Texto originalmente postado no debate da associaçao de professores da UFSC
Autor: Almir Quites
Direita? Esquerda? Jovens que não conhecem o
significado político destes termos são cooptados para um ou outro lado sem
entender em que estão se metendo.
Muitos se acusam mutuamente e não sabem bem o que estes
termos significam em política. No entanto, Direita versus esquerda é a forma mais rudimentar de se encarar a politica.
Há dois aspectos a considerar:
Há dois aspectos a considerar:
(a) há o conceito da ciência
política e
Pretendo abordar estes temas desconsiderando as
ideologias porque elas são expedientes locais para idealizar os verdadeiros e
inconfessáveis objetivos. Neste sentido, estou alinhado com Karl Marx e
Friedrich Engels, que definiam Ideologia como o “Conjunto de idéias que
procura ocultar a sua própria origem nos interesses sociais de um grupo
particular da sociedade".
Vamos esclarecer estes dois aspectos, começando
pelo item (a): o conceito teórico de Direita e Esquerda em
política.
Teoricamente Direita Política é uma forma de
designar uma visão que aceita ou apoia a hierarquia social ou a desigualdade
social. A hierarquia social e/ou a desigualdade social são vistas, pelos
“de direita”, como inevitáveis, naturais ou mesmo desejáveis,
neste último caso, por exemplo, devido à competição nas economias de mercado.
Ser "de direita" ou "de esquerda" não é demérito para
ninguém. Há situações e/ou épocas em que é mais correto ser "de
direita" e outras "de esquerda". Tudo depende da filosofia
pessoal de cada um e também do contexto político do momento.
Rápidamente, de passagem apenas, esclareço que é
preciso não confundir "ser de direita" com "ser
conservador". O conservadorismo é um termo usado para descrever campos
político-filosóficos, mais favoráveis à transformação graduais, que se
contrapõem a mudanças abruptas, revolucionárias, seja na economia, na política
ou em qualquer outro sistema, inclusive de usos e costumes de uma sociedade. É
errado usar estes dois termos como se ambos fossem sinônimos, o que,
infelizmente é o mais comum. Analogamente, não confundir com capitalista,
liberalista, neo capitalista ou neo liberalista.
Passo agora ao item (b): o significado prático e
mais corriqueiro dos termos Direita e Esquerda em política, o conceito do
cotidiano.
O uso prático, do dia-a-dia, destes conceitos na
vida política exprimem um fenômeno sociológico que surge como um confronto
entre duas facções que se opõem, entendidas como se fossem similares às
torcidas de diferentes times de futebol ou de escolas de samba, por vezes,
orientadas pela violência verbal ou, até mesmo, pela violência física contra os
torcedores rivais. Isto pode ser agravado pelos processos históricos e
estruturais inerentes à sociabilidade dos envolvidos, podendo gerar sérios
conflitos entre grupos e até entre nações. Nestes casos, a Política está sendo
entendida como um jogo tipo perde-ganha. Contudo Política não não devia ser
entendida como um jogo, muito menos um jogo de futebol.
Política é arte ou a ciência da organização,
direção e administração de nações ou Estados e também a aplicação desta ciência
aos assuntos internos da nação (política interna) ou aos assuntos externos
(política externa). Lamentavelmente a grande maioria dos políticos só entende a
política como um jogo. A Política só se torna um jogo porque, na prática
diária, cada facção tenta se impor à outra por meios ardilosos e agressivos.
Os mais jovens nem desconfiam que a atual tensão
existente no Brasil entre Direita e Esquerda, assim como em outras partes do
mundo, vem de muito, muito longe no tempo. Por exemplo, há quase 80 anos atrás
houve uma tentativa de golpe da Esquerda contra o governo de Getúlio Vargas,
com apoio financeiro e logístico da Rússia, conhecida como Intentona
Comunista ou como Revolta Vermelha (1935), organizada pelo PCB (na
época, Partido Comunista do Brasil) e liderada por Luís Carlos Prestes (ver mais aqui). No entanto, o conflito Direita
x Esquerda recrudesceu há cerca de 70 anos, com o início da chamada Guerra
Fria, designação atribuída ao período histórico de disputas estratégicas e
conflitos indiretos entre os Estados Unidos e a União Soviética, compreendendo
o período entre o final da Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinção da União
Soviética (1991). O bloco dos Estados Unidos era dito "de direita",
enquanto o bloco da União Soviética era dito ser "de esquerda", ou
seja, partiria do princípio da igualdade social e do comunismo.
