sábado, 10 de janeiro de 2015

REFLEXÕES NO MEU DIA 10 DE JANEIRO

Almir Quites - 10/01/2015

É o Efeito Facebook. Antes eu recebia menos de uma dezena de telefonemas de amigos, parabenizando-me, neste dia. Hoje, são quase uma centena de mensagens curtíssimas pelo Facebook. Fico feliz, mesmo que nem conheça pessoalmente muitos dos missivistas!

Completei hoje, às 11 horas da manhã, 73 anos de vida! Para quem foi desenganado já ao nascer, as presumidas poucas horas de vida esticaram-se de forma excepcional e inimaginável. Será correto, decente, desejar mais?

"Ah, pai, não fala essas coisas", dirão minhas filhas! Outros talvez digam que sou louco, que eu não pensei claramente sobre isso, porque há tanta coisa no mundo para ver e fazer. Respondo que estou conforme com a natureza. Aceito os caprichos inexoráveis da natureza que me criou. A chama, que se apagou, agora já não existe. Existem outras. A flor, que murchou e morreu, inexiste. Existem outras, mas não aquela. A gotinha de orvalho, que evaporou, inexiste. Existem outras, não aquela. Qualquer das células do meu corpo, que tenha morrido, já não existe. O mesmo vale para tudo no universo. Eu sou apenas... O que sou eu afinal?

Sem dúvida, a morte é uma perda para os amigos que ficam. Mas existe uma simples verdade que muitos de nós evita admitir: há um tempo certo para tudo. Em outras palavras, quando se entra na sala de espera, toma-se "chá de cadeira", perdemos a nossa criatividade e capacidade de contribuir para o trabalho, para a sociedade, para o mundo. Ela transforma a maneira como as pessoas nos percebem, como se referem a nós e, mais importante, como se lembram de nós. Nós já não somos lembrados como pessoas vibrantes e empenhadas, mas como alguém fraco, ineficaz, triste, mesmo patético e/ou dramático.

Deixa-me ser mais claro sobre o meu desejo. Eu não peço mais tempo do que me é naturalmente provável, nem menos tampouco. Não faço barganhas com o incógnito mistério. O que for, será! 

Hoje, estou saudável. Não tomo qualquer medicamento. Espero continuar assim e vou tomar os meus cuidados com a saúde. Tenho o meu próprio modo de manter a saúde e até o expus em um chorinho que compus e denominei Envelhecer. O poema (a letra do chorinho), foi escrito quando eu tinha 60 anos e nada do que ali está mudou de lá para cá. 

Aqui está o vídeo, confira:


Nota: a música só vem depois de 1,5 minutos de apresentação.
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Atualmente há muita gente obcecada com o exercício físico, fazendo quebra-cabeças mentais, consumindo várias misturas de suco e de proteína, aderindo a dietas rigorosas, regadas a suplementos vitamínicos, tudo em um valente esforço para prolongar a vida tanto tempo quanto possível. Nesse afã, quantos erros poderemos estar cometendo? Afinal nossa ciência existe há um infinitésimo de átimo, se comparada com o tempo que a Evolução levou para construir nosso organismo tal como é hoje. 

O que eu faço é apenas o que eu gosto de fazer, pois o que eu gosto de fazer deve ser naturalmente saudável. Foi assim que cheguei até aqui. É isto que foi exposto no meu chorinho.  

Claro que há uma certa probabilidade de que eu viva mais tempo que minha mãe (meu pai faleceu muito cedo e ainda me faz muita falta). Hoje, em média, vivemos mais tempo do que nossos pais, mas até me questiono: a qualidade de nossa vida justifica isso? Não tenho dados sobre esta questão. Só sei que, desde meados do século XIX, vive-se mais. Em 1900, a expectativa de vida ao nascer era de apenas de cerca de 50 anos. Por volta de 1930, foi de 60 anos; em 1960, 70; em 1990, 75. Hoje, um recém-nascido pode esperar viver cerca de 80 anos. No Brasil, em média, as mulheres vivem mais do que os homens, cerca de sete anos mais. Salve elas!

