terça-feira, 23 de setembro de 2014

O BRASIL ESTÁ POLITICAMENTE ESTAGNADO

LEMBRANDO DO DEBATE POLÍTICO DE SETEMBRO DE 2010

Este é um debate verdadeiro. Os nomes do grupo de debate e dos debatedores foram modificados para preservar o anonimato. Os "links" são da época e podem não funcionar mais.
Veja que os temas são atuais, o que demonstra que o Brasil está parado, não evolui.
Ninguém lembra mais que há quatro anos discutíamos o decantado "espetáculo do crescimento"! Poucos se atreviam a negar a existência do tal espetáculo. Vejam o que a propaganda faz com a gente!
Vejam agora do que tratávamos no debate eleitoral de 2010. Depois faço um breve comentário.
Almir
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Florianópolis, 03 de setembro de 2010

Prezado Theo Fanari

Este teu e-mail me mobilizou. É sábado, 19h 30', mas sinto que te darei uma longa resposta.

Se eu tivesse escrito que o governo Lula tirou 35 milhões de brasileiros da pobreza, tu estarias exigindo que eu provasse a minha afirmação? NÃO, tenho certeza! Tu dirias “amém”. Isto mostra que não estás buscando a verdade, nem interessado em ser justo. Quem busca a verdade tem que se propor a distinguir entre propaganda política e verdade. Leonardo Boff disse, no mês passado, em discurso pró-Dilma, que “lula tirou quase 60 milhões de pessoas da pobreza em 8 anos – isso é mais que uma França inteira (http://my.opera.com/TorontoUnite/blog/2010/10/19/leonardo-boff-lula-tirou-quase-60-milhoes-de-pessoas-da-pobreza-em-8-anos-is). Se eu tivesse escrito isto, tu estarias exigindo que eu provasse a minha afirmação?

Expressei uma opinião neste Grupo de Discussão (que a melhoria de renda do brasileiro não era obra do governo Lula, mas da conjuntura internacional) e tu respondeste exigindo que eu apresente as provas do que eu disse. Escreveste assim:Até hoje não foi sequer mostrado onde se prova que a melhoria de renda aconteceu em vários países da América Latina, África e Ásia, como o senhor afirmou.” Da primeira vez que me pedistes provas disto, neste Grupo de Debates, mesmo te dizendo que eu não dispunha de tempo para fazer pesquisas pela internet, ainda assim, te expliquei as razões da minha opinião e te indiquei alguns artigos e um livro sobre o tema. Mas continuas, indignado, a dizer que eu tenho que apresentar provas. Estas nossas discussões são para que nos expressemos, como eu fiz. Se discordas da minha opinião, apresenta teus argumentos. Se quiseres, apresenta as tuas “provas”. Quem te impede? Não te limites a ficar exigindo de mim!

Parece que estás entrando numa prática nociva neste Grupo de Debates: "a marcação homem a homem". Quem sabe imaginas ser uma boa prática para elevar o nível dos debates neste grupo. Se for assim, vou ter que começar a exigir que apresentes a prova, a referência, a respeito de tudo o que escreveres. A tua opinião já não bastará. Terás que documentar os fatos que te levam a ter esta ou aquela opinião. Por que não começas “provando” que a ascensão social ocorreu só no Brasil, por obra das políticas implantadas pelo governo Lula? Prova, Theo Fanari! Assim, derrubas os meus argumentos e ganhas a discussão.

O que me preocupa é que, ao começarmos com esta prática, haja um esvaziamento de nosso Grupo de Debates. Ninguém se sentirá à vontade para se expressar. Estaremos cristalizando organizações informais de pessoas unidas por laços ideológicos com objetivo de impor seus ideais a outro grupo de pessoas. Isto se chama “patrulhamento ideológico”.

Confesso que eu não estava preparado para isto! Eu apenas expressava a minha opinião num Grupo onde a discussão é informal. Eu não estava preocupado em fazer um trabalho documentado aqui. Dei a minha opinião baseado no que sinto, no que eu vejo. Até tive a impressão que a questão era óbvia, mas tenho que admitir que, para outra pessoa, com outra visão, pode não ser.

Para tirar 35 milhões da pobreza ou 60 milhões, conforme afirmou o Leonardo Boff, o Bolsa Família não basta. Descontando o exagero, de fato não importa o número, houve uma ascensão social, mas isto foi um fenômeno muito mais abrangente e não se deveu ao governo Lula. O crescimento do PIB mundial está se deslocando para os países emergentes, pela migração do capital. As relações entre as moedas têm favorecido as importações. Como dizem os economistas, isto é uma bolha, não é sustentável. Quando explodirá? Os países chamados de emergentes, hoje, representam mais do que 30% do PIB mundial. Há uma década, era 20%. Os Estados Unidos, que representavam 30%, há uma década, hoje representam cerca de 20%.  Queres provas?

