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domingo, 15 de janeiro de 2017

Matutando sobre intervenção militar

Por Almir Quites - 29/12/2016


Estou matutando... Os anti-petistas pedem por uma intervenção militar, mas os petistas e seus aliados, que continuam afirmando que o impeachment da ex-presidente Dilma foi GOLPE, GOLPE, GOLPE, parecem gostar da ideia.


Para os petistas e seus aliados interessa a desestabilização do processo político. Estes que se autodenominam "de esquerda", não se preocupam e nunca se preocuparam com as instituições brasileiras. Para que Constituição? Para que legislação? Para que democracia? Eles querem o poder pelo poder. O que eles pensam e fazem é, por definição a priori, o desejo das massas populares! No entanto, empenham-se em entorpecer consciências, para massificar a sociedade com uma propaganda subliminar, imperceptível à grande maioria da população.

Para os petistas e seus aliados, o Estado deve ser deles e deve ser hegemônico. O povo deve ser mantido em ilusão por meio de uma intensa propaganda e uma sistemática doutrinação. Este governo prepotente, déspota, não erra. É o princípio da "Infalibilidade Comunista". 

Por este princípio, as políticas econômicas e sociais dos 13 anos dos governos de Lula e Dilma estavam certas; a roubalheira monstruosa que se instalou na Petrobras, nos fundos de pensão e na administração direta eram absolutamente necessárias; receber propinas bilionárias da Odebrecht e submeter o governo aos interesses desta empresa foi sabedoria política. 

Para os políticos corruptos, só quem pratica crimes contra o patrimônio público são os seus adversários. Cinismo! 


Foi assim que tivemos, nestes 13 anos, governos sem qualquer planejamento, mas com infindáveis reuniões de todo o tipo, às quais só aliados eram convocados. Eram conferências, conselhos, grupos de trabalho etc., com o objetivo evidente de aparelhar órgãos públicos e cooptar movimentos sociais. Criou-se uma "nomenklatura" (como era chamada a "casta dirigente" da União Soviética), formada por militantes políticos e sindicalistas, oligarquias políticas e empresas monopolistas, que tomou de assalto as estatais e fundos de pensão. Estes substituíam o povo. O resultado foi o maior escândalo de corrupção que já se viu no mundo. Ainda assim, há quem insista que o que temos é uma democracia!

O presidente Temer foi eleito pelos mesmos que elegeram Dilma Rousseff. Foi o PT que o escolheu para vice da chapa de Dilma. Ele chegou a presidência justamente por que era o vice-presidente. 

Temer, assumiu o governo num país em lamentável estado, degradado, carcomido, numa profunda crise de ética. Os próprios integrantes do atual governo são alcançados pela Operação Lava-Jato, a única força moral que restou no país, graças à luta dos jovens Juízes, de primeira instância, e Procuradores da República. 

Não sei como poderemos sair desta crise que deteriora a vida dos brasileiros, num ambiente de crescente aumento da criminalidade e de mortes por doenças curáveis. A solução terá que vir da força do povo que, unido, pode vencer. Para isso, precisa haver convergência de opiniões daqueles que não aceitam a volta destes que nos roubaram tanto! Estes devem trabalhar todos num mesmo sentido, para somar esforços, aos invés de uns se contraporem a outros. As redes sociais devem ser usadas para facilitar esta convergência.

Há os que apontam os erros, mas não sabem o que fazer para re-institucionalizar o país, em outras bases, mais honestas e mais inteligentes. Há os que defendem soluções, a meu ver, apressadas, como os que advogam em favor de uma intervenção militar. Destes, entendo o desespero e a urgência, mas a proposta é ilegal e de alto risco. Como conhecer o sistema de alianças no submundo da política? 

Acho que não se deve fazer apologia ao Golpe Militar. Para chegar a esta conclusão, nem estou levando em conta o fato desta apologia ser inconstitucional!

