Por Almir Quites - 30/05/2016
Governos não se sustentam quando duas graves crises se juntam: a política e a econômica. A gestão interina de Michel Temer, com apenas três semanas de idade, já perde credibilidade e periga descambar para a bancarrota.
Michel Temer pode rapidamente perder o frágil apoio que tem da sociedade, caso não comprove, com atitudes éticas e corajosas, que realmente deseja mudar a prática da política e que, de fato, apoia as iniciativas efetivas de combate à corrupção, como a Lava-Jato. Teme-se que as belas intenções de Temer permaneçam só no campo da retórica.
A situação brasileira é muito delicada até mesmo porque não existe a menor condição política ou moral de Dilma Rousseff retomar a titularidade do Palácio do Planalto. Seu governo já foi uma catástrofe, seu retorno à presidência seria uma hecatombe.
O afastamento da presidente Dilma Rousseff foi absolutamente necessário, não pela sua impopularidade, mas pela absoluta incompetência e pela terrível crise, que vinha se avolumando desde o segundo mandato do governo Lula, enredado com quadrilhas que espoliavam o país com voracidade crescente. O rombo das contas públicas é enorme, o número de desempregados já é espantoso e o tamanho real da inadimplência é um mistério assustador. Na prática, o mercado de crédito opera no improviso, sem planejamento. Os economistas da Serasa Experian estimam que haja R$ 256 bilhões em pagamentos atrasados.
O que mais assusta é o efeito cascata na inadimplência, que não se restringe às instituições financeiras, mas alcança as empresas públicas e privadas. Sem capacidade de fluxo de caixa, elas deixarão de pagar impostos, fornecedores e prestadores de serviços.
As organizações mais frágeis quebrarão. O povo sofrerá, ficará desesperançado, desesperado, vendo crescer a recessão, rumo à estagnação econômica. O povo pensará que era feliz no tempo do populismo lulista. Assim, vai morder o rabo com ódio e matar seu próprio futuro, numa autofagia alucinada.
Temo que Temer não aponte para a tal "ponte para o fururo"!
Claro que a culpa de tudo isso é do governo petista, mas Temer não poderia ter errado assim, logo de cara, com tanta responsabilidade nas mãos.
Quais são, afinal, os principais erros do governo Temer? Foram muitos! Já começou de passo errado! Se for para mudar, Temer também terá que mudar a si próprio.
Há questões que precisam mesmo de um tratamento ousado, desafiador! É preciso reconhecê-las. Este momento político é um deles, porque o novo governo se instala sob o regime do chamado presidencialismo de coalizão. Já escrevi sobre isso. Não se deveria insistir no velho e indigno hábito de lotear os cargos do governo federal entre partidos políticos. Os cargos do governo, das empresas estatais e paraestatais não devem ser moeda para comprar apoio político.
O governo deve ser capaz de se compor com pessoas de alto nível moral e intelectual, de alta competência e sem loteamento de cargos em troca de votos. Só assim, poderá ter o respeito e o apoio de todos, inclusive daqueles maus políticos acostumados a extorquir o Estado brasileiro. O Presidente precisa ser probo e determinado! Mostre fraqueza e eles abusarão!
Já tratei disto no artigo chamado "E agora, Senhor Presidente?" (http://almirquites.blogspot.com.br/2016/05/e-agora-senhor-presidente.html) e também no "Que é isto? Cotas para compor o poder executivo?" (http://almirquites.blogspot.com.br/2016/05/que-e-isso-cotas-para-o-poder-executivo.html).
Insisto! Neste momento, em que todos esperam por novos comportamentos, mais responsáveis, o governo Temer deveria escolher seus ministros sem se subordinar às indicações de políticos influentes ou de partidos, sem submissão à briga política por cargos. Se ele não corrigir o rumo imediatamente, não conseguirá reduzir o tamanho do Estado e não poderá governar. Também não poderá “despetizar” o governo. Antigamente, quando um novo governo assumia, todos os ocupantes de cargos de confiança pediam demissão voluntariamente, para deixar o novo governo livre para substituí-los por pessoas de sua confiança. Infelizmente, hoje em dia, já não há respeito pelo adversário. Os atuais ocupantes de cargos de confiança permanecerão lá, na maior "cara de pau"!
Além disso, há outro motivo para não se preencher os cargos do alto escalão com parlamentares. É uma simples questão de respeito aos eleitores. Os parlamentares foram eleitos para o poder legislativo e não para o executivo. Retirá-los da função para a qual foram eleitos é trair o povo, desrespeitar o voto dos cidadãos.
Por outro lado, um parlamentar sério cumpriria seu mandato até o final e rejeitaria qualquer convite para ocupar um cargo no poder executivo! Retirar parlamentares do poder legislativo para colocá-los no poder executivo compromete o princípio constitucional de independência entre os poderes.
