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sábado, 13 de setembro de 2014

"REVOLTA CONTRA E-MAILS POLÍTICOS" & ALIENAÇÂO

07/09/2014
Uma carta verdadeira de 8 anos atrás. É interessante lê-la e comparar com o que acontece hoje. 

Nota: os nome do destinatário foi alterado para preservar seu anonimato.
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Florianópolis, 7 de setembro de 2006

Caro amigo Acácio Inocêncio

Como tu és um cara gozador (no bom sentido, naturalmente), achei bom te perguntar se aquela mensagem era uma brincadeira, para “não dar uma bola fora”. Agora sei que era séria mesmo. Então, tenho que te mostrar que foste incoerente.

A mensagem que mandaste, "Revolta contra e-mails políticos", é um verdadeiro manifesto político. Quem faz um manifesto destes tem que estar disposto a receber críticas e tem que aceitar que outros também façam seus manifestos. Assim, com a amizade e o respeito que tenho por ti, vou te explicar o que eu penso de tudo isto. Depois, prometo não te enviar qualquer mensagem política, a menos que tu me provoques com outro manifesto como este.

Os e-mails são assim sazonais. Quando o Internacional ganhou a Libertadores recebi uma enxurrada de mensagens sobre o "nascimento de uma nova estrela nos céus da América Latina". Agora as eleições se aproximam. Sei que nesta época os e-mails políticos proliferam e devem incomodar muito, principalmente aos que já decidiram votar em Lula. Logo, entendo que tu não queiras receber e-mails de cunho político, mas não sei como que uma pessoa culta, como tu és, pode ter pensado o que expuseste. Talvez eu não tenha te entendido bem, mas entendi que as idéias centrais são: "Todos roubam, Lula é apenas um pobre incompetente. Todos roubam, logo Lula pode roubar. Ladrão por ladrão, prefiro o Lula."

A cada dia fico mais perplexo. Parece que não entendo mais nada, nem de lógica. Este Brasil me deixa doente. Ajuda-me a me manter sadio, Inocêncio, explicando-me o que eu não entendo.

É óbvio, para mim, que Lula não governa. Ele é apenas uma farsa, um ignorante a serviço de uma quadrilha de ladrões. No entanto, isto não o exime de culpa. Também não exime o PT, que criou a farsa, mesmo que os petistas, em sua maioria, não tenham entendido que a cúpula do partido não tem qualquer compromisso com as bases, nem com a ideologia de fachada que estas mesmas bases adotaram como credo. É muito difícil abandonar uma fé, mesmo contra os fatos. Trata-se de questão psicológica que abrange a todos nós, independentemente do nível cultural.
    
O PT não é fraco, como afirmas, Inocêncio. Pelo contrário, vai ser muito difícil tirá-lo do poder. O PT sempre aparelhou todas as instituições que conquistou pelo voto e se encastelou lá por meio de métodos escusos, usando ilegalmente o dinheiro da instituição para fins exclusivamente partidários. Assim aconteceu na APUFSC, como em todos os sindicatos que eles assumiram. Até o meu dinheiro ia para o cofre petista, pois a APUFSC transferia grandes somas para a CUT (a APUFSC se filiou à CUT mesmo tendo perdido o plebiscito sobre o assunto, numa proporção de 7 votos contra a filiação para cada voto a favor - enorme desrespeito aos filiados!). Depois que o PT chega lá, usa a estrutura que não lhe pertence para se perpetuar no poder. Assim foi também nas prefeituras que ele assumiu. Assim foi em Porto Alegre, por exemplo. Portoalegrenses que votaram no PT dizem, hoje, que o Fogaça pode vir a ser um mau prefeito, mas, pelo menos, foi ele quem conseguiu quebrar a sequência de mandatos petistas. Já sei, Inocêncio, estás querendo me dizer que todos os partidos fazem a mesma coisa! Digo que não é verdade. Alguns fazem, sim. Há exemplos na história: o nazismo fez, o Getúlio fez, o Peron, Stalin etc. Há um livro famoso, cujo autor não recordo no momento (te direi depois) que procura entender como que sociedades evoluídas, como supostamente são as européias, deixam-se dominar por esquerdas fogosas, que têm solução para tudo (só no discurso), que atacam os adversários sem qualquer prova, sem senso de justiça, e que atrelam o governo ao partido, considerado mais importante que o País. Eu fui vítima de difamação quando ousei ser candidato a presidente da APUFSC, depois de uma longa seqüência de eleições com candidato único (petista naturalmente).
     