No bloco da Esquerda as desigualdades sociais são vistas como nefastas,
resultado da exploração de uns por outros. Sem entender nada disso, os jovens
brasileiros tem se filiado a estas correntes do mesmo modo que um torcedor de
um time de futebol. Assim, correm o risco de se tornarem "inocentes
úteis", militantes a serviço de políticos inescrupulosos.
A Guerra Fria foi uma disputa entre o bloco de
países que apoiavam a iniciativa individual, a propriedade privada e as liberdades
civis, como a liberdade de opinião, de expressão e de voto, e o bloco de
países que apoiavam a ideologia comunista, que pretendia promover o
estabelecimento de uma sociedade igualitária, sem classes sociais e apátrida,
baseada na propriedade comum, no controle dos meios de produção e da
propriedade em geral. Idealmente, neste bloco, ninguém teria direito a possuir
propriedade privada. Para a instalação da sociedade comunista, numa primeira
fase, a propriedade privada deveria ser estatizada, sendo o Estado gerido por
um Partido político único, que se encarregaria de distribuir de forma
igualitária a riqueza gerada por todos. Numa segunda fase, o Estado seria
abolido, sendo o poder entregue ao povo. Pura ilusão! O que de fato aconteceu
em todos os países comunistas foi a existência de cruéis ditaduras que nunca
cogitaram de passar à dita segunda fase. Como seria? Não se sabe. Nunca se
saberá!
Esta disputa era chamada de "Guerra Fria"
porque não havia um conflito bélico generalizado, como na Segunda Guerra
Mundial, ou seja, não havia uma "Guerra Quente" entre as duas superpotências
da época, dada a inviabilidade da vitória de uma sobre a outra em uma batalha
nuclear. Ambos os lados se destruiriam. As duas superpotências passaram a
disputar poder de influência política, econômica e ideológica em todo o mundo.
Repito, para enfatizar: a Guerra Fria afetou todo o
mundo. Eram poucos os países não alinhados a uma das duas grandes potências
mundiais. Os símbolos da Esquerda tinham as cores da União Soviética: o
predominante vermelho com o amarelo e branco para contrastes. Os símbolos da Direita tinham as cores dos Estados
Unidos: o predominante azul com o branco
e vermelho para contrastes.
Após a Segunda Guerra Mundial, o Brasil ficou do
lado norte-americano. Isto desencadeou um aumento nas relações comerciais entre
os dois países. O Brasil só entrou em conflito com os Estados Unidos durante os
sete meses de governo do Presidente Jânio Quadros. Jânio inaugurou o que
chamava de “política externa independente”, reatando relações
diplomáticas com países comunistas, como a China e a União Soviética. Assim, o
conflito entre Direita e Esquerda recrudesceu. A renúncia de Jânio Quadros à
Presidência da República criou uma grave situação de instabilidade política. A
política brasileira estava dividida e a luta era intensa entre os que eram pró
União Soviética e os que eram pró EEUU. João Goulart (Jango), que era
vice-presidente de Jânio, estava na China Comunista e a Constituição
estabelecia que o ele deveria assumir o governo no Brasil. Porém, os ministros
militares se opuseram à sua posse, pois viam nele uma ameaça ao país, por seus
vínculos com políticos do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e do Partido
Socialista Brasileiro (PSB). Há historiadores que mostram que Cuba já
financiava e treinava guerrilheiros brasileiros naquela época (ver aqui). Porém não havia unanimidade nas
altas esferas militares sobre o veto a Jango. Em 1961, Goulart foi autorizado a
assumir o cargo, sob um acordo que diminuiu seus poderes como presidente pela
instalação do regime parlamentarista.
