segunda-feira, 8 de maio de 2017

Ensino-aprendizagem no Brasil

Por Almir Quites


Carteiras escolares de 1950.
Algumas ainda tinham um furo para
acomodar o tinteiro (para uso da caneta-tinteiro)

Evolução ou involução? 

Infelizmente constata-se que o sistema educacional do Brasil continua andando para trás, com os indicadores piorando na chamada educação básica, como mostram alguns rankings internacionais. 


Analisar esta questão pode ser uma tarefa complexa ou simples, depende de por onde se começa e de onde se termina. Eu prefiro começar analisando as hipóteses mais simples e avançar para as mais complexas só depois de ter descartado as primeiras. Então, simplesmente começo comparando mentalmente o processo de ensino-aprendizagem do meu tempo com o de hoje.

Quando penso no meu tempo de estudante, as minhas referências são das décadas de 40 e 50! 

Parece-me haver hoje um descaso em relação esforço indispensável por parte de ambos, alunos e professores, e uma excessiva politização da questão do ensino-aprendizagem. Chegou-se até ao absurdo de muitas escolas adotarem a política da não reprovação, o que obviamente alavancou os indicadores do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), mas comprometeu o futuro dos alunos. 

A caneta-tinteiro
Há uma forte tendência de associar todo o fracasso somente a fatores externos à relação professor-aluno, especialmente à falta de investimentos. De nada adianta alegar que a culpa é do baixo salário pago aos professores, porque no passado dispúnhamos de condições piores do que as de hoje e o resultado do aprendizado era melhor. Deve haver outras causas. Os professores de hoje, imagino, não devem gostar de um argumento como este! 

Apenas para exemplificar, sem pretender me alongar, garanto a vocês todos que, naquele tempo, aprendia-se muito mais (como estudante) do que nas décadas posteriores, apesar de se dispor de muito menos tecnologia de comunicação. Era só a sala de aula — com carteiras, quadro-negro e giz — o professor e cerca de 15 a 30 alunos. Os pais não tinham qualquer participação nas atividades escolares, apenas — em alguns pouquíssimos casos — levavam seus filhos à escola e iam buscá-los depois. Contudo, eu e minha irmã, como todos os nossos colegas, quando terminarmos a primeira série do fundamental estávamos completamente alfabetizados e nem frequentamos o tal "prezinho", que sequer existia! Hoje o aluno só alcança a alfabetização na terceira série.

Aula era coisa séria e o aprendizado exigia esforço e persistência. Depois, nas décadas seguintes, cada vez mais o processo de ensino-aprendizagem foi se identificando com um processo lúdico. A "Lei do Menor Esforço" foi, aos poucos, imperando e o tempo gasto para o aluno aprender qualquer tema foi aumentando.

Brincar tornou-se mais importante do que estudar. 

Nas aulas de hoje, gasta-se tempo demasiado com piadas, desenhos, colagens, recortes, montagens, danças, rituais, debates estéreis (nos quais o aluno dá palpites sobre o que não entende) etc. São poucos os alunos que aprendem a estudar de verdade! Antigamente (ah, meu tempo!) havia atividades lúdicas na escola, inclusive esportivas, mas não no horário de aula!

O professor foi se transformando num animador de auditório, que ou é amado como herói ou é odiado e desrespeitado! 

O que vocês acham sobre isso?

Ah, que saudades que eu tenho!


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