Como já te disse, todos os países da América Latina tiveram um crescimento bom nesta década e a grande maioria superou o Brasil. Segundo estimativas do FMI, quanto ao índice de crescimento anual do PIB, em 2008 o Brasil foi 16° colocado entre os 32 países da América Latina. Neste tema, a Argentina tem nos dado um “banho de bola”. Vou explicitar, ano a ano, a posição do Brasil no campeonato latino-americano de crescimento do PIB.
2008 - 16° colocado
2007 – 21° colocado
2006 – 27° colocado
2005 – 25° colocado
2004 – 11° colocado
2003 – 27° colocado

São apenas 32 países na América latina. Portanto, onde está o decantado "espetáculo do crescimento"? (fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_pa%C3%ADses_da_Am%C3%A9rica_Latina_e_Caribe_por_crescimento_do_PIB). 
Não me perguntes sobre o método de cálculo ou a fonte usada pelo FMI. Eu não sei dizer e não vou pesquisar.

Ao comentar sobre a poupança e o “spread” bancário, algo te feriu quando eu disse que a situação se “agravou no governo Lula”. Expressei uma opinião pessoal, dirigindo-me a amigos e colegas. Se achas que estou errado, então argumenta, Theo, mais que isto, prova que estou errado! O Grupo de Debates é para isto.

Sei, por experiência, que o rendimento da poupança e outras aplicações nunca foi tão baixo. Segundo O ESTADO DE SÃO PAULO, entre janeiro e agosto de 2009, o rendimento da poupança era o menor da história (http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090917/not_imp436356,0.php). Sei também que os bancos nunca faturaram tanto! Certo, não provei esta afirmação, mas há quem concorde comigo. Afinal o próprio Lula diz que "não há razão para que o spread bancário tenha subido tanto". Olha e ouve o “Grande Líder” falando sobre o assunto: http://www.youtube.com/watch?v=BWbsmT1W6LE

Quando fui instado por ti a comprovar que a situação se agravara, fui à “internet” e procurei, embora rapidamente, uma referência sobre o assunto.  Achei e te passei a referência. Estava grifada inclusive. Se os juros caem e o “spread” não cai, então a situação se agravou! A caderneta de poupança remunera tão pouco que já dizem que o governo pretende acabar com ela. Epa! Vais querer que eu comprove isto! Eu só lembrei que no final do ano passado o governo queria cobrar imposto sobre o rendimento da poupança. Para mim isto desestimularia a poupança ainda mais e pode ser o caminho para acabar com ela.

Mas vamos procurar outros dados. 

Encontrei aqui alguma coisa, mas não me satisfaz. Segundo Américo Gomes de Almeida (OAB - PB: em http://americogo.blogspot.com/2010_02_01_archive.html) , "o spread bancário  subiu para 25,1 pontos percentuais, contra 24,4 p.p. em dezembro, quando registrou a menor taxa desde dezembro de 2007. Em janeiro de 2009 estava em 30,5 p.p. O spread para pessoas físicas foi de 31,8 p.p., contra 31,6 p.p. em dezembro e 43,5 p.p. em janeiro de 2009. Para empresas, ficou em 17,5 p.p., contra 16,5 p.p. em dezembro. Em janeiro do ano passado, foi de 18,8 p.p."  Disse que isto não me satisfaz e é verdade. Por um lado mostra a precariedade da nossa discussão, porque, vejo agora, que se deve considerar separadamente o “spread” para pessoas físicas e para pessoas jurídicas. Por outro lado, não tenho ainda dados desde 2003, como seria desejável.
Vamos então procurar dados do spread para pessoa jurídica. Afinal, está em jogo o Brasil e sua estrutura de produção. As empresas precisam competir no mercado internacional. 

Olha aqui o que encontrei: http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u497077.shtml
Fevereiro de 2009: "O spread  no Brasil é o maior do mundo e 11 vezes o dos países desenvolvidos. Na média do ano passado, isso significa 34,88 pontos percentuais ante 3,16 pontos, de acordo com levantamento feito pelo Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) a pedido da Folha. No ranking global das taxas, o Brasil é seguido por Madagáscar, Paraguai, Peru e Quirguistão. A média simples da taxa das 62 nações em desenvolvimento que integram o relatório do Iedi ficou em 6,55 pontos percentuais no ano passado".

Olha agora este outro site: http://deolhonarachadura.blogspot.com/2010/03/entenda-o-que-e-spread-bancario.html. Ano de 2007: "Anualmente, a Fiesp faz um ranking de competitividade, conhecido como IC. Um dos itens que o compõem é justamente o “spread” bancário. No estudo a entidade usou dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) relativos a 2007. Os números mostram que o Brasil liderava o levantamento, com “spread” médio de 25,3 pontos porcentuais. Em um distante segundo lugar estava a Colômbia, com 7,4 pontos, seguida pela França, com 7 pontos." (Fonte: Agencia Estado)

Olha aqui! Encontrei um gráfico (FIESP -2010; Juros em Cascata sobre Capital de Giro). Vou copiá-lo  porque se trata de um pdf da Fiesp. Está aí (anexo: spread.gif) Agora tem um histórico desde 2003 até 2010. Ajuda-me a interpretar este gráfico?