No panorama internacional a crise alcançou seu
climax em 1962, quando os soviéticos instalaram mísseis nucleares em Cuba e
dali poderiam bombardear qualquer parte do território dos Estados Unidos. O
mundo esteve à beira de um conflito nuclear generalizado.
No Brasil, quando, em 1963, João Goulart readquiriu
os poderes do presidencialismo e passou a defender as chamadas "reformas
de base", o controle dos capitais estrangeiros e a estatização de empresas
privadas, em seus discursos políticos. Tornou-se evidente que ele iria procurar
implementar políticas "de esquerda", tendo o Congresso sob seu total
controle. Mas Jango era incapaz de governar sob o regime presidencialista.
Pressionado por todos, acabou se tornando joguete das forças radicais de
esquerda que pretendiam a comunização do país. O próprio cunhado, Leonel
Brizola, então deputado federal, influenciava demais o Presidente. Registrou-se
então um avanço ainda maior das esquerdas nas eleições parlamentares. Brizola
passou a organizar "células" à maneira dos sovietes,
dando-lhes a o nome de "Grupo dos Onze", menção ao número de
pessoas por célula.
Na época, a sociedade brasileira tornou-se
profundamente polarizada, devido ao temor de que o Brasil se juntasse à Cuba
como parte do bloco comunista na América Latina sob o comando de Goulart.
Políticos influentes, como Carlos Lacerda e Juscelino Kubitschek, bem como
organizações como a Igreja Católica, os latifundiários, os empresários e grande
parte da classe média pediam uma revolução preventiva ("contra-revolução")
por parte das Forças Armadas para remover o governo de esquerda.
Assim a tensão entre Direita e Esquerda, própria da
Guerra Fria, chegou aos mais intensos níveis também no Brasil.
A Esquerda se fortificava preparando-se para um
confronto de proporções maiores. No setor trabalhista, fundou-se a
CNTI-Confederação Nacional dos trabalhadores da Indústria, cuja função era
promover greves e acirrar os conflitos trabalhistas. Na área governamental, uma
lei delegada criara a Superintendência de Reforma Agrária (SUPRA) e o
deputado federal Francisco Julião iniciou o movimento das Ligas Camponesas que,
partindo do nordeste, se expandiu para o norte e para o centro-oeste. Surgiram
conflitos entre camponeses e latifundiários, com invasões de terras e uma luta
armada entre os "sem-terra" e jagunços, com mortes constantes
de um e outro lado. Aumentou o questionamento no setor estudantil, já
organizado em torno da UNE-União Nacional de Estudantes, presidida primeiro por
Aldo Arantes (1961-1962), hoje no PCdoB, e depois por José Serra (1963-1964),
hoje no PSDB. A UNE percorria o país, mantendo debates políticos com a classe
estudantil e encenava peças de conteúdo revolucionário, com vistas ao sucesso
da revolução cubana. Grupos paramilitares surgiram em São Paulo sob as vistas
grossas do governo, um deles com uniforme que se confundia com o fardamento da
Aeronáutica.
A Direita também se preparava. No Rio de Janeiro, o
general Golberi do Couto e Silva criou o IPES-Instituto de Pesquisas
Econômico-Sociais, cuja função oculta era conspirar contra o governo. Com o
mesmo intuito, formou-se o IBAD-Instituto Brasileiro de Ação Democrática,
desenvolveu-se a Ação Democrática Parlamentar, formada pela UDN e PSD, e tantos
outros agrupamentos que discutiam e agiam no sentido de derrubar Jango do
governo.
O povo tomava posição, uns à Direita, outros à
Esquerda, mas obviamente o povo não entendia o que se passava. Em política nada
é como o povo pensa que é! Assim, de um lado e de outro, armavam-se os
espíritos, formava-se uma tempestade política e social.
Em 31 de março de 1964, o Presidente João Goulart
foi deposto, os militares assumiram o poder e Jango fugiu para o Uruguai.