Claro, vão dizer que estou sonhando, que temos um presidencialismo de coalisão, que sem "comprar" apoio no Congresso não dá para governar. O Governo Temer cairia! Ora, quem pensa assim está confundindo causa e efeito. Cedendo aos caprichos do atual Congresso, acostumado a vender votos há pelo menos 13 anos, o Presidente interino não governará e ainda correrá risco de também ser afastado do cargo. O preço do voto parlamentar estará em alta, inflacionado pela pressão das duas primeiras instâncias do judiciário, e o governo já está falido. Logo, se ficar o bicho pega e se correr o bicho alcança.
O Presidente só tem um caminho, enfrenar tudo isso com destemor e dignidade, não deixando de denunciar as negociatas secretas e entregando os corruptos de bandeja à Justiça, tudo com muita transparência. Isto pode não empolgar os eleitores, mas seria um comportamento digno. Isto bastaria! Não importam os riscos do governo, mas o futuro do Brasil!
Concomitantemente, Temer faria o dever de casa, cortando, de verdade, gastos públicos inúteis, improdutivos, que muitas vezes só atendem ao patrimonialismo e à corrupção. Também reduziria o volume de tributos, sem aumentar ou criar novos impostos.
Só depois disso viriam as demais questões econômicas, a serem tratadas com absoluta transparência, para que a sociedade possa controlar os gastos e avaliar sua relevância como investimento público.
Não queremos mais um Estado grande e poderoso, absolutista, populista, demagógico e ideológico. Isto sempre desemboca em desordem, corrupção, pobreza e violência.
Ah! É preciso também reeducar os usurários bancos públicos.
Tanto Temer como os próximos presidentes herdarão uma situação política maldita. Para removê-la do tecido social brasileiro, será preciso submeter o povo a sacrifícios durante muitos anos. Os remédios serão amargos, mas absolutamente necessários para evitar que a situação piore. O povo brasileiro não vai entender isso. Assim, é preciso começar logo a explicar tim-tim por tim-tim, o que aconteceu. É o que tratei de fazer no artigo A Herança Maldita (http://almirquites.blogspot.com.br/2016/05/a-heranca-maldita.html).
Todos os cidadãos conscientes devem ajudar os demais a entenderem a gravidade do momento, suas causas, suas consequências e possíveis desdobramentos. Por isto, não deixe de divulgar este artigo!
Onde está o futuro? |
Governos não se sustentam quando duas graves crises se juntam: a política e a econômica. A gestão interina de Michel Temer, com apenas três semanas de idade, já perde credibilidade e periga descambar para a bancarrota.
Michel Temer pode rapidamente perder o frágil apoio que tem da sociedade, caso não comprove, com atitudes éticas e corajosas, que realmente deseja mudar a prática da política e que, de fato, apoia as iniciativas efetivas de combate à corrupção, como a Lava-Jato. Teme-se que as belas intenções de Temer permaneçam só no campo da retórica.
A situação brasileira é muito delicada até mesmo porque não existe a menor condição política ou moral de Dilma Rousseff retomar a titularidade do Palácio do Planalto. Seu governo já foi uma catástrofe, seu retorno à presidência seria uma hecatombe.
O afastamento da presidente Dilma Rousseff foi absolutamente necessário, não pela sua impopularidade, mas pela absoluta incompetência e pela terrível crise, que vinha se avolumando desde o segundo mandato do governo Lula, enredado com quadrilhas que espoliavam o país com voracidade crescente. O rombo das contas públicas é enorme, o número de desempregados já é espantoso e o tamanho real da inadimplência é um mistério assustador. Na prática, o mercado de crédito opera no improviso, sem planejamento. Os economistas da Serasa Experian estimam que haja R$ 256 bilhões em pagamentos atrasados.
O que mais assusta é o efeito cascata na inadimplência, que não se restringe às instituições financeiras, mas alcança as empresas públicas e privadas. Sem capacidade de fluxo de caixa, elas deixarão de pagar impostos, fornecedores e prestadores de serviços.
As organizações mais frágeis quebrarão. O povo sofrerá, ficará desesperançado, desesperado, vendo crescer a recessão, rumo à estagnação econômica. O povo pensará que era feliz no tempo do populismo lulista. Assim, vai morder o rabo com ódio e matar seu próprio futuro, numa autofagia alucinada.
Temo que Temer não aponte para a tal "ponte para o fururo"!
Claro que a culpa de tudo isso é do governo petista, mas Temer não poderia ter errado assim, logo de cara, com tanta responsabilidade nas mãos.
Quais são, afinal, os principais erros do governo Temer? Foram muitos! Já começou de passo errado! Se for para mudar, Temer também terá que mudar a si próprio.