Falas de Sarney, Collor, FHC, como se fossem diabos diferentes de Lula. Se acreditas que ninguém provou nada contra Lula, então também ninguém provou nada contra FHC, contra Sarney, contra Amin etc. Recordo que as denúncias de corrupção deste governo partiram de dentro do próprio governo. Recentemente foi editado um livro, de Ricardo Kotscho, “Do Golpe ao Planalto – Uma vida de repórter” (São Paulo: Companhia das Letras, 2006), em que o jornalista, ex-porta-voz de Lula, denuncia a compra do PL pelo PT (R$ 10 milhões), a qual o autor presenciou, maracutaia patrocinada pelo presidente Lula, juntamente com o vice-presidente José de Alencar, José Dirceu e Valdemar Costa Neto, o que já era do conhecimento de todo o País, embora Lula continue dizendo que não sabia de nada. Em face disso, os advogados Luciano Juliano Blandy e Ana Elizabeth Noll Prudente requeram o impeachment do presidente, conforme prevê o artigo 2o da Lei 1.079/50. Este requerimento foi engavetado pelo Presidende da vendida Câmara dos Deputados. Nem precisava haver tais denúncias, os crimes já provados na esfera presidencial são de responsabilidade do Presidente. Não cabe ao Presidente argumentar que não sabia de nada. A responsabilidade de se manter a par de tudo é inerente ao cargo, assim como não cabe ao cidadão comum alegar o desconhecimento da legislação brasileira. Urge ressaltar que o referido livro é uma obra documental e não um romance de ficção. O autor é reconhecido como um dos jornalistas mais respeitados do país, tendo sido agraciado mais de uma vez com o Prêmio Esso de jornalismo. Sua carreira profissional conta com passagens por periódicos importantes como O Estado de São Paulo, Jornal do Brasil, Folha de São Paulo, dentre outros. Além disso, o autor é conhecido como amigo de Lula desde os movimentos sindicais do final da década de 70 e início de 80, tendo acompanhado toda a sua trajetória de líder sindical a supremo mandatário da nação.
     
Inocêncio, não concordo com o teu conceito de neoliberalismo, mas não quero me alongar aqui sobre isto.
     
No Brasil, o "pobre e fraco PT" foi o corruptor! ... com recursos públicos. Disto não dá para esquecer. Quanto maior o Estado, maior a corrupção.
     
Na minha opinião este é o pior governo dos últimos tempos. O PIB do Brasil (produto interno bruto) cresce muito menos que o de outros países emergentes. Isto nunca aconteceu antes. O desempenho atual da China beira os 10%. Ainda na Ásia, a Malásia cresceu 7,6%. No Chile, o crescimento foi de 4,9% e, no México, de 4,7%. Outro vizinho com desempenho bem mais forte que o brasileiro é a Venezuela, cujo PIB deu um salto de 29% entre 2003 e 2004, embora em boa medida o resultado se deva ao grande aumento do preço do petróleo, principal produto de exportação do país. A Argentina também teve um salto muito superior ao Brasil: 10,5%. O Brasil é o penúltimo colocado em crescimento do PIB em toda a América Latina. No Brasil, quem cresce a mais que 70% ao ano são os bancos (claro que neste governo não há necessidade de PROER).
      
Embora existam peculiaridades em cada país, como deixa claro o caso venezuelano, a diferença entre o que ocorre no Brasil e na grande maioria dos outros países emergentes mostra que o país tem sérias restrições internas para crescer e não tem conseguido se beneficiar da onda de crescimento que tem ocorrido em outras nações, com características semelhantes às nossas, nos últimos 4 anos. O grande problema do Brasil é que não há investimentos, nem do governo nem do setor privado, em estruturas. Não há planejamento, não há planos, diga-se logo, não há governo. O que há é muita propaganda. E o Brasil é o país que mais arrecada impostos entre os emergentes, com uma média de 39% do PIB, enquanto nos outros países em desenvolvimento o índice é, em média, de 20%. Algo está muito errado, não é mesmo?
       
