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quarta-feira, 9 de março de 2016

Nos píncaros da sordidez

Por Almir Quites - 09/03/2016


Fernando Henrique Cardoso foi acusado de ter comprado dois votos de parlamentares para aprovar a emenda da reeleição presidencial, em 1997. O que é, até hoje, apresentado como prova é apenas um relato cuja veracidade nunca foi comprovada nem investigada como deveria. 

Os deputados Ronivon Santiago (do Partido Progressista do Acre) e João Maia (fundador do PT no Acre), gravaram uma fita cassete na qual diziam ter recebido R$ 200.000,00 para votar a favor da emenda. Segundo eles, o deputado Pauderney Avelino (do Amazonas), e o então presidente da Câmara, Luis Eduardo Magalhães, foram os intermediários das negociações. Dessa forma, restam apenas os fatos relativos a um relato duvidoso. Se verdadeiro, os culpados, fossem quem fossem, deveriam ter sido punidos; se falso, os deputados do Acre, acima citados, deveriam ter sido punidos por falso testemunho.

Na época, tendo analisado os fatos divulgados, concluí que a acusação era falsa. 

O último ano do governo de Fernando Henrique Cardoso foi 2002. No entanto, conhecendo bem os políticos de meu país e seu povo, imagino que esta acusação sem provas continuará sendo indecentemente usada na propaganda política por muitos anos ainda! Infelizmente, por aqui, a violação dos direitos dos adversários políticos é uma prática corriqueira.

O fato é que, desde que o PT assumiu o Governo Federal, a compra de votos no Congresso passou a ser normal. O escândalo do Mensalão foi apenas o afloramento inicial. Atualmente os noticiários tratam disso diariamente e quase não escandalizam mais. O governo compra votos não apenas com dinheiro, mas também com cargos públicos, que vão de Ministérios até os cargos de Direção e Assessoramento Superior (DAS) e  Funções Gratificadas (FG), e também extrapolam para cargos em empresas públicas e privadas que têm fabulosos contratos com o governo. Atualmente os políticos acham isso normal, até dão entrevistas públicas falando destas negociações. Recentemente se viu, de modo escancarado, a entrega de Ministérios a membros do PMDB, quando a presidente Dilma Rousseff interferiu na eleição do líder da bancada. 

O que antes envergonhava a Nação como simples suspeita, agora é prática normal, pública e notória. Canalhice! O Congresso se transformou num "balcão de negócios"! Recursos e órgãos da administração foram reduzidos a simples moeda de troca!

Ontem, as redes sociais e a imprensa trouxeram mais uma notícia estarrecedora! Li, na coluna Painel, da Folha, que a presidente Dilma Rousseff vai oferecer um Ministério de seu governo à Lula, para evitar que ele seja preso na Operação Lava-Jato por uma decisão de Sergio Moro. Há uma agitação em Brasília, nos círculos próximos tanto de Dilma Rousseff quanto de Lula, para, dizem, "convencê-lo a aceitar a oferta". Atentem para isso: um Ministério do Governo Brasileiro vai ser dado a um cidadão para protegê-lo da Justiça brasileira!

Estão querendo nos convencer, como se não conhecêssemos muito bem o Lula, de que ele “resiste à ideia” de ganhar foro privilegiado do STF! Claro, se houver uma reação muito grande por parte dos brasileiros e, por isto, Lula não puder aceitar a oferta, ainda poderá bancar o bacana, dizendo que preferiu ficar à disposição das autoridades. Assim, Lula ganha algo de qualquer forma, seja pelo direito ou pelo avesso. 

O fato é que Lula está em Brasília tramando com Dilma a melhor forma de ambos se salvarem, tanto que eles querem colocar no Ministério da Justiça, o "cumpanheiro" Paulo Teixeira ou Wadih Damous, o que também é aviltar um Ministério para atender a um interesse particular.

Se Lula for mesmo empossado como Ministro de Estado, então a Presidente Dilma Rousseff terá transformado um ministério em escondirijo de bandido.

Chegamos aos píncaros da indecência, da sordidez.

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