Há questões que precisam mesmo de um tratamento ousado, desafiador! É preciso reconhecê-las. Este momento político é um deles, porque o novo governo se instala sob o regime do chamado presidencialismo de coalizão. Já escrevi sobre isso. Não se deveria insistir no velho e indigno hábito de lotear os cargos do governo federal entre partidos políticos. Os cargos do governo, das empresas estatais e paraestatais não devem ser moeda para comprar apoio político.
O governo deve ser capaz de se compor com pessoas de alto nível moral e intelectual, de alta competência e sem loteamento de cargos em troca de votos. Só assim, poderá ter o respeito e o apoio de todos, inclusive daqueles maus políticos acostumados a extorquir o Estado brasileiro. O Presidente precisa ser probo e determinado! Mostre fraqueza e eles abusarão!
Já tratei disto no artigo chamado "E agora, Senhor Presidente?" (http://almirquites.blogspot.com.br/2016/05/e-agora-senhor-presidente.html) e também no "Que é isto? Cotas para compor o poder executivo?" (http://almirquites.blogspot.com.br/2016/05/que-e-isso-cotas-para-o-poder-executivo.html).
Insisto! Neste momento, em que todos esperam por novos comportamentos, mais responsáveis, o governo Temer deveria escolher seus ministros sem se subordinar às indicações de políticos influentes ou de partidos, sem submissão à briga política por cargos. Se ele não corrigir o rumo imediatamente, não conseguirá reduzir o tamanho do Estado e não poderá governar. Também não poderá “despetizar” o governo. Antigamente, quando um novo governo assumia, todos os ocupantes de cargos de confiança pediam demissão voluntariamente, para deixar o novo governo livre para substituí-los por pessoas de sua confiança. Infelizmente, hoje em dia, já não há respeito pelo adversário. Os atuais ocupantes de cargos de confiança permanecerão lá, na maior "cara de pau"!
Além disso, há outro motivo para não se preencher os cargos do alto escalão com parlamentares. É uma simples questão de respeito aos eleitores. Os parlamentares foram eleitos para o poder legislativo e não para o executivo. Retirá-los da função para a qual foram eleitos é trair o povo, desrespeitar o voto dos cidadãos.
Por outro lado, um parlamentar sério cumpriria seu mandato até o final e rejeitaria qualquer convite para ocupar um cargo no poder executivo! Retirar parlamentares do poder legislativo para colocá-los no poder executivo compromete o princípio constitucional de independência entre os poderes.
Claro, vão dizer que estou sonhando, que temos um presidencialismo de coalisão, que sem "comprar" apoio no Congresso não dá para governar. O Governo Temer cairia! Ora, quem pensa assim está confundindo causa e efeito. Cedendo aos caprichos do atual Congresso, acostumado a vender votos há pelo menos 13 anos, o Presidente interino não governará e ainda correrá risco de também ser afastado do cargo. O preço do voto parlamentar estará em alta, inflacionado pela pressão das duas primeiras instâncias do judiciário, e o governo já está falido. Logo, se ficar o bicho pega e se correr o bicho alcança.
O Presidente só tem um caminho, enfrenar tudo isso com destemor e dignidade, não deixando de denunciar as negociatas secretas e entregando os corruptos de bandeja à Justiça, tudo com muita transparência. Isto pode não empolgar os eleitores, mas seria um comportamento digno. Isto bastaria! Não importam os riscos do governo, mas o futuro do Brasil!
Concomitantemente, Temer faria o dever de casa, cortando, de verdade, gastos públicos inúteis, improdutivos, que muitas vezes só atendem ao patrimonialismo e à corrupção. Também reduziria o volume de tributos, sem aumentar ou criar novos impostos.
Só depois disso viriam as demais questões econômicas, a serem tratadas com absoluta transparência, para que a sociedade possa controlar os gastos e avaliar sua relevância como investimento público.
Não queremos mais um Estado grande e poderoso, absolutista, populista, demagógico e ideológico. Isto sempre desemboca em desordem, corrupção, pobreza e violência.
Ah! É preciso também reeducar os usurários bancos públicos.
Tanto Temer como os próximos presidentes herdarão uma situação política maldita. Para removê-la do tecido social brasileiro, será preciso submeter o povo a sacrifícios durante muitos anos. Os remédios serão amargos, mas absolutamente necessários para evitar que a situação piore. O povo brasileiro não vai entender isso. Assim, é preciso começar logo a explicar tim-tim por tim-tim, o que aconteceu. É o que tratei de fazer no artigo A Herança Maldita (http://almirquites.blogspot.com.br/2016/05/a-heranca-maldita.html).
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Leia mais:
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- Abrindo os olhos do ministro Gilmar Mendes
- Cotas para o poder executivo?
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