Apesar das promessas de imediata devolução do poder aos civis, o que ocorreu
foi a implantação de uma ditadura militar que durou 21 anos. AS forças armadas
traíram a nação brasileira. A Constituição de 1946 foi substituída pela
Constituição de 1967, e, ao mesmo tempo, ocorreram a dissolução do Congresso
Nacional, a supressão de liberdades individuais e a criação de um código de
processo penal militar que permitiu que o Exército brasileiro e a polícia
militar do Brasil pudessem prender e encarcerar pessoas consideradas suspeitas,
além de impossibilitar qualquer revisão judicial. Carlos Lacerda e Juscelino
Kubitschek passaram a fazer oposição ao governo militar. Mesmo assim, a
popularidade do governo militar crescia. A ditadura atingiu o auge de sua
popularidade na década de 1970, com o "Milagre Brasileiro"
(período de excepcional crescimento econômico), no mesmo momento em que o
regime censurava todos os meios de comunicação, torturava e exilava dissidentes
(os anos de chumbo). O povo? Ah, o povo apoiava a ditadura como sempre faz! O
povo sempre é manipulado facilmente pelas ditaduras. Mas isto não dura
indefinidamente.
Foi então necessária uma enorme mobilização popular
para conseguir, às duras penas, exigir o fim da ditadura. Nesta época todos
passaram, pouco a pouco, a se unir às esquerdas, porque o mais importante era
afastar os militares do poder. As ideologias da Guerra Fria ficaram então em
segundo plano. Na década de 1980, assim como outros regimes militares
latino-americanos, a ditadura brasileira entrou em decadência e o governo não
conseguia mais estimular a economia e diminuir a inflação crônica, o que deu
impulso ao movimento pró-democracia. O governo aprovou uma Lei de Anistia para
os crimes políticos cometidos pelo e contra o regime, as restrições às
liberdades civis foram relaxadas e, então, realizaram-se eleições presidenciais
em 1984, com candidatos civis. Com a promulgação da Constituição de 1988, o
Brasil voltou à democracia e os militares mantiveram-se sem qualquer papel
político relevante até hoje.
Neste interim a o Império Soviético se
estraçalhou. O termo informal "Império Soviético" se refere ao
conjunto de países que estavam sob a influência direta da União Soviética. O
número total de países que viviam sob o domínio soviético (Pacto de Varsóvia)
variou com o tempo entre 15 e 40 países. O enfraquecimento do governo da União
Soviética causou a queda do Muro de Berlin e uma série de eventos que
terminaram por causar a dissolução da União Soviética, num processo gradual de
deteriorização interna que ocorreu durante dois anos (1990 e 1991).
Os países que compunham o Império Soviético eram
explorados pela Rússia. Os povos já não suportavam a opressão, a economia do
todo entrou em colapso. A Guerra Fria, enfim acabara!
A Guerra Fria acabou, mas há brasas querendo
reacender a fogueira, inclusive aqui, na América Latina e no Leste Europeu,
onde a Rússia ainda sonha com uma volta ao passado.
O que está acontecendo aqui?
Com a queda da União soviética, alguns políticos de
esquerda da América Latina imaginaram criar por aqui um império nos moldes da
ex-União Soviética. A ideia era começar com um grande congresso, o qual foi
acertado para ocorrer na cidade de São Paulo. Por isso, este congresso é hoje
conhecido como Foro de São Paulo (FSP), embora os encontros sejam sempre
em países diferentes. Consta que a idéia deste foro surgiu em julho de 1990,
durante uma visita feita por Fidel Castro a Lula, em São Bernardo do Campo, e foi
formalizada quando 48 organizações, partidos e frentes de esquerda da América
Latina e do Caribe, atenderam ao convite do Partido dos Trabalhadores (PT).
Reuniram-se na cidade de São Paulo para debater a nova conjuntura internacional
pós-queda do Muro de Berlim (1989), elaborar estratégias para defender o
comunismo de Cuba e unir as forças de esquerda latino-americanas como uma
"alternativa popular e democrática ao neoliberalismo".
Entretanto, o objetivo estratégico real é o de recuperar, no comunismo da
América Latina, tudo o que fora perdido no Leste europeu, após a queda do Muro
de Berlim. É a reconstrução da Internacional Comunista, conforme indica a
análise comportamental dos atores latino-americanos.