Outro choque que, sem querer, te apliquei, Theo Fanari, foi quando tratei da questão da dívida. Sobre a relação dívida/PIB, já discuti isto no e-mail que enviei respondendo ao Fringuello. Não quero mais tratar deste assunto. Já cansei. Ademais, estes dados que apresentas, tirados do Blog do Len e Amigos, (Política, Música e Futebol), não me parecem muito confiáveis. Faltou indicar a fonte.  

Theo Fanari, o que houve nestes anos de Governo Lula foi muita propaganda de governo, um governo de marqueteiros. Está montada uma gigaestrutra de propaganda no Brasil. Desculpa-me por ter dito isto sem apresentar provas. Já cansei, como já disse, e vou parar por aqui.

Temo pelo nosso futuro!

Almir



Comentário de hoje sobre o comentário de 2010

Passaram-se quatro anos, desde que o texto acima foi escrito. Agora, setembro de 2014, vê-se com mais clareza que o "MILAGRE ECONÔMICO" alardeado pelo governo Lula era falso, não passava de propaganda mentirosa.

O número de pessoas em situação de pobreza na América Latina atingiu 164 milhões em 2013, o que equivale a 27,9% da população da região. Deste total, 68 milhões (ou 11,5% dos habitantes) se encontram em situação de extrema pobreza ou indigência. Os dados, que fazem parte do documento “Panorama Social da América Latina 2013”, foram divulgados pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).

Leia mais aqui: http://oglobo.globo.com/economia/cepal-america-latina-tem-164-milhoes-de-pessoas-na-pobreza-10976503

Por outro lado, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, alertou que um terço da América Latina pode cair na pobreza.

O estudo do Pnud mostra que, em toda a América Latina, a classe média cresceu de 21% para 34% entre 2000 e 2012. A população de vulneráveis subiu de 35% para 38% e a de pobres caiu de 42% para 25% durante o mesmo período.

O Peru foi o país da região que registrou o maior número de pessoas saindo da pobreza e entrando na classe média. A Bolívia foi o que teve a maior queda no número de pobres, mas, ao mesmo tempo, computou o maior aumento de vulneráveis.

Chile e Argentina reduziram tanto o número de pobres quanto os de vulneráveis. A República Dominicana teve uma queda na classe média e em El Salvador, o número de pessoas vulneráveis aumentou devido a redução da pobreza e da classe média.

O estudo da agência da ONU mostrou que apesar da região ter conseguido uma redução do problema entre 2000 e 2012, hoje 200 milhões de pessoas correm risco de se tornarem pobres (http://www.ihu.unisinos.br/noticias/534798-um-terco-da-america-latina-pode-cair-na-pobreza-alerta-pnud)

Em metade dos 18 países pesquisados, mais de 20% da população jovem entre 15 e 24 anos não trabalha nem estuda. O maior índice foi registrado na Guatemala, com 25% e o menor, 15,3% no Uruguai e no Peru.

Como se vê, os temas políticos de hoje são os mesmos de 2010. Continua-se mentindo que o governo Lula tirou 35 milhões de brasileiros da pobreza, ou seriam 60 milhões? 


Promessas de 2010 não foram cumpridas. Lembro-me, por exemplo, que a presidente Dilma prometia criar a Rede Cegonha para oferecer acompanhamento para gestantes. Também prometia regulamentar a emenda 29 para ampliar a fatia dos recursos para a área da Saúde como forma de compensar a perda estimada de R$ 40 bilhões que o setor sofreu quando foi extinta a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). 

Foram tantas as promessas falsas!

Em 2010, o presidente da OAB-MS, Leonardo Duarte, dizia que, pela legislação eleitoral, os candidatos às eleições de outubro eram obrigados a registrar suas propostas, suas promessas. Registradas, as promessas poderiam ser conferidas e analisadas pelos eleitores, que poderiam cobrar explicações sobre o cumprimento. De acordo com a OAB-MS, a cobrança poderia ser feita pessoalmente, por meio de carta, ou por por intermédio da Justiça. A resposta seria dada em até 30 dias. Depois desse prazo, o reclamante faria a cobrança via judicial. 

O Brasil está parado, não evolui. 

Povo iludido é povo vencido!

Veja também: (é só clicar)
1) "REVOLTA CONTRA E-MAILS POLÍTICOS" & ALIENAÇÃO
2) POLÍTICA NO BRASIL É PANTOMIMA RUDE


Vídeo de Marcelo Madeira
Democracia em perigo
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