No início do século XX, a expectativa de vida aumentou com as vacinas, antibióticos e com uma melhor assistência à saúde. Crianças salvaram-se da morte prematura. Parece-me, no entanto, que desde 2000, o aumento da longevidade foi alcançado principalmente estendendo a vida de pessoas com mais de 60 anos. 

Desconfio que estamos agora estendendo a velhice, mas não salvando pessoas mais jovens. Pense também no crescente aumento de assassinato de jovens.

Acredito que o mais importante é o que se passa dentro de nós mesmos. É a constrição das nossas ambições e expectativas, o que não depende só de nós. Por isso, pretendo não me acomodar às minhas limitações físicas e mentais. Minhas expectativas não devem encolher! É preciso muita atenção, porque esta constrição acontece de forma quase imperceptível. Ao longo do tempo e sem a nossa escolha consciente, podemos transformar nossas vidas. Nós não percebemos que estamos aspirando e fazendo cada vez menos. 

Preciso cultivar meus interesses, especialmente aqueles inerentes ao meu ser, os de vocação, para assumir a música, a poesia, os passeios, o basquete etc. Sim, basquete! Não acredita?

Ainda jogo basquete. Comecei muito cedo no time infantil do Grêmio de Porto Alegre. Nas minhas férias, eu jogava também no Corinthians de Santa Maria (minha cidade Natal), mas não em partidas oficiais. Já como juvenil, jogando pelo Grêmio, fui vice-campeão estadual. 


Vejam aqui a foto do meu time (categoria infantil).

Outubro de 1956! A saudade quase mata a gente. Lembro-me apenas do Décio (n°5) e do Germano Bonot (n°3). Eu sou o (n°13). Na esquerda o técnico Zé. Perdoem-me os demais. Esqueci seus nomes.

Agora, já velho, sou obrigado, por falta de opção, a jogar com companheiros muito mais novos do que eu. Eles têm, 
a maioria, menos da metade da minha idade. Jogamos 3 vezes por semana. 

Disputo também o campeonato brasileiro. No ano passado, fui medalha de prata no XXX CAMPEONATO BRASILEIRO DE BASQUETEBOL MASTER, promovido pela Federação Brasileira. Defendi o Distrito Federal. Já conquistei, medalhas de bronze em outros anos, jogando por outros estados, como Paraíba, Goiás e Rio Grande do Sul (meu estado natal), além de Santa Catarina (meu estado de coração). 

Curta as fotos:

 Fernando, Ernesto, ...., eu, Bruno, Pedro, Rubens.
Equipe de Brasília (2014). O n°8 sou eu!

Um peito quase campeão!
Medalha de prata.
A taça.

Como é difícil enfrentar o assédio das fãs! Não é mesmo, Rubens?
Em vista do exposto, concluo que é muito provável que eu esteja no caminho certo, aquele que prorroga meu inexorável destino com qualidade de vida. Sendo assim, então, devo expor meus preceitos, já que a ensinança é a minha vocação, tanto que sempre fui professor (grifado, porque professor não é o mesmo que "trabalhador da educação"). É o que tenho feito, inclusive com aquele chorinho.

Minha velhice me ensinou que os nossos sonhos permanecem, que a vontade de viver intensamente resiste ao tempo, assim como o desejo de amar continua mais vivo do que nunca. Posso não ter mais o vigor da minha juventude, mas continuo jovem, embora não pareça. A minha necessidade de fazer a vida valer a pena permanece intacta. Parece-me que a morte respeita quem ainda está muito vivo. Para este, não adianta morrer.

Tenho colegas no basquetebol de veteranos que já descobriram isso, não é, Rubens? Não é assim, VadoBruno, PedroFernando?

Outros idosos já descobriram isso, inclusive famosos, como a conhecida atriz Sophia Loren, 8 anos mais velha do que eu! Ela disse: “Há uma fonte da juventude: é sua mente, seus talentos, a criatividade que você traz para a sua vida e as vidas das pessoas que você ama. Quando você aprender a explorar esta fonte, você terá verdadeiramente derrotado a idade.” 

Como já dizia minha bisavó ao meu avô (genro dela), "mesmo contra a sua vontade, continuo chutando a maçaroca para frente"!

Muito obrigado, aos amigos e conhecidos, pelas mensagens enviadas neste dia em que superei mais um ano de vida!
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