Por Almir M. Quites
O fato que passo a narrar agora aconteceu há quase 30 anos.
Foi o maior roubo da história. Ocorreu em 12 de julho de 1987 e chocou a sociedade europeia. Foi executado por dois homens que entraram num depósito de dinheiro de Knightsbridge, em Londres (Inglaterra) com a desculpa de alugar um cofre. Eles estavam armados. Aí, dominaram o gerente, os seguranças e levaram 112,9 milhões de dólares. Para que não houvesse contratempos durante o assalto, eles penduraram placas dizendo que o depósito estava fechado temporariamente.
Este foi considerado o maior assalto da história da humanidade. Claro que não se consideram aqui os assaltos praticados por ditaduras, que possuem o poder de subjugar a sociedade inteira e de ficar impunes.
Nós, cidadãos brasileiros, estamos perdendo a noção do que seja uma conduta institucional correta e com probidade. Perdemos a noção do que é um crime escandaloso e até a noção do tamanho do roubo.
"JBS pagou propina 150 milhões de dólares a Dilma e Lula em conta no exterior", ouvimos a notícia e nem suspeitamos do gigantismo do roubo! Parece que esquecemos o que é propina.
Aqui, propina significa suborno, a quantia paga a Dilma e Lula em troca de atos ilícitos. Neste caso, Lula e Dilma pagaram valores indevidos à empresa JBS que, depois, os transferiu para Lula e Dilma. Quem foi roubado? O povo brasileiro, que, com isso, empobreceu ainda mais.
Outra manchete dos últimos dias: "JBS mantinha conta na Suíça com R$ 300 milhões em propina do PT" (ou seja, cerca de 94 milhões de dólares).
O montante roubado do povo brasileiro, só nestas duas notícias, já alcança 244 milhões de dólares (R$ 795 milhões). O custo de um hospital com 250 leitos é cerca de 8 milhões de dólares. Logo, se poderia construir 30 hospitais, cada um com 250 leitos! Um carro popular novo custa cerca de R$ 65.000,00. Quantos carros se poderia comprar com o montante roubado? Resposta: 12.230 carros! Estes carros, novinhos, estacionados lado a lado, ocupariam cerca de 200.000 metros quadrados ou seja, cerca de 30 campos de futebol. Imagine a quantidade de carros.
Até aqui tratamos de apenas três casos (a propina para Dilma, Lula e o PT), divulgados nesta semana. Segurem-se bem antes de ler o parágrafo seguinte!
Estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) concluiu que, pelo menos, 2,3% do nosso Produto Interno Bruto (PIB) são perdidos, a cada ano, com práticas corruptas, ou seja, cerca de R$ 100 bilhões por ano, representando esse valor, não somente o numerário efetivamente pago para franquear práticas ilegais, mas também o custo decorrente das referidas práticas.
O Brasil, há alguns anos, vive uma interminável série de crises políticas e jurídicas. O cidadão brasileiro se sente inseguro, desprotegido, sem futuro, embora saiba que existem leis protetivas (notadamente a Lei n° 8.429/1992 – mandamentos constitucionais para tutelar a probidade no ambiente da Administração Pública, de que é exemplo o artigo 37, parágrafo 4º, da Constituição Federal). As crises se originam da improbidade administrativa e da impunidade em qualquer esfera de proteção (administrativa, civil, penal, etc.).
A improbidade administrativa infectou os altos escalões dos três poderes da república. As notícias do descalabro administrativo estão se tornando parte do nosso cotidiano, como se fosse a normalidade. Grande parte dos cidadãos brasileiros passa a tolerar os crimes de colarinho branco e a colocar interesses de todo o tipo, de financeiros a psicológicos, acima dos valores universais. Quanto mais o povo se acostumar a estas barbaridades, mais facilmente será enganado pelos políticos sem caráter e mais pobre e desamparado ficará.
Diante de tanta imoralidade e incompetência na política brasileira, não temos mais esperanças, nem temos a quem confiar a nação. Só assistimos a disputa entre jovens procuradores públicos e juízes contra quase toda a classe política. Torcemos para o time de procuradores e juízes. Um gol é a revelação de um novo escândalo de pagamentos de propinas e a prisão dos criminosos.
O sistema político ruiu. Os partidos já não se diferenciam. Agora, que nós estamos sós, sem cidadania, temos que fazer algo por nós mesmos.
Temos que dar um basta, acabar com tudo o que existe e começar tudo de novo, com uma nova Constituição, a ser feita sem a participação dos atuais políticos, para que seja realmente uma Constituição nossa, uma Constituição verdadeiramente cidadã, bem menos populista e muito mais inteligente que a atual.
