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domingo, 23 de abril de 2023

Nós e nossas concepções

 Por Almir M. Quites     Para compartilhar, toque aqui


ESTE TEXTO É SOBRE NOSSA IDÉIA DE UNIVERSO, DESDE OS PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE, ATÉ OS HUNANOS MODERNOS QUE NELE BROTARAM.

A seta aponta para a Terra e a Lua vistas de Saturno. A foto foi batida pela sonda Cassini que sobrevoava o planeta abaixo de seus anéis. Naquele pontinho brilhante vive toda a humanidade com seus saberes e com suas ilusões. 




A Pré-História é o período que antecedeu a criação da primeira forma de escrita, no quarto milênio a.C. 

Os seres humanos, com seus sentidos, percebem parcialmente seu meio ambiente e decidem em que focar sua atenção e sobre o que meditar. Este poder de decisão é a característica mais importante de qualquer ser vivo.

No finalzinho da pré-história, os seres humanos imaginavam o universo como uma superfície relativamente plana, com relevos e vales, abaixo da qual havia terra e pedras e acima da qual havia montes, águas, pedras, plantas animais e, principalmente, seres humanos. Acima de tudo ficava o céu, por onde a Lua e o sol se moviam quase na mesma trilha, de um lado ao outro, sempre no mesmo sentido, passando perto do centro do céu (o zênite). O sol iluminava o chão durante o dia e a Lua durante a noite.

Acima do sol e da lua existia uma abóboda com estrelas que se deslocavam muito lentamente. 

Já havia a noção de dias e anos  e até de estações do ano, que se sucediam, demarcadas pelo local do nascer do sol e da Lua no horizonte. Estes locais se arredavam um pouco para o lado a cada novo dia.

O humanos ja sabiam que, no início do inverno do hemisfério sul, no dia que chamamos de solstício de inverno, o sol nascia em seu máximo deslocamento para a esquerda de quem estivesse de frente para ele. Depois, dia após dia, o local de nascimento do sol se deslocava para a direita (para o sul) até o dia do solstício de verão, a partir do qual ele voltava a se deslocar para o norte, em direção ao solstício de inverno. Assim o local do nascimento do sol pendulava entre esses dois pontos de solstício. Os seres humanos marcavam com pedras no chão a direção destes solstícios para marcar períodos de 1 ano. Talvez tenha sido este o primeiro calendário e o primeiro relógio da humanidade.

Quando surgiu a ideia de Deus? Não sei dizer. Só sei que na pré-história, na Idade da Pedra, os seres humanos já tinham rituais religiosos e tinham deuses, geralmente inspirados na noção de mãe e de pai: o grande Pai; a grande Mãe.

No período paleolítico, havia a noção de algum tipo de existência após a morte. Muito provavelmente já havia a crença na vida eterna. O sepultamento dos mortos junto com seus espólios significava uma preocupação com o futuro deles. 

Os primeiros Homos Sapiens enterrados remontam a cerca de 60.000 anos atrás. Havia também, especialmente entre os Neandertais, a prática de totemismo, o culto a animais.

A mitologia grega surgiu depois da invenção da escrita, de 700 a 1000 a.C. Eram muitos deuses, todos com feições e comportamentos bem humanos. O ser humano imaginou seus deuses à sua imagem e semelhança!

Estes deuses, justamente por terem sido incutidos por doutrinação em crianças, na mais tenra idade, foram fixados fortemente como crenças na personalidade dos seres humanos, as quais permaneceram quase imutáveis por milhares de gerações. Assim, cada um de nós traz em si diferentes doses da pré-história da humanidade.

Ainda hoje, os seres humanos adultos trazem consigo uma fé ancestral. Fé é a adesão de forma incondicional a uma hipótese que a pessoa passa a considerar como sendo uma verdade absoluta, ainda que não exista qualquer tipo de prova ou critério objetivo de verificação, mas apenas devido à absoluta confiança que se deposita na ideia que lhe foi incutida, na fonte de transmissão da mesma ou em ambas. 