Lula chegou à presidência do Brasil em 2003. Desde
então a política externa brasileira mudou para um alinhamento entre Brasil,
Venezuela e Cuba, no sentido de ampliar as influências da chamada "Aliança
Bolivariana". Tal alinhamento estabeleceu uma política de cunho
ideológico, iniciada por Lula e seguida por Dilma, nascida dentro do Foro de
São Paulo, que fere a soberania brasileira por não ter sido exposta claramente
nas campanhas eleitorais e por não ter sido aprovada pelo Congresso Nacional.
Ao submeter o interesse nacional a interesses estrangeiros, esta aliança renega
os princípios constitucionais de independência, de não intervenção e de
autodeterminação. Até o MERCOSUL ficou submisso ao FSP.
Como presidente do Brasil, Lula adotou uma política
de favorecimento aos demais países partícipes do foro, conforme acordos
realizados dentro do próprio foro e sem aprovação do Congresso, segundo
declarações do próprio Lula. Portanto, estes acordos são ilegais. Assim, Lula
desenvolveu a diplomacia ditada pelo FSP, o que levou à defesa incondicional da
ditadura socialista-bolivariano de Hugo Chávez, na Venezuela, ao apoio a Evo
Morales, na Bolívia (mesmo quando esta se apossou da refinaria da Petrobrás)
como também à Rafael Correa, do Equador, às relações sempre especiais com a
tirania cubana, à resistência do Brasil à deposição legal do presidente
hondurenho Manuel Zelaya, à ilegal manobra de exclusão do Paraguai do MERCOSUL
e à (in)consequente inclusão da Venezuela. Estes são todos fatos políticos que
fazem parte do alinhamento e dos acordos, nem sempre declarados, do PT com o
Foro.
Há muito recurso público sendo usado como
combustível para reacender a Guerra Fria, tanto aqui na América latina, como no
Leste Europeu.
Você é de Direita ou de esquerda?
Almir Quites
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Leia também:
1) MORREU O VERDADEIRO HERÓI CUBANO
2) O STF E SUA VERGONHOSA DECISÃO
3) MANDELA VIROU MITO
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Leia também:
1) MORREU O VERDADEIRO HERÓI CUBANO
2) O STF E SUA VERGONHOSA DECISÃO
3) MANDELA VIROU MITO
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COMENTÁRIOS:
Prezado
Quites:
A esquerda
é bem mais complexa e profunda do que a história nos conta. Solicitaria que
você enviasse este texto abaixo ao seu sobrinho neto. Não são textos meus
(estou sem tempo para isto), mas refletem o que eu penso (em particular as
partes grifadas)
"Ser
de esquerda, hoje, é defender os direitos dos mais pobres, condenar a
prevalência do capital sobre os direitos humanos, advogar uma sociedade onde
haja, estruturalmente, partilha dos bens da Terra e dos frutos do trabalho
humano". Frei Beto
"Política
de esquerda descreve uma visão ou posição específica que aceita ou suporta
igualdade social, envolvendo uma
preocupação com os cidadãos que são considerados em desvantagem em relação aos
outros e uma suposição de que há desigualdades injustificadas que devem ser
reduzidas ou abolidas. Atualmente o termo "esquerda" tem sido usado
para descrever uma vasta família de movimentos, incluindo o movimentos pelos
direitos civis, movimentos anti-guerra e movimentos ambientalistas.
O espectro
da esquerda política varia da centro-esquerda à extrema-esquerda. Os termos extrema-esquerda e ultra-esquerda
se referem a posições mais radicais, como os grupos ligados ao trotskismo e
comunismo de conselhos. Dentre os grupos de centro-esquerda estão os
trabalhistas, os social-democratas, progressistas e também alguns socialistas
democráticos e ambientalistas (em particular eco-socialistas), esses no sentido
tradicional. A centro-esquerda aceita a alocação de recursos no mercado de uma
economia mista, com um setor público significativo e um setor privado próspero.