Os três últimos presidentes já não merecem o nosso respeito. Só neste ano, o tsunami Odebrecht atingiu em cheio a dois presidentes, Lula e Temer. Logo em seguida, veio o tsunami JBS, muito mais forte, que atingiu os mesmos dois e também a ex-presidente Dilma, além de muitos outros políticos. Contudo ainda há quem imagine que haja uma luta ideológica por trás das conspirações políticas. Tolos! Todas as quadrilhas se unem para roubar você, o cidadão brasileiro.
Ainda há quem acredite que haja uma guerra subterrânea entre duas conspirações, a de Lula e a de Temer, como se eles não tivessem interesses em comum. Ambos precisam se livrar da Justiça. Ambos estão contra você, o cidadão brasileiro.
Leio sucessivas postagens acerca de uma "falta de contundência" no áudio gravado do presidente Michel Temer, como se o conteúdo fosse apenas de bobagens, ninharias, "um rato parido do ronco da montanha". Celebra-se, com algum constrangimento, um "cenário favorável" ao governo após o fim do sigilo das gravações.
Ora, o fato é gravíssimo. Trata-se de um presidente da República que recebeu clandestinamente um empresário investigado por corrupção na Residência Oficial e dele ouviu relatos de diversos crimes praticados e lhe ofereceu anuência, inclusive às relações com um criminoso correligionário preso. Trata-se de um presidente-jurista que ouviu um cidadão dizer que está comprando juízes e promotores e calou-se, guardou segredo. Não há "simplicidade" no áudio, tampouco "falta de contundência".
Para entender melhor o caso do áudio gravado que incrimina o presidente Temer, leia aqui:
Presidente Temer: renúncia os cassação?
http://almirquites.blogspot.com.br/2017/05/presidente-temer-renuncia-ou-cassacao.html
Talvez, especulação minha, essa reação desdenhosa de parcela significativa da sociedade seja também o reflexo de nossa imensa dificuldade em separar com clareza o que é público daquilo que é privado.
Não espanta que continuemos um país miserável, um povo que sistematicamente elege bandidos de colarinho-branco como seus legítimos representantes.
Pouco importa quem será o ocupante da Presidência da República Federativa do Brasil amanhã, ou em 2018, ou em 2055, se não mudarmos dramaticamente o ESTADO DE CONSCIÊNCIA POLÍTICA E INSTITUCIONAL do Povo Brasileiro.
Quando um povo não zela pelo seu país, os ratos tomam conta. Então, a pobreza e a ignorância se instalam e tudo só pode piorar. Neste caso, sempre há um outro poço no fundo do poço.
É hora de evoluir, minha gente!
O fato que passo a narrar agora aconteceu há quase 30 anos.
Foi o maior roubo da história. Ocorreu em 12 de julho de 1987 e chocou a sociedade europeia. Foi executado por dois homens que entraram num depósito de dinheiro de Knightsbridge, em Londres (Inglaterra) com a desculpa de alugar um cofre. Eles estavam armados. Aí, dominaram o gerente, os seguranças e levaram 112,9 milhões de dólares. Para que não houvesse contratempos durante o assalto, eles penduraram placas dizendo que o depósito estava fechado temporariamente.
Este foi considerado o maior assalto da história da humanidade. Claro que não se consideram aqui os assaltos praticados por ditaduras, que possuem o poder de subjugar a sociedade inteira e de ficar impunes.
Nós, cidadãos brasileiros, estamos perdendo a noção do que seja uma conduta institucional correta e com probidade. Perdemos a noção do que é um crime escandaloso e até a noção do tamanho do roubo.
"JBS pagou propina 150 milhões de dólares a Dilma e Lula em conta no exterior", ouvimos a notícia e nem suspeitamos do gigantismo do roubo! Parece que esquecemos o que é propina.
Aqui, propina significa suborno, a quantia paga a Dilma e Lula em troca de atos ilícitos. Neste caso, Lula e Dilma pagaram valores indevidos à empresa JBS que, depois, os transferiu para Lula e Dilma. Quem foi roubado? O povo brasileiro, que, com isso, empobreceu ainda mais.
Outra manchete dos últimos dias: "JBS mantinha conta na Suíça com R$ 300 milhões em propina do PT" (ou seja, cerca de 94 milhões de dólares).
O montante roubado do povo brasileiro, só nestas duas notícias, já alcança 244 milhões de dólares (R$ 795 milhões). O custo de um hospital com 250 leitos é cerca de 8 milhões de dólares. Logo, se poderia construir 30 hospitais, cada um com 250 leitos! Um carro popular novo custa cerca de R$ 65.000,00. Quantos carros se poderia comprar com o montante roubado? Resposta: 12.230 carros! Estes carros, novinhos, estacionados lado a lado, ocupariam cerca de 200.000 metros quadrados ou seja, cerca de 30 campos de futebol. Imagine a quantidade de carros.
Até aqui tratamos de apenas três casos (a propina para Dilma, Lula e o PT), divulgados nesta semana. Segurem-se bem antes de ler o parágrafo seguinte!
Estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) concluiu que, pelo menos, 2,3% do nosso Produto Interno Bruto (PIB) são perdidos, a cada ano, com práticas corruptas, ou seja, cerca de R$ 100 bilhões por ano, representando esse valor, não somente o numerário efetivamente pago para franquear práticas ilegais, mas também o custo decorrente das referidas práticas.
O Brasil, há alguns anos, vive uma interminável série de crises políticas e jurídicas. O cidadão brasileiro se sente inseguro, desprotegido, sem futuro, embora saiba que existem leis protetivas (notadamente a Lei n° 8.429/1992 – mandamentos constitucionais para tutelar a probidade no ambiente da Administração Pública, de que é exemplo o artigo 37, parágrafo 4º, da Constituição Federal). As crises se originam da improbidade administrativa e da impunidade em qualquer esfera de proteção (administrativa, civil, penal, etc.).
A improbidade administrativa infectou os altos escalões dos três poderes da república. As notícias do descalabro administrativo estão se tornando parte do nosso cotidiano, como se fosse a normalidade. Grande parte dos cidadãos brasileiros passa a tolerar os crimes de colarinho branco e a colocar interesses de todo o tipo, de financeiros a psicológicos, acima dos valores universais. Quanto mais o povo se acostumar a estas barbaridades, mais facilmente será enganado pelos políticos sem caráter e mais pobre e desamparado ficará.
Diante de tanta imoralidade e incompetência na política brasileira, não temos mais esperanças, nem temos a quem confiar a nação. Só assistimos a disputa entre jovens procuradores públicos e juízes contra quase toda a classe política. Torcemos para o time de procuradores e juízes. Um gol é a revelação de um novo escândalo de pagamentos de propinas e a prisão dos criminosos.
O sistema político ruiu. Os partidos já não se diferenciam. Agora, que nós estamos sós, sem cidadania, temos que fazer algo por nós mesmos.
Temos que dar um basta, acabar com tudo o que existe e começar tudo de novo, com uma nova Constituição, a ser feita sem a participação dos atuais políticos, para que seja realmente uma Constituição nossa, uma Constituição verdadeiramente cidadã, bem menos populista e muito mais inteligente que a atual.
Os três últimos presidentes já não merecem o nosso respeito. Só neste ano, o tsunami Odebrecht atingiu em cheio a dois presidentes, Lula e Temer. Logo em seguida, veio o tsunami JBS, muito mais forte, que atingiu os mesmos dois e também a ex-presidente Dilma, além de muitos outros políticos. Contudo ainda há quem imagine que haja uma luta ideológica por trás das conspirações políticas. Tolos! Todas as quadrilhas se unem para roubar você, o cidadão brasileiro.
Ainda há quem acredite que haja uma guerra subterrânea entre duas conspirações, a de Lula e a de Temer, como se eles não tivessem interesses em comum. Ambos precisam se livrar da Justiça. Ambos estão contra você, o cidadão brasileiro.
Leio sucessivas postagens acerca de uma "falta de contundência" no áudio gravado do presidente Michel Temer, como se o conteúdo fosse apenas de bobagens, ninharias, "um rato parido do ronco da montanha". Celebra-se, com algum constrangimento, um "cenário favorável" ao governo após o fim do sigilo das gravações.
Ora, o fato é gravíssimo. Trata-se de um presidente da República que recebeu clandestinamente um empresário investigado por corrupção na Residência Oficial e dele ouviu relatos de diversos crimes praticados e lhe ofereceu anuência, inclusive às relações com um criminoso correligionário preso. Trata-se de um presidente-jurista que ouviu um cidadão dizer que está comprando juízes e promotores e calou-se, guardou segredo. Não há "simplicidade" no áudio, tampouco "falta de contundência".
Para entender melhor o caso do áudio gravado que incrimina o presidente Temer, leia aqui:
Presidente Temer: renúncia os cassação?
http://almirquites.blogspot.com.br/2017/05/presidente-temer-renuncia-ou-cassacao.html
Talvez, especulação minha, essa reação desdenhosa de parcela significativa da sociedade seja também o reflexo de nossa imensa dificuldade em separar com clareza o que é público daquilo que é privado.
Não espanta que continuemos um país miserável, um povo que sistematicamente elege bandidos de colarinho-branco como seus legítimos representantes.
Pouco importa quem será o ocupante da Presidência da República Federativa do Brasil amanhã, ou em 2018, ou em 2055, se não mudarmos dramaticamente o ESTADO DE CONSCIÊNCIA POLÍTICA E INSTITUCIONAL do Povo Brasileiro.
Quando um povo não zela pelo seu país, os ratos tomam conta. Então, a pobreza e a ignorância se instalam e tudo só pode piorar. Neste caso, sempre há um outro poço no fundo do poço.
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