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sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Sua Majestade Digital

Por Almir M. Quites     Para compartilhar, toque aqui 



Quem comanda o seu computador? Você sabe?
Quem comanda o seu celular?

Respondo: Em ambos os casos, não é você! O seu computador só lhe obedece quando o verdadeiro proprietário o permite.

Quem é o verdadeiro proprietário?
Respondo: Sua Majestade, o Software! 

Quando escrevi sobre isto no Facebook, um amigo virtual comentou que se tratava de Teoria da Conspiração!

"Teoria da Conspiração"? Aquela teoria que nega a existência de seu próprio objeto? Aquela teoria que afirma que conspirações não existem? Esta é uma teoria inválida, porque nega a si mesma! Deve ter sido inventada pelos próprios conspiradores, porque só a eles interessa que ninguém acredite em conspirações. 

Sempre houve e haverá conspirações na humanidade! É da nossa natureza.

Há muita gente culta, como meu amigo virtual, que não acredita que seja o Software quem de fato comanda nossos computadores e celulares. Então decidi explicar esta minha afirmação de modo bem claro, mostrando que este fato é conhecido e debatido em todo o mundo.

É o que farei a seguir. Indicarei algumas fontes de consulta entre colchetes. Assim: [
fonte].

Vamos lá! Leia com atenção.

Os softwares podem conter recursos maliciosos. Atualmente este é um problema universal. Estes softwares são hoje sugestivamente conhecidos como "Softwares Proprietários", significando que eles controlam absolutamente o seu computador. Em outras palavras, o usuário, que não sabe disto, está iludido: pensa que comanda seu computador, mas quem decide obedecer ou não obedecer é Sua Majestade, o Software.

Software Proprietário é o software que é fechado, secreto. Seu criador ou o detentor dos direitos exerce o monopólio que exclui os usuários do direito de livremente modificá-lo ou compartilhá-lo, contrastando com Software Livre também conhecido como de Código Aberto [
Saraswati Experts. "2.5.3". COMPUTER SCIENCE WITH C++. Saraswati House Pvt Ltd. p. 1.27. ISBN 978-93-5199-877-8. Retrieved 29 June 2017].

Repito, sendo mais claro: o "Software proprietário" é o verdadeiro dono do seu computador. Não é você! 

O software proprietário é privativo. É um software para computadores que é licenciado com direitos exclusivos para o produtor. Conforme o local de distribuição do software, este pode ser protegido por patentes, direitos autorais, assim como pode ser restrito para exportação e uso só em determinados países. 

O software proprietário não permite que você examine ou altere o código-fonte. Não é de surpreender que homens de negócios e até mesmo criminosos inteligentes façam aplicativos que você mesmo baixa em seu computador e celular, até paga por eles, mas que, sem que você perceba, trabalham contra você.

Richard Matthew Stallman, fundador do movimento Software Livre, diz, no livro “The GNU Project and Free Software”, primeira edição [
Copyright © 2002 Free Software Foundation, Inc. ISBN 1-882114-98-1; Published by the Free Software Foundation; 59 Temple Place, Boston. Email: gnu@gnu.org. Web: www.gnu.or] que "o sistema operativo dos computadores deveria ser obrigatoriamente livre e o software proprietário proibido".

Ele também afirma: "Qualquer programa de computador — do Microsoft Word ao Google Chrome — deveria ser aberto e permitir a qualquer um copiá-lo e modificá-lo. Se o usuário não pode fazer isso, não é ele quem manda em seu computador".

Outra frase de Stallman é esta: "Não dá para saber se esse software tem uma ‘porta dos fundos’ a não ser que você veja seu código em funcionamento. Uma ‘porta dos fundos’ é um comando enviado por alguém que diz o que o programa deve fazer, sem pedir a permissão do usuário. Só diz: 'vá lá e faça' ".

Este problema ganhou notoriedade pública quando se descobriu que o Windows retirava informações do disco rígido do usuário e encaminhava para a Microsoft. Esta descoberta foi decisiva, mas não a única. Outras falcatruas relatadas foram atribuídas ao Media Player e ao software de compartilhamento de música KaZaa.

Esses recursos geralmente são secretos, mas mesmo que você os conheça, é impossível removê-los, pois você não tem acesso.

Todas as plataformas digitais tem sofrido processos judiciais em seus países, contra a "Big Tech" (conjunto de poderosas empresas de tecnologia, que dominam o mercado) desde o processo da Microsoft de 1998, quando o Departamento de Justiça dos EUA e 20 Estados norteamericanos processaram esta empresa por monopólio.

Todas essas iniciativas são importantes, mas não são suficientes. As práticas abusivas das plataformas digitais dominantes são tão difundidas e tão enraizadas que não existe uma solução única. O que seria necessário é um coquetel de remédios que combinasse antitruste com supervisão regulatória contínua [https://www.brookings.edu/blog/techtank/2020/10/20/the-justice-departments-lawsuit-against-google-will-not-stop-big-techs-abuses/].

