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sexta-feira, 30 de março de 2018

Historinha do Facebook

Almir M. Quites




Vejam a historieta que li no Facebook.


– “Mãe! A professora falou que a gente deve lutar para construir uma sociedade livre, justa e solidária. Ela disse também que devemos erradicar a pobreza, a marginalização, as desigualdades sociais e que não podemos aceitar os preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade ou qualquer outra forma de discriminação.
– Ai, meu Deus! Sua professora é comunista!

– Não, mãe, esse é o artigo 3º da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.”

De fato, este é o texto da Constituição Federal:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Ora, que mãe assustada! 

Isto, que a professora disse, é justamente o que todos querem e exatamente o que os regimes comunistas não cumprem


Os fatos mostram que os regimes comunistas sempre evoluem rapidamente para ditaduras e catástrofes sociais. Exatamente no sentido contrário ao que a professora teria apontado.

Pesquisei e verifiquei que esta estorinha foi divulgada pelo grupo do Facebook chamado "PROFESSORES CONTRA A ESCOLA SEM PARTIDO", portanto trata-se de um grupo que é favorável à doutrinação política nas escolas.


Na "escola do partido" não há debate ou o debate é viciado, censurado. 

Não é a neutralidade da escola que está em jogo, nem a dos professores, mas o direito do aluno à liberdade de informação e de opinião

Não é o professor que é amordaçado, mas o aluno. O professor não tem o direito de tentar infectar o aluno com suas crenças, mas tem o dever de transmitir conhecimentos aos alunos e de saber distingui-los. O conhecimento se baseia em fatos verdadeiros e comprovados, independente de juízos pessoais de valor. 

Uma escola partidária doutrina! A doutrinação tira a liberdade de pensamento das crianças e jovens, é um machado cravado na raiz do desenvolvimento humano. Se a doutrinação nas escolas for permitida, elas se transformarão em ferramentas de poder político. Logo, o Estado poderá padronizar o pensamento da população aos seus interesses. Isto conduz necessariamente ao Estado totalitário.

Escola de partido é fábrica de fanáticos! Doutrinação é CRIME previsto na Lei 4898/65 como crime de ABUSO DE AUTORIDADE ("atentado à liberdade de consciência e de crença"). A escola partidária abusa da audiência cativa dos alunos para promover concepções ideológicas, políticas e partidárias. Isto é atentado à liberdade de consciência dos alunos. 

Os pais devem conscientizar seus filhos, para que os próprios alunos resistam a doutrinação na escola ou mesmo na universidade. Observem que toda a intensa propaganda da "escola com partido", que se vê na internet, foca o problema a partir do ponto de vista do professor, não do aluno. São eles que lutam para manter a seu poder de doutrinar suas classes de alunos. Eles se dizem "amordaçados" pelo  movimento do projeto de lei da "escola sem partido".

Em escolas de esquerda, as quais infelizmente são numerosas, a doutrina "marxista" é sacralizada.

Estudantes de uniforme cantam no auditório da Universidade de Jena,
Alemanha Oriental, em 23.05.1973. Um dos objetivos mais importantes de todas as escolas era a educação dos jovens como "personalidades socialistas".
(Fonte: http://www.bpb.de/cache/

images/4/237544-3x2-article620.jpg)

A doutrina marxista é sonhadora, mas não é justa, nem lógica! Ela resume a complexidade social a apenas duas classes em luta, sem meio termo ou transição entre elas. Estas classes são: a burguesia (os comerciantes da época, que foram os primeiros a conseguir acumular capital) e o proletariado (os que possuem apenas a força física). Toda a dinâmica social é entendida como uma luta entre elas. O marxismo nunca considerou que estas duas classes poderiam ter interesses comuns, que pudessem evoluir cooperativamente, como em muitos países, ditos "capitalistas", de fato aconteceu.

Marx foi usado de modo vil e continua sendo. Aliás, o próprio Marx, desgostoso com a evolução dos fatos, declarou: Se isso é marxismo, "tudo o que eu sei é que não sou marxista!"(frase exata de Karl Marx aos 'marxistas' franceses do fim dos anos 1870 foi: "Tout ce que je sais, c'est que je ne suis pas Marxiste"). [nota 1]

A verdade é que a doutrina marxista (dialética
) [nota 2] era sob medida para serem utilizadas por populistas vocacionados para ditadores. 

Aqui no Brasil, como em toda a América latina, houve uma enorme doutrinação, principalmente nas escolas. Para as vítimas deste processo, o marxismo é uma espécie de religião. Para eles, estes meus comentários podem soar como insulto, mas o pior é não lhes dar uma oportunidade de entender melhor os fatos. Não seria justo!



ESCOLA DO PARTIDO
Jovens na Ernst-Thälmann-Platz, em Rostock - DDR (Alemanha Oriental), 
na abertura da Semana do Báltico (10/07/1966)
Fonte: Bundesarchiv, foto 183-E0710-0001-002, 10 de julho de 1966

O artigo que apresento a seguir foi escrito há quatro anos (abril de 2014). Leiam e comentem, por favor. Se estiverem de acordo divulguem.

MARX NUNCA DEFENDEU CORRUPTOS
http://almirquites.blogspot.com.br/2014/04/marx-nunca-defendeu-corruptos.html

Nós, professores, temos o dever de ensinar nossos alunos a pensar de modo independente, para que sejam livres, e para que saibam se defender da doutrinação, não apenas da doutrinação política, mas também da religiosa.

Quem é doutrinado na infância nunca mais recupera o que lhe foi roubado.

Leia também:
REQUISITOS DA DEMOCRACIA

http://almirquites.blogspot.com.br/2018/03/requisitos-da-democracia.html

  • Nota 1Carta a Conrad Schmidt (em Berlim) de Friedrich Engels, 5 de Agosto de 1890.
  • Nota 2: Embora Marx tivesse descrito a sua teoria política socialista como sendo um ‘materialismo dialético’, o adjetivo não significa ‘método científico’ conforme sugerido por alguns dos seus intérpretes.


𝓐𝓵𝓶𝓲𝓻 𝓠𝓾𝓲𝓽𝓮𝓼
Almir Quites
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Comentário final

O Brasil e os brasileiros andam grogues em relação a seus direitos e deveres.

A criminalização da doutrinação já é matéria consolidada nacional e internacionalmente, pois decorre da Constituição Federal brasileira e da Convenção Americana sobre Direitos Humanos. Isto significa que os professores já são obrigados a respeitá-los ‒ embora muitos não o façam, sob pena de ofender:
  • a liberdade de consciência e de crença e a liberdade de aprender dos alunos (art. 5º, VI e VIII; e art. 206, II, da CF);
  • o princípio constitucional da neutralidade política, ideológica e religiosa do Estado (arts. 1º, V; 5º, caput; 14, caput; 17, caput; 19, 34, VII, ‘a’, e 37, caput, da CF);
  • o pluralismo de ideias (art. 206, III, da CF); e 
  • o direito dos pais dos alunos sobre a educação religiosa e moral dos seus filhos (Convenção Americana sobre Direitos Humanos, art. 12, IV).

Portanto, o único objetivo do Programa Escola sem Partido é informar e conscientizar os estudantes sobre os direitos que correspondem àqueles deveres, a fim de que eles mesmos possam exercer a defesa desses direitos, já que dentro das salas de aula ninguém mais poderá fazer isso por eles.

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