A. Quites - 06/10/2014
Ontem foi dia 05 de outubro de 2014. Foi dia de eleições gerais no Brasil. Faço aqui um relato do que me aconteceu, na minha seção eleitoral.
Tenho dito abertamente que não acredito no sistema eleitoral brasileiro e que também não acredito nas pesquisas de intenção de voto. O sistema de apuração com estas urnas eletrônicas é muito vulnerável às fraudes por atacado, aquelas que não são feitas pelos eleitores, mas por especialistas que tenham acesso privilegiado aos softwares do sistema. Portanto, acredito que efetivamente há fraudes, embora seja impossível fazer prova disto, porque não há voto real na urna.
Mesmo sendo descrente deste sistema, viajei ontem de Porto Alegre a Florianópolis, de carro, para que eu e minha esposa pudéssemos votar. Cheguei na minha seção eleitoral (Seção 347; Zona 12; no CED da UFSC) por volta do meio-dia. Aguardei na fila.
Quando fui convidado a entrar, dirigi-me ao presidente da mesa, que conferiu minha identidade e, então, assinei a lista de votantes. Depois fiquei sentado ali, aguardando que o eleitor anterior liberasse a urna. Foi quando olhei para aquele cabo que conecta a urna-computador ao terminal do mesário e senti aquela forte indignação de quem se sente enganado. Se a urna é um computador que obedece cegamente a um software e está conectada ao terminal do mesário, que acabou de digitar meu número de eleitor, como querem nos convencer que a urna seja indevassável?
Quando a urna foi liberada, fui até a cabine de votação e lá penosamente votei para Deputado Estadual, Deputado Federal, Senador e Governador. Quando chegou o momento de votar para Presidente da República, desisti e abandonei a cabine sem apertar o botão CONFIRMA.
O presidente da mesa eleitoral, surpreso, logo me alertou:
"O Sr. não completou o seu voto!".
"Não vou completá-lo", respondi. "Não acredito nestas urnas".
"Então vou ter que anular o seu voto", disse o presidente.
Perguntei: "Vai anular tudo? Eu votei quatro vezes, apertei o botão CONFIRMA quatro vezes. Só me abstive na quinta vez".
Ele consultou um manual que estava sobre a mesa e, um tanto atrapalhado, disse: "Vou anular apenas seu último voto".
Então, disse-lhe: "Você vai cometer uma ilegalidade. Eu não anulei meu voto, nem votei em branco. Eu me abstive de votar para presidente! Se você anular o meu voto estará votando por mim!"
"Eu não", reagiu ele, "você que não quis votar".
Insisti: "Eu quero, mas não posso acreditar neste tipo de urna. Você está sendo obrigado, pelo sistema e seu manual de instruções, a cometer um crime eleitoral".
Então o presidente digitou algo no seu terminal, apertou um botão e encerrou o caso. Eu ainda lhe disse: "Quando o mesário interfere no voto do eleitor, isto se chama FRAUDE DO MESÁRIO".
A senhora que aguardava para votar depois de mim, sentada ali à mesa, exclamou: "É por isso que não acredito nesta urna!".
Em seguida, o presidente me deu o comprovante de votação e eu saí da sala. Saí pensando: "Assim como o eleitor não tem como saber para quem a urna conta o seu voto, o mesário, que pensa ter anulado o meu voto, também não sabe para quem o voto foi atribuído". O mesário, e não eu, decidiu o que fazer, mas o que de fato ocorreu foi decidido pelo comando registrado no software (em vigor naquele momento) por um especialista desconhecido.
Logo, ainda não sei se todos os meus votos foram anulados ou se apenas o último foi anulado. De fato, não sei se o último voto foi mesmo anulado ou transformado em voto em branco ou mesmo se foi atribuído a algum candidato.
Acentuo que, como o processo de votação brasileiro não prevê a conferência da contagem dos votos e como não sou devoto da Santa Urna Eletrônica, não sei sequer se meus votos não foram atribuídos outros candidatos à minha revelia.
Na saída, conversando com populares, fui informado que os "pen drives" seriam levados ao TRE por um "motoboy". Será? É até difícil de acreditar. Cada "pen drive" é um boletim de urna. Não poderia ser transportado assim!
Tudo é secreto no sistema eleitoral brasileiro, desde a elaboração do software até a transmissão e totalização dos resultados, em rede privada e fechada. Como acreditar que o processo não seja fraudulento? É por isso que a urna eletrônica brasileira é inconstitucional.
Em outros países, onde a apuração eleitoral é tão rápida quanto aqui, cada urna (geralmente de plástico transparente) é apurada manualmente no mesmo local da votação e o resultado é colocado na internet ali, na frente de todos os fiscais e populares interessados. Logo, a totalização é pública, fiscalizada por toda a população. Aqui tudo se faz numa rede privada administrada pela Oi (Telemar).
O Brasil não merece isso! Temos que lutar para mudar.
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COMPROVAÇÃO PELO BOLETIM DE URNA
Os resultados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que foram agora divulgados na internet, sugerem que, na minha urna (seção 347, zona 12, Florianópolis), todos os meus cinco votos foram anulados ou alguem votou por mim para presidente. O Boletim de Urna mostra que o número de votos apurados (soma dos votos brancos, nulos e votos nominais) é o mesmo para todos os cargos que estavam em disputa. Portanto, também o número de abstenções. Eu me abstive apenas no pleito para Presidente da República e tenho o Comprovante de Votação nas eleições de 2014, assinado pelo Presidente de Mesa (ver abaixo). O número de abstenções, que é registrado no boletim de urna, corresponde ao número de pessoas que se abstiveram de comparecer na seção eleitoral e não ao número de eleitores que não votaram em cada um dos pleitos em disputa. Em outras palavras, o número de abstenções corresponde ao número de pessoas que não compareceram na seção eleitoral e não a cada etapa da votação múltipla.
O que de fato aconteceu foi que o mesário, no caso o presidente de mesa, votou por mim, uma ou mais vezes. O direito de votar ou anular meu voto deveria ser exclusivamente meu, mas não foi.
Involuntariamente, porque induzido pelo procedimento eleitoral vigente, o presidente de mesa fez o que se chama de FRAUDE DO MESÁRIO. Aliás, uma forma peculiar deste tipo de fraude, porque feita na presença do eleitor fraudado.
Isto comprova que o mesário, a partir de um comando em seu terminal, pode interferir no voto do eleitor. O terminal do mesário conecta-se com a urna eletrônica. É mais uma porta aberta à fraude. É por essa conexão que o mesário envia o número do Título de Eleitor à urna-computador. Desta forma, como foi demonstrado praticamente pelo Prof. Diego Aranha, o segredo do voto pode ser violado. Diego foi capaz de identificar o voto de cada eleitor. A urna-computador pode fazer isso ilegalmente e furtivamente.
A. M. Quites
Meu comprovante de votação comprova que não me abstive.
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Leia mais sobre este tema:
2) A URNA ELETRÔNICA É FALHA (alerta o Ministério Público Federal)
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