Em 2009, vários usuários do Kindle, o leitor de e-books da Amazon, notaram que pelo menos dois livros haviam sido apagados de seus aparelhos. Mais tarde, a empresa confirmou que havia deletado as obras, de forma remota, usando como justificativa o fato delas terem sido inseridas na plataforma sem respeitar licenças editoriais. Na época, um leitor do New York Times escreveu: “Nunca imaginei que a Amazon tivesse o direito, a autoridade e até a capacidade técnica de deletar algo que eu já havia comprado”.

Ironias da vida: um dos livros apagados pela Amazon foi "1984", o clássico de George Orwell sobre um estado controlador que vigia e censura sua população.

São muitos os problemas sociais e jurídicos não resolvidos da tecnologia da informática. Agora imaginem o que podem fazer os softwares em eleições nacionais, nas quais a contagem de votos seja feita somente por computador, como aqui no Brasil.

Em primeiro lugar, não há como saber que software foi de fato inseminado nas mais de 500 mil "urnas eletrônicas". Não se pode garantir nem mesmo que, em todas elas, o software seja o mesmo. Nenhuma auditoria pode garantir isto! Especialmente se esta for feita pelo próprio TSE nas suas próprias dependências.

Em segundo lugar, porque este software pode sofrer interferências, a qualquer momento, por alguma "porta dos fundos".

É por causa disso que o Princípio da Independência de Software em sistemas eleitorais foi cunhado em 2006 pelo Ph.D. do MIT Ronald Rivest e pelo pesquisador do NIST Jonh Wack e logo internacionalmente aceito para enfrentar a dificuldade de se validar e certificar o software usado em máquinas de votar [https://pt.wikipedia.org/wiki/Princ%C3%ADpio_da_independ%C3%AAncia_do_software_em_sistemas_eleitorais#cite_note-softwareindependence-1].

A definição do Princípio da Independência de Software em Sistemas Eleitorais é a seguinte: "Um sistema eleitoral é independente do software se uma modificação ou erro não-detectado no seu software não pode causar uma modificação ou erro indetectável no resultado da apuração ou na inviolabilidade do voto" [https://pt.wikipedia.org/wiki/Princ%C3%ADpio_da_independ%C3%AAncia_do_software_em_sistemas_eleitorais#cite_note-CamaraCCJ2008-5].

Este princípio praticamente descarta o uso das máquinas de votar tipo DRE (dos computadores que aqui chamamos de "urna eletrônica"). Além do Brasil. somente dois países da Ásia Oriental, de um total de 196 no mundo, ainda as utilizam em eleições nacionais.

Todas essas máquinas de processamento de dados — computadores — estão sujeitas à manipulação, bem como ao mau funcionamento, e raramente é possível distinguir entre as duas. O mau funcionamento pode ser devido a falhas físicas de componentes, incluindo a fiação, ou pode ser consequência de erros de projeto (erros e “erros”) ou erros de fabricação.

No entanto, a possibilidade de haver recursos ocultos embutidos, que possam ser usados para corromper a saída, é muito mais sinistra. A complexidade do hardware e do software dos computadores modernos é tal que descartar a existência de recursos de trapaça em uma determinada máquina é praticamente impossível. Maneiras bastante simples de fazer com que um sistema de votação eletrônica trapaceie foram encontradas em todos os casos em que os especialistas tiveram liberdade e fizeram o devido esforço para detectá-las. 

O principal problema não é o ataque externo, feito por "hackers", mas a fraude interna, feitas pelos fabricantes das urnas e pelos seus programadores, que ninguém sabe quem são, porque qualquer pessoa que receba os códigos de acesso pode interferir no software. Basta pouquíssimas linhas de código para produzir um funcionamento espúrio.

Quem comanda a nossa "urna eletrônica" também não é o eleitor, mas sim Sua Majestade, o Software. Aliás, ele é demasiadamente complexo para uma máquina que basicamente só faz registros em "bites" e operações de soma. É incrível, mas o software que a comanda é composto por mais de 15 milhões de linhas de código. Por que?

Espero que você, leitor, tenha entendido e que sempre procure se informar bem, em fontes independentes, antes de acusar alguém de divulgar "Teorias da Conspiração"!

Neste ponto, recomendo a você que  continue lendo estes dois seguintes artigos: 
1) ALTA RECNOLOGIA NEM SEMPRE É VÁLIDA
2) O SINISTRO MUNDO SOBRE O QUAL VOCÊ NAVEGA
https://almirquites.blogspot.com/2021/02/o-sinistro-mundo-sobre-o-qual-voce.html

Para mais
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Para ler artigos sobre as urnas eletrônicas brasileiras, clique aqui

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