O conceito de esquerda política, não deve ser confundido com o de
"esquerdismo", termo usado por Lênin no ensaio Esquerdismo, doença
infantil do comunismo (1920) para designar as correntes oposicionistas dentro
da Terceira Internacional, que defendiam a revolução pela ação direta do
proletariado, sem a mediação de partidos políticos e sindicatos ou que
recusavam a via parlamentar, as alianças do partido comunista com outros
partidos progressistas visando a participação em "eleições
burguesas". Quase nenhum dos partidos de esquerda atualmente existentes é
"esquerdista" nesse sentido".
http://pt.wikipedia.org/wiki/Esquerda_pol%C3%ADtica
Abraços,
Paulo
Em
10/03/2014 11:13
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A frase do
Frei Beto, abaixo, é ideológica:
"Ser
de esquerda, hoje, é defender os direitos dos mais pobres, condenar a
prevalência do capital sobre os direitos humanos, advogar uma sociedade onde
haja, estruturalmente, partilha dos bens da Terra e dos frutos do trabalho
humano". Frei Beto
Esta é a
definição da Esquerda para si mesma. Parte da presunção maluca de que a
Esquerda é a exclusiva dona da virtude: "Nós somos os bons, os demais são
os maus"; "quem é bom é de Esquerda".
Como
expliquei bem no início do artigo, eu tentei evitar conceitos advindos das
ideologias, porque elas são expedientes
locais para idealizar os verdadeiros e inconfessáveis objetivos. Neste sentido,
como afirmei, estou alinhado com Karl Marx e Friedrich Engels, que definiam
Ideologia como o “Conjunto de idéias que procura ocultar a sua própria origem
nos interesses sociais de um grupo particular da sociedade".
A. Quites
Em
11/03/2014 12:47
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Prezado
Quites
lendo esta
frase brilhante, alguém pode se perguntar: de onde vem estes bens para
partilhar, do céu, do governo?
Ou seja,
não se fala em trabalhar e produzir, só
dividir o que foi produzido e garantir os direitos dos pobres, mas os ricos e
os mais ou menos, não tem direitos ? E
os deveres ? Que beleza!
Abraços
Joceli
Em
2014-03-11 12:47
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Não vou
defender o Frei Beto ou a sua ideologia.
Mas
concordo com as partes grifadas do seu texto e vou expor aqui o que eu penso
delas.
a) Defender
os direitos dos mais pobres.
Que
direitos são estes?... o direito à educação, à saúde e à moradia. Observem que
eu não estou falando em cotas, benesses ou privilégios: apenas em direitos. E
estes direitos também incluem o direito ao trabalho e à uma vida digna. O
desemprego ou o sub-emprego em uma sociedade é uma questão social que precisa
de uma solução de Estado. D´outra forma ele gera inconformismo e violência.
Também não estou defendendo o traficante, mas o tráfico está sendo uma solução
para quem vive na miséria. Para os filhos e netos de quem foi obrigado a sair
com a sua família dos Campos de Lages, porque ali não tinha mais serventia nas fazendas (que viraram hotéis) e
veio para a Capital do Estado em busca de emprego na construção civil (como
servente de pedreiro). E também não estou defendendo que "defender os
direitos dos mais pobres" seja um "privilégio" da esquerda. É,
sim, uma bandeira da esquerda que podia ser também da direita caso ela (a
brasileira) soubesse usar os neurônios que tem na cabeça (como na Suécia, por
exemplo).
b) condenar
a prevalência do capital sobre os direitos humanos
Quase tudo
ou muito mais do que escrevi acima. Mas deixo isto para um próximo e-mail.
Abraços,
Paulo
Em
11/03/2014 16:18
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Nos USA os
partidos (Democrata e Republicano) são de direita e/ou esquerda? A UE tem mais países
com governos de direita e/ou esquerda? E o governo na atual Rússia, onde
aproximadamente 49% dos cidadãos são considerados pobres? E na China? Japão?
Índia? Lembram da "globalização"? Quem produz mais, fatura mais,
arrecada mais... podendo oferecer melhor qualidade de vida para seus cidadãos.
