularidades e erros sistemáticos durante o processo de apuração eleitoral. O Comitê Judiciário e outras organizações políticas iniciaram investigações, das quais sugiram alguns documentos importantes.
Apesar de o resultado geral das eleições não ter sido questionado pela campanha de Kerry, partidos menores impugnaram os resultados e exigiram a recontagem dos votos em Ohio. Houve um grande tumulto. O resultado eleitoral não foi invalidado pelo poder legislativo. Logo depois disto, parlamentares e autoridades eleitorais de 25 Estados aprovaram leis e normas determinando o uso de do sistema de voto impresso. Apenas 18 Estados permaneceram com o sistema digital sem o voto impresso.
No final de abril, as urnas eletrônicas sofreram um grande golpe: o secretário de Estado da Califórnia, Kevin Shelley, proibiu o uso de 14 mil máquinas da empresa Diebold (uma de suas subsidiárias, a Diebold Procomp, fabrica as urnas brasileiras), a menos que mudanças sérias fossem implementadas.
Em 2003, descobriu-se que o presidente da Diebold, Walden O'Dell, havia enviado cartas a várias pessoas com um pedido de doações para o Partido Republicano nas quais afirmava: "Estou comprometido a ajudar Ohio a dar seus votos no Colégio Eleitoral ao presidente [George W. Bush] no ano que vem".
Neste mesmo ano, a credibilidade do sistema da Diebold já havia sido abalada com a divulgação de vários estudos, sendo que o mais notório foi o do Instituto de Segurança em Informação da Universidade Johns Hopkins. O diretor do instituto, o professor de ciência da computação Aviel Rubin, disse: "Se eu fosse o criador de uma máquina dessas, eu poderia decidir quem seria o presidente. Quem quiser comprar uma eleição teria apenas de subornar um dos programadores. E não há nada que possa ser feito para detectar isso, porque é muito fácil esconder dentro do software o que ele realmente faz. Você pode fazer parecer que está fazendo uma coisa quando, na verdade, está fazendo outra". Devido ao impacto de seu relatório, ele foi chamado a depor no Congresso e recebeu um prêmio da fundação Electronic Frontier.
Por determinação do Ministério Público norte-americano, a Diebold foi condenada a pagar multa de US$ 48 milhões. Atualmente ela não pode operar nos EUA. O procurador Federal dos EUA, Steven Dettelbach, declarou que a Diebold tem “padrão mundial de conduta criminosa” (http://www.folhapolitica.org/2013/12/procurador-dos-eua-diz-que-fabricante.html) e completou: "Empresas norte-americanas que paguem propina a funcionários públicos estão violando a lei dos Estados Unidos, estejam em Cleveland, Ohio, ou em qualquer país do mundo".
O acordo de acusação incluíu prêmios para executivos da Diebold e funcionários que ajudassem na aplicação da lei e na ação das autoridades reguladoras, inclusive para prestarem testemunhos perante um grande júri. O procurador federal Steven Dettelbach argumentou que as leis dos Estados Unidos são aplicáveis independentemente do país onde atuem e façam negócios. A Diebold também foi condenada a pagar multa de quase US$ 50 milhões nos Estados Unidos, por determinação do Departamento de Justiça, por subornar funcionários na Rússia, na Indonésia e na China.
Agora o esclarecimento crucial: a Diebold é a empresa responsável pela fabricação das urnas eletrônicas usadas no Brasil e uma das principais fornecedoras de equipamentos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para a eleição de 2014, também entrou no esquema do TSE a empresa Smartmatic Corp., de reputação similar a da Diebold.
Veja agora, no vídeo abaixo, uma corte norte-americana funcionando.
Comentários contra e a favor são bem vindos, mesmo que ácidos, desde que não contenham agressões gratuitas, meros xingamentos, racismos e outras variantes que desqualificam qualquer debatedor. Fundamentem suas opiniões e sejam bem-vindos.
Como amanhã teremos eleições no Brasil, novamente nesta abominável caixa-preta eletrônica, convém entender melhor o porquê do repúdio mundial. Atualmente um único país do mundo a aceita: o Brasil! Que vergonha!
Rememorando um pouco da história do início deste século, nos USA, pode-se compreender um pouco melhor esta questão.
Nos EUA, em novembro de 2004, o candidato republicano George Walker Bush (filho) e seu vice Dick Cheney foram reeleitos, tendo derrotado os senadores democratas John Kerry/John Edwards. Na eleição, inesperadamente apertada, o Estado de Ohio se tornou o fiel da balança, o que causou grande desconfiança sobre a lisura da apuração. Posteriormente foi comprovada a fraude eleitoral.
Alguns anos antes, muitos Estados norte-americanos passaram a usar urnas eletrônicas e muitos especialistas advertiam que elas apresentavam um grande risco de fraude. Avisaram que a recontagem seria impossível com as urnas tipo DRE ("Direct Recording Electrocnic voting machines" ou, simplificadamente, "máquinas DRE"), porque elas não usavam o voto de papel como contrapartida física impressa. Um dos maiores produtores de tais máquinas é a Diebold Election Systems.
Nos EUA, em novembro de 2004, o candidato republicano George Walker Bush (filho) e seu vice Dick Cheney foram reeleitos, tendo derrotado os senadores democratas John Kerry/John Edwards. Na eleição, inesperadamente apertada, o Estado de Ohio se tornou o fiel da balança, o que causou grande desconfiança sobre a lisura da apuração. Posteriormente foi comprovada a fraude eleitoral.
