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domingo, 15 de abril de 2018

O esvair político de Lula

Por Almir M. Quites

Lula, 7/4/2018, preso!

Os dias que vivemos hoje, com a recente prisão do ex presidente Lula, trazem à tona, na minha memória, toda a história azeda deste personagem, a qual começou em 1978.

Ainda me lembro bem de muitos detalhes. 

Conheci Lula pessoalmente quando fui assistir a uma palestra dele, na Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Eu estava curioso. A TV Globo sempre se referia a Lula como "O FENÔMENO DO ABC" e cedia-lhe cada vez mais espaço no noticiário nacional, sobretudo devido às greves dos metalúrgicos do ABC (região da grande São Paulo formada pelos municípios de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano e Diadema). Dizia-se que Lula possuía o dom da oratória e hipnotizava milhares de ouvintes em seus comícios.

Muitíssimos professores da UFSC foram assistir à palestra de Lula. Quando cheguei, já não havia mais lugares nas cadeiras do recinto e tive que me sentar no chão, bem na frente de todos, bem perto de Lula e com a cabeça empinada para poder vê-lo na tribuna dos oradores. 

Lula começou a falar e meia hora depois, eu já sentia aquele mal estar, um misto de pena e vergonha por Lula, devido às bobagens e insignificâncias que ele dizia. Era como aquele sentimento que a gente sente num programa de auditório, quando um calouro começa a cantar e tudo fica desafinado. Foi o que eu senti. Senti a vergonha que achei que Lula estaria sentindo. No entanto, eu estava bem à frente de toda a platéia e nem suspeitava da reação dela. Fui surpreendido quando Lula anunciou um intervalo para cafezinho e todos entusiasticamente o ovacionaram! Lula estava sendo aplaudido pelos professores universitários! No entanto, eu só ouvira sandices, frivolidades. Ele nem sabia se expressar. 

Fui embora durante o intervalo pensando que aqueles que foram lá, exceto talvez alguns poucos como eu, tinham ido só para aplaudi-lo incondicionalmente. É o mal da militância política: sufoca a verdade em nome de um mito.

Lula surgiu no regime militar, quando se apresentou como líder sindicalista tolerável aos generais. Na redemocratização, os auto denominados esquerdistas o transformaram em ícone revolucionário (o que ele nunca foi)  e chefe de partido. No entanto, o discurso radical, que lhe fora oportuno no sindicato dos metalúrgicos e na construção do PT, revelou-se um desastre eleitoral nas campanhas presidenciais das quais participou. Lula, então, dourou a pílula dos discursos, passou a cuidar de sua aparência e fantasiou-se de "Lulinha Paz e Amor". Impulsionado pelo marketing, chegou à Presidência da República por meio do que parecia ser um consenso inédito entre interesses de trabalhadores e patrões.

Desde que Lula assumiu a Presidência do Brasil ficou bem mais nítida a sua jactância, seu pedantismo, sua hipocrisia, dissimulação  e irresponsabilidade. Com Lula, atingimos o ápice da demagogia e da corrupção em toda a história brasileira.

Lula "aparelhou" a máquina pública, encharcou o sistema político nacional de apedeutas bravateiros, inconpetentes, e tratou de calar a imprensa independente, comprando o apoio de blogueiros e jornalistas decadentes, perseguindo profissionais independentes e órgãos de jornalismo sérios. 

Lula instituiu a criminosa prática de comprar apoio parlamentar. Tanto no conhecido escândalo do Mensalão como no do Petrolão, o seu partido e aliados desviaram bilhões de reais dos cofres públicos, para realizar tais pagamentos.

Lula levou a extremos nunca vistos a venda do Estado no submundo da propina. Criou as condições para que uma quadrilha criminosa crescesse dentro do Estado brasileiro, sugando os recursos do povo para saciar seus amigos e aliados políticos. Lula foi o maior entreguista de todos na História do Brasil. Defendeu e protegeu a formidável máfia formada por empreiteiros, partidos políticos, parlamentares e pessoal do próprio governo para dilapidar a Petrobras e muitas outras empresas públicas. 

Os participantes do Governo Lula da Silva infectaram o Brasil com uma doença infecciosa conhecida como "state capture". Existem muitos trabalhos de pesquisa no mundo sobre esta doença. Ela se caracteriza pela captura do estado por quadrilhas formadas por pessoas ou empresas para moldar as leis, políticas e regulamentações do Estado em benefício próprio, proporcionando ganhos privados ilícitos a funcionários públicos. Os pesquisadores até desenvolveram um método para medir o grau de captura com base em uma pesquisa com quase 4.000 empresas em 22 países. A Rússia também foi acometida desta doença. Wladimir Putin, que se beneficiou pessoalmente disso, culpou os próprios empresários em 2000. "Eu só quero chamar sua atenção imediatamente para o fato de que vocês mesmos formaram esse mesmo Estado, em grande parte através de estruturas políticas e quase políticas sob seu controle. Então, talvez, o mínimo que vocês devem fazer, é culpar o espelho", disse Vladimir Putin, numa reunião com líderes empresariais da Rússia, em julho de 2000, conforme a revista Finance & Development ("a quarterly magazine of the IMF September 2001, Volume 38, Number 3").