Eu acho que os militares, que hoje estão no alto comando, foram escolhidos a dedo pelos petistas, durante 13 anos, e promovidos "por merecimento" (do jargão militar). Eles até aceitaram bem o comunista Aldo Rebelo, quando este foi ministro da Defesa, no governo Dilma. Tanto na época dele, como também na do ministro Jaques Wagner, a secretária executiva do Ministério da Defesa era Eva Maria Cella Chavon (à esquerda, na foto abaixo), esposa do "Chicão", o número 2 na hierarquia de MST. Perece-me que os militares se deram muito bem com tudo isso.

Tudo indica que hoje as forças armadas estão politizadas, assim como o Supremo Tribunal (STF).

Não se pode ter segurança de que os militares, se vitoriosos na aplicação de um Golpe Militar, devolverão o poder ao povo. Se devolverem, poderão fazê-lo com o retorno dos petistas e comunistas ao poder. "O tiro sairia pela culatra". Voltaríamos ao Estado hegemônico (Gramsciano), talvez para mais 13 anos do mesmo descalabro.

Em resumo, acho um risco muito grande dar apoio a um Golpe Militar.

Recentemente, no dia 15 de dezembro, foi publicado um artigo do general do Exército Rômulo Bini Pereira, com o título de ALERTAR É PRECISO, onde o General colabora com a apologia ao Golpe ao admiti-lo. Seu artigo termina com a seguinte frase: "
Desse modo, se o clamor popular alcançar relevância, as Forças Armadas poderão ser chamadas a intervir, inclusive em defesa do Estado e das instituições. Elas serão a última trincheira defensiva desta temível e indesejável “ida para o brejo”. Não é apologia ou invencionice. Por isso, repito: alertar é preciso.".
A integra do artigo pode ser encontrada no "site" do Clube Militar (http://clubemilitar.com.br/17750/). 

Atenção: Rômulo Bini Pereira foi chefe do Estado-Maior do Ministério da Defesa em 2004, ou seja, durante o primeiro governo Lula. O General "mudou a casaca"?

Claro que não de pode fazer um julgamento apressado das intenções do General, mas o alerta que faço é válido, até porque ele sabe muito bem que apologia a Golpe Militar é crime muito mais grave se partir de um militar, ainda que seja da reserva. 

Será que o General Rômulo Bini Pereira consegue analisar com segurança os riscos de uma intervenção militar? Se consegue, ele nos diria suas conclusões com toda a sinceridade? 

É exuberantemente óbvio: 
➠ que há total e explicita desarmonia entre os poderes da República; 
 que o STF faz política e não justiça; 
 que o Presidente edita Medidas Provisórias inconstitucionais, sobrepondo-se ao Poder legislativo; 
 que os Congressistas vendem votos por dinheiro, por cargos, por emendas etc.; 
 que Deputados da Câmara Federal fizeram “emendas à meia-noite” para inverter os objetivos das medidas anticorrupção propostas pelo povo brasileiro e, ao as aprovarem, votaram em causa própria;
 que o presidente do Senado, tornado réu por desvio de dinheiro público pelo STF, desacatou liminar do próprio STF e o abateu, forçando-o a submeter-se;  
 que o Presidente Temer está refém das forças políticas e não consegue dar rumo ao seu governo; e
 que o nosso sistema eleitoral é uma fraude monumental, no qual a apuração eleitoral é secreta, não possibilita qualquer conferência para confirmar os resultados que são divulgados pelo Tribunal (Ainda usamos as urnas tipo DRE como urna oficial do Brasil, elas que são abominadas e estão sendo substituídas nos pouquíssimos lugares do mundo em que ainda a usam). 

Como se vê, não faltam decisivos motivos para fechar todos estes órgãos criminosos dos três poderes da nossa falida República. No entanto, não é em qualquer saída que devemos nos jogar. Algumas delas podem levar a infernos piores.

Foto referida no texto: O ministro Jacques Wagner e o alto escalão militar (setembro de 2015).



Enquanto isso, a crise se agrava:
A MACABRA ESTAMPA DA CRISE
http://almirquites.blogspot.com.br/2017/01/a-macabra-estampa-da-crise.html

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