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sábado, 13 de dezembro de 2014

QUEM APUNHALOU A PETROBRÁS

Almir Quites - 12/12/2014

Li, na coluna do Rodrigo Constantino, que, certa vez, Reinaldo Azevedo disse que, "a cada enxadada vem uma minhoca" e um leitor imediatamente corrigiu: "no caso do PT, tem sido uma enxadada, uma jibóia".

É verdade! O PT vem tentando destruir a Petrobras desde que ainda era oposição. Naquela época, fazia greves sistemáticas, que fechavam as refinarias, causando desabastecimento de combustíveis nas regiões por elas atendidas. Os sindicatos de petroleiros eram dominados pela CUT/PT e a ordem era sabotar o governo, em detrimento da empresa. 


Lembram da malversação de recursos praticados no Fundo Petros? Pois é, começou naquela época! Hoje, o fundo de pensão dos funcionários da estatal, a Fundação Petros, vive dias turbulentos pelos mesmos motivos. Pela primeira vez em dez anos, as contas da entidade foram rejeitadas por unanimidade por seu conselho fiscal. Este é o "partido dos trabalhadores"!

Quando o PT passou a ser governo, acabaram-se as greves. Não houve uma sequer na Petrobras durante os dois mandatos de Lula e no primeiro mandato da Dilma. Óbvio que o foco mudou, voltou-se aos cofres da Estatal. 

O PT mostrou ser mais amigo de seus comparsas estrangeiros do que do povo brasileiro. Lembram-se da nacionalização da empresa da Petrobrás na Bolívia? No primeiro de maio de 2006, dia dos trabalhadores, o presidente da Bolívia, eleito há apenas alguns meses, com o apoio do governo brasileiro, apunhalou a Petrobrás e o governo do PT fez que não viu!

Como vemos a pilantragem é antiga e sempre com a prestidigitação do PT. 

Nos últimos anos tivemos a novela do Pré-Sal! O uso intensivo da mídia pela PETROBRAS e pelo Governo Federal para vender a chamada "descoberta de petróleo do século" e a "redenção do BRASIL" é uma enorme desonestidade e um enorme dano ao Brasil.  

Num texto de final de 2009 (portanto há cinco anos), o qual foi divulgado entre meus colegas da UFSC, coloquei em dúvida as razões para todo aquele ufanismo causado pela existência, amplamente divulgada, de um lençol de petróleo de alta qualidade no PRÉ-SAL com área de 160.000 Km2 ao longo da  região litorânea entre os estados de Santa Catarina e o Espírito Santo. Para mim, tratava-se apenas de peça de propaganda política irresponsável, que causaria uma grande desgraça ao país. 

Naquele texto eu afirmava que a possibilidade de existência do Pré-sal já era conhecida desde o século passado, mas que sua exploração era considerada absolutamente inviável. Afirmei também que "mesmo hoje" (em 2009), "qualquer declaração sobre o volume de petróleo descoberto no PRÉ-SAL não passa de pura especulação para uso em propaganda política". Além disso, apontei que "a tecnologia atual só nos permite afirmar que é extremamente improvável a existência de um lençol contínuo de petróleo como tem sido anunciado"!

O povo brasileiro é crédulo! O Brasil acreditou possuir uma vasta área carregada de petróleo abaixo de uma camada de sal, a mais de 3Km de profundidade. Ninguém sabia ainda sobre a qualidade do óleo, mas, pelo menos, a Petrobrás admitiu que não tinha tecnologia para extraí-lo de modo econômico. A Petrobrás, afirmou que não tinha recursos para tal investimento, a menos que o governo pagasse a conta! Assim, o governo Lula, em 2009, decidiu criar um regime de partilha para a exploração do "fabuloso" Pré-Sal!

Então, o Governo federal e a Petrobras dividiram a "área petrolífera" em partes. Em cada parte, um condomínio de empresas atuaria na extração. A regra principal era que a Petrobrás participaria da exploração em todos os condomínios, com percentual mínimo de 30% dos ganhos para si. Os demais integrantes do condomínio seriam definidos a partir de dois critérios: o valor do pagamento inicial, em dinheiro, para a União e o valor do percentual do lucro com a extração, pago em petróleo. 

A Petrobras seria a única operadora a participar de todos os condomínios. As outras empresas seriam aquelas que oferecessem um bônus de assinatura suficientemente alto para o governo e, após descontados os custos, oferecessem maior percentual em barris de petróleo para a União. Além, é claro, dos pagamentos de royalties a Estados e Municípios e todos os impostos envolvidos nessas atividades.

Já no primeiro leilão, o Leilão de Libras (2013), apenas um condomínio se formou e arrematou a área pelos percentuais mínimos instituídos. As demais empresas que participariam reclamaram que as regras do leilão eram desvantajosas, como a obrigação da participação da Petrobrás em todos os condomínios. Apesar do rotundo fracasso, o governo alardeou vitória e não admitiu sequer discutir mudanças nas regras. Porém os fatos eram contundentes e a Petrobrás continuava sem condições financeiras para participar de todos os condomínios.  

Embora o ufanismo continuasse, o Governo Federal, irredutível, decidiu dar uma trégua, isto é, decidiu paralisar os leilões até que a Petrobrás pudesse voltar a operar em todas os condomínios. Mas, incomodada com a ociosidade do Pré-Sal, a sociedade brasileira começou a pressionar o Governo para que alterasse as regras e reiniciasse a extração, mesmo sem a participação da Petrobrás. 

Após o leilão do campo de Libra, a Petrobras tinha entrado em um redemoinho ascendente de endividamento. Passou a ser afetada pelos escândalos descobertos pela Operação Lava-Jato, pelo não-reajuste dos preços de combustíveis e, também, pelos altos investimentos a que estava obrigada em refino e exploração de petróleo. Crescia no Congresso uma articulação para alterar as regras do regime de partilha. Discursos inflamados, passeatas e manifestações abalavam a popularidade da presidente Dilma Rousseff, que se candidataria a um novo mandato. Então, o governo populista teve que ceder, mas impôs que coubesse a própria Petrobrás decidir livremente se participaria ou não do condomínio. A Petrobras deixou de ser a operadora única nos diferentes campos do Pré-Sal. 

A Petrobras está no rumo da falência! 
Ela que foi orgulho nacional, subsiste apenas no imaginário popular devido à intensa propaganda do Governo!

Na realidade, a Petrobras está nas trevas. A atuação dos corruptos, ao larapiarem nossa maior empresa, fere a imagem do Brasil e obsta a inserção externa do país e de suas empresas. 

O governo populista certamente tratará de convencer o povo de que o imperialismo americano é o responsável pelo abate da Petrobras. Mais mentiras virão. Tudo para fingir que não foram os políticos do próprio governo que roubaram a nossa estatal!

A Petrobras já agoniza. Talvez não se recupere! Então, quem vai explorar o petróleo brasileiro? Quem? Empresas estrangeiras, claro! 

Leia mais: 

1) http://oglobo.globo.com/brasil/lava-jato-esquema-de-lavagem-usava-ate-comercio-popular-de-sao-paulo-14811413#ixzz3LmE8TMi1

2) http://veja.abril.com.br/noticia/economia/gerente-da-petrobras-alertou-graca-sobre-desvios-e-foi-afastada

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Há de se reconhecer. Nunca antes nesse país surgiu um partido que tivesse tanta eficiência, tanta eficácia, em destruir o que se demorou tantos anos para se construir. Uma espécie de rei Midas, mas ao avesso. Um espanto!
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