Por Almir Quites - 18/05/2014
O fascismo é apenas um tipo de fanatismo, como tantos outros "ismos". Fascismo é o radicalismo político autoritário e nacionalista, mas vou tratar aqui do uso deste termo no quotidiano da nossa sociedade.
O termo fascismo, no dia-a-dia, está descaracterizado. Já não importa mais a etimologia, ele é usualmente instrumento verbal a ser brandido contra supostos adversários, com o objetivo único de insultá-los, estigmatizá-los. Da mesma forma os termos "direita" e "esquerda". Fascista hoje não passa de um xingamento, uma palavra pejorativa; um adjetivo frequentemente utilizado para se descrever qualquer posição política da qual o orador não goste. Não há ninguém no mundo atual que se declare um fascista e diga “considero o fascismo um grande sistema econômico e social”.
No entanto, há um comportamento muito similar ao fascista. É aquele que sempre considera e trata o diferente como inimigo, excluído do seu povo, desqualificado em sua humanidade, associado a desumano, bandido, falso, sujo. Sempre que alguém tenta uniformizar a sociedade, como se fosse um organismo homogêneo, estamos diante de um comportamento fascista. O fulcro é: alguns são “o povo” e devem ser protegidos; outros não são do povo, não tem direitos e podem ser excluídos.
Como não existe hoje um regime fascista, nem mesmo existe quem se proclame pró fascismo, a rigor, não existem fascistas. O que existe são pessoas de comportamento assemelhado. Prefiro nem usar esta denominação. Teríamos que chamá-los de algo diferente, como parafascista ou protofacista. No fim das contas, são todos fanáticos. Não vejo muita diferença de comportamento e não importa se eles se auto definem como de "direita" e "esquerda".
Geralmente são estes radicais que costumam acusar os outros, os diferentes, de fascistas. É interessante que o radicalismo político autoritário deles passa a ter um aspecto do taoismo, onde "o objetivo, o caminho e o caminhante se confundem". Daí resulta que o caminhante fica mais confuso, menos ciente. No caso em discussão, na medida em que o sujeito insulta os outros, confunde-se com seus próprios insultos, revelando-se um autêntico radical, autoritário, faccioso. Enfatizo ainda mais: o insultante comprova ser o mais perfeito alvo de seu insulto.
O parafascista (ou protofascista) é basicamente um fanático, sectário, portador de uma paixão cega que o leva a excessos em favor de sua facção, seja qual for.
É possível, para uma pessoa atenta, identificar fanáticos pelo linguajar e pelos argumentos que usam durante um debate.
Assim:
Vejam as manifestações da Dilma ou do Lula. São tipicamente parafascistas. Observem os pronunciamentos de outros políticos importantes do governo ou do Congresso. Na maioria, também são tipicamente parafascistas. Observem as manifestações dos membros principalmente dos partidos de esquerda do Brasil. Como estes tem o poder, os de direita se calam. É evidente que a lógica e o modus operandis fascista se encaixam perfeitamente aos lideres do PT e de outras organizações políticas tais como Conlutas, PSTU, PSOL, PC do B etc. Embora estes sejam atualmente os mais típicos, este comportamento é encontrado em todo o espectro politico de nossa sociedade.
Até aqui, este texto se restringiu apenas à linguagem e ao comportamento durante um debate. Certamente há outras características que identificam um parafascista e suas organizações, sobre as quais não vou me estender. Por exemplo, os parafascistas costumam se filiar a facções, abertas ou secretas, legais ou ilegais, em busca de segurança e poder. Em grupo, sentem-se mais poderosos.
Obviamente é o conjunto de um complexo de características que identificam o parafascista, não apenas uma ou algumas.
Não me parece que o parafascismo esteja exacerbado no mundo todo, mas apenas em certas regiões dele. Certamente está exacerbado por aqui, no Brasil e na América Latina. O pior é que o atual radicalismo pode ainda aumentar.
Vejo, em tudo isso, a falência da Educação Formal. Na mesma medida em que a escola deixa de educar e se restringe apenas a armazenar jovens durante certo tempo do dia, mantendo-os ocupados, ainda que ensine alguns conteúdos, seus estudantes assumem valores morais e sociais que a escola omitiu, que lhes são passados por amigos (também deseducados), pela mídia, pela intensíssima propaganda comercial e política. Eles aprendem que importante é o que se passa aqui e agora. O que vale é o individualismo, o prazer, o poder, o possuir etc., ainda que tenham enorme dificuldade de alcançar qualquer destes objetivos. O egoísmo é crescente, assim como a debilidade diante de frustrações. Tornam-se adultos vulneráveis, fracos, que buscam proteção a todo o custo.
A falência da Escola leva a juventude a ter muita dificuldade para evoluir, para deixar a infância para trás, para se adaptar ao mundo moderno, em franco desenvolvimento, que cada vez mais exige conhecimento e competência. Isto é muito mais que saber operar celulares e computadores. A juventude despreparada foge da realidade que, para eles, é traumatizante.
É o que penso. Na opinião de vocês, em que estou certo? Em que estou errado?
Sugestões de leitura complementar (basta clicar):
Por favor, evite o anonimato! Escreva o seu nome no final do seu comentário.
Não use CAIXA ALTA, isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente.
Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
O fascismo é apenas um tipo de fanatismo, como tantos outros "ismos". Fascismo é o radicalismo político autoritário e nacionalista, mas vou tratar aqui do uso deste termo no quotidiano da nossa sociedade.
O termo fascismo, no dia-a-dia, está descaracterizado. Já não importa mais a etimologia, ele é usualmente instrumento verbal a ser brandido contra supostos adversários, com o objetivo único de insultá-los, estigmatizá-los. Da mesma forma os termos "direita" e "esquerda". Fascista hoje não passa de um xingamento, uma palavra pejorativa; um adjetivo frequentemente utilizado para se descrever qualquer posição política da qual o orador não goste. Não há ninguém no mundo atual que se declare um fascista e diga “considero o fascismo um grande sistema econômico e social”.