Ou seja, a Suécia e o Japão socializam "melhor do que" muitos países
que se dizem socialistas... E a Venezuela? Cuba? Como anda a qualidade de vida
na Coréia do Norte?
Carlos
2014-03-11
22:04
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Eu e a
maioria das pessoas do planeta aceitam e defendem o direito dos mais pobres,
dos arremediados, dos melhorzinhos, dos meio ricos, dos ricos, dos bem ricos,
dos podres de ricos, pois DIREITO é DIREITO.
Mas quem é
que não defende os direitos de todos ?
Quem não
quer um País em que todos tenham as mesmas oportunidades, mesmos direitos e
deveres ?
Quem seriam
os beneficiários de um Estado de Exceção ?
Entendo que
o ESTADO (e não um determinado governo de um partido só) tem a OBRIGAÇÃO de
oferecer boa educação, segurança, saúde, transporte a TODOS.
Mas talvez
alguns entendam que tem "direito à emprego" ou "direito à
riqueza", infelizmente não.
Muitos países
prósperos, como os EUA, passam por períodos difíceis (incompetência
administrativa do governo e/ou economia mal gerida) e a taxa de desemprego
cresce muito.
Empregos e
riqueza não dependem de ideologia política, dependem de uma boa ADMINISTRAÇÃO
por parte do GOVERNO. E isso meu caro, é um mito nestas paragens, pois os
picaretas de plantão só sabem distribuir "cestas alimentares", só
isso. Ou seja, soluções casuísticas, temporais, de excessão, mas nada de
solução duradoura e real para TODOS. Só confete.
Joceli
2014-03-11
--------------------------------------
O direito
dos ricos
Há um
matemático de Boston, bem conservador e nada 'de esquerda', que mostrou que em
um sistema isolado, baseado sobre uma economia de livre mercado (sem qualquer
presença controladora do Estado), há uma tendência das riquezas se concentrarem
sobre poucos atores, gerando singularidades no sistema. Em seu modelo, não há
nada que distinga um ator de outro e em sua condição inicial as riquezas estão
distribuídas homogeneamente. Mas quando a simulação é feita, uma vez que se
forme (ao acaso) uma maior concentração em um ponto do sistema, esta ocorrência
faz com que esta concentração aumente naquele ponto e não se disperse sobre o
resto.
Ao
contrário do que ocorre em sistemas físicos que são regidos pela segunda lei da
termodinâmica e pelo aumento da entropia e que tendem ao equilíbrio no tempo.
O que isto
tem de verdade eu não sei (...nada entendo de economia).
O que eu
sei é que, ao menos aqui no Brasil, se você tem 10 milhões em um banco, o
gerente deste banco acaba dando um jeito de fazer as suas aplicações renderem
bem mais do que as outras (...as dos ´normais´).
Quando ele
não faz isto você muda de banco.
E o banco
precisa "viver"...não é mesmo?...
Abraços,
Paulo
Em 11/03/2014
23:24
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sem leis de
controle de "anti-trust" e sem regulações de mercado a concorrência
desleal irá inevitavelmente criar a exploração do homem pelo homem no
capitalismo selvagem. Os bancos "relaxaram" nas regras e a bolha
imobiliária quase derrubou a economia mundial. Em uma nação onde as regras são
claras, os encargos para contratação são razoáveis, com incentivo ao
empreendedorismo, existirá um ambiente próspero rico e gerador de empregos bem
remunerados. A frase do Frei Beto deixa
muito claro que as ditas esquerdas demonizam o capital e a riqueza, e vizam,
mas não dizem isso claramente, que TODOS sejam igualmente pobres, num ambiente
em que a riqueza é considerada "pecado capital". Como se riqueza fosse um bem não- renovável e
que somente alguns tem acesso. Obviamente querem um povo submisso e pobre, é
mais fácil, senão as "cestas alimentares" perdem valor de mercado,
certo ?
E como tem
gente que acredita e propala estas besteiras que o mal do mundo está no capitalismo.