Alguns anos antes, muitos Estados norte-americanos passaram a usar urnas eletrônicas e muitos especialistas advertiam que elas apresentavam um grande risco de fraude. Avisaram que a recontagem seria impossível com as urnas tipo DRE ("Direct Recording Electrocnic voting machines" ou, simplificadamente, "máquinas DRE"), porque elas não usavam o voto de papel como contrapartida física impressa. Um dos maiores produtores de tais máquinas é a Diebold Election Systems.
Bev Harris (https://en.wikipedia.org/wiki/Bev_Harris), em seu livro Voto em Caixa Preta [Nota 1], descreveu em detalhes os problemas deste tipo de urna. Por outro lado, os defensores do voto eletrônico diziam que a intenção do votante poderia ser gravada com muito mais certeza e precisão do que usando voto de papel. Um simples ardil!
Depois da eleição, foram apontados indícios de irregularidades e erros sistemáticos durante o processo de apuração eleitoral. O Comitê Judiciário e outras organizações políticas iniciaram investigações, das quais sugiram alguns documentos importantes.
Apesar de o resultado geral das eleições não ter sido questionado pela campanha de Kerry, partidos menores impugnaram os resultados e exigiram a recontagem dos votos em Ohio. Houve um grande tumulto. O resultado eleitoral não foi invalidado pelo poder legislativo. Logo depois disto, parlamentares e autoridades eleitorais de 25 Estados aprovaram leis e normas determinando o uso de do sistema de voto impresso. Apenas 18 Estados permaneceram com o sistema digital sem o voto impresso.
No final de abril, as urnas eletrônicas sofreram um grande golpe: o secretário de Estado da Califórnia, Kevin Shelley, proibiu o uso de 14 mil máquinas da empresa Diebold (uma de suas subsidiárias, a Diebold Procomp, fabrica as urnas brasileiras), a menos que mudanças sérias fossem implementadas.
Em 2003, descobriu-se que o presidente da Diebold, Walden O'Dell, havia enviado cartas a várias pessoas com um pedido de doações para o Partido Republicano nas quais afirmava: "Estou comprometido a ajudar Ohio a dar seus votos no Colégio Eleitoral ao presidente [George W. Bush] no ano que vem".
Neste mesmo ano, a credibilidade do sistema da Diebold já havia sido abalada com a divulgação de vários estudos, sendo que o mais notório foi o do Instituto de Segurança em Informação da Universidade Johns Hopkins. O diretor do instituto, o professor de ciência da computação Aviel Rubin, disse: "Se eu fosse o criador de uma máquina dessas, eu poderia decidir quem seria o presidente. Quem quiser comprar uma eleição teria apenas de subornar um dos programadores. E não há nada que possa ser feito para detectar isso, porque é muito fácil esconder dentro do software o que ele realmente faz. Você pode fazer parecer que está fazendo uma coisa quando, na verdade, está fazendo outra". Devido ao impacto de seu relatório, ele foi chamado a depor no Congresso e recebeu um prêmio da fundação Electronic Frontier.
Por determinação do Ministério Público norte-americano, a Diebold foi condenada a pagar multa de US$ 48 milhões. Atualmente ela não pode operar nos EUA. O procurador Federal dos EUA, Steven Dettelbach, declarou que a Diebold tem “padrão mundial de conduta criminosa” (http://www.folhapolitica.org/2013/12/procurador-dos-eua-diz-que-fabricante.html) e completou: "Empresas norte-americanas que paguem propina a funcionários públicos estão violando a lei dos Estados Unidos, estejam em Cleveland, Ohio, ou em qualquer país do mundo".
O acordo de acusação incluíu prêmios para executivos da Diebold e funcionários que ajudassem na aplicação da lei e na ação das autoridades reguladoras, inclusive para prestarem testemunhos perante um grande júri. O procurador federal Steven Dettelbach argumentou que as leis dos Estados Unidos são aplicáveis independentemente do país onde atuem e façam negócios. A Diebold também foi condenada a pagar multa de quase US$ 50 milhões nos Estados Unidos, por determinação do Departamento de Justiça, por subornar funcionários na Rússia, na Indonésia e na China.
Agora o esclarecimento crucial: a Diebold é a empresa responsável pela fabricação das urnas eletrônicas usadas no Brasil e uma das principais fornecedoras de equipamentos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para a eleição de 2014, também entrou no esquema do TSE a empresa Smartmatic Corp., de reputação similar a da Diebold.
Veja agora, no vídeo abaixo, uma corte norte-americana funcionando.
Como se fez uma fraude eleitoral eletrônica
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Nota1
Caixa-preta, conceito: https://pt.wikipedia.org/wiki/Caixa_preta_(teoria_dos_sistemas)
Leitura complementar:
http://www.folhapolitica.org/2013/12/eua-multam-diebold-fabricante-das-urnas.html
☆. .♢□●○•°` 《 AMQ 》 `°•○●□♢. .☆
Leia mais neste blog:
(Clique sobre o título)
- Manual do Protesto do Joãozinho
- Gilmar Mendes e a cesta de 3 de Carmen Lúcia
- Einstein e as eleições presidenciais
- A urna eletrônica brasileira é inconstitucional e não confiável
- A república dos mentirosos
- Caiu como um patinho
- Houve fraude eleitoral ou idiotia dos eleitores?
- Não esqueçam da apuração eleitoral eletrônica!
- Passado difícil de engolir (Viagem no túnel do tempo)
- TSE e sua rebeldia reprovável
- O sistema secreto de apuração eleitoral
- Eleitor, você é tolo!
- Inconstitucionalidade eleitoral
- A Ministra e o Coronel
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