Toda a verdade absoluta é intolerante. A fé estabelece a absoluta abstinência de dúvida ainda que implique em contrariar a lógica conceitual mais elementar, aquela que já vem incutida em nosso cérebro ao nascer. É impossível duvidar e ter fé ao mesmo tempo

A fé se relaciona semanticamente com o verbo crer.

Na minha opinião, é muito nociva a doutrinação de crianças. Deixem-nas evoluir livremente, por seus próprios meios, para que se adaptem melhor ao seu meio ambiente real! Pensem no que René Decartes escreveu: "Penso logo sou". Deixem a criança pensar por si para ser ela mesma. Costumo fazer uma pequena adaptação à frase de Decartes, criando uma etapa que a antecede, assim: "Duvido, logo sou!" Se duvido, penso, se penso, sou!

As melhores criações da humanidade foram a Fala que permitiu a comunicação da informação — a Escrita, que permitiu a conservação do conhecimento — e a Ciência — que organizou a produção do conhecimento e a sua disseminação. 

A Ciência não admite certezas, apenas dúvidas! A certeza paralisa o cérebro, a dúvida o alenta e ativa. A chamada "verdade científica" não existe, o que existe é a hipótese mais provável, em face dos resultados das provas de confronto com a realidade objetiva. Carregar pontos de interrogação é muito mais cômodo e saudável do que carregar certezas pela vida.

E para finalizar, pergunto: como nós imaginamos o universo hoje? O que mudou na nossa concepção? Você consegue enumerar as mudanças? Não!! Então, farei aqui um breve resumo.

Para nós, seres humanos do século XXI, o Universo é tudo o que existe fisicamente. É a soma do espaço e do tempo e as mais variadas formas de matéria, como pedras, planetas, estrelas, galáxias e os componentes do espaço intergaláctico. No entanto só uma pequena parte dele pode ser observada por nós. Esta pequena parte é o que chamamos de universo observável.

Nós, humanos, vivemos por breves instantes, no qual crescemos e nos reproduzimos, num diminuto planeta que, por enquanto, orbita o sol, uma das estrelas da nossa galáxia, a Via Lactea. 

O número total de galáxias existentes no universo ainda é desconhecido. Só sabemos que existem mais de 100 bilhões de galáxias. As galáxias são compostas por estrelas. Toda a matéria que existe em qualquer galáxia galáxias está em forma de sólido, líquido, gases, plasma e a desconhecida matéria escura (desta apenas se sabe de existência e nada mais). Todas as galáxias são compostas pelos mesmos 118 elementos químicos (92 naturais e 26 artificiais) da tabela periódica criada pelo cientista russo Dimitri Mendeleev, em 1869.

A maioria das grandes galáxias possui buracos negros no seu centro. Elas diferem entre si e se apresentam a nós em grande variedade, cada uma composta de bilhões de estrelas. 

As pequenas galáxias avermelhadas, são as galáxias mais distantes que já se  observou no telescópio ótico. O universo observável tem de raio cerca de 50 bilhões de anos-luz. 

A observação científica do Universo permite que façamos inferências sobre suas fases anteriores à atual. Estas observações sugerem que o todo o Universo se comporta segundo as mesmas leis físicas, as quais permaneceram imutáveis durante a quase totalidade de sua extensão e de sua existência conhecidas.

A teoria do Big Bang é o modelo cosmológico mais aceito para descreveremos a evolução do universo desde os primeiros 1043 segundos (Tempo de Planck) de sua existência até hoje. O Universo está se expandindo a uma velocidade muito acelerada e a aceleração é crescente. 

No nosso universo há sistemas de entropia crescente e outros de entropia decrescentes. 

Como o nosso universo é apenas a diminuta parte observável, não podemos saber o que há além disso, só podemos imaginar, fazer especulações.

Contudo é impressionante que crenças da idade da pedra ainda permaneçam acesas na maioria da população do mundo!

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