Mas respeito a "fé" de todos, mas estes deviam se mudar para Cuba ou
Venezuela, ou só querem dar uma de esquerda festiva ?
Joceli
Em
2014-03-12 7:39
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Paulo
Sobre os
investimentos "sociais" da esquerda que "aceita" o capital,
mas para onde vai este capital ?
"Depois
do constrangimento na abertura da Copa das Confederações de 2013, quando vaias
ecoaram durante a fala da presidente Dilma Rousseff e do presidente da Fifa,
Joseph Blatter, o dirigente suíço afirmou, à agência de notícias alemã DPA, que
a cerimônia inaugural da Copa do Mundo não terá discursos."
Joceli
2014-03-12
9:16
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Acho que
estamos falando de coisas diferentes. Eu estou falando da esquerda e você está
falando do PT e das "cagadas" do PT no governo (as "arenas"
e a copa do mundo foi uma delas...uma diarréia que, certamente, irá comprometer
a sucessão).
Abraços,
Paulo
Em
12/03/2014 10:43
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Um colega
da lista já elucidou o destino deste investimento social:
http://marciovianadesouza.jusbrasil.com.br/artigos/113785104/quem-precisa-da-copa-do-mundo?utm_campaign=newsletter&utm_medium=email&utm_source=newsletter
Joceli
2014-03-12
10:43
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Paulo
então
quando um governo refém da esquerda petista comete um "eventual"
deslize, este governo deixa de ser de esquerda ? Este papo esquerda/direita
está mais confuso do que turista brasileiro dirigindo em Londres.
Joceli
2014-03-12
10:48
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Joceli:
Eu só
defendo a esquerda (...ou a ideia da esquerda) e não o PT (...ou partidos em
geral).
Se é o PT
que você quer discutir, bom, ai é uma outra história, na qual não tenho vontade
alguma de participar.
Partidos se
fazem e desfazem (especialmente no Brasil).
As ideias
ficam.
Abraços,
Paulo
Em
12/03/2014 10:54
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Paulo
perdão por
trazer a tona as provas de conceito.
Aparentemente
o que se vê hoje no Brasil em Cuba, Venezuela, União Soviética, etc, foram
implementações imperfeitas de um "conceito perfeito". Mas como as
idéias ficam, vão continuar implementando ...
Abraço
Joceli
2014-03-12
11:14
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entendo, e
o PT até que tem boas intenções. Por exemplo,
nesta terça feira a bancada do PT tentou bloquear a investigação de
irregularidades na Petrobrás para evitar "queimar" a imagem da
Petrobrás, mas os deputados da "direita reacionária" não concordaram
com a nobre intenção:
http://g1.globo.com/politica/noticia/2014/03/blocao-derrota-governo-e-aprova-comissao-para-investigar-petrobras.html
Joceli
2014-03-12
11:14
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Sobre o
assunto mencionado abaixo. Um professor da "Peoples' Friendship University
of Russia" me informou que após apenas 23 anos da dissolução da União
Soviética o percentual de pobres na Rússia passou de 1,5% para aproximadamente
49% e que Moscou passou a ter um número maior de ricos do que Nova Iorque.
Carlos
2014-03-12
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Pois é.
Me
surpreendeu que o paraíso soviético tinha 1,5 % de pobres. Eu pensava que o
comunismo abolisse com a pobreza.
Além disto,
se vê aqui no Brasil, que o conceito de pobre e rico para os comunistas é bem
elástico. Se eles estão no poder, quem ganha 120 dolares é bem de vida. Se
estão na oposição estes mesmops são miseráveis.
Humberto
On
12/03/2014
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o Brasil
precisa exportar seu know-how, os Russos precisam saber que no Brasil, em um
passe genial dos camaradas, muitos brasileiros sairam da classe baixa para a
média. Graças a revolução social patrocinada pelo nossos camaradas tupiniquins,
para ser promovido à classe média basta ganhar entre 291 e 1019 reais
mensais, e hoje mais de 50% é classe
média no Brasil, que maravilha ! (www.sae.gov.br/site/? p=17351)
Somos ricos
e não sabíamos !
Joceli
2014-03-12
20:47
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