No poder, Lula levou às últimas consequências o populismo vulgar, subornando o povo com o assistencialismo ignóbil (compra de inconsciências) e uma política econômica que se restringia a oferecer crédito farto aos cidadãos, que eram mobilizados por uma farta propaganda a se endividarem e a consumir, enquanto subsídios indecentes eram dados aos empresários amigos, graças à bonança mundial que propelia as exportações de "commodities" (palavra inglesa usada no plural para significar produtos de baixo valor agregado). 

Quando, no seu segundo mandato, a situação internacional mudou, o Brasil estava totalmente despreparado, com um governo sem planejamento, sem organização, sem eficiência e com uma estrutura de produção e escoamento obsoleta. Sobreveio uma enorme crise que o presidente, inepto, desdenhou, chamando-a de "marolinha". 

Foram 8 anos de um péssimo governo protegido por uma enorme propaganda feita com recursos do povo. Em 2010, a mesma OrCriM (Organização Criminosa Maior) colocou no governo do Brasil a Sra. Dilma Rousseff, outra incapaz que também deveria ser protegida pela enorme e caríssima propaganda. 

O desastre se completou mais tarde, quando Lula já havia deixado a presidência. Dilma Rousseff foi responsável pela maior fraude fiscal já perpetrada no país.

O Brasil perdeu centenas de bilhões de reais, o que provocou a maior crise de desemprego da História. Quando Dilma tentou seu segundo mandato, apesar de ser eleita numa eleição de cartas marcadas (que é o que de fato é o sistema eleitoral brasileiro) a crise já havia crescido tanto que já não podia ser escondida.

Em agosto de 2016, as farsas começaram a ser formalmente desmontadas. A principal delas era o próprio ex presidente Luís Inácio Lula da Silva. Ele foi indiciado pela Polícia Federal por corrupção passiva, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, dentro da Lava-Jato, no caso do triplex do Guarujá pago pela empreiteira OAS.

Assim chegamos aos dias que vivemos hoje. A prisão de Lula pelo Juiz Sérgio Moro traz à tona, na memória, toda esta história azeda, desde 1978. 

A investigação levou o já ex presidente Lula ao banco dos réus e, depois de ser condenado em duas instâncias do judiciário e recorrer às outras duas instâncias superiores, Lula foi finalmente preso para cumprir pena de 12 anos e um mês. Graças à Justiça de verdade, a história política de Lula chegou ao fim naquele 7 de abril de 2018, com o epílogo vergonhoso protagonizado em São Bernardo por um ex presidente que recendia a cachaça. Lá, Lula e seu partido protagonizaram a mais asquerosa cena que já presenciei na vida. 

Lula havia transformado o sindicato dos metalúrgicos no seu bunker para resistir à prisão. Era um bunker a céu aberto, protegido apenas por uma muralha humana que se dissiparia com o tempo. Bastaria um tempo de frio e chuva. O Polícia Federal nem tentou prender Lula, apenas esperou e a fragilidade do esquema ficou evidente. Os aliados do ex presidente decidiram, então, que Lula se entregaria, mas retardaria a prisão com um apoteótico comício. Assim, o PT e seus aliados inventaram de fazer uma missa em homenagem à falecida ex primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva, que faria 68 anos naquele sábado. Lula prometeu se entregar à Polícia Federal após a solenidade. A Polícia Federal esperou.

Durante a missa-comício em homenagem a sua falecida esposa, Lula discursou em um caminhão de som, visto tanto diretamente quanto indiretamente, em um telão instalado em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, com retransmissão para todo o Brasil! 

Lula começou promovendo os pré-candidatos à Presidência do PCdoB (Manuela D’Ávila) e do PSOL (Guilherme Boulos). Depois, durante cerca de 30 minutos, falou exclusivamente de si mesmo, sem mínima citação à falecida homenageada. Durante o discurso que durou mais de 1 hora, só fez o que é reprovável, desde conclamação de arruaceiros a queimar pneus, invadir propriedades, atacar adversários, inclusive a imprensa e o judiciário — desrespeitando as instituições democráticas que havia jurado respeitar e defender — numa desenfreada auto adulação e glorificação, característicos de mitomania. Lula disse que virara uma ideia (de jerico, claro) misturada nas ideias de cada brasileiro, o que desencadeou uma insanidade geral no meio político (veja o vídeo abaixo).

Foi uma paródia de missa à esposa falecida, mas inteiramente dedicada ao endeusamento de um vivo, que religiosamente bebia cachaça numa garrafa de água mineral, no ocaso de sua vida política. Em torno de Lula, uma fauna de puxa-sacos e ratos brigando pelo seu espólio político e padres paramentados, até um bispo. Espetáculo piegas, hipócrita e ridículo, televisionado ao vivo para todo o Brasil.

O país não se comoveu. O final de semana foi normal. Não houve comoção popular. O povo fez seus programas habituais de fim de semana. Muitos encheram os estádios de futebol. Poucos continuaram a pantomima de Lula, só alguns fanáticos e a claque mal paga.

O mito Lula deve morrer. Se ressuscitasse, a farsa se repetiria ainda pior.

Leia a seguir: 
Lula alienado (Clique)

Pelo menos, tudo funcionou como uma catarse, que deve ter remido a todos os brasileiros que mantiveram a mente livre dos bloqueios fanáticos.
𝓐𝓵𝓶𝓲𝓻 𝓠𝓾𝓲𝓽𝓮𝓼

Almir Quites

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________ Veja o vídeo da insanidade geral ________
(Logo após a missa para D. Letícia)
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