No entanto, há um comportamento muito similar ao fascista. É aquele que sempre considera e trata o diferente como inimigo, excluído do seu povo, desqualificado em sua humanidade, associado a desumano, bandido, falso, sujo. Sempre que alguém tenta uniformizar a sociedade, como se fosse um organismo homogêneo, estamos diante de um comportamento fascista. O fulcro é: alguns são “o povo” e devem ser protegidos; outros não são do povo, não tem direitos e podem ser excluídos.
Como não existe hoje um regime fascista, nem mesmo existe quem se proclame pró fascismo, a rigor, não existem fascistas. O que existe são pessoas de comportamento assemelhado. Prefiro nem usar esta denominação. Teríamos que chamá-los de algo diferente, como parafascista ou protofacista. No fim das contas, são todos fanáticos. Não vejo muita diferença de comportamento e não importa se eles se auto definem como de "direita" e "esquerda".
Geralmente são estes radicais que costumam acusar os outros, os diferentes, de fascistas. É interessante que o radicalismo político autoritário deles passa a ter um aspecto do taoismo, onde "o objetivo, o caminho e o caminhante se confundem". Daí resulta que o caminhante fica mais confuso, menos ciente. No caso em discussão, na medida em que o sujeito insulta os outros, confunde-se com seus próprios insultos, revelando-se um autêntico radical, autoritário, faccioso. Enfatizo ainda mais: o insultante comprova ser o mais perfeito alvo de seu insulto.
O parafascista (ou protofascista) é basicamente um fanático, sectário, portador de uma paixão cega que o leva a excessos em favor de sua facção, seja qual for.
É possível, para uma pessoa atenta, identificar fanáticos pelo linguajar e pelos argumentos que usam durante um debate.
Assim:
1)
Como todo o fanático, o parafascista afirma as suas
crenças, mas não aceita discuti-las. Usa de estratégias para evitar a discussão
honesta.
2)
Procura manter a discussão em termos abstratos para
que a lógica não possa ser aplicada.
3)
O fanático não ouve o argumento do outro, porque
ele já tem a sua verdade. Em vez de argumentar apenas repete suas verdades
e, se tenta argumentar, comete óbvios erros de lógica, porque a lógica expõe as debilidades de sua fé.
4)
Os fanáticos desqualificam
o interlocutor adversário a qualquer custo, considerando-o como
inimigo, como ameaça a si, e sem considerar nem a justiça nem o direito alheio.
5)
Usam argumentos repetitivos, chavões, clichês,
banalidades repetidas com frequência.
6)
Abusam dos argumentos ad hominen,
argumento contra a pessoa. Atacam a pessoa do adversário ao invés de atacar as
suas proposições.
7)
Quando a lógica desmonta a sua tese, explicita a sua
inconsistência, passa então a repetir seus dogmas simplesmente desconsiderando
a inconsistência. Chega ao ponto de argumentar que a lógica não é importante e que o absurdo é verdadeiro, ainda que possa não ser comprovado. Em outras palavras, a lei
universal é a sua crença individual.
8)
Quando os fatos contrariam as suas teses, ele cria
uma nova interpretação dos fatos para manter intacta a sua crença, ainda que
atropele a lógica.
9)
Manter suas convicções é mais importante do que
convencer os outros debatedores. Quanto mais evidente se torna a sua falácia,
mais tempo e dinheiro ele gasta na busca de reforço às suas convicções. É como
se sua sobrevivência dependesse da manutenção de suas convicções.
10) Estão sempre armados para impedir ou expurgar o adversário pelo uso do
poder físico ou simbólico.
Até aqui, este texto se restringiu apenas à linguagem e ao comportamento durante um debate. Certamente há outras características que identificam um parafascista e suas organizações, sobre as quais não vou me estender. Por exemplo, os parafascistas costumam se filiar a facções, abertas ou secretas, legais ou ilegais, em busca de segurança e poder. Em grupo, sentem-se mais poderosos.
Obviamente é o conjunto de um complexo de características que identificam o parafascista, não apenas uma ou algumas.
Não me parece que o parafascismo esteja exacerbado no mundo todo, mas apenas em certas regiões dele. Certamente está exacerbado por aqui, no Brasil e na América Latina. O pior é que o atual radicalismo pode ainda aumentar.
Vejo, em tudo isso, a falência da Educação Formal. Na mesma medida em que a escola deixa de educar e se restringe apenas a armazenar jovens durante certo tempo do dia, mantendo-os ocupados, ainda que ensine alguns conteúdos, seus estudantes assumem valores morais e sociais que a escola omitiu, que lhes são passados por amigos (também deseducados), pela mídia, pela intensíssima propaganda comercial e política. Eles aprendem que importante é o que se passa aqui e agora. O que vale é o individualismo, o prazer, o poder, o possuir etc., ainda que tenham enorme dificuldade de alcançar qualquer destes objetivos. O egoísmo é crescente, assim como a debilidade diante de frustrações. Tornam-se adultos vulneráveis, fracos, que buscam proteção a todo o custo.
A falência da Escola leva a juventude a ter muita dificuldade para evoluir, para deixar a infância para trás, para se adaptar ao mundo moderno, em franco desenvolvimento, que cada vez mais exige conhecimento e competência. Isto é muito mais que saber operar celulares e computadores. A juventude despreparada foge da realidade que, para eles, é traumatizante.
É o que penso. Na opinião de vocês, em que estou certo? Em que estou errado?
Sugestões de leitura complementar (basta clicar):
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