O PT propalava que todos roubavam. Tudo que os governos anteriores fizessem era denunciado como errado, era para beneficiar os donos do capital. Acreditaste nisto, Inocêncio? Só o PT era puro? Se acreditas mesmo que todos roubam, exceto nós dois, então roubar seria o normal. Não se deve defender o PT com este argumento, simplesmente porque um erro não justifica outro. Se justificasse, bem... Poderíamos matar, roubar... Tu sabes bem disto.
       
Ética, Inocêncio, aprende-se em casa. Não há necessidade de lições sobre isto na escola ou na universidade. Conheço muitas pessoas pobres, que não tiveram qualquer chance de ir à escola, que são honestas, confiáveis. São pessoas com um comportamento ético exemplar. Conheço também pessoas ricas e instruídas que são mentirosos contumazes ou ladrões de recursos públicos.
       
Não votarei em branco, nulo ou em Lula. Na legislação brasileira branco e nulo não são votos válidos e facilitam a eleição em primeiro turno com menos do que 50% dos votos dos eleitores. Foi o que aconteceu na Venezuela. Nossos irmãos de lá sofrem muito mais hoje; enquanto isto, a milionária propaganda oficial diz que a Venezuela é uma maravilha. Eu estava lá no dia da eleição de Hugo Chávez. Presenciei muitos absurdos naquele dia e ainda há quem jure que aquilo é democracia!
       
Eu sinto um forte dever cívico para repassar estes e-mails políticos. Se não o fizer, estarei me omitindo. Omitir-me é aceitar o curso da política, é abandonar a luta. Reeleger Lula é o mesmo que dar salvo conduto à quadrilha; é assegurar a eles o direito de roubar mais, com mais ímpeto, e até mesmo o direito de matar. Não quero ser conivente! Votar em Lula é ser cúmplice. Todas as ditaduras de esquerda começam assim e depois são chamadas de direita. O livro "A revolução dos bichos", de George Orwell, mostra isto com metáforas de perene atualidade. Ainda vivemos sob os que insistem em dominar aquém da ética e além da lei.
      
Por favor, Inocêncio, aceita esta crítica sem rancor. Eu não te responderia assim se não acreditasse na tua boa índole. Se acreditas que estou equivocado, quero que te sintas à vontade para tentar abrir os meus olhos, para me fazer entender, para me criticar. A amizade e o respeito devem estar acima destas diferenças de opinião.
     
Um abraço do teu amigo

Almir
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(Nota: meu amigo não me enviou uma resposta)
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Em 2006 já se sabia que as promessas do governo petista seriam as mesmas de sempre e que, como sempre, não seriam cumpridas. O escândalo do Mensalão já tinha eclodido. Foi aquela terrível corrupção política para a compra de votos de parlamentares no Congresso Nacional do Brasil com recursos públicos, a qual foi objeto da Ação Penal 470, movida pelo Ministério Público no Supremo Tribunal Federal.

Votar em Lula, naquela época, seria crer em promessas vãs, ignorando a realidade e todos os potenciais obstáculos. O Brasil já estava exaurido, atolado na corrupção. A desaceleração do PIB brasileiro já era previsível. Vários personalidades públicas já se manifestavam públicamente sobre isso. 

Naquela época, o ator Juca de Oliveira, reconhecido por seu trabalho teatral voltado a temas políticos, expôs publicamente a sua decepção: “Eu acho o PT a maior decepção que o Brasil já teve”. O arquiteto comunista Oscar Niemeyer, que então chegava aos 100 anos de idade, declarou-se decepcionado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em quem votara para presidente.  

Os métodos do governo já se mostravam ineficazes e desonestos. O governo, que em vez de administrar o País se restringia a atuar na propaganda eleitoral, chegou a comprar um falso dossiê antitucanos. Lula, como presidente, afirmava cinicamente que "nunca fugiu de suas responsabilidades e que sempre soube punir os malfeitos". Dizia ainda que "não podia admitir que se diga que a corrupção aumentou em seu governo. O que aumentou foi o combate à corrupção". O cinismo de um Presidente da República é repugnante!

Mesmo assim, passaram-se mais oito anos sem que o brasileiros se dessem conta disso. As promessas de hoje são as mesmas de décadas atrás! O povo não aprende e a agonia permanece.


Como se vê hoje, 8 anos depois, a corrupção só aumentou!

A. Quites
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